quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

SÓ, NA PRESENÇA DO MAR



Quando abraço o oceano todo com um olhar, volto a questionar sete milhões de coisas... Tantas quanto as ondas velozes que ganham a areia a cada minuto.
 
Volto a indagar: Como alguém pode se sentir só, na presença do mar? Acariciado por esta brisa incessante? Preenchido por este perfume raro?...
 
Como ainda posso me sentir só, sabendo que os braços do invisível me abraçam, que aqueles que partiram continuam existindo, e que todos nós, sem exceção, somos amados por alguém, em algum lugar, de alguma forma?...
 
Como ainda posso me sentir só?...
 
Talvez seja eu que me isole do mundo, e que exija demais das pessoas. Pode ser isso...
 
Talvez seja eu que não permita que os outros conheçam minha vida, meus sonhos, minhas mazelas (e, percebendo melhor, acho que há um pouco de orgulho nisso)...
 
Quem sabe seja eu que procure a solidão, e não ela que me persiga, como sempre imaginei...
 
É... Talvez eu precise conversar mais com as pessoas, interessar-me mais por suas vidas... Ouvir mais...
 
Há tempos que não ouço alguém. Um desconhecido relatando os acontecimentos corriqueiros do dia a dia; um colega de trabalho falando das peripécias de seus filhos; meu irmão... Puxa!... Há tempos não converso com meu irmão...
 
É curioso, pois me lembro que, há algumas semanas, ouvi uma mensagem de cinco minutos, num programa de rádio, que falava exatamente sobre isso, sobre como as pessoas se isolam umas das outras, e do quanto isso é prejudicial para a saúde mental e física, já que uma é consequência da outra - dizia o locutor.
 
Vem-me claramente à memória uma frase: Quem ama não se sente só.
 
É interessante, pois acho que sempre acreditei que para não se sentir só era necessário ser amado, e não amar.
 
Dizia, ainda, que quando nos sentimos úteis, e concluímos que muitos dependem de nossa dedicação, de nosso amor, também esquecemos a solidão.
 
É... Talvez ele tenha razão, pois lembro que, um dia desses, fui visitar uns parentes que não via há muito tempo, e aquela visita fez-me tão bem!
 
Falamos de assuntos comuns, como notícias de televisão, de família (em verdade ouvi muito mais do que falei, pois eles desembestaram a falar que só vendo!)
 
Mas, sabe que gostei de ouvir... Ao final, saí de lá com menos tensão, menos preocupado com a solidão... Percebi - não sei ao certo - um ar estranho entre os dois, como se estivessem cansados, entediados, possivelmente um pouco tristes...
 
Abracei minha tia (lembrei o quanto gosto dela!), e a ouvi dizer com os olhos levemente umedecidos: Gostamos muito de você, viu! Venha mais vezes! Não é sempre que recebemos visitas!
 
Ela estava certa. Não é sempre que recebemos visitas, pois não é sempre que visitamos os outros, creio eu...
 
Naquele final de tarde, vi que poderia ser útil em coisas tão pequenas, porém tão significativas!... E aquilo me afastava do desânimo, da solidão...
 
Dentro do carro, voltando para casa, observando a vida lá fora, por entre gotas de uma garoa discreta, lembro-me que essas mesmas questões emergiram:
 
Como pode alguém sentir-se só, na presença de tanta gente, de tanta vida! Quantas dessas pessoas esperam apenas por uma visita? E quantos deles estão dispostos a fazer uma?
 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Como alguém pode se sentir só, na presença do mar, do livro O que as águas não refletem, de Andrey Cechelero, edição do autor.

MENTE E SINTONIA



É creditado ao italiano Guilherme Marconi o uso das ondas eletromagnéticas para transmitir informações a longas distâncias.
 
No final do Século XIX, Marconi inicia seus experimentos, que darão origem ao telégrafo e, posteriormente, ao rádio.
 
Graças a isso, as distâncias passam a ser menores, e a comunicação intensifica-se.
 
Marconi partiu de um princípio da Física, segundo o qual ao se emitir ondas com determinada frequência, essas se propagam no espaço, podendo ser captadas por outro aparelho sintonizado na mesma frequência.
 
Hoje, os experimentos de Marconi pertencem à História e seus equipamentos são peças de museu, frente a toda a tecnologia desenvolvida desde então.
 
Porém, ainda podemos tecer valiosas reflexões a respeito desses seus estudos e descobertas.
 
Nossa mente atua, sempre, como uma grande usina geradora de ondas, com frequências peculiares.
 
A natureza do nosso pensar e sentir gera a qualidade da emissão, daquilo que emitimos e exteriorizamos em forma de pensamento.
 
Como as ondas de rádio, invisíveis e imperceptíveis para nós, assim são nossos pensamentos.
 
Não percebemos de imediato e nem visualizamos o que emitimos, mas nosso pensar está sempre gerando o ambiente, a psicosfera em torno de nós mesmos.
 
Assim é que pessoas otimistas vivem em uma frequência, em uma ambiência mais salutar do que as pessoas pessimistas.
 
Alguém sempre amoroso, carinhoso, compreensivo, terá em torno de si as qualidades relativas à natureza desses sentimentos.
 
Por sua vez, quem seja amargo, intolerante, impaciente gerará, para sua própria vivência, um ambiente mais tormentoso e difícil.
 
Assim, cuidar dos pensamentos é tarefa de urgente necessidade, mas, muitas vezes relegada, quando não esquecida ou desconhecida.
 
Somos o resultado do que pensamos, sentimos e agimos, direta e indiretamente.
 
Portanto, será sempre mais proveitoso buscarmos a reflexão otimista ao pensamento pessimista, a análise compreensiva ao julgamento crítico, o bem pensar ao julgamento severo.
 
Não é alienar-se do mundo, ou vê-lo de maneira ingênua ou parcial.
 
É a opção por viver no mundo, enfrentando seus desafios e lutas, com ferramentas diferentes, que serão mais valiosas e eficazes, nos proporcionando, ademais, saúde e bem-estar.
 
Dessa forma, vigiar nosso pensar no dia a dia, será sempre ação benéfica para nós mesmos.
 
Ao optarmos pela vigilância da nossa casa mental, nos proporcionamos a oportunidade de abandonar o medo, a insegurança, as angústias. E abraçarmos o bem, o bom e a confiança em Deus.
 
Atentemos para a recomendação de Jesus de orarmos e vigiarmos, entendendo que o Amigo Divino nos convida a  vigiarmos nosso pensar e a utilizarmos a oração como ferramenta de apoio e reestruturação mental.
 
* * *
 
O pensamento é força vital gravitando no Universo. Fonte poderosa, pode verter luz pacificadora ou se transformar em cachoeira destruidora.
 
Pensemos nisso.
 
Redação do Momento Espírita.