domingo, 20 de março de 2011

AMIZADE: UM TESOURO A SER CONQUISTADO

 

Pesquisadores da universidade de Yale, nos Estados Unidos da América, realizaram um estudo com dez mil executivos Seniors para medir o poder da amizade na qualidade de vida dos americanos.

O resultado foi impressionante: ter amigos reduzia em nada menos que 50% o risco de morte, sobretudo por doenças, num período de cinco anos. Estas informações foram publicadas por um jornal carioca, recentemente, nos convidam a pensar a respeito das amizades que cultivamos.

Muitos de nós temos facilidades para fazer novos amigos. Mas, nem sempre temos habilidade suficiente para manter essas amizades. É que, pelo grau de intimidade que os amigos vão adquirindo em nossas vidas, nos esquecemos de os respeitar.

Assim, num dia difícil, acreditamos que temos o direito de gritar com o amigo. Afinal, com alguém devemos desabafar a raiva que nos domina. Porque estamos juntos muitas horas, justamente por sermos amigos, nos permitimos usar para com eles de olhares agressivos, de palavras rudes.

Ou então, usamos os nossos amigos para a lamentação constante. Todos os dias, em todos os momentos em que nos encontramos, seja para um lanche, um passeio, uma ida ao teatro ou ao cinema, lá estamos nós, usando os ouvidos dos nossos amigos como lixeira.

É isso mesmo. Despejando neles toda a lama da nossa amargura, das nossas queixas, das nossas reclamações. Quase sempre, produto da nossa forma pessimista de ver a vida. Sim, nossos amigos devem saber das dificuldades que nos alcançam para nos poderem ajudar. O que não quer dizer que devamos estragar todos os momentos de encontro, de troca de afetos, com os nossos pedidos, a nossa tristeza.

Os amigos também têm suas dificuldades e para nos alegrar, procuram esquecê-las e vêm, com sua presença, colocar flores na nossa estrada árida. Outras vezes, nos permitimos usar nossos amigos para brincadeiras tolas, até de mau gosto. Acreditando que eles, por serem nossos amigos, devem suportar tudo. E quase sempre nos tornamos inconvenientes e os machucamos.

Por isso, a melhor fórmula para fazer e manter amigos é usar a gentileza, a simpatia, a doçura no trato com as pessoas.

Lembremos que a amizade, como o amor, necessita ser alimentada como as plantas do nosso jardim. Por isso a amizade necessita, para se manter da terra fofa da bondade, do sol do afeto, da chuva da generosidade, da brisa leve dos pequenos gestos de todos os dias.

* * *

Usa a cortesia nos teus movimentos e ações, gerando simpatia e amizade.

Podes começar no teu ambiente de trabalho. Os que trabalham contigo merecem a tua consideração e o teu respeito.

Torna-os teus amigos. Por isso, no trato com eles, usa as expressões: por favor, muito obrigado.

Lembra-te de dizer bom dia, com um sorriso, desejando de verdade que eles todos tenham um bom dia.

Observa e ajuda quanto puderes, gerando clima de simpatia.

Sê amigo de todos e espalha o perfume da amizade por onde vás e onde estejas.

 

Fonte: Sei nº. 1676 de 13/05/2000 – pág. 2 – Amizade: um tesouro a ser conquistado

A PRIMEIRA RÚPIA

 

 

Nas distantes terras do Paquistão, há muitos anos, vivia um honrado mercador, chamado Krivá, viúvo e que tinha apenas um filho de nome Samuya.

Krivá, um homem trabalhador, gozava de alto prestígio na comunidade, enquanto seu filho, o jovem Samuya, era leviano, preguiçoso e de péssimo comportamento.

Rara era a semana em que este não praticava uma desordem que agitava todo o vilarejo, desgostando o coração de seu bondoso pai.

Um dia, ao cair da tarde, Samuya foi chamado pelo pai para uma conversa.

Deitado no leito, Krivá recebeu o filho e disse-lhe ter pleno conhecimento de seus vícios e equívocos.

Afirmou que, por essa razão, decidira deserdá-lo, uma vez que a fortuna que possuía seria, por certo, dilapidada em festas e orgias quando caíssem nas mãos de Samuya.

Diante do espanto que invadiu o filho, Krivá acrescentou que lhe oferecia uma última e única oportunidade para continuar sendo seu herdeiro.

Seu filho teria que conseguir, com o seu próprio trabalho, no prazo de três dias, uma rúpia, a moeda corrente.

Se assim agisse, seria o único herdeiro da fortuna de seu pai, mas se falhasse, depois da morte deste, seria atirado à miséria e à indigência.

Certo de que seu pai, homem de palavra como era, cumpriria sua promessa, Samuya ficou apreensivo.

Na presença dos amigos equivocados, porém, foi seduzido pela idéia de iludir o pai, uma vez que lhe emprestaram uma rúpia e sugeriram-lhe que mentisse.

No dia seguinte, ao cair da tarde, Samuya apresentou-se diante do pai e entregou-lhe a rúpia que lhe haviam emprestado, dizendo que a ganhara trabalhando.

Após segurá-la por alguns instantes, Krivá disse que aquela moeda não havia sido ganha com o seu trabalho, jogando-a ao fogo.

Esmagado pela verdade, Samuya retirou-se em silêncio.

No dia seguinte, novamente orientado pelos companheiros de vícios, Samuya apresentou-se diante do pai, sujo e mal-vestido, fingindo ter trabalhado o dia todo e trazendo nas mãos outra rúpia que lhe havia sido emprestada pelos amigos.

Outra vez Krivá disse que aquela moeda não havia sido fruto do trabalho do filho, atirando-a ao fogo.

Samuya não protestou e, humilhado, retirou-se.

Na manhã seguinte, consciente de que havia errado por duas vezes consecutivas, fugiu da companhia dos amigos e decidiu procurar por trabalho.

Abandonando à costumeira preguiça passou o dia auxiliando todos aqueles que encontrava.

Trabalhou no período da manhã na colheita da juta e amassando barro para um oleiro.

À tarde conseguiu trabalhar no mercado, vendendo ervas aromáticas e, depois, junto ao rio, auxiliou no transporte de pessoas, remando por várias horas.

Ao final do dia, quando se apresentou perante o pai, muito cansado, tinha em suas mãos a primeira rúpia que conseguira trabalhando duramente.

Mais importante, porém, do que a moeda que trazia nas mãos, era o bem-estar que sentia no íntimo, satisfeito com seu próprio esforço e com a mudança de conduta que percebia em si mesmo.

Ao entregar a moeda ao pai, porém, este disse que ela não era fruto de seu trabalho e ia atirá-la ao fogo, o que gerou um incontido protesto de Samuya.

Krivá, então, sorriu e disse que isso era a prova de que a moeda era fruto do trabalho do rapaz Pois nas outras vezes Samuya nada havia dito e desta vez protestara, porque aprendera que o dinheiro ganho com o trabalho não deve ser atirado, como palha sem valor, ao fogo do desperdício.

* * *

Apenas o trabalho honrado nobilita o homem.

Somente pelo trabalho o homem pode servir à família, aos amigos e à sociedade.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro Novas lendas orientais de Malba Tahan, 10ª edição, pp.  1543, Editora Record.