sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

VIVER



Por vezes, não nos lembramos de como é bom viver. Talvez porque nos esqueçamos de usufruir a vida em totalidade.
 
Quase sempre, a ansiedade é nossa companheira. E é ela que nos impede de viver em plenitude.
 
Quando nos deixamos envolver pela ansiedade, estamos em um lugar fisicamente, mas a mente se encontra em outro ou, então, horas à frente.
 
É bastante comum nos encontrarmos em uma festa e cogitarmos do cansaço que sentiremos no dia seguinte, do inconveniente de termos que levantar cedo, de retomar a rotina.
 
Descambamos para queixumes e lamentações. Esquecemos de viver aquele momento de alegria, de encontro com os amigos, de risos, de descontração.
 
Consequentemente, a festa não nos beneficiará, ao contrário, será sinônimo de cansaço e indisposição.
 
E que dizer quando reclamamos das crianças em casa? Reclamamos do barulho, da correria. Enfim, elas requerem tanta atenção, tantos quefazeres.
 
E deixamos de usufruir dessa extraordinária possibilidade de observá-las, de rir com elas, rir do que fazem e como fazem.
 
Permitimo-nos perder a chance de ter algumas horas de puro prazer, correndo, rindo, rolando na grama, chutando bola. E também abraçando, estreitando forte, beijando.
 
Já nos demos conta de quão maravilhoso é o colar de dois braços miudinhos nos envolvendo o pescoço? Nenhuma joia, por mais valiosa, supera essa preciosidade.
 
Porque abraço de criança é tudo de bom: é espontâneo, é forte, é macio.
 
E, no final do passeio, ou na hora de dormir, como é doce sentir aquele calor do corpo de uma criança em nossos braços, perceber-lhe o ritmo da respiração, sentir o pulsar do seu coração junto ao nosso.
 
Isso se chama viver. Isso se chama sorver a vida em abundância.
 
Viver é, também, permitir-se despentear pelo vento, com suas mãos rebeldes e despreocupadas.
 
É sentir o sol percorrendo-nos o corpo e estendendo cores por toda a natureza, beijando a superfície das águas, fazendo-as brilhar como líquidos cristais.
 
Viver é sentar-se à mesa com a família, com os amigos e comer devagar, buscando identificar o sabor de cada alimento. E se deixar ficar ali, conversando, falando dos tantos nada que fazem a felicidade de cada dia.
 
É dar um passeio de mãos dadas, deixando a brisa sussurrar segredos entre ambos. Recados ouvidos de Deus, segredos somente conhecidos por quem ama.
 
Viver é deter-se para assistir a um pôr-do-sol, observando as pinceladas divinas que se sucedem, em promessa de um dia esplendoroso, após a noite de veludo e estrelas que se aproxima.
 
Viver é ter a certeza de que, após os dias de invernia, chuva e frio, suceder-se-ão as horas floridas da primavera risonha.
 
E que, após os dias de intenso calor, a natureza começará a se despir de folhas e flores, preparando-se para se engalanar de geada, brumas e garoa.
 
Viver cada minuto, cada emoção, sem ansiedade, como único e inigualável.
 
Assim, a vida se torna maravilhosa. Cada dia, uma experiência inédita porque, sendo criação divina, não existem reprises nas horas, nem nos minutos.
 
Pensemos nisso e, enquanto ainda nos encontramos no panorama terrestre, bebamos do cálice da vida, gota a gota, deliciando-nos com o seu sabor.
 
E se horas amargas se apresentarem, recordemos que como as estações, também os quadros de dores e dificuldades se sucedem, substituídos por outros de alegrias, risos e cores.
 
Redação do Momento Espírita.

AVISOS SURPREENDENTES



Ele era médico no Interior e atendia, com zelo, sua clientela. Durante muitos anos, tratou de uma senhora viúva, cuja filha insistia para que fosse morar com ela, na capital.
 
No entanto, Dona Margarida continuava a morar sozinha, em sua casa. Várias razões relacionava para essa sua preferência.
 
A mais importante, justamente os cuidados que recebia do dedicado médico, em quem confiava plenamente e por quem nutria grande amizade.
 
Certa feita, os familiares a levaram para a capital, em visita a parentes e amigos. Então, ela se sentiu mal e, de imediato, a filha telefonou ao Doutor Carlos, o médico da mãe.
 
Para que fosse devidamente examinada e medicada, ele recomendou um colega, na capital.
 
Passados alguns dias, quando Doutor Carlos chegou, pela manhã, bem cedo, ele viu à porta do consultório a sua cliente, sozinha.
 
Cumprimentou-a, sorrindo e disse: Bom dia, Dona Margarida, vejo que está muito bem!
 
E ela respondeu: É o que você pensa!
 
Ele achou graça na sua expressão. Entrou no consultório, que estava repleto, como sempre. Contudo, dada a idade avançada de Dona Margarida, instruiu a atendente para que a introduzisse, em primeiro lugar, para a consulta.
 
