quarta-feira, 20 de março de 2013

COMEÇANDO O DIA



O homem acordou pela manhã e recordou-se de algo que lera em um livreto: Comece o dia na luz da oração. O amor de Deus nunca falha.
 
E então decidiu orar: Senhor, hoje, até o momento, me comportei bem.
 
Não fofoquei. Não me zanguei. Não fui ganancioso, mal-humorado, precipitado ou egoísta.
 
Estou realmente satisfeito com isso.
 
Mas, em poucos minutos, senhor, vou me levantar, e daí em diante, provavelmente vou precisar de muito mais ajuda. Obrigado.
 
* * *
 
Assim mesmo é a prece. Um diálogo franco com a Divindade, onde o ser expõe a própria alma.
 
Não há necessidade de longas frases, nem de palavras ensaiadas. É o que a alma sente e deixa transbordar.
 
Um pedido simples, mas profundo. Um pedido de quem reconhece que a necessidade maior reside em si mesmo, nas suas deficiências morais.
 
Um exame de consciência e um pedido de socorro.
 
A resposta é exatamente a fortaleza para vencer, a pouco e pouco, as dificuldades íntimas e ir vivendo melhor a cada dia, conquistando a paz.
 
Devotando-se ao trabalho, sem se deter a observar defeitos alheios e muito menos a comentá-los, semeia-se tranquilidade no ambiente profissional.
 
Não se permitindo envolver pelas teias do nervosismo, da inquietação, os problemas vão sendo solucionados um a um, na medida em que surjam.
 
Sem desejar possuir em demasia, usufruir de todos os prazeres que os bens terrenos oferecem, o homem se entrega às lutas do cotidiano, sereno e confiante.
 
Não se permitindo o mau humor por coisa nenhuma, por um contratempo no trânsito, um defeito mecânico no carro, um funcionário que não atende aos deveres, a criatura distribui serenidade onde se encontre.
 
Sem precipitação, ouve o seu semelhante até o fim, antes de dar respostas que nem sempre atendem ao que o outro deseja.
 
Deixando de lado o egoísmo, o homem se sente feliz em compartilhar o de que disponha e se torna uma pessoa amiga, prestativa.
 
Compartilhar coisas pequenas, simples, como oferecer uma carona a um vizinho, emprestar um livro, indicar uma boa leitura.
 
Compartilhar o que detenhamos inclui os valores intrínsecos do ser, que tem a ver com a vida e os seus objetivos.
 
Portanto, compartilhemos a nossa certeza da existência de Deus, da imortalidade da alma com aqueles que se debatem no mundo, sem fé, sem rumo, sem objetivos.
 
E guardemos a certeza de que ,se assim rogarmos a Deus que nos ajude, Ele estará conosco, auxiliando-nos nessas pequenas grandes autoconquistas diárias, que somente redundarão em felicidade para nós mesmos.
 
* * *
 
Cada dia é um presente especial que Deus concede aos homens.
 
Cada dia é de tal forma único, que nunca se repete. Observemos como o sol rompe a treva da noite, trazendo a manhã radiante, sempre com um novo colorido.
 
As flores de ontem não estão exatamente iguais hoje. As gotas da chuva que caem em abundância não são aquelas que rolaram em dias anteriores.
 
Tudo é novo a cada dia. Essa é a grande mensagem de Deus para os homens: a renovação da oportunidade de crescer, melhorar-se e ser feliz.
 
Redação do Momento Espírita, com prece inicial de autoria ignorada.

TERCEIRIZANDO RESPONSABILIDADES



Um artigo publicado no jornal nos chamou a atenção, pelo tema enfocado. Tratava das desculpas que sempre damos para justificar a nossa infelicidade.
 
O articulista dizia que um amigo seu, depois de mais de uma década de casamento infeliz, separou-se e, após temporária euforia, caiu em profunda tristeza.
 
Curioso, perguntou-lhe: “qual a razão para tanto sofrimento?”.
 
