domingo, 13 de março de 2011

MANDATO PESSOAL

 

Tudo no universo possui uma função, com vistas ao bem geral.

Basta analisar a natureza para perceber que absolutamente nada é destituído de utilidade.

O animal mais insignificante e a menor planta inserem-se no ciclo da vida, de forma útil.

Assim também o homem é chamado a colaborar com o progresso.

Ciente dessa realidade importa considerar o valor da tarefa que está em suas mãos.

O que lhe compete fazer no mundo corresponde a um mandato do alto, um desígnio divino para a sua pessoa.

Todos devem estar convictos de que ninguém realiza nada sem Deus.

Isso, porém, não autoriza que a criatura se considere desonerada das obrigações que lhe competem no contexto geral da vida.

Cada qual tem sua responsabilidade, concedida pelo alto a título de tarefa e de auxílio.

Esse raciocínio não se destina a supervalorizar as personalidades humanas, por si sós já muito necessitadas de humildade.

Cuida-se apenas de chamar a atenção para os créditos individuais com que a providência divina enriqueceu cada um de seus filhos.

Como ocorre com as impressões digitais que o identificam, a sua voz é diferente de todas as demais.

As suas mãos guardam peculiaridades únicas.

Você enxerga e ouve com recursos mentais de interpretação absolutamente diversos daqueles que povoam os cérebros alheios.

Do mesmo modo, você possui peculiaridades em sua vocação que os outros não dispõem.

Considerando tudo isso é necessário reconhecer que a cada qual foi atribuído um serviço em determinada área de ação.

Esse serviço possui importante significado para quem o desempenha, mas também é dotado de relevância para os semelhantes.

A distinção que a todos marca sinaliza a posição de servidor que deve caracterizar o homem em face de seu próximo.

Jesus afirmou que toda a lei divina ou natural resume-se em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Amar o próximo como a si mesmo significa desejar-lhe todo o bem que se almeja para si próprio.

Implica conceder-lhe, em qualquer circunstância, o tratamento que dele gostaria de receber, se estivesse em seu lugar.

Percebe-se que nossa posição é a de irmãos, fraternalmente unidos na caminhada para Deus.

Em face da vida não somos competidores ou adversários, mas companheiros.

Os talentos distintos que ornam cada um revelam a necessidade de auxílio mútuo, para que o progresso ocorra a contento.

No imenso concerto da vida, verifique qual posição lhe cabe e a execute com alegria.

Não inveje a tarefa dos outros e nem menospreze a sua.

Saiba que foi a sabedoria divina, em sua infalibilidade, que identificou a posição que melhor lhe cabe.

Em sua condição atual, você pode colaborar com o próximo e consigo mesmo.

Caso seja modesta, não o exporá a grandes tentações, ao tempo em que o ajudará a se tornar simples e humilde, contentando-se com pouco.

Se sua tarefa for importante, possui o condão de auxiliá-lo a fazer o bem a inúmeras pessoas.

O relevante é a certeza de que Deus sempre sabe o que faz e providencia o melhor para todos.

Ao ser humano compete guardar fidelidade ao pai, desempenhando sua tarefa com humildade, amor e pureza.

Sirva, pois, com alegria, movimentando seus talentos na construção de um mundo melhor.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no capítulo LXX do livro Segue-me!..., do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

JOIAS QUE BRILHAM

 

Embora haja um grande esforço para se acabar com toda sorte de preconceito, ele não foi de todo escorraçado do mundo.

Basta que se observe, em qualquer lugar, como as pessoas bem vestidas e de porte altivo são tratadas, em detrimento daquelas mais modestas, de roupas mais simples.

Se andamos pela rua e alguém bem apessoado se aproxima, jamais cogitamos que ele possa ser um ladrão.

Mas, se alguém que calce chinelos, use roupas não bem passadas e o cabelo em desalinho se aproxima, ficamos receosos.

A reação é instintiva. Ficamos de sobreaviso. Colocamos a mão na bolsa ou na carteira, como querendo protegê-la.

Tudo isso ocorre porque estamos acostumados a avaliar as pessoas pela aparência.

Em épocas recuadas, no tempo em que no Oriente eram abundantes os sultões, princesas e escravos, vivia uma rainha muito rica.

Ela gostava de passear pelas ruas da cidade, todas as tardes, com sua escrava. Percorria os pontos mais movimentados de Bagdá chamando a atenção com o vistoso colar que usava sempre.

Era uma joia rara e preciosa de nada menos de duzentas e cincoenta e seis enormes e perfeitas pérolas.

Interessante é que, ao seu lado, a escrava usava um enfeite idêntico ao da soberana.

Todos admiravam as joias da rainha e diziam:

É claro que o colar da escrava é falso. Quem não percebe logo? A rainha assim procede para dar maior realce ao seu colar. Observem como as gemas verdadeiras têm mais brilho. Parecem ter luz própria, ter vida!

E tornavam a olhar, a admirar e invejar as joias da rainha.

Os comentários eram tantos que o Vizir começou a se preocupar. Salteador ousado poderia se aventurar, em algum momento, e roubar a valiosa prenda.

Por isso, compareceu frente à sua soberana e falou:

Majestade, perdoai se ouso vir vos falar. Preocupa-me a vossa segurança e da joia. É um perigo sair à rua com tão grande riqueza. Sua vida corre riscos.

A rainha sorriu e o sossegou, explicando:

Não se preocupe, bom homem. Toda vez que saio, troco o colar com o da minha escrava. Ela leva em seu pescoço o verdadeiro e eu, o falso. Estranhamente, é sempre o meu que é admirado. Acredite, se eu saísse com simples vidrilhos, pedras falsas, todos continuariam a admirar o meu adorno. Isto somente porque eu sou a rainha.

* * *

As aparências enganam e devemos nos habituar a valorizar as pessoas por sua condição interior.

Afinal, temos valor por nós mesmos, pelo nosso proceder e não pelas posses materiais.

Na balança Divina, são iguais todos os homens. Só as virtudes os distinguem aos olhos de Deus.

São da mesma essência todos os Espíritos e formados de igual massa todos os corpos.

Os verdadeiros títulos de nobreza são as virtudes. Tudo o mais em nada contribui para a verdadeira felicidade.

Redação do Momento Espírita, com base em lenda de autoria ignorada.