No aperfeiçoamento do
corpo espiritual, além do primitivismo de certas almas que jazem, longo tempo,
entorpecidas após a morte física, observamos, ainda, o quadro das mentes
evolvidas intelectualmente, mas submersas nas densas vibrações decorrentes de
compromissos escuros.
Não permanecem no
regime da inércia, em sono larval; entretanto, agitam-se nos desvarios da
loucura.
Criam imagens que
vivem e se movimentam na intimidade delas próprias, por tempo indeterminado,
cuja duração varia com a força do impulso de suas paixões.
Carregam consigo os
dramas intensos de que se fizeram autoras.
Encarnada na Terra, a
inteligência vive entre as provocações da esfera carnal e as sugestões
silenciosas da mente. Quanto mais intelectualizada a criatura, mais
profundamente respira no plano das ideias, influenciando e sendo influenciada.
Geralmente, porém, o
homem desequilibra os próprios sentimentos, inclinando-se, em maior ou menor
percentagem, para o afastamento das leis com as quais se deve nortear.
Atravessa os caminhos humanos, ganhando pouco e quase sempre perdendo muito,
dentro de si mesmo, obscurecendo-se nas pesadas sombras dos pensamentos
inquietantes que produz para o consumo de suas necessidades mentais.
Assim é que a
desencarnação não lhes modifica o campo íntimo.
Encasulada no círculo
vibratório das criações que lhe dizem respeito, a alma sofre naturais
inibições, ante a paisagem da vida gloriosa. Não possui ainda órgão de
percepção para sintonizar-se com os espetáculos deslumbrantes da imensidade,
encarcerada, qual se encontra, entre as paredes estranhas das concepções
obscuras e estreitas em que se agita.
Como a lâmpada vive
no seio das próprias irradiações, imitindo luz que é também matéria sutil, a
alma permanece no seio das criações que lhe são peculiares, prendendo-se à
paisagem em que prevaleçam as forças e desejos que lhe são afins, porque o
pensamento é também substância rarefeita, matéria dentro de expressões
inabordáveis até agora pelas investigações terrestres.
Podendo alimentar-se,
por tempo indefinível, das emanações dos próprios desejos, entidades existem
que estacionam, durante muitos anos, dentro dos quadros emocionais em que se
comprazem, atrasando a marcha evolutiva, até que reencarnam na recapitulação
das experiências em que faliram, retomando o serviço de purificação interior
para a sublimação de si mesmas.
Desse modo, somos
defrontados por dolorosos fenômenos congeniais.
Suicidas recomeçam a
luta física, no círculo de moléstias ingratas, e criminosos reaparecem no berço,
com deploráveis mutilações e defeitos; alcoólatras regressam à existência, em
companhia de pais que se sintonizam com eles e grandes delinquentes reencetam a
viagem do aprimoramento moral, na esfera de provas temíveis, quais sejam as de
enfermidades indefiníveis e de aflições dificilmente remediáveis.
No extenso e
abençoado viveiro de almas que é o mundo, pouco a pouco, de século a século e
de milênio a milênio, usando variados corpos e diversas posições no campo das
formas, nosso espírito constrói lentamente, para o próprio uso, o veículo
acrisolado e divino, com que o Senhor nos reserva em plena imortalidade
vitoriosa.
Pelo Espírito
Emmanuel, Do Livro: Roteiro, Médium: Francisco Cândido Xavier.