Alguns instantes de reconsideração e
perceberemos que, em muitas ocasiões, nós mesmos sobrecarregamos a mente de
inquietações, com as quais, em verdade, nada temos que ver. Nesse aspecto de
nossas dificuldades espirituais, assemelhamo-nos a criaturas invigilantes que
arrematassem os débitos desnecessários dos outros, permitindo-nos cair sob a
hipnose de forças destrutivas a que se afazem alguns dos nossos parceiros de
experiência. Justo compartir as provações se lhe vinculem ao aprimoramento,
mas, porque arrecadar os disparates estabelecidos voluntariamente por aqueles
que patrocinam o nascedouro? Comumente,
estragamos grande parte do dia entregando-nos a aflições inúteis, com as quais
em nada melhoramos a condição daqueles que lhes deram origem; muito ao
contrário, em lhes hipotecando apreço, ei-las que se ampliam, transformando-se,
vezes e vezes, em instrumentos de obsessão ou desarmonia, enfermidades ou
delinquência.
Imunizemo-nos contra a absorção de
venenos mentais, em cuja formação não tivemos o menor interesse.
Se um companheiro infringiu as
disposições da lei, convencidos quanto estamos de que todo reajuste surgirá
pelo sofrimento, para que agravar a situação com apontamentos cruéis?
Alguém ter-nos-á caluniado ou insultado,
fermentando difamação ou veiculando boatos, sem lograr abrir a mínima brecha na
fortaleza tranquila de nosso mundo interior... Porque perder tempo ou conturbar
o coração, se o problema pertence ao maldizente ou ao caluniador, que
responderão, sem dúvida, pelos males que causem?
Tenhamos as nossas oportunidades de
serviço, alegrias da vida íntima, afeições verdadeiras e tarefas construtivas
em mais alto conceito, recebendo-as por bênção de Deus, que nos cabe valorizar
e enriquecer com reconhecimento, trabalho, amor e lealdade aos próprios
deveres.
Se erramos, retifiquemos nós
mesmos, reparando, com sinceridade, as
consequências de nossas faltas; no entanto, se a obrigação cumprida nos garante
a consciência tranquila, quando a provação das trevas nos desafie tenhamos a
coragem de não conferir ao mal atenção alguma, abstendo-nos de passar recibo em
qualquer conta perturbadora que a injúria ou a maledicência nos queiram
apresentar.
Obra:
Encontro Marcado - Emmanuel / Francisco Cândido Xavier