sexta-feira, 20 de junho de 2014

OS SEUS TALENTOS


Os homens são diferentes em talentos e habilidades.
 
Um gênio em matemática talvez tenha dificuldade com língua portuguesa.
 
Um financista brilhante pode ser um administrador de recursos humanos medíocre.
 
A grande empresária quiçá falhe como mãe.
 
Alguém dança maravilhosamente, mas não sabe cantar.
 
Outrem escreve com elegância, mas não consegue falar em público.
 
A força de uma sociedade reside na diferença existente entre seus membros.
 
É preciso aprender a respeitar e a apreciar as opiniões alheias.
 
Da divergência bem administrada surgem a reflexão e o aprimoramento.
 
Tantas diferenças entre os homens resultam das opções que fizeram ao longo de suas existências.
 
Sendo todos dotados de livre-arbítrio pela Divindade, cada qual escolheu um caminho.
 
Entre erros e acertos, experiências foram acumuladas e talentos, desenvolvidos.
 
Deus criou os Espíritos perfectíveis, mas não perfeitos.
 
Assim, é natural que eles, por vezes, errem.
 
Constitui tolice imaginar que alguém aprende sem nunca errar.
 
É como esperar que uma criança ande sem jamais tropeçar e cair.
 
Então, o erro não é exatamente um escândalo perante as Leis Divinas.
 
Apenas é necessário ser humilde para reconhecer o equívoco.
 
E ter coragem para assumir a responsabilidade e reparar os danos.
 
Mas de todo embate, mesmo permeado de equívocos, surge a experiência.
 
Sempre se está amadurecendo e aprendendo.
 
Evidentemente, os equívocos devem ser reparados.
 
Mas a criatura sempre vê acrescidos seus recursos.
 
Muitos Espíritos atravessam séculos entre equívocos e  desatinos.
 
As violações da Lei Divina registram-se na consciência de cada ser.
 
Enquanto a reparação não ocorre, o Espírito permanece em desequilíbrio.
 
Por mais que aparente tranquilidade, experimenta desconforto íntimo, fobias e bloqueios psicológicos.
 
Mas sempre soa o instante em que, cansado de fingir e sofrer, ele resolve encarar a própria realidade íntima.
 
Então, decide trabalhar no bem.
 
Dá um basta no egoísmo e se interessa pelo próximo.
 
Vislumbra a beleza existente no adágio bíblico:
 
O amor cobre a multidão de pecados.
 
Ansioso de paz, enamora-se da prática das mais sublimes virtudes.
 
Dotado de todos os talentos que desenvolveu ao longo do tempo, torna-se um dedicado agente do progresso.
 
Assim agindo, repara os erros do passado e se prepara para as etapas superiores da vida imortal.
 
Se você deseja paz, reflita sobre o que está fazendo com seus talentos.
 
Tudo o que você possui pode e deve ser utilizado na construção de um mundo melhor.
 
A fortuna pode gerar empregos, amparar a miséria e secar muitas lágrimas.
 
A inteligência possui o condão de melhorar as condições físicas e morais do planeta.
 
Se você dispõe do dom da palavra, utilize-o para disseminar ideias de solidariedade e pureza.
 
Nos círculos em que se movimenta, enalteça o trabalho, a honestidade e a compaixão.
 
Dê exemplos de conduta reta e digna.
 
Seja um pai responsável e amoroso, um esposo dedicado e fiel, um patrão justo e bom.
 
Quaisquer que sejam os seus talentos, utilize-os para promover o bem.
 
Eles são o resultado das experiências que você viveu.
 
E constituem os recursos de que dispõe para se tornar um homem pleno de paz e bem-estar.
 
Pense nisso.
 

 
Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

RESGATE DE NOSSA FÉ


A fé se apresenta, vive, ou se anula, em cada um de nós, quase sempre tão próxima que não a notamos nem a valorizamos devidamente.
 
Só sentimos sua ausência quando a queremos presente para resolver nossos problemas e dificuldades.
 
Assim, quando olhamos nosso interior, se de fato pudermos fazê-lo, muitas vezes a consideramos esquecida ou perdida, tamanha é a descrença e a desesperança que toma conta de nosso ser, diante da realidade com que temos que conviver e, de certa forma, aceitar todos os dias.
 
Sim, com o tempo torna-se difícil saber olhar para nós mesmos, pois nos condicionamos a nos ver apenas diante de um espelho material, que nada revela de nosso real interior. Não é esse espelho físico que revela o que está contido e toda a riqueza que se abriga dentro de nós.
 
