domingo, 30 de setembro de 2012

QUANDO CHORO MEU PAÍS

 

 

Quando olho meu Brasil, tão vasto em território e tão pobre em amor dos seus filhos;

Quando o vejo tão rico de sol, vida e luz e tantos dos seus filhos vivendo em condições precárias, onde lhes falecem o direito à saúde do corpo e da alma, pois que carecem investimentos governamentais específicos;

Quando contemplo as manhãs brilhantes, gritando esperança, e observo os interesses de poucos sobrepujando o bem-estar de toda uma nação;

Quando me dou conta de que o país é pleno de riquezas minerais, vegetais, hídricas, que são depreciadas;

Quando percebo que há filhos de extraordinários dotes intelectuais, artísticos, do coração, nesta terra, e os vejo abandonarem estas fronteiras para conseguirem seu lugar ao sol em distantes terras, eu choro.

Choro por saber que este país poderia ser o Eldorado dos milhões de seres que aqui vivem.

Lamento ver criaturas esfarrapadas, quando poderiam estar vestindo a camisa do país, no verdadeiro sentido;

Lamento ouvir queixumes, críticas e desaires a respeito de uma terra tão promissora e generosa.

Nesse dia de dores, coloco o hino pátrio para ouvir, bem alto. E penso como seria bom se ele fosse mais ouvido, mais cantado, mais pensado, mais vivido.

E, enquanto os versos musicais se sucedem, enaltecendo a pátria-mãe gentil, seus dotes físicos, a riqueza sem par destas matas, penso que é tempo de nós, brasileiros, despertarmos.

É hora de sacudir a poeira do comodismo e lutar por um país mais justo, onde seus filhos vivam em plenitude.

Onde seus filhos nasçam, com a certeza de que a mãe gentil lhes dará abrigo ao corpo, alimento ao Espírito.

Um país onde se privilegie a instrução, não como algo demagógico, para ser acionado em momentos de estratégia política, mas sim com o objetivo de ilustrar as mentes privilegiadas que somos todos, na qualidade de Espíritos imortais.

Um país onde se possa ostentar não somente as valiosas medalhas conquistadas no atletismo, no esporte, mas igualmente se coloque no peito dos que o servem com dedicação, as medalhas de ouro da gratidão.

Um país onde Ordem e Progresso não sejam somente uma legenda na bandeira.

Mas, sobretudo, uma meta gravada no coração de cada filho seu, nascido em sua terra ou adotado de distantes paragens.

Tudo isso não é utopia.

É possível no hoje e no agora. Será suficiente que cada um de nós ponha em prática sua condição de cidadão consciente dos seus deveres, de forma prioritária.

Estudar, trabalhar, mostrando que filho desta terra, legítimo herdeiro das suas riquezas, somente é aquele que a dignifica com inteligência e suor.

* * *

Amemos nosso país, investindo na cultura, no bem, na justiça.

Orgulhemo-nos do verde da esperança, do amarelo que traduz a intelectualidade, do azul da harmonia e do branco da paz.

Nesse dia, ufanemo-nos, cantando:

Verás que um filho teu não foge à luta,

Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Ó, pátria amada

Idolatrada...

És tu, Brasil.

Redação do Momento Espírita.

sábado, 29 de setembro de 2012

O EXEMPLO SEMPRE FALA MAIS ALTO

 

As sandálias do discípulo fizeram um barulho especial nos degraus da escada de pedra, que levavam aos porões do velho convento.

Era naquele local que vivia um homem muito sábio. O jovem empurrou a pesada porta de madeira, entrou e demorou um pouco para acostumar os olhos com a pouca luminosidade.

Finalmente, ele localizou o ancião sentado atrás de uma enorme escrivaninha, tendo um capuz a lhe cobrir parte do rosto. De forma estranha, apesar do escuro, ele fazia anotações num grande livro, tão velho quanto ele.

O discípulo se aproximou com respeito e perguntou, ansioso pela resposta:

Mestre, qual o sentido da vida?

O idoso monge permaneceu em silêncio. Apenas apontou um pedaço de pano, um trapo grosseiro no chão junto à parede. Depois apontou seu indicador magro para o alto, para o vidro da janela, cheio de poeira e teias de aranha.

Mais do que depressa, o discípulo pegou o pano, subiu em algumas prateleiras de uma pesada estante forrada de livros. Conseguiu alcançar a vidraça, começou a esfregá-la com força, retirando a sujeira que impedia a transparência.

O sol inundou o aposento e iluminou com sua luz estranhos objetos, instrumentos raros, dezenas de papiros e pergaminhos com misteriosas anotações.

Cheio de alegria, o jovem declarou:

Entendi, mestre. Devemos nos livrar de tudo aquilo que não permita o nosso aprendizado. Buscar retirar o pó dos preconceitos e as teias das opiniões que impedem que a luz do conhecimento nos atinja. Só então poderemos enxergar as coisas com nitidez.

Fez uma reverência e saiu do aposento, a fim de comunicar aos seus amigos o que aprendera.

O velho monge, de rosto enrugado e ainda encoberto pelo largo capuz, sentiu os raios quentes do sol a invadir o quarto com uma claridade a que se desacostumara. Viu o discípulo se afastando, sorriu levemente e falou:

Mais importante do que aquilo que alguém mostra é o que o outro enxerga. Afinal, eu só queria que ele colocasse o pano no lugar de onde caiu.

* * *

Pense em como aquilo que você faz todos os dias está influenciando os outros. Por isso, aja sempre no bem. Faça as coisas corretas, começando pelas pequenas como, por exemplo, manter limpa a cidade.

Seja você aquele que não joga papel no chão. Coloque-o no bolso, na bolsa, num lugarzinho do carro. Quando passar por uma lixeira, deposite-o ali.

Seja você aquele que respeita os sinais de trânsito. Não estacione seu carro sobre a calçada nem em fila dupla.

Respeite as filas do ônibus, do banco, do supermercado, em qualquer lugar.

Espere a sua vez sem reclamar nem xingar. Preserve a paz.

Não arranque flores dos jardins públicos, mesmo que seja para plantar em sua casa, em seu jardim. Preserve o que é de todos.

Enfim, dê o bom exemplo em tudo. Ao seu lado, sempre haverá uma criança, um jovem, um adulto, alguém, enfim, que se achará no direito de fazer o que você faz, principalmente se você for alguém que ele respeita, como o pai, a mãe, o professor, o melhor amigo, o político conhecido na cidade.

E lembre-se: mais importante do que aquilo que alguém mostra é o que o outro enxerga.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo A lição, da revista Presença Espírita, ano XXVI, nº 20.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A CULPA FICA PARA SEMPRE

 

Uma campanha de utilidade pública nacional trouxe o seguinte slogan: O efeito do álcool passa. A culpa fica para sempre.

O movimento busca uma vez mais a conscientização da população, a respeito dos efeitos terríveis do álcool associado à direção de motorizados.

Estima-se que morram mais de duzentas pessoas por dia em nosso país, por acidentes de trânsito. A grande maioria  associada ao consumo de alcoólicos e outras drogas.

Desejando alguns momentos de suposto prazer, por vezes arriscamos comprometer toda nossa encarnação e, ainda - tão grave quanto - a prejudicar a vida de outros, que sofrerão os efeitos de nossos atos impensados.

Será que vale a pena correr esses riscos? Será que não estamos subvalorizando a nossa e a vida dos outros, quando dizemos: Não vai dar em nada?

Quantas almas são, hoje, escravas de um sentimento de culpa destruidor, em função desse descaso, que normalmente não é um fato isolado, mas um costume constante em tantas pessoas.

A culpa nos faz adoecer, nos faz estagnar e, depois de muito tempo em sofrimento profundo, faz-nos enxergar por entre as inúmeras lágrimas, que não valeu a pena.

Não é possível voltar no tempo e desfazer o que fizemos.

A vida nos dará novas chances, sim, de curar o que dilaceramos no outro, mas serão caminhos longos e duros. Por que escolhê-los?

Será que esses prazeres momentâneos da vida valem todo o risco que corremos? Qualquer mente um pouco esclarecida dirá que não, não vale a pena.

Assim, por que não podemos nos tornar um pouco mais conscientes?

Por que se deixar levar com tanta facilidade por emoções frívolas, que passam tão rápido?

Alta velocidade, perigos, fortes emoções - será que valem a pena?

Não propomos uma vida sisuda,  sem cor, enfadonha - de forma alguma.

É possível ser alegre, vivaz, divertir-se, sem precisar correr riscos, sem prejudicar o corpo, sem ser uma ameaça constante à sociedade.

Por isso, pensemos muito antes de nos arriscarmos. Ouçamos outras opiniões. Não deixemos que a excitação nos conduza com tanta facilidade, anulando totalmente a razão.

Somos seres inteligentes, lembremos disso, antes de agirmos como completos celerados.

Pensemos nas consequências possíveis de cada um de nossos atos, evitando chorar as muitas lágrimas do arrependimento tardio.

* * *

A tendência para o bem é inata no ser humano, face à sua procedência Divina. O entorpecimento carnal, às vezes, bloqueia a faculdade de direcionamento que a consciência proporciona.

A pessoa lúcida, como consequência, age com prudência, confiando nos resultados que advirão, sem preocupar-se com o imediatismo, sabendo que a semente de luz sempre se converte em claridade.

A responsabilidade, advinda da consciência, promove o ser ao estágio de lucidez, que o leva a aspirar pelas cumeadas da evolução que passa a buscar, com acendrado devotamento.

Redação do Momento Espírita com pensamentos do cap. 16, do livro Momentos de consciência, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

SEMENTES ETERNAS

 

 

O pai e o filho trabalhavam a terra na qual plantavam toda sorte de alimentos, que garantiam a subsistência do pequeno grupo familiar.

O menino contava apenas sete anos e sua responsabilidade era caminhar atrás do genitor, fechando os pequenos buracos que seu pai abria para depositar no solo fértil as sementes.

O pai, orgulhoso, observava o pequeno trabalhador quando esse o surpreendeu com uma pergunta cheia de avidez: Papai, o que eu vou ser quando crescer?

O genitor, recorrendo à sabedoria que a vida lhe havia dado, ajoelhou-se e trouxe a criança para perto de si, dizendo-lhe:

Vê, meu filho, estas sementes que trago comigo. São elas todas iguais?

Prontamente, o menino respondeu: Não, papai, o senhor tem aí sementes de feijão, de milho e de ervilha.

Muito bem! - Exclamou o pai, colocando algumas sementes nas mãos do menino. E, prosseguindo com o raciocínio, perguntou ainda à atenta criança:

O que acontece quando eu planto a semente de milho no chão? O filho respondeu: Ora, papai, vai nascer um pé de milho.

E quando planto a semente de feijão?

Vai nascer um pé de feijão, informou o menino, sorrindo para o pai.

Ficando de pé e erguendo a criança em seus braços, o sábio trabalhador explicou ao rebento:Para cada planta, há apenas uma espécie de semente.

Por isso, para colhermos milho, é necessário que primeiro plantemos a semente do milho. Para que colhamos feijão, é preciso plantar a semente do feijão e assim por diante.

Nossas vidas, prosseguiu o pai, são feitas de um eterno plantar e de um eterno colher: hoje, plantamos as sementes daquilo que vamos colher em nosso futuro. Da mesma forma, colhemos aquilo que plantamos em nosso passado.

Você pode ser tudo aquilo que quiser ser, meu filho, desde que procure plantar as sementes corretas no campo da vida.

Surpresa com a lição que acabara de receber, a criança fez ainda uma última pergunta ao amoroso instrutor: E quais são as sementes corretas, papai?

O pai, fitando o sol poente que, aos poucos, ia se despedindo no horizonte, respondeu ao pequeno:

A semente da caridade, pois que todos somos irmãos, responsáveis, portanto, uns pelos outros.

A semente do perdão que nos faz recordar que todos somos aprendizes, ora acertando, ora errando e, por isso, necessitados, na mesma medida, de perdoarmos e de sermos perdoados.

A semente da esperança que nos dá a certeza de que nossos esforços nunca são vãos.

