sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A metamorfose

Você já observou a borboleta pousada sobre uma folha nova, especialmente escolhida por ela, uma que não caia antes da saída das lagartinhas do ovo, dobrar o abdome até sentir a face inferior da folha e ali colocar o ovo?

Por essas maravilhas da natureza, que somente a Providência Divina explica, cada espécie de borboleta sabe exatamente qual o tipo de planta que deve escolher para colocar o ovo que, graças a uma substância viscosa de secagem rápida, fixa-se imediatamente.

As borboletas são muito admiradas pela leveza dos seus voos e a beleza do colorido de suas asas.

Elas procuram, nas flores, na areia úmida ou em frutos fermentados, o seu alimento, sendo que as flores são muito frequentadas pelas borboletas fêmeas, enquanto os machos preferem as areias úmidas.

Algumas espécies existem que têm a capacidade de permanecer imóveis por tempo considerável, enquanto outras fazem voos curtos, por vezes muito rápidos, indo de uma flor a outra.

Elas buscam a pradaria, as ramadas das árvores, beijam as folhas farfalhantes e driblam o vento apressado.

Bailam em meio às gotículas que se desprendem das quedas d'água ou como pétalas voejam, balançando no espaço.

Seu matiz é mensagem de alegria. A sua liberdade é um convite à paz.

No entanto, dias antes de se mostrarem tão belas não passavam de larvas rastejantes no solo úmido ou na casca apodrecida de algum tronco relegado.

Lagartas, jamais sonhariam com os beijos do sol ou com o néctar das flores. Mas, passam as semanas e após a fase de crisálida, ei-las que surgem maravilhosas, coloridas, exuberantes, plenas de vida.

                           *   *   *

À semelhança da lagarta, vivemos no terreno das experiências humanas.

Afinal, chega um dia em que somos convidados a adormecer na carne para despertar na Espiritualidade, planando acima das dificuldades que nos afligiam.

É a morte que nos alcança e nos ensina que a vida não se resume num punhado de matéria que entrará em decomposição.

Também não é simplesmente um amontoado de episódios marcantes ou insignificantes, promotores de esparsos sorrisos e rios de pranto.

A vida é a do Espírito, que vive para além da aduana da morte, tendo como destino a vida na amplidão.

Por isso, quando formos constrangidos a acompanhar, com lágrimas, aquele afeto que se despede das lutas do mundo, rumando para a Espiritualidade, não lastimemos, nem nos desesperemos.

Mesmo com dores n'alma, despeçamo-nos do coração querido com um suave até logo porque exatamente como as borboletas, ele alcançou a liberdade, enfim.

                            *   *   *

Ao morrer o corpo, o Espírito que dele se utilizava como de um veículo, se liberta.

Ninguém se aniquila na morte. Muda-se, simplesmente, de estado vibratório, sem que se opere uma mudança nos sentimentos, paixões e anseios naquele que é considerado morto.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 10 do livro Rosângela, pelo Espírito homônimo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter; no verbete Morte, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal e no verbete Borboleta, da Enciclopédia Mirador, v. 4, ed. Encyclopaedia britannica do Brasil.

CLARO ESCURO

 

“Conta-me...

Como é o sol, lua sincera?

Encanta-me...

Teu lume azul, tua esfera.

Daríamos valor ao dia

Se a noite não nos fosse companhia?

Teria eu tua presença, sol, astro amigo

Se o claro fosse do escuro inimigo?

E as cores, na ausência da intensidade

Pintariam retratos com tanta propriedade?

E a luz própria, que procuramos descobrir

Teria algum sentido em surgir?

Se tudo nascesse claridade

E da penumbra não surgisse...

Onde estaria a felicidade

No fim de uma jornada que não existisse?

Conta-me...

Como é o sol, lua sincera?

Encanta-me...

Teu lume azul, tua esfera.”

 

O poema nos fala da evolução humana, e dos caminhos que trilhamos para alcançar o objetivo maior, a sublimidade, a perfeição.

O processo evolutivo não dá saltos. Tudo no Universo segue desenvolvimentos graduais, desde as transformações das galáxias, dos globos, até o crescimento moral dos Espíritos.

Não há criatura no Universo criada perfeita. A perfeição é finalidade de todos, e não há privilégios na Criação Divina.

Os anjos, por exemplo, são apenas Espíritos Superiores, que alcançaram este estágio de beleza moral e intelectual por seus próprios esforços.

Partimos todos, sem exceção, da ignorância e da simplicidade, destinados à felicidade, à perfeição.

Seguimos nossos caminhos fazendo escolhas, regidos pela Lei maior de Causa e Efeito, voltando à carne tantas e tantas vezes para desenvolver nossas virtudes, semeadas nos jardins íntimos da potencialidade.

Criaturas de Deus - desta Inteligência Suprema e Causa Primeira de todas as coisas - levamos as Leis maiores do Universo nas vastas naves da consciência.

Criaturas de Deus, trazemos a possibilidade do contato constante com o Pai, através da oração sincera e da confiança raciocinada nos mecanismos educacionais da vida.

Criaturas de Deus, partimos da penumbra, da ausência das virtudes no coração, com o objetivo de conquistar a luminescência própria, assim como os astros do Cosmos que aprendemos a chamar de sóis.

                              * * *

Todos trazemos o sol potencial em nossas almas...

Todos trazemos a perfeição potencial em nossas almas...

Resta-nos seguir, e seguir em frente, conquistando a felicidade em cada alvorada, em cada nova oportunidade que o Criador nos concede de darmos mais um passo, de brilhar um pouco mais nossa luz.

Resta-nos seguir, seguir e amar, pois não há senda mais segura e agradável do que aquela apontada pelo amor...

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no poema Claro escuro, de Andrey Cechelero.