Ela só pode ser descoberta, se pudermos penetrar, no fundo do nosso coração e de nossa alma.
 
E nenhum diamante será mais precioso que a nossa fé, nem o homem, nem a natureza saberá jamais produzi-lo.
 
Ela é única, dotada de qualidades e de predicados próprios e individuais, e apenas poderá ser vista se de fato percebermos o nosso ser em sua maior plenitude.
 
Para que isso ocorra há que se resgatar cada um de nós para sermos, dentro do possível, o mais verdadeiro, sincero e justo, tendo presente certos valores e princípios permanentes e eternos, que diferenciam nós, os homens, dos animais.
 
Resgates são momentos especiais de encontro consigo mesmo, de transformação, de recuperação e de restauração do nosso ser, com vistas a superar sofrimentos, tensões, desânimos, ansiedades, frustrações, decepções, e até mesmo medos.
 
São momentos que devem vir acompanhados de muita determinação, de extrema coragem e de fé inquebrantável, para que cada um possa encontrar seus caminhos, escolher opções e tomar posições e atitudes, que impliquem em assumir o comando de sua própria existência.
 
Só assim poderemos descobrir dentro de nossa alma o diamante mais puro, que resplandecerá em todo o seu fulgor, se o deixarmos livre sem amarras ou prisões.
 
Sim, engana-se quem não se prepara para transformar-se naquilo que verdadeiramente é, em sua essência mais nobre. Despojado de máscaras, de maquiagens, de invólucros e de embalagens, prontas para consumo, esquecendo que o tempo passa: o seu e o de todos a sua volta.
 
Não será a mera presença em igrejas, templos, sinagogas, mesquitas, etc., que irão revelar, nem mesmo provar a existência de uma autêntica fé em Deus, porque ela não se baseia em uma pretensa fidelidade a dogmas, convenções e rituais, que nem sempre são observados, nem valorizados.
 
Afinal, que dimensão tem o nosso Deus, se acreditarmos de fato que cumprindo tais dogmas, rituais e convenções estaremos honrando nosso Pai?
 
Que tamanho de fé é a nossa, e que Deus é o nosso, eu pergunto, se agirmos de forma tão primária e superficial, acreditando que estamos possuídos por demônios que podem ser expulsos graças a óleos e águas mágicas?
 
Nosso Deus será Aquele que cria ou o Aquele que destrói? Aquele que nos pune através de toda a eternidade, ou Aquele que sabe perdoar os nossos pecados?
 
Sim, que dimensão tem o nosso Deus se o criamos, construímos e o vemos, a nossa imagem e semelhança, como se ele não fosse o Criador, mas apenas mais uma Criatura virtual concebida por nós, seres mortais?
 
Respondo: o meu Deus não é esse. Sendo inimitável, ELE está muito acima e além de tudo isso.
 
Para que possamos sentir de fato esse Deus, em sua plenitude maior, é necessário assumir que somos filhos da Luz e do Amor. Nunca filhos de um Deus das trevas, das sombras, ou da escuridão que acompanha a raiva, o ódio, o desamor e a guerra, seja ela motivada ou causada pelo que for.
 
E para sentirmos esse Deus em sua totalidade, temos que ter a coragem de SER, em meio às tempestades, aos medos, às dúvidas, às desgraças e a tudo o que possa ser negativo em nossas vidas.
 
Elas chegarão e passarão, mas nós estaremos vivos e presentes nesse mundo, graças ao resgate de nossa Fé, que nos acompanhará dentro e fora de nosso corpo físico que será, em pouco tempo, apenas pó.
 


A ERA DO ESPÍRITO


terça-feira, 17 de junho de 2014

ADIANTE


Dia 29 de agosto de 2005. Uma tempestade tropical de escala 5 atinge a costa sudeste dos Estados Unidos da América.
 
Os ventos do furacão, que recebeu o nome de Katrina, atingiram 280 quilômetros por hora, e devastaram a histórica cidade de Nova Orleans.
 
Mais de um milhão de pessoas foram evacuadas. Seiscentas mil casas, na grande maioria de pessoas pobres, foram destruídas.
 
Um dos furacões mais destrutivos a ter atingido os Estados Unidos, deixou cerca de mil e trezentos mortos.
 
Muitos relatos se misturam ao do senhor J.R., habitante de 65 anos de idade, sem automóvel, cartão de crédito ou dinheiro poupado.
 
Ouvira pelo rádio, três dias antes, que a tempestade se aproximava, e que a desocupação era fortemente recomendada.
 
Mas, sem ter para onde ir, e com a esposa numa cadeira de rodas, a saída era quase impossível.
 
O Sr. J.R. decide permanecer e enfrentar a tempestade, a exemplo do que sempre fizera antes. Com estoque de comida e água, a família se sentia preparada.
 
Porém, na segunda-feira, a ruptura dos diques inundou em poucas horas aquela área, uma das regiões mais baixas de Nova Orleans.
 
A subida rápida da água forçou J.R. a tirar a mulher da cadeira de rodas, mas mesmo seus consideráveis 1 metro e 90 centímetros não foram suficientes para evitar a tragédia.
 
Escapando de seus braços, sua amada morre submersa.
 
* * *
 
Como seguir adiante depois de acontecimentos como este?
 
Como lidar com essas tragédias do cotidiano, sem nos deixar esmorecer e desistir?
 
Certamente, cada um deverá encontrar a sua maneira, o seu alicerce, mas possivelmente todos eles passem, mesmo que sem perceber, por um maior: a confiança em Deus.
 
Não falamos desse deus, com d minúsculo, que criamos ao longo do tempo, à nossa imagem e semelhança.
 
Não, esse deus está desgastado, cansado, e talvez em seus últimos dias...
 
Referimo-nos à Inteligência Suprema, o Criador, onipresente, bom e justo.
 
Referimo-nos ao Deus das Leis perfeitas, que não se vinga, que não é tomado pela ira em circunstância alguma, e que ama todas as Suas criaturas, não preterindo ninguém.
 
E neste amor supremo, que ainda escapa de nossa compreensão, estão desígnios, experiências, ensinamentos que, por vezes, ainda temos dificuldades em entender.
 
Esta inteligência está no controle de tudo. Nada acontece sem que Ele e Suas leis permitam.
 
Deus não Se esquece, nada deixa de lado, não privilegia.
 
Ele nos dá o que precisamos neste ou naquele momento, para que continuemos nosso crescimento moral e intelectual rumo à felicidade.
 
Seus desígnios, por vezes ainda nos deixam perplexos, mas se dermos a Ele uma chance, uma chance apenas, vislumbraremos suas razões logo adiante.
 
Veremos que Ele apenas atendia nossa necessidade íntima, como um Pai amoroso que faz sempre o melhor ao filho, mesmo este ainda não compreendendo Suas ações.
 
* * *
 
Adiante... É forçoso seguir adiante.
 
Estagnados no agora, sem horizonte, perde-se a razão de ir, de continuar.
 
Não esmoreças... Dá mais uma chance à vida e verás que ela e o Criador te reservam dias melhores...
 
Confia... E segue sempre... Adiante.
 
Redação do Momento Espírita.

sábado, 7 de junho de 2014

POEMA DIVINO


Pai nosso, que estás no céu, na terra, no fogo, na água e no ar. Pai nosso, que estás nas flores, no canto dos pássaros, no coração a pulsar; que estás na compaixão, na caridade, na paciência e no gesto de perdão.
 
Pai nosso, que estás em mim, que estás naquele que eu amo, naquele que me fere, naquele que busca a verdade. Pai nosso, que estás naquele que caminha comigo e naquele que já partiu, deixando-me a alma ferida pela saudade.
 
Santificado seja o Teu nome por tudo o que é belo, bom, justo e gracioso, por toda a harmonia da Criação. Sejas santificado por minha vida, pelas oportunidades tantas, por aquilo que sou, tenho e sinto e por me conduzir à perfeição.
 
Venha a nós o Teu reino de paz e justiça, fé e caridade, luz e amor. Reino que sou convocado a construir através da mansidão de espírito, reflexo da grandeza interior.
 
Seja feita a Tua vontade, ainda que minhas rogativas prezem mais o meu orgulho do que as minhas reais necessidades.
 
Ainda que muitas vezes eu não compreenda mais do que o silêncio em resposta às minhas preces, não te ouvindo assim dizer: Filho aguarda, tua é toda a eternidade.
 
O pão nosso de cada dia me dá hoje e que eu possa dividi-lo com meu irmão. As condições materiais que ora tenho de nada servem se não me lembro de quem vive na aflição.
 
Pão do corpo, pão da alma, pão que é vida, verdade e luz. Pão que vem trazer alento e alegria: é o Evangelho de Jesus.
 
Perdoa as minhas ofensas, os meus erros, as minhas faltas. Perdoa quando se torna frio meu coração; quando permito que o mal se exteriorize na forma de agressão.
 
Que, mais do que falar, eu saiba ouvir. Que, ao invés de julgar, eu busque acolher. Que, não cultivando a violência, eu semeie a paz. Que, dizendo não às exigências em demasia, possa a todos agradecer.
 
Perdoa-me, assim como eu perdoar àqueles que me ofenderem, mesmo quando meu coração esteja ferido pelas amarguras e dissabores da ingratidão.
 
Possa eu, Senhor da Vida, lembrar de que nenhuma mágoa é eterna e de que o único caminho que me torna sublime é a humilde estrada da reconciliação.
 
Não me deixes cair nas tentações dos erros, vícios e egoísmo, que me tornam escravo de minha malevolência.
 
Antes, que Tua luz esteja sobre mim, iluminando-me, para que eu te encontre dentro de minh’alma, como parte que és de minha essência.
 
E livra-me de todo o mal, de toda violência, de todo infortúnio, de toda enfermidade. Livra-me de toda dor, de toda mágoa e de toda desilusão.
 
Mas ainda assim, quando tais dificuldades se fizerem necessárias, que eu tenha força e coragem de dizer: Obrigado, Pai, por mais esta lição!
 
* * *
 
Tudo o que nos cerca é poesia Divina. Há um traço de Deus em cada ser da Criação.
 
Busquemos por Ele no desabrochar das flores, no correr das águas, no canto do vento, no cintilar das estrelas.
 
Mas, acima disso, busquemos por Ele em nosso interior. Basta que, por um instante, fechemos os olhos e O sintamos: lá Ele está, dando rima aos versos de nossas vidas...
 
Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

UMA LINDA PROVA DE AMOR


O amor tem dimensões ilimitadas. Tudo pode. Tudo realiza. Tudo empreende.
 
O verdadeiro amor é capaz dos maiores sacrifícios, para o bem-estar do ser amado.
 
Num mundo em que se ouve falar muito em buscar a própria felicidade, em alcançar sonhos pessoais, sem pensar em mais ninguém, a história daquele casal idoso é exemplar.
 
Eles viviam felizes, há muito tempo. Não tinham filhos.
 
Certo dia, quando a senhora estava na cozinha, um acidente aconteceu e ela se viu envolta em chamas.
 
O marido atendeu aos seus gritos e, no intuito de salvá-la, acabou por ser também atingido pelo fogo.
 
As chamas o envolveram, queimando-lhe os braços, mas permitindo-lhe libertá-la do fogo.
 
Quando os bombeiros chegaram, pouco restava da casa. A ambulância levou o casal ao hospital.
 
Ambos, por seu estado grave, foram internados no Centro de Terapia Intensiva.
 
Quando o marido foi liberado, buscou o quarto da sua esposa. Ela estava deitada e logo que o viu, manifestou o seu desespero.
 
Não desejava mais viver, dizia. O fogo atingira todo o seu rosto e ela estava deformada.
 
Sou um monstro! Disse ao marido.
 
Ele se aproximou do leito e falou:
 
Minha amada, na tragédia que sofremos, meus olhos foram atingidos. Estou cego. Por isso, não se preocupe. Para mim, você continuará linda, como sempre foi. A imagem que tenho guardada em minha mente é a que terei na memória, para o resto dos meus dias.
 
Deus é muito bom. – Completou ela. – Você não precisará contemplar a minha deformidade.
 
Abraçaram-se. Choraram.
 
Mais algum tempo e ei-los de retorno ao novo lar. Uma pequena e acolhedora casa.
 
Ela passou a ter para com o marido cuidados especiais, considerando a sua deficiência visual.
 
Era toda atenção, delicadeza. Uma nova seiva de vida parecia circular em suas veias. E, todo dia, recebendo aquelas manifestações de amor, ele dizia:
 
Como eu te amo!
 
Ela reencontrara razão para continuar a viver e se sentir feliz.
 
Vinte anos depois, em uma madrugada, ela abandonou o corpo, rumo à Espiritualidade.
 
Amigos solícitos auxiliaram nas tratativas para o sepultamento.
 
O marido compareceu sem os óculos escuros e sem sua bengala, andando firme.
 
Debruçou-se sobre o corpo da amada, com quem compartilhara os dias por tantos anos, beijou-a inda uma vez e tornou a expressar:
 
Como és linda. Como eu te amo!
 
Um amigo mais próximo manifestou a sua surpresa. O que acontecera: Algum milagre lhe devolvera a visão, naquele momento de dor?
 
