segunda-feira, 27 de outubro de 2008

BEM SOFRER.


Aprendendo a sofrer, mentaliza a Cruz do Mestre e reflete.
Ele era Senhor e fez-se escravo.
Era Grande e fez-se pequenino.
Era a Luz e não desdenhou a imersão nas sombras.
Era o Amor e suportou o assédio do ódio.
Quem o contemplasse do pó de Jerusalém, no dia da grande flagelação, decerto identificá-lo-ia à conta de um delinqüente em extrema penúria.
As pregações dele haviam encontrado a sufocação do Sinédrio, sua doutrina categorizava-se por abominável heresia, seus sonhos de confraternização pareciam aniquilados, seus beneficiários e companheiros vagueavam desiludidos e, por único testemunho de reconforto entre as chagas da morte, não encontrava senão a piedade e o entendimento de um ladrão comum...
Mas quem fixasse com Cristo a multidão, do alto da cruz, reconhecer-lhe-ia a condição de herói vitorioso, porque para o seu olhar a turba fanática não passava de vasto rebanho de irmãos necessitados de auxílio.
Ele viu naqueles que o cercavam, a ilusão da ignorância e percebeu todas as falhas dos perseguidores à maneira de moléstias do espírito sob a mascara de dominação e falso triunfo...
E sentiu apenas a grande compaixão que lhe nasceu do espírito com a paz inalterável.
Se nos propomos a bem sofrer, procuremos anotar do cimo de nossa cruz aqueles que jornadeiam conosco, carregando madeiros mais pesados que os nossos, ascendendo a fraternidade no próprio coração, a fim de que não estejamos órfãos de entendimento.
Compadece-te e auxilia a todos para o bem.
Compadece-te daquele que se acha no oásis do lar, entronizando o egoísmo e compadece-te daqueles que por não possui-lo se comprazem na revolta!... Compadece-te dos fortes que oprimem os fracos e dos fracos que hostilizam os fortes!...
Usa o tesouro que o Mestre te confiou por bênçãos de bondade, ao longo do caminho, e serás amparado por aquele a quem ampara, tanto quanto serás curado pelo doente a quem socorres.
Do madeiro de sacrifício, Jesus nos ensina a buscar as bem-aventuranças...
Para bem sofrer, é preciso saber amar e, amando qual o Cristo nos ama, encontraremos na Terra ou no Mais Além a luz interior que nos reunirá para sempre à perenidade da Vida Triunfante.


Do Livro “Abrigo”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel