quinta-feira, 31 de maio de 2012

Nossos pesos

 

Você se sente, em alguns dias, como se carregasse o peso do mundo?

Sente-se excessivamente cansado, atormentado, assoberbado de tarefas?

Talvez seja interessante refletir um pouco a respeito do que o está deixando tão exausto, quase desencantado da vida.

Conta-se que um conferencista tomou de um copo, nele despejou água e o ergueu, mostrando para a plateia.

Então, lançou a pergunta: Quanto vocês acham que pesa este copo?

As respostas variaram entre vinte e quinhentos gramas.

Bom, completou o conferencista, o peso real do copo não importa.

O que importa é por quanto tempo eu o segurarei levantado. Se o segurar por um minuto, tudo bem. Se o segurar durante um dia inteiro, precisarei de uma ambulância para me socorrer.

O peso é o mesmo, mas quanto mais o seguro, mais pesado ele ficará.

Isso quer dizer que se carregamos nossos pesos o tempo todo, mais cedo ou mais tarde não seremos mais capazes de continuar.

A carga irá se tornando cada vez mais pesada.

É preciso largar o copo, descansar um pouco, antes de segurá-lo novamente.

Temos que deixar a carga de lado, periodicamente. Isso alivia e nos torna capazes de continuar.

Portanto, antes de você voltar para casa, deixe o peso do trabalho num canto. Não o carregue para o lar.

Você poderá retomá-lo, no dia seguinte.

*   *   *

Há sabedoria nas palavras do conferencista. Por isso mesmo, o Sábio de Nazaré, há mais de dois mil anos recomendou: A cada dia basta sua própria aflição.

Equivale a dizer que devemos saber nos empenhar em algo que precisa ser feito, que exija todo nosso esforço.

Mas que, depois de um tempo, precisamos relaxar, espairecer, trocar de tarefa.

A lei trabalhista estabelece o cômputo de horas ao trabalhador. Também o dia do repouso, das férias.

Na escola, temos horários de estudo, intercalados com intervalos.

Pensemos, portanto, e comecemos a agir com sabedoria. Enquanto no trabalho, todo empenho.

Vencidas as horas de esforço mental ou físico, envolvamo-nos em outra atividade prazerosa.

Busquemos o lar e vivamos, intensamente, com nossos familiares.

Observemos o filho no berço, o outro que ensaia as primeiras letras no papel. Preocupemo-nos em saber se tudo está bem. Conversemos.

Desanuviemos o cenho, agora é o momento da família.

E não esqueçamos de momentos para a oração, para a boa música, a leitura nobre, que nos refaça a intimidade, nos descanse a alma.

Vinculemo-nos a um trabalho voluntário. Cultivemos nosso jardim. Podemos as árvores. Colhamos flores.

Despertemos mais cedo e observemos o nascer do sol. Encantemo-nos com o cair da tarde.

Em suma: vivamos cada momento com todas as nossas energias. Cada momento, sem levar conosco cargas desnecessárias.

Lembremos Jesus: A cada dia basta sua própria aflição.

Redação do Momento Espírita, com base no texto O copo d´água, de autoria desconhecida.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

PALAVRÃO: HÁBITO INFELIZ

 

Você gosta de ouvir palavrões?

É bem possível que existam pessoas que apreciem ouvir palavras chulas, de baixo calão. Todavia, aqueles que as proferem não levam em conta a grande maioria das que abominam esse hábito infeliz.

O bom senso estabelece que aquele que gosta de dizer palavrões deveria prestar atenção à sua volta para não violar a intimidade dos ouvintes, mas é mais lógico admitir que quem diz palavrões em público é desprovido de bom senso.

Os que discordam desse ponto de vista provavelmente dirão que são simples palavras, que não há mal nenhum nisso.

No entanto, as palavras são veículos que transmitem mensagens. E, por certo, os palavrões são a mensagem da irreverência. É a comunicação do feio, da agressividade, além de um grande desrespeito ao comportamento educado.

Infelizmente, nos dias atuais, o palavrão faz parte de grande parte dos meios de comunicação. Está nos programas de televisão de baixo nível, nos programas radiofônicos, nos jornais, revistas, músicas etc.

Confundindo-se o que é comum com o que é normal, o palavrão é levado à conta da normalidade.

Todavia, o uso generalizado jamais fará com que esse hábito pernicioso seja normal.

Podemos dizer que é comum, porque muitos fazem uso dele, mas não podemos admitir que seja normal.

Pessoas educadas e de bom senso não se permitem esse tipo de expressão.

Programas sérios e bem elaborados não necessitam desse expediente.

Canções bem inspiradas e de cunho elevado, dispensam as palavras chulas, que aliás, dão mostra de pouca criatividade.

O uso de palavrões geralmente é defendido sob a designação de “liberdade”... Mas liberdade de quem?

Se a linguagem do feio passar a fazer parte integrante da nossa sociedade a ponto de ser impossível escapar dela, então perguntaremos: quem é livre e quem não o é?

Se aquele que gosta de falar obscenidades é livre para dizê-las, aquele que não gosta de ouví-las deve, igualmente, ter a liberdade de não ter seus ouvidos convertidos em lixeiras.

O que mais se lamenta, nesse caso, é o fato de os próprios educadores, na condição de pais ou professores, fazerem uso de palavrões com naturalidade, como se fosse uma prática normal.