A semente da fé que traz o Pai Criador para dentro de nossos corações, da mesma forma como todos nós estamos no coração dEle.

E, finalmente, a mais importante de todas: a semente do amor, que nos proporciona luz em nossa caminhada, ainda que, muitas vezes, a noite se adense e a jornada se torne difícil.

Encerrando o singelo, porém nobre ensinamento, ambos se abraçaram e foram em direção à modesta casa que servia de abrigo para a harmoniosa família.

No silêncio dos passos, o pai sabia que a criança que agora se distraía arremessando pedrinhas para longe não havia entendido de todo a profundidade das palavras que acabara de ouvir.

Faltava-lhe ainda a maturidade que só a vida é capaz de fornecer.

Entretanto, com toda simplicidade que lhe era peculiar, o pai estava feliz, pois sabia que ali, no entardecer daquele abençoado dia, uma semente havia sido plantada.

Uma semente capaz de gerar bons frutos por toda a eternidade.

Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Tu e eu somos iguais

 

Minha alma instruiu-me e ensinou-me a nunca me ufanar por um elogio, nem me deprimir por uma censura.

Antes de minha alma falar, eu vivia na incerteza acerca do valor das minhas ações e precisava de alguém para me orientar.

Mas agora, aprendi que as árvores florescem na primavera e dão frutos no verão, sem almejar louvor algum, e desfolham-se no outono e desnudam-se no inverno sem temer os censores.

Minha alma instruiu-me e ensinou-me que não sou superior aos pigmeus nem inferior aos gigantes.

Antes de minha alma falar, eu costumava classificar os homens em duas categorias: os fracos que desprezava e de quem me apiedava - e os fortes que seguia ou contra os quais me rebelava.     

Mas agora, sei que fui amassado com a mesma argila com que todos os homens foram amassados.

Minha essência é igual à sua essência.

Meus elementos são iguais aos seus.

Minhas aspirações e as suas aspirações convergem.

E nossos alvos convergem.

Quando pecam, eu também sou responsável. E quando agem meritoriamente, compartilho o seu mérito.

Quando andam, ando com eles, e quando param, eu também paro.

Minha alma instruiu-me e ensinou-me.

E tua alma te instruiu, meu irmão, e te ensinou.

Tu e eu somos iguais.

* * *

Iguais na essência... Iguais nos meios e condições recebidos para progredir...

Não há ser que não esteja aqui na Terra para aprender.

Misturada na água da argila ainda úmida, o escultor derramou gotas de perfectibilidade, fazendo com que sua obra, embora já guardando beleza sem igual, pudesse ainda se aformosear infinitamente através das eras.

Não há ser que não esteja aqui para conviver.

Em nossos elementos fundamentais, o grande alquimista combinou a individualidade com a coletividade.

Misturou o eu com o nós, fazendo-nos dependentes uns dos outros para que nos amparássemos mutuamente, contudo, entregou-nos o controle pleno apenas de uma das partes: do eu.

Não há ser que não esteja aqui para amar.

Nas mãos cuidadosas do artesão estava o amor, em sua expressão mais alva e luminescente, transformando o barro elementar em peça sem forma e dimensões materiais. Fez-se o imponderável, o abstrato. E nada foi como antes...

* * *

Por mais tenhamos aberto vales entre nós, através dos tempos; por mais tenhamos nos apartado uns dos outros sob a égide de brasões, bandeiras, crenças e cores múltiplas, essencialmente, somos iguais.

Por mais tenhamos nos afastado uns dos outros, corroídos pelos preconceitos, pela dificuldade em conviver com o diferente, faz-se urgente entender que o diferente está apenas na casca.

Triste época! - Afirmou Einstein. - Mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.

É chegado o tempo de aplicar as potências humanas que desvendaram as estruturas atômicas, no descobrir a alma em toda sua complexidade e beleza, e de encontrar em seu núcleo luzente as partículas comuns a todos nós: a perfectibilidade e o amor.

Redação do Momento Espírita com base em trecho da obra Curiosidades e belezas, de Gibran Khalil Gibran, ed. Acigi, e no cap. Tu e eu somos iguais, do livro O que as águas não refletem, de Andrey Cechelero, edição do próprio autor.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

QUANDO OS BONS DESEJAM...

 

Você já se deu conta de como o mundo está mudando? E não é para pior, de forma alguma.

Embora as manchetes, todos os dias, nos cientifiquem da violência, da desonestidade de muitos, o mundo está caminhando para melhores dias.

Basta se atente para notícias não tão retumbantes mas que se encontram em jornais, revistas, na internet.

Como asseverou Jesus: Buscai e achareis.

Quem, portanto, deseja saber o todo que ocorre nesta aldeia global, procura e encontra verdadeiras pérolas.

Por exemplo, a informação de quem ganhou o Prêmio Nobel da Paz, no ano de 2011.

Nada menos de três mulheres. E não é o fato de serem mulheres que torna a nota importante. Mas o que elas promovem, realizam em seus países e no mundo.

Ellen Johnson Sirleaf, presidente liberiana, primeira da África, eleita em 2005. Tawakkul Karman, ativista iemenita e Leymah Gbowee, assistente social da Libéria.

Leymah, em nome da paz, combate a desumana situação das mulheres no seu país, no Oriente Médio ou onde quer que a opressão as violente.

Mãe de seis filhos, essa mulher corajosa iniciou um movimento de mulheres para exigir a paz na Libéria. Viajou de aldeia em aldeia, organizando as mulheres.

Contra todas as expectativas, convenceu cristãs e muçulmanas a se unir. Seu discurso era:

Aqui, no movimento, não somos advogadas, ativistas nem esposas. Não somos cristãs nem muçulmanas, não somos dessa ou daquela tribo. Não somos nem nativas nem da elite. Somos apenas mulheres.

Levar as mulheres a lutar pela paz era o que ela desejava fazer na vida.

Quando as mulheres lhe perguntavam: Por que devemos fazer alguma coisa? - ela rebatia: Porque é da sua conta! Porque são vocês que têm sido violentadas pelos combatentes. Foi o seu marido que morreu. É o seu filho que está sendo alistado à força no exército.

