sábado, 4 de junho de 2011

AMOR SEM CORRENTES

 

Em seu livro, "O Profeta", Kalil Gibran fala do matrimônio com grande sabedoria.

Vamos comentar algumas frases a fim de retirar delas ensinamentos úteis.

Referindo-se ao casal, diz Gibran: "amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão".

Desconhecendo ou ignorando essa importante orientação, muitos casais transformam o amor em verdadeiras cadeias para ambas as partes.

O amor deve ser espontâneo. Não pode ser motivo de brigas e exigências descabidas.

O amor compreende: não deve se constituir em grilhões que prendem e infelicitam.

Por vezes, em nome do amor, nós queremos que nosso companheiro ou companheira faça somente o que julgamos por bem. Só corta o cabelo quando permitimos. Só pode usar as roupas que aprovamos. Só sai se for em nossa companhia e não pode violar as regras estabelecidas pelo nosso egoísmo, para evitar brigas.

Isso não é amor, é prisão.

Amar sem escravizar, eis o grande desafio.

E o Profeta aconselha: "dai de vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço."

Isso significa dizer que devemos compartilhar, ser gentil, dar do nosso pedaço, mas sem exigir nada em troca.

É comum depois da gentileza vir a cobrança. Fazemos um favor e esperamos logo alguma recompensa. Pretendemos tirar alguma vantagem.

Dividir o pão, sim, mas não comer do mesmo pedaço. Isso quer dizer deixar ao outro o direito que lhe cabe do pedaço.

E Gibran continua: "cantai e dançai juntos, e sede alegres, mas deixai cada um de vós estar sozinho".

É importante compartilhar, mas saber respeitar a individualidade um do outro, sem invadir a intimidade da pessoa amada.

Há pessoas que, se pudessem, controlariam até mesmo o pensamento do seu par, a ponto de torná-lo a sua própria sombra. Isso não é amor, é extremado desejo de posse.

Mais uma vez Kalil Gibran aconselha: "vivei juntos, mas não vos aconchegueis em demasia, pois as colunas do templo erguem-se separadamente, e o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro."

Grande ensinamento podemos retirar daí, pois a comparação é perfeita.

Viver juntos, mas cada um respeitar o espaço do outro.

O lar é um templo que deve ser sustentado por duas colunas: cada uma na sua posição para que realmente haja apoio.

Se as colunas se aconchegam em demasia, o templo pode desabar. Por isso o profeta recomenda: "vivei juntos mas não vos aconchegueis em demasia."

O amor tem por objetivo a união e não a fusão dos seres. Não se pode querer viver a vida do outro, controlar os gostos e até mesmo os desgostos da pessoa com quem nos casamos.

É preciso que cada um cresça e permita o crescimento do outro, sem fazer sombra um para o outro.

Se os casais observassem esses pequenos mas eficientes conselhos, certamente teriam uma convivência mais harmônica e mais agradável.

Pense nisso!

O verdadeiro amor é aquele que compreende, perdoa, renuncia.

Em nome do amor devemos estender a mão para oferecer apoio e não para acorrentar.

Quem ama propicia segurança, confiança e afeto.

Lembre-se de que a pessoa com quem você convive não lhe pertence. É uma alma em busca do próprio aperfeiçoamento, tanto quanto você.

Lembre-se também que beijos e abraços só têm valor se não forem cobrados.

E, por fim, guarde a recomendação do profeta:

"Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão".

Fonte: Gibran Kalil Gibran, O Profeta, pág. 13

SENTIR DEUS

 

 

O jovem professor entrou na sala de aula e encontrou seus pequenos alunos debatendo, calorosamente, sobre Deus.

Como poderiam acreditar que Deus existe se não conseguiam vê-lo, nem tocá-lo?

Percebendo o nível da discussão filosófica das crianças, o professor pediu licença e propôs a eles uma experiência.

Colocou sobre a mesa dois copos transparentes com água e perguntou se eles podiam notar algo de diferente entre um e outro.

Os pequenos responderam, em uma só voz:

"Nenhuma diferença. Ambos contem água limpa."

Então o jovem deu a cada um deles uma colher, pedindo-lhes que provassem um pouco do conteúdo de cada copo.

Quando todos haviam experimentado tornou a perguntar:

"E então, ainda afirmam que são iguais?"

E a resposta foi outra:

"Não, num dos copos a água é doce, no outro não é".

Aí o jovem educador disse:

"Acontece o mesmo com relação a Deus. Para perceber a sua existência é preciso experimentá-lo."

Não podemos vê-lo nem tocá-lo, mas podemos senti-lo.

E percebendo que a classe estava ávida para saber mais a respeito dessas questões, o professor continuou com seus argumentos.

Deus não pode ser tocado com as mãos, nem medido com fita métrica, pesado na balança, ou visto com os olhos físicos.

Mas podemos sentir Deus ao tocar as pétalas de uma flor,  sua textura aveludada, seu perfume, sua coloração única...

Não podemos medir Deus, mas podemos mensurar sua grandiosidade nas dimensões do universo, nos astros a girar no firmamento, nas manhãs claras e belas, na organização dos seres infinitamente pequenos.

Não podemos pesar Deus, mas podemos perceber sua força geradora e mantenedora, nas leis que regem e sustentam constelações, nebulosas e galáxias, suspensas no espaço sem fim.

Podemos observar o criador no impulso das ondas que agitam os oceanos, no instinto dos animais, na dança das estações.

Não conseguimos ver Deus com os olhos, mas podemos sentir Deus nas múltiplas expressões do bem e do belo, do amor criativo e ativo, na chama de esperança que vibra na alma de cada filho seu.

Deus é invisível, mas sua presença é evidente nas várias expressões do dinamismo da vida:

No sangue que corre em nossas veias...

O oxigênio que respiramos...

No Sol que dardeja ouro sobre a terra, possibilitando a vida...

Na Lua, satélite silencioso e solitário, que vigia o planeta durante as noites...

Na chuva, que cai de mansinho acordando as sementes que dormem sob o solo generoso...

Na brisa leve que conduz o pólen e permite a geração das flores.

Ah!... as flores...

As flores são a assinatura do próprio Criador no quadro da natureza...

* * *

O observador atento não enxerga só com os olhos do corpo...

Como disse o poeta ao seu pequeno príncipe, "o essencial é invisível aos olhos". Porque os olhos são extremamente limitados.

Os filósofos, os poetas, os artistas, os profetas e, porque não? Os cientistas, vêem mais com a alma que com os olhos.

Para enxergar bastam os olhos, mas para ver é preciso um sentido a mais...

Pense nisso, e experimente sentir Deus.

Equipe de Redação do Momento Espírita, sob inspiração de palestra de Cristian Macedo, no Centro Espírita Ildefonso Correia