Conforme ensinou-nos Jesus, o Espírito mais sábio que a humanidade conheceu, “a boca fala do que está cheio o coração”.

Assim sendo, antes de proferir uma palavra, prestemos atenção na mensagem que estará veiculando, pois ela dará notícias da nossa intimidade.

Pense nisso!

As palavras são apenas o veículo das nossas idéias.

Portanto, só o fato de nos permitirmos pensamentos indignos já será um mal para nós mesmos.

Não foi outro o motivo pelo qual Jesus advertiu sobre o adultério por pensamento. E não foi à toa que um sábio assegurou que nós somos o que pensamos, falando ou não.

Equipe de Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Em viagem

 

A existência terrestre é uma viagem educativa.

Começa na meninice, avança pelos caminhos claros da plenitude física, e altera-se na noite da enfermidade ou da velhice,para renovar-se, além da morte.

Reparemos, pois, como seguimos.

Não nos agarremos aos bens materiais, senão no estritamente necessário para que nos façamos valioso irmão no concurso aos companheiros de jornada e útil a nós mesmos.

Há muitos viajores que sucumbem na caminhada sob pesados madeiros de ouro a que se atam, desorientados.

Não reclamemos devotamento do próximo, e, sim, amemos e auxiliemos a todos os que se aproximem de nós, para que nosso amor não desça do Alto aos tenebrosos despenhadeiros do exclusivismo.

Não prossigamos viagem guardando ressentimento, para que não aconteça de nos prendermos impensadamente aos labirintos do ódio.

Muitos viajantes, a pretexto de fazerem justiça, tombam, insensatos, em escuras armadilhas da crueldade e da intriga, com incalculáveis prejuízos no tempo.

Recordemos que iniciamos a excursão terrestre sem qualquer patrimônio e encontramos carinhosos braços de mãe que nos embalaram, amparando-nos, em nome do Eterno.

Lembremo-nos de que nada possuímos, à frente do Pai Celestial, senão nossa própria alma e, por isso mesmo, só emnossa alma amealharemos o tesouro que a ferrugem não consome e que as traças não roem.

Prazer e dor, simplicidade e complexidade, escassez e abastança, beleza da forma ou tortura do corpo físico, são simplesmente lições.

O caminho do mundo, que atravessamos cada dia, é apenas escola.

Nossos afetos mais doces são companheiros com tarefas diferentes das nossas.

Sigamos sem imposição, sem preguiça, sem queixa nem exigência.

O corpo é nosso veículo santo.

Não lhe desrespeitemos a harmonia.

A experiência é nossa instrutora.

Não lhe menosprezemos o ensinamento.

*   *   *

Estamos todos em viagem.

Sabemos quando chegamos, mas não conhecemos a data de nossa partida.

Todo tempo aqui deve ser muito bem aproveitado.

Toda companhia, agradável ao coração ou não, merece nosso respeito e atenção, pois não está ali por acaso.

Como viajor que sabe aproveitar as belezas do novo país que conhece, saibamos aprender com a vida, estudá-la em suas mais sutis lições de amor.

Não percamos tempo com implicâncias injustificadas, ódios gratuitos e prazeres efêmeros. A existência é muito maior do que isso.

*   *   *

Mensagens singelas como esta, num programa de rádio diário, são alertas aos nossos corações. São recados da Espiritualidade Superior que se importa com nossas vidas, e nos deseja ver retornar ao mundo essencial, vitoriosos.

Pensemos nisso.

Pensemos em nossa encarnação todos os dias.

Encontremo-nos todos os dias.

Encontremos o Criador todas as manhãs e noites, e viveremos mais felizes.

Colecionemosmomentos de alegria durante a viagem, construídos pelo amor que cresce em nossa alma aprendiz.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 8, do livro Caridade, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Ide.

domingo, 27 de maio de 2012

Caminhos do desamor

 

Dia desses passamos por uma rua e nos chamou a atenção um grande muro, à frente de uma casa.

Com todo capricho, o muro estava pintado com uma cor clara e, pequenos canteiros, com flores miúdas, haviam sido colocados à beira da calçada.

Um primor! Infelizmente, bem no meio do muro, havia sido escrito em letras pretas, tortas, grotescas, destoando totalmente da beleza e bom gosto do dono da casa: Jesus te ama!

A mensagem é positiva, no entanto, pichar propriedade alheia mostra, em primeira mão, que Jesus ama a todos, com certeza, mas nós ainda não aprendemos a amar nosso irmão.

Não respeitar a propriedade alheia, não preservar o que outro gastou em economias, em trabalho, em esforço, para conseguir é falta total de amor.

E se proclamamos que Jesus nos ama, devemos recordar que Ele nos recomendou que nos devíamos amar uns aos outros como Ele nos amou.

Ele, portanto, prescreveu a forma de amar que deveríamos seguir. Precisamos aprender a seguir-Lhe o exemplo.

E oportunidades para isso não faltam. Dizemo-nos um país religioso, no entanto, como escreveu João Ubaldo Ribeiro, em uma de suas crônicas, nossas empresas são verdadeiras papelarias.

Os empregados, que ganhamos nosso salário mensal, levamos para casa todos os dias papel, clipes, lápis, canetas, tudo de que precisa nosso filho para fazer o trabalho da escola.

Ou para nós mesmos utilizarmos. Quanta desonestidade em nosso proceder. Nem nos lembramos que, com tais ações, não estamos obedecendo ao sétimo mandamento do Decálogo.

E nosso desamor ao próximo continua. Basta olharmos para nosso planeta. Aplaudimos os discursos dos que nos conclamam ao mundo sustentável, à reciclagem do lixo, à coleta seletiva e tudo o mais.

Comparecemos a caminhadas que objetivam conscientizar a todos a respeito da correta postura ecológica. Contudo, muitos de nós vamos deixando pelo caminho as marcas da nossa passagem: copos e garrafas descartáveis, papéis de bala, etc.

E não estaremos amando nosso próximo enquanto nos ônibus as pessoas idosas, gestantes, com crianças ao colo estiverem em pé e nós fingirmos dormir para não lhes dar o lugar.

Nem mesmo quando alardeamos que temos TV a cabo em casa, mas nada pagamos por ela, porque puxamos o cabo da casa do vizinho.

Enquanto não houver o mínimo respeito pela propriedade do outro, pelos bens públicos, ainda estaremos estacionados no desamor.

Enquanto acreditarmos que o bom mesmo é ser esperto e passar o outro para trás e ainda nos vangloriarmos do feito, não estaremos no caminho do amor.

Enquanto ensinarmos, por nossos atos, às gerações futuras que o bom é ficar rico, da noite para o dia, não importando os métodos; que o bom é sempre levar vantagem em tudo, ainda estacionamos no desamor.

Pensemos nisso: quem ama serve ao semelhante, ajuda a planta e socorre o animal.

Quem ama, preserva o mundo em que vive e que o seu irmão também vive.

Todos desejamos um mundo melhor, mais justo, sadio e agradável.

Lembremos que tudo depende de nós, de cada um de nós.

Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Justiça e discurso

 

As pessoas costumam discursar a respeito da justiça.

Em geral, o que não agrada é tido como injusto.

Esse hábito em muito se assemelha à forma pela qual as crianças veem o mundo.

O discurso infantil é centrado no atendimento dos próprios desejos.

Qualquer obstáculo é visto como indevido.

Essa infantilidade no modo de perceber o mundo se reflete nos mais variados contextos.

No trabalho, o designado para desempenhar uma tarefa árdua ou dar uma notícia desagradável sente-se injustiçado.

Dentre os filhos, se um precisa devotar mais tempo a pais velhos ou enfermos, a percepção costuma ser essa.

Esse sentir focado no egoísmo também assume outros contornos.

Ganha importância na sociedade a cultura da indenização.

Ao menor transtorno, busca-se responsabilizar o pretenso causador.

Em face de desentendimentos, procura-se colocar tudo em pratos limpos.

É como se ninguém estivesse disposto a compreender, a contemporizar e a perdoar.

Contudo, o discurso da busca de justiça muitas vezes disfarça o sentimento de vingança.

No mundo, muitos crimes se praticam sob a justificativa de se estar fazendo ou buscando justiça.

Para quem se afirma cristão, é imperioso refletir um pouco antes de trilhar esse caminho.

Jesus sempre se posicionou com bastante firmeza.

Defendeu a mulher adúltera, em face de quem queria apedrejá-la.

Sustentou com vigor que o templo fosse utilizado de forma santa, em vez de se converter em um mercado.

Ele se mantinha vigilante em todos os atos alusivos à justiça para com os outros.

Nunca lhe faltou coragem e nem capacidade de argumentação.

Contudo, quando encaminhado à cruz, não clamou pela justiça dos homens.

Ao assim agir, sinalizou a grandeza que existe em abdicar das próprias razões, em prol de um objetivo maior.

Por certo, tal atitude não implicou desconsideração para com o trabalho dos juízes honestos no mundo.

Mas estabeleceu um padrão de prudência para todos os discípulos de seu evangelho.

Quando em pauta interesses alheios, é importante atentar para o estrito cumprimento dos imperativos legais.

Entretanto, quando os assuntos difíceis e dolorosos envolvem o eu, convém moderar os impulsos de reivindicação.

A visão humana é incompleta para perceber a extensão dos dramas que se apresentam.

Muitas vezes, a aparente injustiça que se vive representa o resgate de graves equívocos do passado.

É difícil ter certeza quanto à própria posição perante a vida, considerada nos termos mais vastos de várias encarnações.

Na dúvida, a abstenção de reclamos é uma medida a ser considerada.

Antes de discursar contra qualquer injustiça pessoal, pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 18, do livro Missionários da luz, pelo Espírito André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Nascimentos

 

Você tem ideia de quantas pessoas nascem por minuto no mundo?

Inacreditavelmente, enquanto você ouve este texto, considerando cerca de cinco minutos, irão nascer por volta de mil pessoas no planeta.

Sim, são mais ou menos duzentos nascimentos por minuto, ou ainda, de três a quatro por segundo!

será que conseguimos imaginar a alegria desses pais, dessas famílias, recebendo – alguns pela primeira vez – o milagre de um filho nos braços?

Em meio a tantas notícias ruins – que parecem vender melhor que as boas, nos meios de comunicação, faz-se necessário que pensemos na vida, e não apenas na violência, nos assassinatos e mortes drásticas.

O site breathingearth.com apresenta uma proposta muito interessante, com um desenho do mapa mundi animado, mostrando em cada país, em cada continente, alguns dados importantes, atualizados instantaneamente.

Entre eles a natalidade no globo, sendo assinalada com pequenas estrelas que vão piscando aqui e ali, conforme os nascimentos em cada lugar.

