domingo, 20 de fevereiro de 2011

UMA GRANDE COVARDIA

O hábito da maledicência é bastante arraigado em nossa sociedade. Chega a constituir exceção a criatura que jamais tece comentários maldosos sobre seus semelhantes. Mesmo amigos, não raro, se permitem criticar os ausentes. Quase todos os homens possuem fissuras morais. Seria sinal de pouca inteligência não perceber essa realidade.
Não é possível ver o bem onde ele não existe. Também não é conveniente ser incapaz de perceber vícios e mazelas que realmente existam. Mas há uma considerável distância entre identificar um problema e divulgá-lo. Encontrar prazer em denegrir o próximo constitui indício de grande mesquinharia. Esse gênero de comentário é ainda mais condenável por ser feito de forma traiçoeira.
Freqüentemente quem critica o vizinho não tem coragem de fazê-lo frente-a-frente. É uma grande covardia sorrir e demonstrar apreço por alguém e criticá-lo pelas costas. Antes de tecer um comentário, é preciso ter certeza de que ele traduz uma verdade. Sendo verdadeiro um fato, torna-se necessário verificar se há alguma utilidade em divulgá-lo. A única justificativa para apontar as mazelas alheias é a prevenção de um mal relevante.
Se o problema apresentado por uma criatura apenas a ela prejudica, o silêncio é a única atitude digna. Assim, antes de abrir a boca para denegrir a reputação de alguém, certifique-se da veracidade dos fatos.
Sendo verídica a ocorrência, analise qual o seu móvel. Reflita se seu agir visa a evitar um mal considerável, ou é apenas prazer de maldizer. Na segunda hipótese, é melhor calar-se. É relevante também indagar se você tem coragem de comentar a ocorrência na frente da pessoa criticada. Se o fizer, dará oportunidade para defesa. Certamente a pessoa, objeto do comentário, possui a própria versão dos fatos.
Por todas essas razões, e outras tantas, jamais seja covarde. A covardia é uma característica muito baixa e lamentável. O fraco sempre escolhe vítimas que não podem oferecer defesa. Agride de preferência as pessoas frágeis. Quando não tem coragem para atacar diretamente, utiliza subterfúgios. Enlameia a honra alheia, faz calúnias, espalha insinuações maldosas aos quatro ventos. O homem que é alvo do ataque de um covarde geralmente nem sabe o que lhe aconteceu. Apenas se espanta ao deparar com sorrisos irônicos onde quer que vá.
Em ambientes em que era recebido calorosamente, agora só encontra frieza. Percebe, perplexo, o afastamento de amigos e parentes. As fisionomias outrora benevolentes tornam-se sisudas. Raramente alguém lhe esclarece a razão do ocorrido. Assim, ele é julgado e condenado sem possibilidade de defesa. Analise seu proceder e verifique se, por leviandade, às vezes você não age de forma maldosa e covarde.
Pense nos prejuízos que suas palavras podem causar na vida dos outros. Imagine se fosse você a vítima do comentário ferino. Certamente gostaria que a generosidade fizesse calar os seus semelhantes. Ou ao menos que eles fossem leais o suficiente para falar às claras com você.
É preciso eliminar o hábito da maledicência. Trata-se de um comportamento eivado de covardia. E sem dúvida o seu ideal de vida não é ser um covarde.
Pense nisso!
Equipe de Redação do Momento Espírita.

NUM DIA COMO O DE HOJE

 

Num dia como o de hoje, crianças desvalidas morrerão sem sonhos e sem pão... Mas também almas dadivosas poderão ser vistas, auxiliando os órfãos a tornarem-se menos tristes.

Num dia como o de hoje, mães herdarão os “troféus” de guerras sangrentas... Porém, em algum lugar uma outra agradecerá a Deus pelo filhinho que respira.

Num dia como o de hoje, um assassino ensandecido marcará com sangue a sociedade que o repele e o odeia... Porém, não longe da iniqüidade, transbordará a graça de milhares de atos silenciosos de renúncia.

Num dia como o de hoje, um convite à corrupção chegará aos seus ouvidos intranqüilos... mas um olhar amigo chamará você à reflexão.

Num dia como o de hoje, bactérias resistentes trarão medo e desafios difíceis... Porém, no deserto de desilusão, alguém semeará a confiança.

Num dia como o de hoje, você poderá ouvir centenas de inverdades desesperadoras... mas bastará enxergar o céu, o sol, a chuva, o mar e a criança dormindo, para que você perceba as mãos do altíssimo sobre tudo e sobre todos.