Luta árdua, difícil.

Foi o grupo de Leymah que apressou a renúncia do presidente Charles Taylor em 2003 e o fim da guerra civil em seu país.

De onde tira a sua coragem? Da fé, diz ela. Tudo o que sou, tudo que aspiro ser, tudo o que fui, foi pela graça de Deus.

E assevera: Sempre há algo que uma pessoa sozinha pode fazer. Deus nos criou a todos com alguma contribuição inigualável a dar.

Alguns são chamados para ser o vizinho que vai juntar as crianças para cantar ou escutar.

Outros, para ser grandes oradores.

Quero acabar com o mito de que somos vítimas o tempo todo.

Somos mulheres fortes que passamos pelo inferno e ainda conseguimos nos manter de pé.

Onde quer que estejamos, podemos nos levantar.

Nada pode nos impedir de sermos o que quisermos.

Hoje, Leymah viaja pelo mundo como diretora-executiva da rede de mulheres pela paz e pela segurança na África, defendendo mulheres e meninas e tem assento junto a autoridades, que a ouvem.

Bem afirmaram os Espíritos Celestes, em O Livro dos Espíritos que, quando os bons o quiserem, eles predominarão sobre a Terra.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base em dados colhidos na entrevista Ela sonhou com a paz, de Dawn Raffel, deSeleções Reader´s Digest, de novembro de 2011 e no item 932 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

domingo, 23 de setembro de 2012

UMA TOMADA DE CONSCIÊNCIA

 

O apego ao contingente, ao imediato, apaga na consciência dos nossos dias o senso da responsabilidade espiritual. Nem mesmo a ronda constante da morte consegue arrancar o homem atual da embriaguez do presente. O problema do espírito e da imortalidade só se aviva quando ligado diretamente a questões de interesse pessoal. O católico, o protestante, o espírita se equivalem nesse sentido. Todos buscam os caminhos do espírito para a solução de questões imediatistas ou para garantirem a si mesmos uma situação melhor depois da morte.

A maioria absoluta dos espiritualistas está sempre disposta a investir (este é o termo exato) em obras assistenciais, mas revela o maior desinteresse pelas obras culturais. Apegam-se os religiosos de todos os matizes à tábua de salvação da caridade material, aplicando grandes doações em hospitais, orfanatos e creches, mas esquecendo-se dos interesses básicos da cultura. Garantem os juros da caridade no após-morte, mas contraem pesadas dívidas no tocante à divulgação, sustentação e defesa de princípios fundamentais da renovação da cultura planetária.

A imprensa, a literatura, o ensaio, o estudo, a fixação das linhas mestras da nova cultura terrena ficam ao deus-dará. Falta uma tomada de consciência, particularmente no meio espírita, da responsabilidade de todos na construção e na elaboração da Nova Era, que é trabalho dos homens na Terra. Ninguém ou quase ninguém compreende que sem uma estruturação cultural elevada, sem estudos aprofundados no plano cultural, que revelem as novas dimensões do mundo e do homem na perspectiva espírita, o espiritismo não passará de uma seita religiosa de fundo egoísta, buscando a salvação pessoal de seus adeptos, precisamente aquilo que Kardec lutou para evitar.

A finalidade do espiritismo, como Kardec acentuou, não é a salvação individual, mas a transformação total do mundo, num vasto processo de redenção coletiva. Proporcionar aos jovens uma formação cultural apoiada na mais positiva e completa base espiritual, que mostre a insensatez das concepções materialistas e pragmatistas, dando-lhes a firmeza necessária na sustentação e defesa dos princípios doutrinários, não é só caridade, mas também realização efetiva dos objetivos superiores do espiritismo nesta fase de transição. Sem esse trabalho não poderemos avançar com segurança e eficácia na direção da Era do Espírito. Temos de dar às novas gerações a possibilidade de afirmarem, diante do desenvolvimento das ciências e do avanço geral da cultura, como disse Denis Bradley: “Eu não creio, eu sei!” Porque é pelo saber, e não pela crença, pela fé racional e não pela fé cega, pelo conhecimento e não pelas teorias indemonstráveis, que o espiritismo, como revelação espiritual, terá de modelar a nova realidade terrena, apoiado na confirmação científica, pela pesquisa, dos seus postulados fundamentais. A revelação humana confirma e comprova a revelação divina.

Esse é o problema que ninguém parece compreender. Todos sonham com o momento em que a ciência deverá proclamar a realidade do espírito. Mas essa proclamação jamais será feita, se a ciência espírita não atingir a maioridade, não se confirmar por si mesma, podendo enfrentar virilmente, no plano da inteligência e da cultura, a visão materialista do mundo e a concepção materialista do homem. Por isso precisamos de universidades espíritas, de institutos de cultura espírita dotados de recursos para uma produção cultural digna de respeito, de laboratórios de pesquisa psíquica estruturados com aparelhagem eficiente e orientados por metodologia segura, planejada e testada por especialistas de verdade, capazes de dominar o seu campo de trabalho e de enfrentar com provas irrefutáveis os sofismas dos negadores sistemáticos. É uma batalha que se trava, o bom combate de que falava o apóstolo Paulo, agora desenvolvido com todos os recursos da tecnologia.

Chega de pieguice religiosa, de palestras sem fim sobre a fraternidade impossível no meio de lobos vestidos de ovelhas. Chega de caridade interesseira, de imprensa condicionada à crença simplória, de falações emotivas que não passam de formas de chantagem emocional. Precisamos da Religião viril que remodela o homem e o mundo na base da verdade comprovada. Da caridade real que não se traduz em esmolas, mas na efetivação da fraternidade humana oriunda do conhecimento de nossa constituição orgânica e espiritual comuns, ou seja, da inelutável igualdade humana. De exposições sábias e profundas dos problemas do espírito, nascidas da reflexão madura e do estudo metódico e profundo. Temos de acordar os dorminhocos da preguiça mental e convocar a todos para as trincheiras da guerra incruenta da sabedoria contra a ignorância, da realidade contra a ilusão, da verdade contra a mentira. Sem essa revolução em nossos processos não chegaremos ao mundo melhor que já está batendo, impaciente, às nossas portas.