Não, respondeu o homem. Nunca tive problema visual. Assim disse, para que pudéssemos continuar a viver, sem traumas para ela.
 
Acreditando que eu não podia enxergar as sequelas do fogo em seu rosto, pudemos viver felizes por mais vinte anos. Felizes e apaixonados, um ao outro servindo em significativos gestos de amor.
 
* * *
 
O amor é a mais poderosa expressão do sentimento. É de essência divina, por facultar a sublimação dos sentimentos.
 
Quando esplende no coração, se faz dínamo gerador de energias propiciadoras de vida, fertilizando os seres.
 
Não foi por outra razão que Jesus o transformou no mandamento maior, aquele de mais alto significado, que abrange todas as aspirações e ideais da criatura humana.
 
Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria ignorada e no cap. 3 do livro Garimpo de amor, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

O MELHOR DOS LUGARES


Conta a tradição persa que uma caravana viajava há dias pelo deserto. Já não havia uma gota d’água para aplacar a sede.
 
De repente, os caravaneiros encontraram um poço. Fizeram descer por ele uma vasilha, mas a corda arrebentou.
 
Com a segunda e a terceira, aconteceu o mesmo. Decidiram, então, que um dos viajantes desceria amarrado a uma corda.
 
Ele também não voltou. Desceu o segundo e esse também não voltou.
 
Foi quando um sábio, que viajava com eles, se ofereceu para descer. Assim foi feito.
 
Ao chegar ao fundo do poço, ele encontrou um monstro horripilante que se achava o guardião do poço.
 
Ele disse ao sábio:
 
Agora você também é meu prisioneiro e só terá sua vida poupada se der a resposta certa à minha pergunta.
 
Pois pergunte, disse o sábio. E o monstro questionou:
 
De todos os lugares do mundo, qual é o melhor?
 
Diante da pergunta, o sábio pensou que estava cativo e impotente nas mãos do monstro. Se dissesse que o melhor lugar seria a sua própria terra, estaria desprezando a morada do monstro.
 
Por fim, respondeu:
 
O melhor lugar do mundo é aquele onde se tem amigo íntimo, ainda que esse lugar seja o fundo da Terra.
 
Bravo! -  Exclamou o monstro. Você é um verdadeiro homem e sua sabedoria salvou a sua vida e a de seus amigos.
 
* * *
 
O melhor dos lugares é onde se tem um amigo. Amigo sincero, devotado.
 
Aquele que, no dizer do Mestre de Nazaré, dá a sua vida pela do seu amigo.
 
Amigo é alguém que nos fala, olhando nos olhos e diz o que precisamos ouvir.
 
Contudo, embora diga verdades e nos aponte erros, não nos destrói com sua fala ou com sua argumentação.
 
Dosa as palavras, utilizando-as na medida certa e como se ofertasse uma pedra preciosa, coloca-a em um estojo aveludado, a fim de que não nos fira a sensibilidade.
 
Quando nos aponta defeitos, não tem como intuito nos destruir, senão auxiliar o amadurecimento de nós mesmos.
 
Por isso, não nos repreende publicamente, nem expõe nossas mazelas, que conhece intimamente.
 
Amigo é aquele que está conosco, não para matar o tempo, mas sim para viver em abundância horas de felicidade.
 
É alguém que assiste um filme, lê um livro e enriquecendo-se com eles, os recomenda, sem, contudo, nos retirar o prazer de os conhecer por nós mesmos.
 
Amigo é alguém que, quando distante, parece continuar presente.
 
Sua voz, sua ternura, seus atos são acionados pela nossa memória, a cada vez que a saudade deseja fazer morada n´alma.
 
Para essa criatura, devemos dar o melhor de nós próprios.
 
Ele deve receber nossa atenção, nossa afeição, nossa lealdade.
 
Se ventos borrascosos tentarem empanar o brilho do sentimento que nos une, não esqueçamos dos dias felizes, das horas amargas juntos vividas.
 
Recordemos de quantas vezes a amizade dele nos socorreu, nos preencheu o vazio.
 
Lembremos de quantas vezes compartilhamos desejos, ideais, esperanças, sem palavras.
 
Lembremos... Lembremos...
 
* * *
 
Cultiva a amizade, preserva os amigos nos dias felizes.
 
Quando chegarem as horas de solidão e sentires ausência de afagos, sempre encontrarás nas amizades sólidas o preenchimento das tuas necessidades.
 
Redação do Momento Espírita, com base em conto persa, de autoria ignorada.