Num dia como o de hoje, almas desequilibradas estimularão sua paciência e sua capacidade de exercer o bom aprendizado... porem, não desista se a recaída da intempestividade se fizer presente.

Num dia como o de hoje, talvez você pense em desistir de um sonho superior, talvez até escute o convite amargo do pensamento suicida... mas, por favor, espere até amanhã, não desista assim...

Num dia como o de hoje, todos nós estivemos sujeitos a derrapar no caminho, e quem sabe até derrapamos, porém já nos propomos a refletir e a gentilmente ouvir mensagens como esta... Portanto hoje estamos, sem dúvida, melhores do que ontem.

Num dia como o de hoje, ainda há chances de acrescentar uma estrela luminosa em nossa trajetória na escola da vida...

Num dia como o de hoje, poderemos saltar séculos para a felicidade plena, ou atrasar a caminhada com milênios de arrependimento. 

São nossas as escolhas.

Escolhemos ver a vida apenas através das lentes do pessimismo, ou escolhemos ver o lado bom de tudo.

São nossas as escolhas.

Escolhemos crescer, aprender, modificar; ou escolhemos estagnar, conformar, permanecer.

São nossas as escolhas.

Lembre sempre disso. 

* * *

Toda escolha que você faça pelos caminhos da sua vida terrena, apresentará aos que o cercam e acompanham o grau da sua maturidade, o nível dos seus ideais, a qualidade de tudo quanto lhe sensibiliza.

Será conseqüente que os seus irmãos de jornada passem a conceber imagens suas, caricatas ou não, em função do que você elege para a sua existência.

Sobre o mundo você será sempre o retrato dos seus gostos, dos seus interesses, das suas ações.

Cada gesto seu conduzirá um retrato do que você é, um recorte dos seus comportamentos.

Bom será que esses gestos demonstrem equilíbrio, bom senso, harmonia, para que alcance a felicidade após ser visto e observado por incontáveis criaturas.

 

Equipe de Redação do Momento Espírita com base em texto de autor desconhecido e no texto: “Cuide-se bem”, do livro “Para uso diário”, pelo Espírito Jjoanes – psicografia de J. Raul Teixeira.

Laços de afeto

 

Do poeta e escritor gaúcho Mário Quintana, encontramos uma preciosidade que fala sobre algo muito simples: um laço.

Escreveu ele: Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita... Dando voltas.

Enrosca-se, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.

É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.

É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.

E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.

Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.

E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.

Ah, então, é assim o amor, a amizade.

Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.

Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.

Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.

E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.

E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.

Então o amor e a amizade são isso...

Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.

Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!

*   *   *

Tem toda razão o poeta em sua analogia. Amor e amizade são sentimentos altruístas.

Quem ama somente deseja o bem do ser amado. Por isso, não interfere em suas escolhas, em seus desejos.

Sugere, opina, mas deixa livre o outro para a tomada das próprias decisões.

Quem ama auxilia o amado a atingir seus objetivos. Nunca cobra o ofertado, nem exige nada em troca.

Quem ama não aprisiona o amado, não o algema ao seu lado. Ama e deixa o amado livre para estender suas asas.

Assim crescem os dois, pois há espaços para ambos conquistarem.

Na amizade, não se faz diferente o panorama. O verdadeiro amigo não deseja que o outro pense como ele próprio pois reconhece que os pensamentos são criações originais de cada um.

Entende que o amigo é uma bênção que lhe cabe cultivar e o auxilia a realizar a sua felicidade sem cogitar da sua própria.

Sente-se feliz com o bem daquele a quem devota amizade. Entende que cada criatura humana é um ser inteligente em transformação e que, por vezes, poderão ocorrer mudanças na forma de pensar, de agir do outro.

Mudanças que nem sempre estarão na mesma direção das suas próprias escolhas.

O amigo enxerga defeitos no coração do outro, mas sabe amá-lo e entendê-lo mesmo assim.

E, se ventos diversos se apresentam, criando distâncias entre ambos, jamais buscará desacreditar ou desmoralizar aquele amigo.

Tudo isso, porque a ventura real da amizade é o bem dos entes queridos.

Um laço que ata... Um laço que se desata..

Aqueles a quem oferecemos o coração, poderão se distanciar, buscar outros caminhos, atravessar outras fronteiras.

Eles têm o direito de assim proceder, se o desejarem. De nossa parte, lembremos da leveza do laço e cuidemos para que não se transforme em nó, que prende e retém.

Redação do Momento Espírita, com base em versos do poeta Mário Quintana e no cap. 12, do livro Sinal verde, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Cec.