sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

DEUS, ACIMA DE TUDO

 

A Terra já recebeu em seu seio almas generosas, Espíritos superiores, que trazem valiosas contribuições para o seu progresso.

Alguns desses Espíritos vêm com o objetivo de alavancar o progresso e fazer evoluir a Humanidade.

Suas vidas deixam marcas luminosas, que desafiam os tempos. Ludwig Van Beethoven foi uma dessas criaturas. Nasceu em Bonn, na Alemanha, no ano de 1770 e morreu em Viena, na Áustria, em 1827.

Seu viver foi uma vertente constante da música que sublima e enleva os sentimentos.

Foi o autêntico médium da arte refinada de compor. Para ele, a música era uma revelação divina, uma revelação mais sublime que toda a ciência e toda a filosofia.

Seu viver foi um calvário pontilhado por muitos sofrimentos físicos, destacando-se a surdez que o isolou do mundo. Ele nos deixou nove sinfonias, doze sonatas, concertos, quartetos e uma única ópera, Fidelio. Tudo de imensa beleza.

Seu psiquismo refinado lhe permitia constante permuta com os Espíritos superiores.

Diante dos muitos padecimentos que o acometiam, afirmava, sereno e confiante: Deus nunca me abandonou.

Perguntado, certa vez, se desejava receber determinado título honorífico, apontou para o Alto e respondeu: Meu reino não é deste mundo. Meu império está no ar.

A seguir, concluiu: Não conheço outro título de superioridade, senão o da bondade.

Bondade da qual ele deu mostras, mais de uma vez. Em certa oportunidade, um amigo estava em grandes dificuldades. Beethoven o presenteou com uma das suas criações, para que fosse vendida e o dinheiro usado na solução do problema que o afligia.

Era nos bosques que ele mantinha contato com as nobres entidades ligadas à música e à harmonia. Ali ele fazia suas orações e refazia suas energias.

Quando voltava desses encontros, com a fisionomia alterada, respondia a quem lhe perguntava: O meu anjo bom me visitou.

Em um desses momentos, transformou uma de suas orações, em uma peça musical de grande elevação e apurada sensibilidade: Hino à alegria.

É, ao mesmo tempo, uma exaltação à fé em Deus. Seus versos podem ser traduzidos da seguinte maneira:

Escuta irmão a canção da alegria, o canto alegre do que espera um novo dia.

Vem, canta, sonha cantando. Vive sonhando um novo sol

Em que os homens voltarão a ser irmãos.

Se em teu caminho só existe a tristeza, o pranto amargo da solidão completa,

Se é que não encontras alegria nesta Terra,

Busca-a, irmão, mais-além das estrelas.

Sempre enaltecia a Paternidade Divina, afirmando: Deus, acima de tudo.

O lema que norteou seus passos, entre nós, foi: Fazer o bem que possa. Amar, sobretudo, a liberdade. E, mesmo que seja por um trono, jamais renegar a verdade.

* * *

Beethoven encontrava conforto espiritual em um livro intitulado Imitação de Cristo. A obra é de autoria do filósofo e místico alemão, Thomas Von Kempis, que viveu entre os séculos XIV e XV.

Segundo o escritor francês Romain Rolland, durante toda a sua existência, Beethoven teve tal obra como seu livro de cabeceira. Isso fala da sua religiosidade e da fé em Deus. 

Redação do Momento Espírita com base em texto de Giovani Scognamillo, intitulado Beethoven: Deus, acima de tudo, publicado no jornal Tribuna Espírita de jan/fev. 2005 e versos do Hino à alegria, gentilmente traduzidos por Enrique Baldovino.

TU E EU SOMOS IGUAIS

 

Minha alma instruiu-me e ensinou-me a nunca me ufanar por um elogio, nem me deprimir por uma censura.

Antes de minha alma falar, eu vivia na incerteza acerca do valor das minhas ações e precisava de alguém para me orientar.

Mas agora, aprendi que as árvores florescem na primavera e dão frutos no verão, sem almejar louvor algum, e desfolham-se no outono e desnudam-se no inverno sem temer os censores.

Minha alma instruiu-me e ensinou-me que não sou superior aos pigmeus nem inferior aos gigantes.

Antes de minha alma falar, eu costumava classificar os homens em duas categorias: os fracos que desprezava e de quem me apiedava - e os fortes que seguia ou contra os quais me rebelava.      

Mas agora, sei que fui amassado com a mesma argila com que todos os homens foram amassados.

Minha essência é igual à sua essência.

Meus elementos são iguais aos seus.

Minhas aspirações e as suas aspirações convergem.

E nossos alvos convergem.

Quando pecam, eu também sou responsável. E quando agem meritoriamente, compartilho o seu mérito.

Quando andam, ando com eles, e quando param, eu também paro.

Minha alma instruiu-me e ensinou-me.

E tua alma te instruiu, meu irmão, e te ensinou.

Tu e eu somos iguais.

* * *

Iguais na essência... Iguais nos meios e condições recebidos para progredir...

Não há ser que não esteja aqui na Terra para aprender.

Misturada na água da argila ainda úmida, o escultor derramou gotas de perfectibilidade, fazendo com que sua obra, embora já guardando beleza sem igual, pudesse ainda se aformosear infinitamente através das eras.

Não há ser que não esteja aqui para conviver.

Em nossos elementos fundamentais, o grande alquimista combinou a individualidade com a coletividade.

Misturou o eu com o nós, fazendo-nos dependentes uns dos outros para que nos amparássemos mutuamente, contudo, entregou-nos o controle pleno apenas de uma das partes: do eu.

Não há ser que não esteja aqui para amar.

Nas mãos cuidadosas do artesão estava o amor, em sua expressão mais alva e luminescente, transformando o barro elementar em peça sem forma e dimensões materiais. Fez-se o imponderável, o abstrato. E nada foi como antes...

* * *

Por mais tenhamos aberto vales entre nós, através dos tempos; por mais tenhamos nos apartado uns dos outros sob a égide de brasões, bandeiras, crenças e cores múltiplas, essencialmente, somos iguais.

Por mais tenhamos nos afastado uns dos outros, corroídos pelos preconceitos, pela dificuldade em conviver com o diferente, faz-se urgente entender que o diferente está apenas na casca.

Triste época! - Afirmou Einstein. - Mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.

É chegado o tempo de aplicar as potências humanas que desvendaram as estruturas atômicas, no descobrir a alma em toda sua complexidade e beleza, e de encontrar em seu núcleo luzente as partículas comuns a todos nós: a perfectibilidade e o amor.

Redação do Momento Espírita com base em trecho da obra Curiosidades e belezas, de Gibran Khalil Gibran, ed. Acigi, e no cap. Tu e eu somos iguais, do livro O que as águas não refletem, de Andrey Cechelero, edição do próprio autor.