A representação com estrelas é muito significativa, aos olhos daqueles mais sensíveis às belezas da vida.

Cada estrela daquelas é uma nova encarnação, uma nova oportunidade, uma nova chance que um Espírito recebe do Criador.

Nascemos aqui e ali com objetivos certos e importantes.

Resgates, provas, missões – fazem-nos retornar ao cenário terrestre para que continuemos nossa caminhada rumo à tão sonhada felicidade.

Felicidade que vai sendo construída e gozada ao longo das próprias experiências, conforme vamos amadurecendo e encontrando os caminhos do amor.

Nascer é ganhar do Criador nova oportunidade, mas é também dar a si mesmo uma nova chance.

A grande maioria dos lares nos recebe de braços abertos, e nos corações dos pais temos aqueles que mais irão se esmerar para que tenhamos uma boa vida na Terra.

Voltar a viver pode significar um reaprisionamento para o Espírito, que precisa vestir novo corpo material, porém, por outro lado a reencarnação é libertadora.

Libertamo-nos das amarras de ódios antigos. Libertamo-nos da tristeza das experiências frustradas do passado. Libertamo-nos do nosso homem velho pois, a cada vida, temos a chance de moldar umnovo eu.

Renascer é libertar-se.

Quando nos dispomos a amar, quando nos dispomos a reconstruir o que nós mesmos destruímos, libertamo-nos da culpa, do medo, e passamos a caminhar de cabeça erguida. Isso é liberdade.

*   *   *

Pense nos duzentos renascimentos por minuto...

Quantos abraços... Quantas lágrimas... Quanta felicidade.

Que maravilha é esse ir e vir do planeta Terra!

Quantas experiências, quantos planos, quanto aprendizado.

Possivelmente você que nos ouve já nasceu há uns bons anos, mas é sempre tempo de voltar a pensar em renascer.

Renascer dentro da própria vida. Por que não? Tantas e tantas vezes quantas se fizer necessário.

Renascer da água e do Espírito, tal a Lei apontando o caminho da felicidade maior almejada.

Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.

Redação do Momento Espírita.

sábado, 19 de maio de 2012

UM RAIO DE SOL

 

Quando o sol nasce pela manhã é como se o Sublime Artista acendesse uma lâmpada de ouro.

Toda noite ele se esmera para extrair um novo colorido do dia novo.

Ante os raios do sol que se espreguiçam a tudo envolvendo, o verde brilha com maior intensidade.

Nas pétalas das flores o orvalho vai sendo despertado e se transforma em cristal líquido, refletindo os raios de luz

Logo, tudo é luz, vida, alegria, juventude.

Os pássaros ensaiam seus cantos, recordando-nos que devemos saudar o dia com sorrisos. Eles nos dão a lição de que devemos iniciar o nosso dia sob a luz da oração. Oração que é louvor e gratidão.

Eles voam livres, conquistando o espaço. Batem suas asas entre os braços verdes das árvores. Iniciam a labuta da construção dos ninhos, da busca do alimento para os filhotes que aguardam, sempre famintos.

Essa faina nos recorda os ensinos de Jesus: as aves do céu não semeiam e nem ceifam, nem guardam sementes em seus celeiros. No entanto, nosso Pai por elas vela.

É a rememoração da lição da confiança na Providência Divina.

O sol desce com seus raios pelo jardim e vai despertando as flores, encolhidas em seu sono da noite. Elas se espreguiçam e abrem suas corolas aos beijos convidativos do astro rei.

O céu estampa a serenidade do azul e da beleza. O dia está pronto e nos diz: tudo é belo e suficiente para ser feliz. Basta que você abra os olhos e sinta.

O calor do sol traduz vida também para a nossa alma. Tudo está preparado com carinho porque é dia. E é neste dia que iremos viver: crianças, jovens, homens e mulheres.

Todas as manhãs, Deus nos homenageia com este espetáculo que é cor, som e beleza. Mas, normalmente, nos mostramos apressados, preocupados.

Levantamos rapidamente, preparamo-nos e saímos. Não temos tempo para saudar o dia. Ligamos o carro, andamos rapidamente, preocupamo-nos com o trânsito que nos impede a marcha mais rápida.

Franzimos a testa, nervosos e aflitos e nada percebemos do que nos rodeia.

Seria muito bom que, como as aves, acordássemos mais cedo, saudássemos o dia, aproveitando para brincar com os raios do sol ou simplesmente nos detivéssemos a contemplar o espetáculo da natureza.

A Terra só continua a ser um planeta de intensas dores e aflições porque ainda não despertamos para o bom e o belo, que Deus dispõe diariamente à nossa volta.

* * *

Assim como o sol dissipa a névoa da manhã, o ser humano deveria permitir que os raios do sol dissipassem a névoa do seu coração.

Então, ele poderia sentir o calor em sua alma, conseguindo viver em plenitude e amar.

Se o homem que caminha, sobrecarregado ao peso das dificuldades, resolvesse misturar o canto da sua alma ao canto dos pássaros, dissiparia a dor que lhe machuca a intimidade, da mesma forma que a neblina é espancada pelo astro rei, na manhã que surge.

Redação do Momento Espírita, com base no  artigo Reflexão de um raio de sol, de Maria Anita Fonseca Rosas  Batista,  da revista  Presença  espírita,  de   março/abril  de  2000,  ed. Leal.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Radical diferença

 

Das palavras de Jesus colhemos o ensino de que não deve a mão esquerda tomar conhecimento do que realiza a direita. Ou seja, o bem deve ser feito na surdina, sem alardes.

Entretanto, vez ou outra, faz muito bem à mente, ocupada amiúde com notas de violência e egoísmo, tomar ciência de algumas inusitadas iniciativas.

Ao mesmo tempo, reportagens que enfocam essa ou aquela personalidade a espalhar benefícios, servem de estímulo a outras, por vezes, tímidas em sua vontade.

Ou, então, sugerem ideias felizes, motivando a sua multiplicação e consequentes benefícios.

Por isso, foi com alegria que lemos a respeito do trabalho de Scott Neeson, um australiano que, até os seus quarenta e quatro anos de idade, era um alto executivo do cinema.

Apelidado de Mr. Hollywood, ganhando mais de um milhão de dólares por ano, como vice-presidente de marketing da Sony Pictures, morava numa mansão em Beverly Hills, tinha um iate, dois carros de luxo e uma moto caríssima.

Movimentando-se entre festas elegantes com artistas de sucesso e namoradas estonteantes, sentia-se insatisfeito.

Acreditava que devia fazer algo mais do que cinema.

Seus colegas acreditaram que ele estava com estafa e lhe recomendaram férias, para esfriar a cabeça.

Era o ano de 2003. Ele pegou um avião e partiu para cinco semanas de férias na Ásia, de mochila e motocicleta.

O Camboja lhe mostrou uma face da miséria que ele desconhecia. As cenas que viu, no famoso lixão de Phnom Penh, o deixaram em lágrimas.

Centenas de catadores, entre eles muitas crianças, reviravam as pilhas tóxicas, na esperança de encontrarem material reciclável que lhes pudesse render o mínimo para comer.

Foi o suficiente para alterar todo seu plano de vida. Ele se deu conta de que tinha tanto e as crianças tinham tão pouco. Mudou-se para a capital do Camboja e criou uma instituição.

Hoje, são mais de quatrocentas crianças que recebem moradia, alimentação, roupas, assistência médica, educação e treinamento vocacional.

Quando ele chega, as crianças correm alegremente ao seu encontro, pulam em suas costas e gritam: Quero colo, Scott.

E o homem de um metro e oitenta de altura, olhos azuis, chinelos, sorri e comenta: Já viu tanta alegria num lugar só?

Várias vezes ao ano, ele retorna a Los Angeles para levantar fundos de que precisa para manter sua instituição.

Após anos trabalhando no Camboja, Neeson admite que mal começou e afirma:Essa é a obra da minha vida. Estou comprometido com essas crianças.

Scott Neeson, de executivo a um homem que salva e muda vidas, um exemplo de coragem.

Coragem de abandonar o conforto, os prazeres mundanos para servir aos seus irmãos, com alegria e desprendimento.

Mais um homem de bem sobre a Terra. Um homem que fez e faz a diferença para centenas de vidas.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Grande Scott, de Robert Kiener, de Seleções Reader´s Digest, de junho de 2010.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A ESPERANÇA NUNCA MORRE

 

O asilo de idosos recebeu naquela manhã mais uma senhora.

Chegou calada, sentou-se em uma cadeira de rodas e mergulhou em lágrimas. O semblante traduzia a desesperança e a mágoa pelo abandono.

Notava-se que o seu único intuito era aguardar a morte. Parecia que a sua volta tudo já morrera, igualmente.

Foi então que um jovem, que costumava visitar os idosos com regularidade, se aproximou.

Tentou conversar. Mas ela se mantinha calada, num protesto mudo de rejeição aos homens que a haviam deixado ali. Longos suspiros escapavam do seu peito e as lágrimas rolavam, silenciosas.

O rapaz brincou, perguntou e insistiu. Ela não conseguiu resistir. Sorriu e acabou por contar a triste história de sua vida.

Fora uma mulher muito rica. Com o marido, administrava sete fazendas. Com a morte dele, ela assumira os compromissos, ao tempo que cuidava da única filha.

Quando a filha se casou, estranhamente foi se acercando da mãe. Começou a se interessar pelos negócios. Depois, foi a vez do genro. Tarefas divididas. Esforços somados.

Ela pensava em como tudo, um dia, deveria ficar para a filha e os netos. Talvez ela, em sua velhice, pudesse realizar algumas viagens que nunca se permitira.

Aos setenta e dois anos, por insistência da filha, passou-lhe uma procuração, concedendo-lhe amplos poderes.

Fora seu erro. Em plena posse de tudo o que um dia seria seu por direito, a filha aliou-se ao marido e, em doloroso processo, conseguiu que a mãe fosse declarada incapaz.

Por fim, a colocaram naquele asilo, sem recursos. Não era para morrer de desgosto? - Concluiu a senhora.

O jovem, reconhecendo nela os valores da liderança, da capacidade de trabalho, lhe falou do quanto ela poderia enriquecer outras vidas.

Ela era uma pessoa com experiência administrativa. Por que não se dispor ao trabalho naquela instituição, auxiliando o serviço de voluntários e funcionários?

Por que não reunir aqueles idosos todos, sem esperança, e lhes falar da terra, de grãos, produção, gado, semeaduras?

Afinal, muitos deles vinham do campo e, com certeza, gostariam de ouvir sobre o que fora a tônica das suas vidas, por um largo tempo.

Ela ouviu, ouviu e aceitou a ideia.