Não façamos do espiritismo uma ciência de gigantes em mãos de pigmeus. Ele nos oferece uma concepção realista do mundo e uma visão viril do homem. Arquivemos para sempre as pregações de sacristão, os cursinhos de miniaturas de anjos, à semelhança das miniaturas japonesas de árvores. Enfrentemos os problemas doutrinários na perspectiva exata da liberdade e da responsabilidade de seres imortais. Reconheçamos a fragilidade humana, mas não nos esqueçamos da força e do poder do espírito encerrado no corpo. Não encaremos a vida cobertos de cinzas medievais. Não façamos da existência um muro de lamentações. Somos artesãos, artistas, operários, construtores do mundo e temos de construí-lo segundo o modelo dos mundos superiores que explendem nas constelações.

Estudemos a doutrina aprofundando-lhe os princípios. Remontemos o nosso pensamento às lições viris do Cristo, restabelecendo na Terra as dimensões perdidas do seu Evangelho. Essa é a nossa tarefa.

J. Herculano Pires

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Um quarto de hora

Quando tiveres um quarto de hora à disposição, reflete nos benefícios que podes espalhar.

Recorda a possibilidade de um breve diálogo afetivo com algum familiar, dentro da própria casa, incentivando-lhe o bom ânimo;

- das palavras de paz e amor que o amigo enfermo espera de tua presença;

- de auxiliar em alguma tarefa que te aguarde o esforço para a limpeza ou o reconforto do próprio lar;

- da conversação edificante com uma criança desprotegida que conduzirá para frente tuas sugestões de boa vontade;

- de estender algum adubo a essa ou aquela planta que se te faz útil;

- do encontro amistoso, em que a tua opinião generosa consiga favorecer a solução do problema de alguém;

- dos instantes de oração, sintonizando com o Alto, pedindo por algum irmão ou alguma causa nobre.

Quinze minutos sem compromisso são quinze opções na construção do bem.

Proponha-te tal disciplina diária e perceberás mudanças imediatas.

Um quarto de hora por dia dedicado inteiramente ao bem.

Não te fará falta, de forma alguma, e os resultados serão tão felizes que certamente desejarás repetir a experiência diversas vezes.

Se já tens hábitos de preservação do corpo, hábitos de higiene, indispensáveis à tua vida, é hora de acrescentar práticas de higiene moral, voltadas ao sustento de tua parte alma, tua essência.

Quinze minutos por dia.

Escolhe, inicialmente, algo que te pareça mais próximo, mais fácil até, para que os primeiros sucessos possam te dar o estímulo para voos mais altos.

As oportunidades virão, desfilarão à tua frente como um convite de Deus à prática do bem.

Abraça-as com entusiasmo, não esperando retorno imediato, mas encontrando a paz em tua consciência que, no fundo, anseia por momentos como esses.

Nossa essência busca o bem, busca a felicidade. A assinatura Divina em nosso âmago garante isso. Assim, basta que encontremos o melhor caminho, o mais seguro, o mais correto.

Temos andado distraídos nesses últimos tempos...

Muitos nos perdemos pela estrada, seduzidos por questões e coisas de pouca importância para o Espírito imortal.

Sem a vida no bem não há felicidade.

Sem doar-se não há como construir a ventura futura.

Comecemos, dessa forma, aos poucos, a semear o bem à nossa volta.

São quinze minutos. Um quarto de toda uma hora. Não te arrependerás.

Não nos esqueçamos de que a floresta se levantou de sementes quase invisíveis;

de que o rio se forma de fontes pequeninas e de que a luz do céu, em nós mesmos, começa de pequeninos raios de amor a se nos irradiarem do coração.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 23, do livro Caridade, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Ide.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Tato de mãe

Um menino, com um breve poeminha à mão, entrou correndo pela porta do quarto dos pais, ansioso para que o lessem.

Encontrou os pais numa discussão acirrada a respeito de um tema que desconhecia.

À maneira que só as crianças conseguem fazer, ficou ali, ao lado, quase invisível, tentando ser escutado.

Pai, mãe, olha o que escrevi!

Repetiu esse acalanto algumas vezes, falando cada vez mais alto, tornando a balbúrdia no aposento quase insuportável.

Ninguém se entendia e todos queriam ser ouvidos.

Repentinamente, o pai, já sem paciência, tomou a folha de papel das mãos do filho, amassou com força e disse: Já não expliquei que agora não posso!?

Atirou o papelote na lixeira mais próxima, o que deixou o filho sem chão e repleto de lágrimas.

Mais tarde, a mãe, que não havia ficado satisfeita com a cena presenciada e se enchia de compaixão, procurou o menino.

Ela carregava na mão esquerda uma folha de papel enrugada. Tinha a expressão emocionada e condoída.

Filho... Foi você quemescreveu este poema?

O menino, que ainda estava cabisbaixo, apenas acenou com a cabeça que sim.

Que coisa mais linda! Você é um poeta, meu filho! Você é um poeta! –E abraçou, carinhosamente, a criança.

A partir daquele dia, diz a história desse menino, ele resolveu definitivamente ser poeta.

O relato é do próprio autor que conta que, se não fosse pela destreza e tato de sua mãe, possivelmente não se dedicaria à poesia.

Assim, graças à sensibilidade daquela mulher, o mundo pôde conhecer a arte e inspiração de Pablo Neruda.

*   *   *

O tato é essa capacidade que temos, ou não, de lidar com situações delicadas.

Saber dizer as coisas certas na hora certa. Saber calar. Saber abraçar e chorar junto.

Para se ter tato faz-se necessário desenvolver a empatia, essa capacidade sublime de colocar-se no sentimento do outro.

A amorosidade também faz parte da conquista do tato, pois tudo aquilo que é dito com amor, com carinho, tem muito mais chance de ser bem recebido pelo outro.

Ficamos a pensar quantos Neruda deixamos de conhecer no mundo, pela simples falta de tato de pais e educadores, que não promoveram o incentivo necessário ou que simplesmente abafaram, silenciaram talentos tão importantes.

