Quando a ilusão nos colhe o espírito,
impelindo-nos para amargosos desenganos, evidentemente não nos é lícito lançar
a responsabilidade integral do fracasso de nossa expectativa sobre os outros,
já que, no fundo, somos nós mesmos que nos deixamos embair pela nossa própria
superestimação acerca de criaturas e circunstâncias.
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Se a tentação nos apanha desprevenido,
sacudindo-nos em rajadas de aflição, depois de atirar-nos a despenhadeiros de
remorso, não nos será possível atribuir a outrem culpa dos pesares que nos desajustam as
províncias da alma e sim a nós, que não vigiamos suficientemente a
tranquilidade de consciência.
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Por trás do sofrimento a se nos originar
do orgulho ferido, está simplesmente a paixão pelas aparências a que ainda se
nos afeiçoa o sentimento de superioridade ilusória.
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Ante as nossas queixas, em torno da
ingratidão, na essência existe apenas a incompreensão que, por enquanto, nos
assinala o modo de ser, a exigir dos companheiros da experiência devoções e
atitudes para as quais não se mostram ainda amadurecidos ou indicados.
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Empenhados ao azedume da crítica,
debitamos semelhante perturbação tão-somente a nós pela nossa incapacidade de
avaliação do esforço alheio.
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E sempre que tenhamos de alegrar,
enquanto na Terra, provas e inibições, obstáculos e lutas que por vezes começam
para nós do berço físico, o montante desses impedimentos é a carga de sombra
que trazemos em nós, por injunções da Contabilidade Divina, transportada de
existência para existência, assim como determinada conta é transferida de livro
para livro, na Contabilidade do Mundo, conforme os débitos eu assumimos.
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À vista disso, encontramos conosco um só
problema fundamental — nós em nós mesmos.
Aprendamos a conhecer-nos e conheceremos
os outros.
Retifiquemos a nossa vida por dentro de
nós e a vida por fora se nos revelará sempre por maravilha de Deus.