Levantou-se da cadeira de rodas onde se jogara e começou a agir. Sua filha e seu genro lhe haviam usurpado os bens, arrancando-lhe as possibilidades de viver como desejasse. Mas não podiam lhe destruir as conquistas interiores.

Ela tinha valor e esse valor podia ser usado em prol de outros desesperançados.

Ergueu-se, sacudiu a poeira da mágoa e começou a fazer sol em outras vidas, inundando-se de luz.

* * *

Se você está triste porque foi abandonado, lembre-se dos que nunca tiveram família, lar e afetos.

Se você está magoado porque lhe feriram, não permita que isso destrua o restante da sua vida.

Ninguém lhe pode tirar as conquistas realizadas, os talentos conseguidos e a imensa capacidade de amar que temos todos nós, Espíritos imortais, filhos de Deus.

Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Virtude da gratidão

 

Francisco de Assis, o grande homem que se fez pequeno, em sua nobre humildade, para vivenciar o amor a Jesus, afirmou, certa feita, que a gratidão é das mais difíceis moedas de se ofertar na vida.

Por isso, o pobrezinho de Assis preocupava-se sempre em ser grato a tudo e a todos.

Agradecia ao irmão sol por aquecê-lo e proporcionar vida à Terra; ao irmão vento por acariciá-lo nos dias de calor; à irmã lua por enfeitar as noites de céu claro; ao irmão sofrimento, que lhe permitia reflexões e aprendizados sob o seu guante.

O exemplo de Francisco de Assis nos remete a profundas reflexões, nesses dias em que prepondera o egoísmo, com o que estamos vivendo, quando não agindo de igual forma.

Na irrefreada busca pelo sucesso, pela sobrevivência, pelos compromissos cotidianos, vivemos fechados em concha, envoltos nas próprias dificuldades, problemas e desafios.

Nesse tumultuar de compromissos, dificuldades, pouco paramos para perceber as coisas que a vida nos oferece e, egoisticamente, esquecemos de agradecer.

Os amores dos filhos que, aconchegados em nossos braços, parecem diluir as dores da alma, quem no-los ofertou?

A possibilidade do progresso profissional, os desafios de crescimento pessoal, as chances de desenvolvimento intelectual, quem nos oportunizou?

O corpo, que nos é instrumento de expressão, trabalho, convivência, emoções, quem no-lo deu?

Perguntemos a um doente com enfisema pulmonar, qual seu maior sonho e ele, certamente, responderá que seria poder respirar profunda e longamente.

E nós, mal nos damos conta da bênção da saúde. Ou do corpo que, mesmo com alguma avaria ou dificuldade, oferece oportunidades riquíssimas na vida.

Algumas vezes lembramos de agradecer à vida e ao Senhor da vida pelas nossas conquistas e alegrias.

Mas, por que não agradecer também pelo mal que não nos acometeu, pelas dificuldades que não ocorreram, pelas dores que não precisamos enfrentar?

E mesmo que os dias difíceis nos cheguem à jornada terrestre, agradeçamos a dor, que lapida a alma imperfeita, provocando o brotar de virtudes que ainda dormem latentes em nossa intimidade.

Ser grato à vida é virtude daqueles que conseguem sair do casulo do egoísmo e do autocentrismo, e reconhecem que a vida padece sem a ajuda e apoio que chegam a toda hora.

Para pregar Seu Evangelho de luz, Jesus escolheu doze homens para O auxiliar. E lhes foi grato, acompanhando-lhes a existência e recebendo-os em Suas bênçãos, um a um, no retorno à pátria espiritual.

Dessa forma, que sejamos nós também, a cada dia que se inicia, gratos à vida, com a mente e com o coração.

Assim, lembrando sempre de que somos devedores da bondade e misericórdia Celestes, que nos acompanham e sustentam-nos na caminhada, a gratidão será o sentimento que nos inundará a alma de peregrina e suave luz.

Redação do Momento Espírita, com base em palestra de Divaldo Pereira Franco, proferida na Praia do Forte, BA, em 16.09.2011.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Carta a minha mãe

 

Mãe, quando eu comecei a escrever esta carta, usei a pena do carinho, molhada na tinta rubra do coração ferido pela saudade.

As notícias, arrumadas como pérolas em um fio precioso, começaram a saltar de lugar, atropelando o ritmo das minhas lembranças.

Vi-me criança orientada pela sua paciência. As suas mãos seguras, que me ajudaram a caminhar.

E todas as recordações, como um caleidoscópio mental, umedeceram com as lágrimas que verteram dos meus olhos tristes.

Assumiu forma, no pensamento voador, a irmã que implicava comigo.

Quantas teimas com ela. Pelo mesmo brinquedo, pelo lugar na balança, por quem entraria primeiro na piscina.

Parece-me ouvir o riso dela, infantil, estridente. E você, lecionando calma, tolerância.

Na hora do lanche, para a lição da honestidade, você dava a faca ora a um, ora a outro, para repartir o pão e o bolo.

Quantas vezes seu olhar me alcançou, dizendo-me, sem palavras, da fatia em excesso por mim escolhida.

As lições da escola, feitas sob sua supervisão, as idas ao cinema, a pipoca, o refri.

Quantas lembranças, mãe querida!

Dos dias da adolescência, do desejar alçar voos de liberdade antes de ter asas emplumadas.

Dos dias da juventude que idealizavam anseios muito além do que você, lutadora solitária, poderia me oferecer.