E seu amigo respondeu: “aquela maldita está me fazendo uma grande falta, pois agora já não tenho a quem culpar pela minha infelicidade”.
 
O curioso é que muitas vezes nós também agimos de maneira semelhante, pois sempre estamos à procura de alguém a quem responsabilizar pela nossa infelicidade.
 
E isso é resultado do atavismo que trazemos embutido na nossa forma de pensar e agir.
 
Quando somos jovens ouvimos nossos pais e amigos dizerem que um dia encontraremos alguém que nos faça feliz.
 
Então acreditamos que esse alguém tem a missão de nos trazer a felicidade. E passamos a aguardar que chegue logo para fazer o milagre.
 
Mas, antes disso, quando ainda somos criança, nossos pais acham sempre algo ou alguém a quem culpar pelo nosso sofrimento.
 
Se nos descuidamos e tropeçamos numa pedra, a culpa foi da pedra, que não saiu da nossa frente.
 
Se brigamos com o amiguinho, foi ele que nos provocou. Se tiramos nota baixa na escola, a culpa é do professor que não soube nos ensinar.
 
E é assim que vamos terceirizando nossos problemas e nossa felicidade. E, por conseguinte, as responsabilidades e as soluções.
 
Se sinto ciúmes, é porque a pessoa com quem me relaciono não permite que eu dirija a sua vida. Embora devesse admitir que é porque não sinto confiança em mim.
 
Se a inveja me consome, a culpa é de quem se sobressai, de quem estuda mais do que eu, de quem avança e não me dá satisfação dos seus atos.
 
Se alguém do meu relacionamento tem mais amizades e recebe mais afeto do que eu, fico inventando fofocas para destruir as relações, em vez de conquistar, com sinceridade e dedicação, o afeto que desejo.
 
Se uma amiga, ou amigo, faz regime e emagrece, e eu não consigo, fico infeliz por isso.
 
Se tenho problemas de saúde e não melhoro, a culpa é do médico, afinal eu o pago para me curar e ele não cumpre o seu dever..., ainda que eu não siga as suas orientações.
 
Se não consigo um bom emprego é porque ninguém me valoriza, e às vezes esqueço de que há muito tempo não invisto na melhoria de minha qualidade profissional.
 
* * *
 
Pensando assim, nós nos colocamos na posição de vítimas, julgando que só não somos felizes por causa dos outros. Afinal, ninguém sabe nos fazer feliz...
 
Importante pensar com maturidade a esse respeito, pois somente admitindo que somos senhores da nossa vida e do nosso destino, deixaremos de encontrar desculpas, e faremos a nossa parte.
 
* * * 
 
Se seus relacionamentos estão enfermos, analise o que você tem oferecido aos outros. De que maneira os tem tratado. Que atenção tem lhes dado.
 
Considere sempre que você pode ser o problema. Analise-se. Observe-se. Ouça a sua voz quando fala com os outros.
 
Sinta o teor de suas palavras. Preste atenção quando fala de alguém ausente.
 
Depois dessas observações, pergunte-se, sinceramente, se você tem problemas ou se é o próprio problema.
 
Não tenha medo da resposta, afinal você não deseja ser feliz?
 
Então não há outro jeito, a não ser enfrentar a realidade...
 
A felicidade é construção diária e depende do que consideramos o que seja ser feliz.
 
Se admitimos que a felicidade é uma forma de viver, basta aprender a arte de bem-viver.
 
E bem viver é buscar a solução dos problemas, sem terceirização...
 
É assumir a responsabilidade pelos próprios atos.
 
É admitir que a única pessoa capaz de lhe fazer feliz, está bem perto...
 
Para vê-la é só chegar em frente ao espelho, e dizer: “muito prazer pessoa capaz de me fazer feliz!”
 
Pense nisso, e vá em busca de sua real felicidade, sem ilusões e sem medo.
 
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em artigo de Oriovisto Guimarães, intitulado “Os verdadeiros inimigos do Brasil”, publicado no jornal Gazeta do Povo, no dia 03/12/2005.