Assim, olhemos nossas crianças com atenção. Operemos sempre com muito tato, psicologia, em tudo que façamos, falemos ou deixemos de falar a eles.

Nem sempre serão grandes talentos ou gênios.

Porém, um incentivo aqui, um elogio ali são os responsáveis primeiros pela formação de uma boa autoestima.

Tratemos o lar como a terra que necessita estar sempre fértil, preparada para receber as mudas da filiação bendita, que Deus nos dá como presente e responsabilidade.

Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Minimamente feliz

 

Desde a infância aprendemos a sonhar com a felicidade no superlativo.

Mas, ao contrário do que os contos de fadas e os filmes infantis nos ensinaram, esse estado de pleno contentamento não é mágico nem duradouro.

Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas.

Às vezes, passamos tanto tempo preocupados em conseguir alcançar esse ou aquele objetivo, onde acreditamos estar depositada a nossa alegria, que nos esquecemos de nos alegrar com as pequenas coisas do dia a dia.

A felicidade não está no fim de uma longa jornada, mas sim em cada curva do caminho que percorremos para encontrá-la. Ela não deve ser o objetivo final, mas sim o resultado da caminhada.

Pequenos acontecimentos ou simples atitudes podem nos fazer sentir um bem indescritível e nos deixar imensamente felizes.

Presenciar um belo pôr-do-sol, receber um beijo carinhoso de alguém que estimamos, viajar nas páginas de um livro edificante, estar ao lado de uma pessoa que nos faz sonhar ou desfrutar da companhia de um grande amigo.

Caminhar em meio à natureza, ouvir uma música que nos enleva ou, simplesmente, reconhecer que somos capazes de provocar um sorriso na face de alguém.

Quando entendermos que a felicidade tão almejada pode ser a soma dessas pequenas coisas que nos deixam felizes, mudaremos o nosso conceito.

Na contabilidade das nossas vivências, se somarmos essas situações, com o cuidado e a delicadeza que merecem, perceberemos que elas podem nos trazer pequenas ou grandes alegrias, ainda que fugazes.

É importante contabilizar tudo de bom que nos acontece.

Essa é a felicidade em doses homeopáticas.

Cuidemos para não passar a vida esperando por momentos espetaculares, por amores inimagináveis ou por grandes acontecimentos.

Usemos moderadamente a palavra quando. Serei feliz quando eu tiver filhos, quando eu tiver uma condição financeira melhor, quando eu tiver uma casa, quando encontrar alguém que me ame.

Troquemos essas ilusões por prazeres mais simples e poderemos ser felizes hoje mesmo.

É natural desejar uma vida de plena alegria. Buscar alcançar as aspirações faz parte da nossa realidade, mas não devemos condicionar a felicidade à realização de todos os desejos pessoais.

Somemos as pequenas alegrias que nos acontecem todos os instantes.

Pode parecer uma soma modesta, mas é melhor ser minimamente feliz, várias vezes ao dia, do que viver eternamente em compasso de espera.

* * *

A tua felicidade é possível.

Crê nesta realidade e trabalha com afinco para conseguí-la.

Não a coloques nas coisas, nos lugares, nem nas pessoas, a fim de que não decepciones.

A felicidade é um estado íntimo, defluente do bem-estar que a vida digna e sem sobressaltos proporciona.

Mesmo que te faltem dinheiro, posição social de relevo e saúde, podes ser feliz, vivendo com resignação e confiança em Deus.

* * *

Lembremos que a paz íntima é uma das mais importantes dádivas para uma vida feliz.

Redação do Momento Espírita,com base em texto da jornalista Leila Ferreira, colhido na internet e pensamentos finais do cap. 43, do livro Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Nossa natureza

Quais são as maiores preocupações a consumir nossos dias e nossas energias? Com que assuntos ocupamos nosso tempo e nossas capacidades a fim de resolvê-los?

Se fizermos uma contabilidade das horas, dos dias, veremos que um bom tanto, se não a totalidade de nosso tempo, é dedicado para as coisas do mundo.

Estamos sempre preocupados com as contas a pagar, com o emprego, com as ocupações profissionais.

Quando não isso, estamos envolvidos nas preocupações da manutenção do lar, em melhorar nossa capacitação profissional, em gerenciar as atividades familiares.

Ocupamos o tempo com a formação intelectual dos filhos, as necessidades diárias, a organização da agenda pessoal e os compromissos mais diversos.

Ora, a preocupação está no orçamento doméstico, de outra feita na programação das férias e dos momentos de lazer, para em um momento seguinte a atenção se voltar aos cuidados com o corpo, a saúde e a alimentação.

É natural que seja assim, pois são todos esses compromissos e necessidades inerentes à vida aqui na Terra.

São essas responsabilidades que vão forjando em nosso caráter a noção de dever, a disciplina, conquistas que a alma carregará para sempre consigo.

Porém, nada obstante todas essas questões e esse imenso mar de atividades em que nos encontramos imersos, não podemos esquecer nossa verdadeira natureza.

Somos Espíritos imortais, navegando na mortalidade, em uma experiência física, com prazo determinado.

Logo mais retornaremos à pátria espiritual e todas essas preocupações, hoje tão intensas, não mais serão relevantes ou significativas.

Dessa forma, é importante que vivamos nas lides terrenas, porém jamais esquecendo nossa Natureza Espiritual.

Se somos seres imortais, é necessário, imprescindível mesmo, que utilizemos algumas horas de nossa semana investindo em nossa Imortalidade, em nossa alma.

Afinal, quantas horas por semana nos dedicamos a meditar, refletindo a respeito dos nossos atos e valores, sobre aquilo que se passa em nosso coração?

Quanto tempo, em nosso dia, dedicamos para a oração, para nosso vínculo com Deus?

Quanto de nosso tempo é utilizado para fomentar, provocar e desenvolver valores nobres, como a caridade para com o próximo, a solidariedade e a amizade?

Todas as nossas necessidades diárias não podem pesar em nosso cotidiano a ponto de nos fazer esquecer quem efetivamente somos.

Mesmo que tudo pareça convergir para esse mundo de externalidade, de necessidades físicas e materiais, é necessário que recordemos diariamente da nossa verdadeira natureza.