Lágrimas de frustração que você enxugou. Lágrimas de dor, de mágoa que você limpou, alisando-me as faces.

Quantas vezes ouço sua voz repetindo, uma vez mais:

Tudo tem seu tempo, sua hora! Aguarde! Treine paciência!

E de outras vezes:

Cada dia é oportunidade diferente. Tudo que você tem é dádiva de Deus, que não deve desprezar.

A migalha que você despreza pode ser riqueza em prato alheio. O dia que você perde na ociosidade é tesouro jogado fora, que não retorna.

Lições e lições.

A casa formosa, entre os tamarindeiros assomou na minha emoção.

Voltei aos caminhos percorridos para invadi-la novamente, como se eu fosse alguém expulso do paraíso, retornando de repente.

Mãe, chegou um momento em que a carta me penetrou de tal forma, que eu já não sabia se a escrevera.

E porque ela falava no meu coração dorido, voei, vencendo a distância.

E vim, eu mesmo, a fim de que você veja e ouça as notícias vibrando em mim.

Mãe, aqui estou. Eu sou a carta viva que ia escrever e remeter a você.

*   *   *

Entre as quadras da vida e as atividades que o mundo o envolve, reserve um tempo para essa especial criatura chamada mãe.

Não a esqueça. Escreva, telefone, mande uma flor, um mimo.

Pense quantas vezes, em sua vida, ela o surpreendeu dessa forma.

E não deixe de abraçá-la, acarinhá-la, confortar-lhe o coração.

Você, com certeza, será sempre para ela, o melhor e mais caro presente.

Redação do Momento Espírita, com frases do cap. XVI do livro Pássaros livres, pelo Espírito Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

Cuidados de Deus

 

O hábito de reclamar é muito difundido.

Em toda parte, as criaturas reclamam.

Filhos em relação aos pais, cônjuges entre si, patrões e empregados, vizinhos, amigos e meros conhecidos.

Reclamões não faltam.

Já pessoas genuinamente gratas são um tanto raras.

Quem presta atenção no que falta costuma não notar o que tem.

Esse mau hábito é especialmente triste em se tratando da Divindade.

Porque Deus é o Senhor do Universo.

Dele procedem todas as bênçãos e oportunidades.

Ele cria todos os Espíritos e lhes viabiliza existências incontáveis a fim de que se aprimorem.

Cerca-os dos mais ternos cuidados.

Providencia-lhes corpos, vidas e amores.

Inclusive cuida de boicotar seus desatinos mais graves, para que não se compliquem em excesso.

Entretanto, curiosamente, os homens ainda se sentem no direito de reclamar do Eterno.

Imaginam ter direito a mais do que recebem.

Desejam tranquilidade, riqueza, poder, fama e beleza.

Contudo, nesse querer fantasioso, esquecem-se de notar e agradecer o muito que recebem.

Olvidam a bênção dos tempos de paz, nos quais podem perseguir seus sonhos.

Não valorizam a família na qual nasceram.

Os pais que lhes cercaram os primeiros passos de cuidados.

As escolas nas quais foram matriculados.

Os professores que os instruíram.

A saúde do corpo, a existência em um país pacífico, os amigos...

Acham natural possuir tantos tesouros.

Ocorre que nem todos podem desfrutar simultaneamente dos mesmos dons.

A vida na Terra constitui uma estação de aprendizado.

Nela, as experiências variam ao Infinito.

Há os que experienciam a saúde, enquanto outros vivem a enfermidade.

Os com facilidades materiais e os de vida mais modesta.

As posições se alternam no curso dos séculos.

O papel de cada homem é ser digno e fraterno na posição em que se encontra.

Utilizar os tesouros que recebeu da vida, a fim de crescer em talentos e virtudes.

E, especialmente, entender que o próximo é um irmão de caminhada.

Ele também deseja ser feliz e viver em paz.

É igualmente um filho de Deus.

Tendo isso em mente, urge repensar os próprios hábitos.

Identificar os inúmeros cuidados recebidos de Deus.

Ser grato por todos eles e cessar de reclamar por bobagens.

Quanto à gratidão, ela tem uma forma muito especial de se manifestar.

Consiste no amparo ao semelhante em estado de sofrimento ou abandono.

A bondade para com o próximo é uma forma de gratidão que o homem pode oferecer ao seu Criador.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O AUTO PERDÃO

Não existe sentido em ficar curtindo vingança ou teimosia. Guardar mágoa, nem se fale.

Em verdade, tudo isso é fruto do nosso orgulho e da nossa vaidade. Ocorre muito que a pessoa, no seu leito de morte, chame os desafetos para pedir perdão.

Um velho professor contou, certa vez, que ele tinha um grande amigo. Chamava-se Norman. Juntos, passeavam, nadavam.

Um dia, Norman resolveu fazer um busto do amigo. Levou-o para sua casa e fez um rosto em bronze daquele homem de seus quarenta e quatro anos.

O trabalho levou semanas porque Norman desceu a detalhes. Até colocou uma mecha de cabelo caída na testa.

Depois de determinado tempo, Normam e a esposa se mudaram para outra cidade. E a esposa do amigo, logo depois, precisou fazer uma cirurgia delicada.

Norman e a esposa nunca entraram em contato com eles. Souberam da cirurgia de Charlotte, mas não telefonaram, nem telegrafaram. Nada.

