domingo, 15 de março de 2015

Um só problema


       Quando a ilusão nos colhe o espírito, impelindo-nos para amargosos desenganos, evidentemente não nos é lícito lançar a responsabilidade integral do fracasso de nossa expectativa sobre os outros, já que, no fundo, somos nós mesmos que nos deixamos embair pela nossa própria superestimação acerca de criaturas e circunstâncias.
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       Se a tentação nos apanha desprevenido, sacudindo-nos em rajadas de aflição, depois de atirar-nos a despenhadeiros de remorso, não nos será possível atribuir a outrem  culpa dos pesares que nos desajustam as províncias da alma e sim a nós, que não vigiamos suficientemente a tranquilidade de consciência.
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       Por trás do sofrimento a se nos originar do orgulho ferido, está simplesmente a paixão pelas aparências a que ainda se nos afeiçoa o sentimento de superioridade ilusória.
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       Ante as nossas queixas, em torno da ingratidão, na essência existe apenas a incompreensão que, por enquanto, nos assinala o modo de ser, a exigir dos companheiros da experiência devoções e atitudes para as quais não se mostram ainda amadurecidos ou indicados.
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       Empenhados ao azedume da crítica, debitamos semelhante perturbação tão-somente a nós pela nossa incapacidade de avaliação do esforço alheio.
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       E sempre que tenhamos de alegrar, enquanto na Terra, provas e inibições, obstáculos e lutas que por vezes começam para nós do berço físico, o montante desses impedimentos é a carga de sombra que trazemos em nós, por injunções da Contabilidade Divina, transportada de existência para existência, assim como determinada conta é transferida de livro para livro, na Contabilidade do Mundo, conforme os débitos eu assumimos.
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       À vista disso, encontramos conosco um só problema fundamental — nós em nós mesmos.
       Aprendamos a conhecer-nos e conheceremos os outros.
       Retifiquemos a nossa vida por dentro de nós e a vida por fora se nos revelará sempre por maravilha de Deus.

Livro: “Rumo Certo”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel