quinta-feira, 30 de junho de 2011

SOLTE AS AMARRAS

 

Você já pensou porque o elefante, um animal enorme, fica preso a uma corda frágil que, com poucos esforços ele arrebentaria?

Isso ocorre porque o homem usa um meio eficaz de submetê-lo, quando o elefante ainda é um bebê e desconhece a força que tem.

Preso a uma corda, o bebê elefante tenta escapar. Faz esforços, se debate, se machuca, mas não consegue arrebentar as amarras.

A cena se repete por alguns anos. As tentativas de libertar-se são inúteis. O elefante desiste.

Vencido pelas amarras, ele acredita que todos os seus esforços serão inúteis, para sempre.

Assim é que, depois de adulto, o gigante fica preso a uma fina corda que ele poderia romper com esforços insignificantes. 

Fazendo um paralelo com o ser humano, poderíamos fazer a mesma pergunta: porque um ser tão grandioso, potencialmente criado para a perfeição e a felicidade, se deixa vencer por amarras tão sutis e sem fundamento?

São cordas invisíveis que vão imobilizando um gigante e, por fim, ele se conforma e se submete, sem questionamentos.

Essas cordas podem ser facilmente percebidas, basta um olhar mais atento.

A idéia de que o homem foi criado para o sexo e não o sexo para o homem, insuflada desde a mais tenra idade, faz com que o adolescente se deprave, se prostitua e se infelicite.

O adulto, acostumado com essa amarra invisível, se reduza a um escravo sexual, infeliz e exausto, quando poderia usar as potencialidades sexuais para a vida e para o amor, consolidando uniões maduras e baseadas no sentimento.

A sutilidade das chamadas para o vício, propositalmente exibidas em cenas de programas e comerciais, cujo maior público é de menores de idade, gera uma potente amarra para o jovem que, para ser aceito pelo grupo se embrenha em cipoais de difícil saída.

A sensualidade mostrada em larga escala como o “supra sumo” cria clichês de protótipos perfeitos e fisicamente bem esculpidos, infelicitando aqueles que não atendem a tais pré-requisitos.

O culto exagerado ao dinheiro, ao ter, ao status, em detrimento do ser, do desenvolvimento das potencialidades intrínsecas do ser, gera amarras que paralisam muitas criaturas.

Umas porque se tornam escravas do que não possuem e gostariam de possuir, outras subjugadas pelos bens que amealharam e querem reter a qualquer custo.

As amarras são tantas e tão sutis que geram uma paralisia generalizada, submetendo uma gama enorme de gigantes que desconhecem suas potencialidades e seu objetivo na face da terra.

Ao invés de buscar as estrelas, herança natural dos filhos de Deus, se voltam para o ilusório, para o fútil, para os falsos valores.

Criados para a eternidade, esses gigantes se conformam com as aparências, com o transitório, com a roupa que irão vestir, com o que os outros pensam a seu respeito.

Filhos da luz, se deixam tombar nas trevas da ignorância, da desdita, do desespero.

Vale a pena meditar sobre isso e buscar identificar essas tantas cordas invisíveis que nos impedem de alçar vôo.

O vôo rumo à liberdade definitiva, rumo às paragens sublimes que aguardam esses gigantes em marcha para a perfeição. 

Pense nisso!

Você é um ser especial.

Seu destino lhe pertence. Não se permita prender pelas cordas invisíveis que outras mentes desejam impor a você.

Você tem um sol interior e sua força é muito maior do que possa imaginar.

Rompa com todas as amarras e busque as alturas... Você é filho da luz e herdeiro das estrelas.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Colheita da gratidão

 

Tratava-se de um Congresso Estadual. As pessoas chegavam de todas as bandas e os largos corredores de acesso ao auditório principal se apresentavam movimentados.

Pequenos grupos se formavam, aqui e ali, onde abraços e risos se misturavam, percebendo-se que se tratava de reencontros de amigos.

Amigos de cidades diferentes, de outros Estados que novamente se encontravam. A expectativa, para a sessão de abertura, era de dez mil pessoas.

Os voluntários estavam em toda parte: na recepção, no setor de informações, nas livrarias, onde grande era igualmente a movimentação.

Uma senhora conversava, animada, com amigos, quando se aproximou um dos voluntários, pedindo-lhe ajuda para uma das livrarias.

O movimento se fizera de tal intensidade que os atendentes precisavam de um apoio extra.

Feliz por servir, a senhora logo se postou atrás do balcão. Entre sorrisos e cumprimentos, a um indicava o lançamento mais recente em livro, cd e dvd.

A outro, esclarecia a respeito do conteúdo do produto que tinha em mãos.