O amigo e a esposa ficaram muito sentidos. Acharam aquela indiferença bastante dolorida e cortaram relações.

Com o passar dos anos, o amigo encontrou Norman algumas vezes. Toda vez Norman tentava a reconciliação mas o outro não aceitava.

Norman explicava, mas a explicação não satisfazia. A mágoa era muito grande e o orgulho falava alto.

O tempo passou e, um dia, abrindo o jornal, o amigo leu a notícia da morte de Norman. Ele morrera de câncer.

O amigo levou um choque. Nunca fora vê-lo. Nunca o perdoara.

E uma onda de remorso começou a tomar conta daquele homem. Chorou muitas lágrimas. Que poderia fazer agora?

Por que não o perdoara? Por que não ouvira com o coração as explicações de Norman?

Já estaria ele doente naquela época, em que tudo aconteceu?

Todas as perguntas ficaram sem resposta à exceção de uma. O que ele poderia fazer? E isso ele aprendeu com o tempo.

Que não é só aos outros que precisamos aprender a perdoar. É preciso aprender a se perdoar também. Perdoar-se por tudo que não se fez. Por tudo o que se deveria ter feito.

Importante é não permanecer preso ao remorso do que aconteceu ou que devia ter acontecido.

Isto nada adianta para a pessoa. É preciso fazer as pazes consigo mesmo e com os que nos cercam.

* * *

Todos com certeza já cometemos muitos erros com nossos amigos, amores e colegas. O importante é não deixar o tempo se escoar sem nada fazer.

Buscar aquele que magoamos ou que nos magoou e ter uma boa conversa. Franca, amiga, sincera e reatar amizades e afeições.

Afinal, é tão pouco tempo que passamos sobre a Terra que não vale a pena cultivar inimizades, dissabores.

As questões mais importantes na vida são as que dizem respeito ao amor, à responsabilidade, espiritualidade e sensibilidade.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Falamos de perdão, do livro A última grande lição: o sentido da vida, de Mitch Albom, ed. Sextante.

terça-feira, 1 de maio de 2012

SEMENTES DE FELICIDADE

 

Você sabe o que é felicidade? Ou você será daquelas pessoas que afirmam nunca terem sido felizes?

Será mesmo que a felicidade só alcança algumas pessoas ou será que você não descobriu o que é felicidade? Será que você pensa que felicidade deve ser total, irrestrita, ampla?

A felicidade existe. Ocorre que, comumente, não nos damos conta de fatos felizes. Não atentamos para coisas pequenas, mas importantes, que deveriam ser motivo de felicidade.

Recordamos de duas meninas cambojanas. Uma delas era uma criança miúda, vestindo farrapos. Estava tão coberta de fuligem que, num primeiro contato, não se conseguia ver se era menino ou menina.

Chamava-se Rithy e tinha doze anos. Nunca fora à escola. Vivia a revirar o lixão da capital cambojana, à procura de algo que pudesse render alguns trocados.

A outra tinha nove anos, chamava-se Nich. Ambas cheiravam muito mal.

Um homem se aproximou e disse que gostaria de conhecer a mãe delas. Combinou um encontro para o dia seguinte num café, à beira do rio, em um bairro turístico.

Deu-lhes dinheiro e, no dia seguinte, sentado à uma mesa, viu se aproximarem duas crianças.

Estavam tão limpas, tão transformadas que ele não as reconheceu.

Conversou com as mães e se propôs a lhes pagar uma mensalidade, caso mandassem as meninas para a escola, retirando-as do lixão, com o que concordaram.

A alegria iluminou o rosto das garotas. E mais ainda quando ele lhes comprou sorvete. Elas jamais haviam provado sorvete em sua vida.

O coração do homem também sorriu. Ele descobrira quão pouco bastava para provocar felicidade na vida de duas crianças.

Sim, para quem sabe apreciar cada momento da vida, cada gesto, cada dádiva, é fácil sorrir. Mesmo que toda sua vida tenha sido de dores e dificuldades.

E é o que as meninas faziam, ali, deliciando-se com o sorvete. Sorriam, felizes.

Como passou a sorrir Eang, de nove anos, encontrada imunda e coberta de feridas. Sua felicidade é ter saúde e frequentar a escola, onde alimenta um sonho: ser professora de inglês.

Também sorri aquele rapaz de dezessete anos, órfão desde os três e que morou no lixão quase toda sua vida. Depois de aprender inglês, trabalha como chef em elegante café.

Sempre feliz, sonha alto: abrir seu próprio restaurante.

E que se dizer da garota Leng, de seis anos, que jamais ganhara um presente ou bolo de aniversário!?

Ao redor de um enorme bolo, com seu nome escrito em cima, centenas de catadores de lixo cantaram Parabéns pra você.

Ela chorou, muitos choraram. Emoção geral.

Quando retornou para seu barraco, depois que todos tinham voltado para suas moradias, seu coração extravasou pelos lábios, cantarolando: Parabéns para mim. Parabéns para Leng. Parabéns para mim.

* * *

Se você acha que não é feliz, pense nessas crianças para as quais tudo que recebem é felicidade.

E descubra quantos motivos você tem para ser feliz: sua saúde, sua casa, seu lar, seus amores, a escola, o trabalho. A felicidade de ler ou ouvir este texto.

A alegria de ler, de concatenar ideias, a possibilidade de se emocionar...

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Grande Scott, de Robert Kiener, de Seleções Reader´s Digest, de junho de 2010.