sexta-feira, 19 de abril de 2013

Honestidade vai bem



Uma cena inusitada e inspiradora no esporte: o atleta queniano, Abel Mutai, medalha de ouro nos três mil metros com obstáculos e campeão olímpico em Londres, estava prestes a ganhar mais uma corrida.
 
Entrou em um novo setor da prova e, achando que já havia cruzado a linha de chegada, começou a cumprimentar o público, reduzindo o passo.
 
O segundo colocado, logo atrás, Ivan Fernandez Anaya, vendo que ele estava equivocado e parava dez metros antes da bandeira de chegada, não quis aproveitar a oportunidade para acelerar e vencer.
 
Ele permaneceu às suas costas, e gesticulando para que o queniano compreendesse a situação, quase o empurrando, levou-o até o fim, deixando que ele conquistasse, então, a merecida vitória – como já iria acontecer se ele não tivesse se enganado sobre o percurso.
 
Ivan Fernandez Anaya, um jovem corredor de vinte e quatro anos, que é considerado um atleta de muito futuro, ao terminar a prova, disse:
 
Ainda que tivessem me dito que ganharia uma vaga na seleção espanhola para disputar o campeonato europeu, eu não teria me aproveitado. Acho que é melhor o que eu fiz do que se tivesse vencido nessas circunstâncias.
 
* * *
 
Quando começaremos a agir assim, em todas as situações de nossas vidas?
 
Quando deixaremos de enganar os outros e de enganar a nossa própria consciência?
 
Teríamos agido dessa forma, em situação semelhante, ou não?
 
Valerá a pena tudo por uma medalha, por um resultado, por ser proclamado melhor, o número um, nisso ou naquilo?
 
Valerá tudo para conseguir um emprego, um dinheiro extra, um bom negócio fechado? Será?
 
A virtude da honestidade diz que não, não vale a pena.
 
Atuando assim, poderemos ter pequenas e falsas vitórias aqui e ali, mas continuaremos sendo almas derrotadas, pois não vencemos o mundo e suas destemperanças, não vencemos o homem velho e vicioso em nós.
 
O importante é vencer-se, estando em paz com nossa consciência.
 
Não basta viver e sobreviver. Citando o grande Sócrates e sua honestidade, quando lhe propuseram a fuga da prisão onde ficou até a morte: O importante não é viver. O importante é bem viver.
 
Estamos aqui para aprender a bem viver, para vencer quando estivermos preparados para vencer, quando merecermos a vitória.
 
Participar desses jogos baixos do mundo, dessas manipulações de mentes, de esquemas etc., é permanecer pequeno, é congelar a evolução moral do Espírito.
 
Ser honesto é vivenciar a verdade em todas as circunstâncias, a verdade que, segundo o Mestre, nos libertará – libertará da ignorância e do sofrimento.
 
* * *
 
Um gesto de honestidade vai muito bem.
 
Vai muito bem em casa, quando confessamos o que vai em nosso coração, quando não desejamos esconder nada de ninguém.
 
Vai muito bem nas relações sociais, quando atuamos com justiça, com probidade, dando a cada um o que é seu de direito, nunca admitindo passar alguém para trás.
 
Vai muito bem no casamento, toda vez que honramos o compromisso com o outro, jamais praticando algo que não gostaríamos que praticassem conosco.
 
Vai muito bem sempre.
 
Haverá dia em que honestidade não precisará mais ser considerada virtude a ser conquistada, pois seremos todos honestos por natureza.
 
Redação do Momento Espírita.

FILHO MEU QUE NÃO É MEU



Filho meu, que não é meu, de quem és?
 
Precisamos ser de alguém para fazer sentido, para dar sentido, para sentir?
 
Se nada daqui levamos, por que possuir? Qual o sentido da posse?
 
Filho meu, que não é meu, de quem serás? Por que serás?
 
Por que possuir? Não basta ser?
 
* * *
 
Vivemos ainda os tempos da posse que nos encanta os olhos.
 
Existimos para possuir coisas, para possuir pessoas, para fazê-las nossas, contando com isso para que nosso viver tenha sentido.
 
Mas já paramos para pensar qual o sentido da posse? Por que possuir?
 
Por que essa ânsia em ter, se o ter não nos faz melhores ou maiores?
 
O materialismo é, certamente, o maior dos vilões dessa história, junto ao egoísmo.
 
Se conseguirmos viver baseados nos princípios do espiritualismo, isto é, sabendo que somos Espíritos e que a vida do Espírito é imorredoura, mudamos o foco, mudamos a visão sobre tudo.
 
Nós, Espíritos, só levamos daqui, da Terra, as conquistas da moralidade e da intelectualidade. Essas são nossas. Não são posses propriamente ditas, são, sim, lapidações em nossa alma.
 
Espíritos não possuem Espíritos, isto é, não possuímos os outros e não há tal necessidade uma vez que amadurecemos.
 
Caminhamos juntos, criamos laços de amor profundo e, pela lei de afinidade, sempre estaremos próximos.
 
Assim, não há necessidade de possuir.
 
O amor verdadeiro liberta, deixa espaço para que o próximo cresça, se desenvolva, alce voos outros que, por vezes, planarão sobre planícies distantes das nossas.
 
Isso não significa uma perda, mas um espaço saudável, fundamental para o desenvolvimento de todos nós.
 
Não possuímos nossos filhos. Não possuímos nossos amores.
 
Estão ombreando conosco, nestes dias de transformação da Humanidade, para que juntos sejamos mais fortes.
 
O amor cria um laço muito forte, sem dúvida. Por vezes não conseguimos vislumbrar como seriam os dias sem eles, os nossos amados, mas a vida precisa ter sentido com ou sem eles.
 
Somos individualidades, Espíritos em evolução, e nossa vida deve fazer sentido sem precisar da posse, de coisas ou pessoas.
 
Assim, reflitamos diariamente: Por que possuir? Não basta “ser”?
 
* * *
 
Desapego. Pensemos profundamente sobre essa ideia.
 
A ideia de usufruir das coisas, mas não criar esse laço excessivo da posse para com elas.
 
É um exercício diário desapegarmo-nos das coisas e também das pessoas, amando e libertando a cada dia.
 
Deixemos de usar os pronomes meuminha, com tanta ênfase, para nossos familiares – é um exercício interessante.
 
Nosso filho não é nosso, no sentido de que o possuímos – é nosso companheiro, nosso amigo, nosso amor – mas, nunca nossa propriedade.
 
Pensemos nisso...
 
Redação do Momento Espírita.