sexta-feira, 10 de maio de 2013

DOUTORAS



Certo dia, uma mulher chamada Anne foi renovar a sua carteira de motorista.
 
Quando lhe perguntaram qual era a sua profissão, ela hesitou.  Não sabia bem como se classificar.
 
O funcionário insistiu:
 
“O que eu pergunto é se tem um trabalho.”
 
“Claro que tenho um trabalho,” exclamou Anne. “Sou mãe.”
 
“Nós não consideramos isso um trabalho.  Vou colocar dona de casa,” disse o funcionário friamente.
 
Uma amiga sua, chamada Marta soube do ocorrido e ficou pensando a respeito por algum tempo.
 
Num determinado dia, ela se encontrou numa situação idêntica.  A pessoa que a atendeu era uma funcionária de carreira, segura, eficiente.
 
O formulário parecia enorme, interminável.
 
A primeira pergunta foi:
 
”Qual é a sua ocupação?”
 
Marta pensou um pouco e sem saber bem como, respondeu:
 
“Sou doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas.”
 
 A funcionária fez uma pausa e Marta precisou repetir pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas. Depois de ter anotado tudo, a jovem ousou indagar;
 
“Posso perguntar, o que é que a senhora faz exatamente?”
 
Sem qualquer traço de agitação na voz, com muita calma, Marta explicou:
 
"Desenvolvo um programa à longo prazo, dentro e fora de casa.”
 
Pensando na sua família, ela continuou:
 
“Sou responsável por uma equipe e já recebi quatro projetos. Trabalho em regime de dedicação exclusiva. O grau de exigência é de 14 horas por dia, às vezes até 24 horas.”
 
À medida que ia descrevendo suas responsabilidades, Marta notou o crescente tom de respeito na voz da funcionária, que preencheu todo o formulário com os dados fornecidos.
 
Quando voltou para casa, Marta foi recebida por sua equipe: uma menina com 13 anos, outra com 7 e outra com 3.
 
Subindo ao andar de cima da casa, ela pôde ouvir o seu mais novo projeto, um bebê de seis meses, testando uma nova tonalidade de voz.
 
Feliz, Marta tomou o bebê nos braços e pensou na glória da maternidade, com suas multiplicadas responsabilidades.  E horas intermináveis de dedicação.
 
“Mãe, onde está meu sapato?  Mãe, me ajuda a fazer a lição?  Mãe, o bebê não pára de chorar.  Mãe, você me busca na escola? Mãe, você vai assistir a minha dança?  Mãe, você compra?  Mãe...”
 
Sentada na cama, Marta pensou:
 
“Se ela era doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas, o que seriam as avós?”
 
E logo descobriu um título para elas: doutoras-sênior em desenvolvimento infantil e em relações humanas.
 
As bisavós, doutoras executivas sênior.
 
As tias, doutoras-assistentes.
 
E todas as mulheres, mães, esposas, amigas e companheiras: doutoras na arte de fazer a vida melhor.
 
* * *
 
No mundo em que os títulos são importantes, em que se exige sempre maior especialização, na área profissional, torne-se especialista na arte de amar.
 
Como excelente mestra, ensine seus filhos, através do seu exemplo, a insuperável arte de expressar sentimentos.
 
Ensine a difícil arte de interpretação de choro de bebê e de secar lágrimas de adolescente.
 
Exemplifique a renúncia, a paciência e a diplomacia. E colha, vitoriosa, ao final de cada dia, os louros do seu esforço nos abraços dos seus filhos e na espontaneidade de suas manifestações de afeto.
 
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada, intitulado Doutoras.