Assim agindo, não seremos daqueles que, esquecendo de cuidar das coisas da alma, a deixamos imergir em profundas distonias.

Tenhamos sempre em mente que somos muito mais do que aquilo que conseguimos ver refletido no espelho.

Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Vivência da felicidade

Você está feliz hoje? Você é uma pessoa feliz?

São duas questões bem distintas, que merecem nossa atenção.

Normalmente, a felicidade é considerada como falta de sofrimento, ausência de problemas e de preocupações.

O conceito, no entanto, é raso, destituído de legitimidade, porque se pode experimentar bem-estar, felicidade, portanto, em situações de dor, assim como diante de problemas e desafios.

Parece um pouco difícil de se aceitar, de início, pois esse entendimento de felicidade como ausência de problemas, de incômodos, ainda está arraigado em nossa alma.

A felicidade é um estado emocional, no qual as questões externas, mesmo quando negativas, não conseguem modificar o sentimento de harmonia.

Da mesma forma, acontecimentos e circunstâncias perturbadoras são incapazes de alterar-lhe a magnitude, porque podem ser administradas e conduzidas a resultados edificantes.

Sempre se considera a infelicidade como a má sorte, a debilidade orgânica, a presença de enfermidade, os problemas financeiros e emocionais, a solidão e a insegurança, deixando transparecer que a felicidade seria o oposto.

Caso as ocorrências não sejam benéficas, propiciando prazer e poder, isso, de maneira alguma pode ser considerado como desgraça ou desar, dependendo, naturalmente, da maneira como sejam encaradas.

Invariavelmente, a situação deplorável de hoje, se bem administrada, transforma-se em dádiva de engrandecimento interior e de compreensão dos acontecimentos existenciais, mais tarde, favorecendo a conquista da felicidade.

Lembremos, por exemplo, dos ascetas, mártires e idealistas.

Quanto mais enfrentam dificuldades melhor sentem-se, agradecendo à vida as aflições que os elevam, que os ajudam a concretizar os objetivos que abraçam e os santificam.

No entanto, para o indivíduo comum, as sensações bem atendidas, o conforto, a conquista de valores amoedados, o experimentar de prazeres contínuos são fenômenos que se convertem em expressões de felicidade...

A postura dos mártires tem a ver com emoções superiores da alma. A outra, diz respeito às sensações dos sentidos físicos de efêmera duração.

Em geral, o sofrimento apresenta-se em todos os setores humanos como desdita ou infortúnio.

Considerando-se, porém, que é inevitável, que sempre se apresentará, devido ao atual momento evolutivo do planeta, faz-se necessário mudar a perspectiva de encará-lo.

Um recurso precioso é a constatação da sua transitoriedade, em face da maneira como deve ser encarado, dando-lhe qualidades positivas de aperfeiçoamento moral, de metodologia que leva à autorreflexão. Ao aprimoramento interior.

A felicidade, desse modo, não é a falta de sofrimento...

Pode-se ser feliz, embora com algum sofrimento, que não descaracteriza o bem-estar e a alegria de viver, propiciadores do estado pleno.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 19 do livro Atitudes renovadas, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

sábado, 15 de setembro de 2012

Radical diferença

 

Das palavras de Jesus colhemos o ensino de que não deve a mão esquerda tomar conhecimento do que realiza a direita. Ou seja, o bem deve ser feito na surdina, sem alardes.

Entretanto, vez ou outra, faz muito bem à mente, ocupada amiúde com notas de violência e egoísmo, tomar ciência de algumas inusitadas iniciativas.

Ao mesmo tempo, reportagens que enfocam essa ou aquela personalidade a espalhar benefícios, servem de estímulo a outras, por vezes, tímidas em sua vontade.

Ou, então, sugerem ideias felizes, motivando a sua multiplicação e consequentes benefícios.

Por isso, foi com alegria que lemos a respeito do trabalho de Scott Neeson, um australiano que, até os seus quarenta e quatro anos de idade, era um alto executivo do cinema.

Apelidado de Mr. Hollywood, ganhando mais de um milhão de dólares por ano, como vice-presidente de marketing da Sony Pictures, morava numa mansão em Beverly Hills, tinha um iate, dois carros de luxo e uma moto caríssima.

Movimentando-se entre festas elegantes com artistas de sucesso e namoradas estonteantes, sentia-se insatisfeito.

Acreditava que devia fazer algo mais do que cinema.

Seus colegas acreditaram que ele estava com estafa e lhe recomendaram férias, para esfriar a cabeça.

Era o ano de 2003. Ele pegou um avião e partiu para cinco semanas de férias na Ásia, de mochila e motocicleta.

O Camboja lhe mostrou uma face da miséria que ele desconhecia. As cenas que viu, no famoso lixão de Phnom Penh, o deixaram em lágrimas.

Centenas de catadores, entre eles muitas crianças, reviravam as pilhas tóxicas, na esperança de encontrarem material reciclável que lhes pudesse render o mínimo para comer.

Foi o suficiente para alterar todo seu plano de vida. Ele se deu conta de que tinha tanto e as crianças tinham tão pouco. Mudou-se para a capital do Camboja e criou uma instituição.

Hoje, são mais de quatrocentas crianças que recebem moradia, alimentação, roupas, assistência médica, educação e treinamento vocacional.

Quando ele chega, as crianças correm alegremente ao seu encontro, pulam em suas costas e gritam: Quero colo, Scott.

E o homem de um metro e oitenta de altura, olhos azuis, chinelos, sorri e comenta: Já viu tanta alegria num lugar só?

Várias vezes ao ano, ele retorna a Los Angeles para levantar fundos de que precisa para manter sua instituição.

Após anos trabalhando no Camboja, Neeson admite que mal começou e afirma: Essa é a obra da minha vida. Estou comprometido com essas crianças.

Scott Neeson, de executivo a um homem que salva e muda vidas, um exemplo de coragem.

Coragem de abandonar o conforto, os prazeres mundanos para servir aos seus irmãos, com alegria e desprendimento.