Vendia, acondicionava em sacolas e entregava a mercadoria. Bastante conhecida, detinha-se a brincar com um ou outro dos que se achegavam para tomar ciência das novidades editoriais.

Então, alguém lhe perguntou: Poderia me dizer se, há uns catorze anos, a senhora esteve na Maternidade Y, a visitar algum parente seu?

A pergunta surpreendeu a voluntária. Contudo, consultou os arquivos da memória e respondeu de forma afirmativa.

Há catorze anos, pelo período de trinta dias, estivera, muitas vezes, na citada Maternidade.

Sua sobrinha nascera prematura e estava no Centro de Terapia Intensiva Neonatal.

E concluiu: Desculpe-me, mas por que a pergunta?

Então, entre a emoção mal contida, os olhos marejados de lágrimas, disse a indagante:

Eu nunca soube seu nome. Mas jamais esqueci seu rosto. Fico muito feliz em encontrá-la, agora e poder lhe agradecer.

E, ante o surpreso silêncio, ela continuou: Eu sou aquela mulher que a senhora viu a chorar na recepção.

Sem me conhecer, notando meu desespero, se aproximou de mim e perguntou: “Por que chora tanto? O que aconteceu?”

E eu contei sobre a doença do meu filhinho de poucos meses, do pavor de perdê-lo, da dor de ter que deixá-lo hospitalizado, das tantas incertezas da minha alma de mãe ansiosa.

Então, a senhora me envolveu em um abraço terno e me disse: ”Confie em Deus. Entregue seu filho aos cuidados dEle.

Ore, acalme-se e guarde a certeza: seu filho ficará bem.”

E eu me acalmei, ao influxo das vibrações que recebi do seu abraço.

Orei, esperei. E meu filho aí está, prestes a completar seus quinze anos.

Por isso, por aquele dia ter acalmado o desespero de uma estranha, eu lhe agradeço.

A partir de hoje, tenho um nome para guardar em gratidão.

Um abraço prolongado encerrou a narrativa.

A senhora sequer lembrava do fato mas, em sua intimidade, agradeceu a Deus pela felicidade de colher flores no seu caminho.

Flores de gratidão de uma estranha, guardadas há pouco mais de catorze anos.

Verdadeiramente, pensou, o bem faz bem a quem o realiza.

Redação do Momento Espírita, com base em fato.

terça-feira, 28 de junho de 2011

ONDE O AMOR FLORESCE

 

 

Existem vidas que transmitem grandes lições. Quase sempre são criaturas que não são famosas, nem por serem artistas, políticos, ou terem realizado feitos que alteraram o destino da humanidade.

São pessoas que vivem o dia-a-dia, junto a outras tantas.  Geralmente poucos lhes lembram os nomes.

Recentemente, num documentário televisivo a respeito do holocausto, ouvimos a história de uma jovem polonesa e seu drama, durante a segunda grande guerra.

Quando Hitler invadiu a Polônia e iniciou a perseguição aos judeus, sua família viveu alguns meses, escondida em um porão.

Descobertos, contudo, foram separados e ela nunca mais viu seus pais ou teve notícias de seus irmãos.

No campo de concentração, onde foi colocada, ela padeceu os maiores horrores. A comida era pouca, o tratamento rude. As companheiras enlouqueciam. Ou eram mortas. Ou se matavam.

A essa altura, o repórter perguntou à entrevistada se ela nunca pensara em se matar.

“Sim,” disse ela. “Mais de uma vez. Quando o frio era muito grande, a fome parecia me devorar e eu não via perspectiva de salvação. Mas, nesses momentos, lembrava de meu pai.”

Logo que fomos para o porão nos ocultar dos nazistas, ele me disse um dia: ‘filha, aconteça o que acontecer, nunca fuja da vida. Resista até o fim.’

E me fez prometer que jamais eu desistiria de viver.

Quando os aliados foram vitoriosos, a jovem, e mais 4000 mulheres foram obrigadas a uma marcha forçada pelos alemães, em fuga das tropas aliadas.

Finalmente, um número muito pequeno delas, que não haviam morrido no longo trajeto, foram abandonadas num campo de concentração e encontradas, mais tarde, pelos americanos.

Aquelas mulheres estavam desnutridas. Algumas sequer podiam se erguer, tal o estado de fraqueza.

Ela mesma, confessa, tinha dificuldades para andar, pesava 30 e poucos quilos somente. E não tomava banho há 3 anos. O seu tempo de aprisionamento.

Então um oficial americano, muito bonito se aproximou dela e a tomou nos braços, carregando-a até um caminhão.

Durante o trajeto ele foi lhe dizendo que ficasse calma, que tudo daria certo, que ela receberia o socorro necessário.

Cinqüenta e oito anos depois, frente às câmeras de televisão, ela e o marido mostravam a alegria de sua união.

