segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O QUE É NORMAL?



Descobertas recentes sobre a origem de algumas doenças, sobre as guerras, a violência e a destruição ecológica, nos levam a questionar certas normas ditadas pela sociedade, através dos consensos existentes.
 
Tem-se constatado que algumas normas sociais, passadas e atuais, levaram ou levam ao sofrimento moral ou físico dos indivíduos.
 
Há na maioria dos nossos contemporâneos uma crença bastante enraizada.
 
Segundo esta, tudo o que a maioria das pessoas pensa, sente, acredita ou faz, deve ser considerado como normal e, por conseguinte servir de guia para o comportamento de todo mundo e mesmo de roteiro para a educação.
 
O pesquisador e escritor Pierre Weil nos traz uma nova visão sobre esse tema.
 
Ele chama de normose ao conjunto de normas, valores, hábitos de pensar ou de agir aprovados pela maior parte de uma determinada população e que, em algum momento, levarão a sofrimentos.
 
Esses comportamentos são vivenciados sem que os seus autores tenham consciência dessa natureza prejudicial.
 
Um exemplo simples, entre vários que poderíamos abordar, é o do consumo de cigarros.
 
Até algum tempo, era considerado normal que as pessoas fumassem. Mas, à medida em que ficou comprovado que o ato de fumar causa sérios danos à saúde, esse hábito começou a ser questionado.
 
O resultado foi que essa normalidade caiu por terra.
 
Assim como essa conduta perdeu adeptos, outras formas de comportamento vistas como normais hoje, poderão deixar de ser logo mais.
 
Nem tudo o que a maioria das pessoas aprova, através dos hábitos de pensar ou de agir, é conveniente que adotemos para nós mesmos, para nossas famílias ou para a educação de nossos filhos.
 
Estejamos atentos para analisar hábitos novos que a sociedade nos impõe. Hábitos que, muitas vezes, vão se instalando lenta e gradativamente.
 
Passamos a substituir o cuidado com o corpo físico através do lazer e do esporte, pelas infindáveis horas à frente dos computadores, televisores e jogos digitais, acreditando que é normal porque a maioria age assim.
 
Aos poucos, passamos a considerar normal o hábito de ingerir bebida alcóolica, com frequência e em grandes quantidades, pautados na forma como um número considerável de pessoas decidiu agir.
 
Crianças e jovens desrespeitam pais, professores e colegas porque os outros também têm essa conduta.
 
Assim como esses, poderíamos citar muitos outros exemplos, mas cabe a cada um de nós identificar o que realmente tem valor em nossas vidas.
 
* * *
 
Jesus nos orientou a que vivêssemos no mundo sem sermos do mundo. É difícil não ceder aos apelos que sofremos constantemente. É difícil ser diferente, mas não impossível.
 
Basta que tenhamos a firmeza de agir de acordo com o que realmente acreditamos e enchermo-nos de coragem para dizer não, sem nos importarmos com críticas e julgamentos.
 
Sigamos em frente felizes, com a certeza de estarmos pautando nosso comportamento nos valores que carregamos em nosso íntimo.
 
Redação do Momento Espírita, com base em texto do livro Normose, a patologia da normalidade, de Pierre Weil, Roberto Crema e Yves Jean, ed. Versus.

COLOMBO E A CORAGEM DE SAIR AO MAR



Em outros tempos, o calendário estava repleto de datas gloriosas que, enquanto crianças, nas escolas, aprendíamos a celebrar com admiração.
 
Não conhecíamos muito bem esses heróis, mas havia alguns que nos fascinavam pela complexidade de seus feitos: os grandes navegadores.
 
Pensar que uma pessoa pudesse entrar por um oceano totalmente desconhecido, em busca de novas terras, era algo surpreendente e que preenchia nosso imaginário infantil.
 
Encontravam índios, papagaios, elefantes, ouro e aquelas famosas especiarias. Tudo novo, tudo fantástico.
 
Qualquer navegador, portanto, era, aos nossos olhos inocentes, um grande herói, que se aventurara com muita coragem e uns barquinhos quase de brinquedo, por esses oceanos infinitos.
 
Colombo, porém, era um caso especial.
 
Víamos aquele destemido homem passar por entre palácios e portos, de mapa na mão, a falar de seu itinerário.
 
Conhecemos suas glórias e infortúnios.
 
Um navegador que chegou à América Central, vindo da Europa, com três barquinhos e muito entusiasmo, colecionando adversidades mil.
 
Acompanhamos com melancolia o resto de sua vida: prisão, desgraças, desprestígios. A pobreza e a morte depois de tantas aventuras e glórias.
 
Já sentíamos, então, a falibilidade dos homens e guardávamos na memória a imagem de Colombo como retrato de um velho amigo, incompreendido e desmerecido no mundo, ao qual mandávamos os nossos humildes recados de simpatia.
 
Um grande navegador. Um desbravador. Um herói.
 
* * *
 
Voltar a viver num mundo material, como a Terra, é das maiores aventuras que se pode imaginar.
 
Assim como os grandes navegadores, não sabemos o que iremos encontrar no oceano da vida, que mundo nos espera, como seremos recebidos...
 
As leis maiores, porém, nos dizem que precisamos sair ao mar diversas vezes, nas encarnações sucessivas, buscando crescer em cada uma delas.
 
Alguns voltamos com as glórias do mundo, mas sem paz na consciência.
 
Outros voltamos, como Colombo, esquecidos e desprestigiados pelas lideranças da Terra, mas levando na bagagem a coragem, a perseverança e a bravura conquistadas com muito empenho.
 
As adversidades são muitas... Por vezes pensamos até em desistir, mas algo sempre nos lembra que precisamos  continuar, pois o oceano intrépido passa a ser nosso lar temporário, e compreendê-lo faz parte de todo aprendizado.
 
À moda dos grandes navegadores, invistamos toda nossa coragem, toda nossa bravura nesta grande viagem.
 
É preciso coragem para sair ao mar.
 
Não nos preocupemos com as glórias do mundo. O mundo não está apto a enxergar ainda os verdadeiros heróis. Infelizmente não...
 
Estejamos em paz com a consciência, com a natureza, com nosso coração... Lembrando que apenas aqueles que não desistiram, que foram corajosos, encontraram as novas terras.
 
Terra à vista! Será o grito daqueles de nós, vitoriosos, que seguirmos na direção do amor universal.
 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Colombo, de Cecília Meireles, do livro Quatro vozes, de diversos autores, ed. Record.