Mas, a senhora não estava na sala de espera, nem do lado de fora, em lugar nenhum.
 
Estranhou o fato o médico, mas envolveu-se na atenção aos tantos clientes que o aguardavam.
 
Logo mais, chegou-lhe uma ligação telefônica. Era a filha de Dona Margarida informando-o que sua idosa cliente desencarnara, há dois dias.
 
*   *   *
 
Os que transpõem a aduana da morte, não apagam da memória as pessoas que lhe constituem afetos. Muito menos, olvidam de ser gratos.
 
Por isso, fatos como o narrado ocorrem muito mais amiúde do que se possa pensar.
 
Muitas criaturas, no momento mesmo da morte, lembram-se de alguém a quem devotam especial afeto e, não raro, aparecem à visão psíquica daquele.
 
Popularmente, se fala: Ele veio avisar que morrera. Em verdade, trata-se de um gesto de carinho, uma doce lembrança de quem parte e se encontra distante.
 
Por vezes, um pedido de socorro daquele que se percebe em nova realidade da vida, fora do corpo físico.
 
Quando anotados dia e hora do acontecido, se poderá constatar, posteriormente, que coincidem com a hora da morte desse que assim se mostrou à visão psíquica.
 
Essa é mais uma prova da Imortalidade. Uma prova de que o corpo sucumbe, mas a alma, liberada, livre, vai aonde se encontre o seu interesse.
 
Já nos ensinara o Mestre, há muito tempo: Onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração.Ou seja, onde estiver o nosso amor, aí estaremos.
 
Não nos esqueçamos disso e permaneçamos atentos.
 
Em tais ocasiões, envolvamos em prece o Espírito do amigo, parente, colega, que assim se manifestou.
 
Oração é luz, aconchego, proteção. É nossa forma de, igualmente, agradecer o aviso ou de auxiliar a quem, por vezes, é convidado a se transferir para o mundo espiritual, em pleno vigor e atividade física.
 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Um choque de realidade, de Richard Simonetti, da Revista Reformador, de junho 2012, ed. Feb.

UNIÃO FRATERNAL



Deus fez o homem para viver em sociedade.
 
Todos devemos concorrer para o progresso ajudando-nos mutuamente.
 
Nenhum de nós possui todos os conhecimentos. Pelas relações sociais é que nos completamos, nesse objetivo de assegurar nosso bem-estar e progredir.
 
É por isso que, tendo necessidade uns dos outros, somos feitos para viver em sociedade e não isolados.
 
A vida social nos apresenta, então, diversos desafios.
 
Somos muito diferentes uns dos outros. Nossas bagagens culturais, intelectuais e morais nos diferenciam intensamente.
 
Não é fácil conviver. Porém, a união fraternal é o único caminho para a felicidade verdadeira.
 
O Espírito Emmanuel nos deixa uma mensagem muito esclarecedora sobre o tema:
 
À frente de teus olhos, mil caminhos se descerram, cada vez que te lembras de fixar a vanguarda distante.
 
São milhões de sendas que marginam a tua.
 
Não olvides a estrada que te é própria e avança, destemeroso.
 
Estimarias, talvez, que todas as rotas se subordinassem à tua e reportas-te à união, como se os demais viajores da vida devessem gravitar ao redor de teus passos.
 
Une-te aos outros, sem exigir que os outros se unam a ti.
 
Procura o que seja útil e belo, santo e sublime e segue adiante...
 
A nascente busca o regato, o regato procura o rio e o rio liga-se ao mar.
 
Não nos esqueçamos de que a unidade espiritual é serviço básico da paz.
 
Observas o irmão que se devota às crianças?
 
Reparas o companheiro que se dispôs a ajudar aos doentes?
 
Identificas o cuidado daquele que se fez o amigo dos velhos e dos jovens?
 
Assinalas o esforço de quem se consagrou ao aprimoramento do solo ou à educação dos animais?
 
Aprecias o serviço daquele que se converteu em doutrinador na extensão do bem?
 
Honra a cada um deles, com o teu gesto de compreensão e serenidade, convencido de que só pelas raízes do entendimento pode sustentar-se a árvore da união fraterna, que todos ambicionamos robusta e farta.
 
Não admitas que os outros estejam enxergando a vida através de teus olhos.
 
A evolução é escada infinita. Cada qual abrange a paisagem de acordo com o degrau em que se coloca.
 
Aproxima-te de cada servidor do bem, oferecendo-lhe o melhor que puderes, e ele te responderá com a sua melhor parte.
 
A guerra é sempre o fruto venenoso da violência.
 
A contenda estéril é resultado da imposição.
 
A união fraternal é o sonho sublime da alma humana, entretanto, não se realizará sem que nos respeitemos uns aos outros, cultivando a harmonia, à face do ambiente que fomos chamados a servir.
 
Somente alcançaremos semelhante realização "procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz".
 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 49, do livro Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.