Mais um homem de bem sobre a Terra. Um homem que fez e faz a diferença para centenas de vidas.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Grande Scott, de Robert Kiener, de Seleções Reader´s Digest, de junho de 2010.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

AULAS DE GENTILEZA

 

Falar baixo é uma das lições ensinadas nas aulas de gentileza, que os alunos da quinta série de uma escola da Alemanha são obrigados a assistir.

A escola fica na cidade de Bremem e a disciplina "Trato, modos e conduta" foi implantada depois que a direção tentou que os alunos aprendessem a conviver com mais respeito - entre eles mesmos e com os professores.

Na sala de aula, eles são apresentados às regras básicas de comportamento, e treinam o uso de expressões como "Com licença" e "Obrigado".

Quando a matéria foi implantada no currículo escolar, gerou controvérsias e virou assunto na imprensa.

A necessidade surgiu diante da constatação de uma realidade que as empresas vinham enfrentando há muito tempo. Verificaram que os jovens recém-saídos das escolas desconheciam as regras elementares de convívio social.

O então presidente da Confederação dos Empresários da Alemanha disse, numa entrevista, que os jovens chegavam com excelente capacitação técnica, mas não conseguiam interagir de forma civilizada.

* * *

Essa situação nos leva à reflexão sobre a formação das crianças e jovens de hoje. De nada adianta as pessoas terem um excelente currículo e não conseguirem tratar o outro com civilidade.

Educação é tarefa primordial dos pais. Temos a obrigação de ensinar aos filhos as regras básicas de convivência social.

Se a criança não aprende desde cedo, dentro de casa, a tratar com bons modos os próprios pais e irmãos, não virá a se comportar como um indivíduo civilizado.

Cuidemos para não deixar lacunas na formação de nossos filhos.

Devemos nos preocupar em demonstrar, através do exemplo, respeito por todos aqueles com os quais nos relacionamos, a começar dentro do próprio lar.

Coloquemo-nos no lugar dos outros, inclusive de nossos servidores e não nos esqueçamos que todos gostamos de receber gentilezas.

É comum justificarmos que as preocupações em excesso, a ansiedade dos tempos modernos e a falta de tempo são responsáveis por comportamentos grosseiros.

Convenhamos que a delicadeza e a educação não têm a ver com essas circunstâncias. Comportamentos injustificáveis nos mostram que está faltando controle sobre as próprias ações e, acima de tudo, respeito para com o próximo.

Não podemos achar natural agir com falta de cortesia.

Pode parecer difícil agir com amabilidade no mundo competitivo e individualista em que vivemos, mas não devemos abrir mão de nossas convicções.

É lamentável que as expressões Com licença,  Por favor e Obrigado estejam sendo usadas com menor frequência.

Muitas vezes vivenciamos situações em que as pessoas agem com esperteza e driblam regras de educação com o objetivo de obter alguma vantagem ou conseguir algo mais rápido.

Caso venhamos a sofrer indelicadezas, não nos deixemos envolver por essas atitudes e sigamos em frente dando bom exemplo, mesmo que seja através do nosso silêncio.

Formalidades em excesso muitas vezes são dispensáveis, mas respeito mútuo, consideração e boas maneiras são essenciais aos relacionamentos.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Gentileza, do livro A arte de ser leve, de Leila Ferreira, ed. Globo.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A melhor parte de amar

As declarações de amor revelam muito do que vai em nossa alma. Por vezes elas nos descrevem com perfeição.

Elas contam se somos possessivos ou ciumentos, se deixamos espaço para o outro crescer como indivíduo ou não.

Por exemplo, quando somos enfáticos demais no Eu preciso de você; no Não consigo viver sem você, revelamos, mesmo sem querer, que nosso amor é mais carência do que doação.

Amar o outro, tendo, como razão e sustento desse amor, tudo aquilo que o outro nos dá, isto é, tudo que recebemos do parceiro, é certamente um amar frágil, que pode não se manter por muito tempo.

Basta que o outro não mais nos forneça o que estava nos oferecendo, que não mais atenda nossas expectativas, para que todo aquele dito grande amor desapareça, como em um passe de mágica.

Recentemente, ouvimos uma declaração de amor que nos chamou a atenção, por apontar uma direção um pouco diferente da comum.

Dizia assim:

A melhor parte de amar é ser o alguém de outra pessoa, e eu quero ser este alguém, o seu alguém...

Vejamos que o princípio por trás da frase é diferente, e bastante nobre. Muito mais compatível com o verdadeiro sentido do amor, o amor maduro.

Querer ser o alguém da outra pessoa é identificar que o outro também tem expectativas, que também quer ser amado, e se colocar na posição de dar-se ao outro, e não só na de receber, o que é bastante egoísta.

As jovens e os jovens, em determinada idade, quando das primeiras paixões, chegam a fazer listas de exigências. Como ele ou ela precisam ser para ganhar o meu coração?...

Notemos que, em momento algum, consideramos que o outro também tem sua lista, suas expectativas. Pensamos apenas em preencher a nossa, o que eu quero, o que eu sonho.

Mas e o outro? Não tem sonhos? Será que podemos atender aos anelos da outra pessoa? Será que preenchemos a lista dele ou dela? E que esforços fazemos para isso?

Assim, querer ser o alguém do outro é levar tudo isso em consideração sempre, e não apenas exigir e exigir constantemente.

Nesse nível de amor perceberemos que o que nos completa, o que nos faz feliz numa relação, é também o quanto fazemos pelo outro, o quanto nos doamos à outra pessoa.

Dessa forma, esse patamar de amor nunca nos fará frustrados.

Precisamos enxergar a tal via de mão dupla das relações amorosas, através de uma nova perspectiva, mais inteligente e mais altruísta.

Querer ter outra pessoa ao lado, apenas para nos preencher, como se diz, é muito perigoso e frágil.

A relação a dois é muito mais do que isso.

Amar precisa sempre vir antes do ser amado.

É o amar que nos fará grandes no Universo e não o ser amado.

Foi o amar de tantos Espíritos iluminados que garantiu que a Terra continuasse a existir, e não sucumbisse por inteiro nas mãos do orgulho e do egoísmo.

Que eu procure mais amar do que ser amado, pois é dando que se recebe...

Redação do Momento Espírita.