Quem é que, nas
horas de silêncio e recolhimento, nunca interrogou à natureza e ao
seu próprio coração, perguntando-lhes o segredo das coisas, o porquê
da vida, a razão de ser do Universo?
Onde está aquele
que jamais procurou conhecer seu destino, levantar o véu da morte,
saber se Deus é uma ficção ou uma realidade?
Não seria um ser
humano, por mais descuidado que fosse, se não tivesse considerado,
algumas vezes, esses tremendos problemas.
A dificuldade de
os resolver, a incoerência e a multiplicidade das teorias que têm
sido feitas, as deploráveis consequências que decorrem da maior
parte dos sistemas já divulgados, todo esse conjunto confuso,
fatigando o espírito humano, os têm relegado à indiferença e ao
ceticismo.
Portanto, o homem
tem necessidade do saber, da luz que esclareça, da esperança que
console, da certeza que o guie e sustente.
Mas tem também os
meios para conhecer, a possibilidade de ver a verdade se destacar
das trevas e o inundar de sua benfazeja luz.
Para isso, deve se
desligar dos sistemas preconcebidos, descer ao fundo de si mesmo,
ouvir a voz interior que nos fala a todos, e que os sofismas não
podem enganar: a voz da razão, a voz da
consciência.
O que importa ao
homem saber, acima de tudo, é: o que ele é, de onde vem,
para onde vai, qual o seu destino.
As ideias que
fazemos do Universo e de suas leis, da função que cada um deve
exercer sobre este vasto teatro, são de uma importância
capital.
Por elas dirigimos
nossos atos. Consultando-as, estabelecemos um objetivo em nossas
vidas e para ele caminhamos.
Nisso está a base,
o que verdadeiramente motiva toda civilização.
Tão superficial é
seu ideal, quanto superficial é o homem.
Para as
coletividades, como para o indivíduo, é a concepção do mundo e da
vida que determina os deveres, fixa o caminho a seguir e as
resoluções a adotar.
* * *
Há certa dormência no
homem materialista. Ele dorme para os valores reais da alma, da vida
maior.
Vê-se
esperto, antenado, ligado em tudo o que há
de mais novo no mundo, mas não percebe que está dormindo
ainda.
Em algum momento, terá
de despertar...
Alguns despertam com
reveses repentinos. Outros acordam com o sofrimento de uma doença ou
a morte violenta entre os seus.
Mas há aqueles que
desvelam o novo mundo através do amor e do estudo.
Quando o intelecto é
guiado pelo amor, pelo bem, pela boa vontade, conseguimos despertar
para a nova vida, a vida verdadeira, sem a necessidade de passar por
nada traumático.
Que nossa vida seja
repleta de porquês. Que não aceitemos as coisas pelo fato
de sempre terem sido desse ou daquele jeito.
Que a razão nos guie e
que essa razão possa estar cada vez mais apurada.
Mas que nos guie
também o coração, pois é dentro dele que encontraremos as respostas
que só o amor saberá dar.
A fé raciocinada deve
ser nossa meta. O amor inteligente, nosso guia sempre.
Redação do Momento
Espírita, com base na Introdução, item I, do livro O
porquê da vida, de Léon Denis, ed. FEB.