Bom, o marido não era outro senão o jovem oficial americano que a encontrou magra, suja, desnutrida e a carregou nos braços, naquele dia distante.

Ela não somente teve a sua vida salva naquele momento, sendo resgatada de uma situação de penúria, como encontrou o seu grande amor.

Um amor que atravessou meio século e continua tão forte e especial como nos dias do início namoro.

Um amor que foi concebido ao final de uma hecatombe, e em que o primeiro encontro foi num ambiente de dor, miséria moral e intenso sofrimento.

Ele era o jovem robusto, vigoroso. Ela, uma esquálida jovem, pouco mais que adolescente, sofrida e quase sem esperanças.

Deus tem mesmo inimagináveis caminhos para encontros e reencontros de almas que se desejam unir pelo amor.

* * *

Se os dias lhe parecem demasiado pesados, com sua carga de problemas, não desista de lutar.

Se você está a ponto de abandonar tudo, espere um pouco. Aguarde o amanhecer, espere o dia passar e deixe o sol retornar outra vez.

Quando você menos espera, o socorro chega, a situação se modifica, a problemática alcança uma solução.

Não se esqueça:

O amor de Deus nunca falha!

Aguarde.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em documentário televisivo.

sábado, 25 de junho de 2011

FRONTEIRAS SEM FIM DA AMIZADE

 

Até onde vai a amizade? Diz-se que, por vezes, temos amigos que são mais do que irmãos.

São eles que nos sustentam nas crises, nos auxiliam na enfermidade, nos oferecem o ombro para chorar, a qualquer dia, a qualquer horário.

Pessoas há que, decepcionadas com pretensos amigos, afirmam que é muito difícil existir, hoje, amizade desinteressada.

No entanto, todos os dias, se ouvem histórias de pessoas que devem sua vida a algum amigo.

As gêmeas Rita e Ruth nasceram, em 1988, numa cabana de barro na África Central.

Seus pais eram agricultores da tribo Tutsi e temiam pela vida das filhas, porque os rebeldes Hútus, da oposição ao governo, atacavam constantemente os Tutsis.

Por isso, o casal decidiu ir para Uganda, 240 quilômetros ao norte.

Cada um com uma filha às costas, alguns poucos pertences e a tia das meninas, de apenas 11 anos, começaram a grande viagem.

O pai foi o primeiro a ser assassinado, na tentativa de conseguir alimentos em uma aldeia. A mãe, quando ia à frente, tentando verificar se era seguro prosseguir a jornada, desapareceu para sempre.

Durante dois meses, Katie, na floresta com as duas crianças, esperou a volta da mãe das meninas.

Então, amarrou as gêmeas ao seu corpo e saiu andando. Depois de dez meses, chegaram a Uganda.

Estavam sozinhas, dormindo ao relento e vivendo de restos de alimentos. Um dia, Jane, uma agricultora, as encontrou e as levou para sua casa, condoída de sua triste situação.

Jane tinha somente uma filha de 4 anos e, por três vezes, enfrentou os rebeldes Hútus, escondendo as crianças.

Quando as gêmeas estavam com 11 anos, Katie ganhou uma passagem para longe da África, para o asilo no estrangeiro.

Naquela noite, Rita e Ruth ficaram abraçadas a Katie, chorando. Ela fora o centro de suas vidas desde sempre.

Mas, ao partir, Katie prometeu que mandaria alguém para buscá-las.

Para uma moça de 21 anos, como Katie, se adaptar à vida aonde quer que fosse, levaria tempo. E mais tempo ainda levaria para conseguir alguém que buscasse as gêmeas.

Os meses se sucederam, sem qualquer notícia. Os Hútus matavam e sequestravam dezenas de Tutsis.

As meninas pensavam: Será que ela nos esqueceu?

Três anos se passaram. Com 15 anos, Rita e Ruth já tinham se resignado à vida de medo e incerteza em Uganda.

Então, elas foram apanhadas em casa por um agente estrangeiro e levadas ao aeroporto.

Quatorze horas depois, estavam em Londres, abraçando Katie. Ela explicou como tinha sido difícil conseguir que elas fossem levadas para a Grã-Bretanha antes de milhares de outros refugiados.

Mas disse: Espero que saibam que eu nunca as abandonaria.

As gêmeas passaram o restante da sua adolescência morando com Katie.

Para elas, Katie é a grande amiga a quem agradecem por terem o privilégio de viverem num país de oportunidades.

Diz Rita: Apesar de tudo o que passei, sinto como se tivesse ganhado na loteria.

Amigos... Preciosidades que Deus coloca em nossas vidas para nos atapetar a estrada de ternura, a fim de nos tornar menos áspera a jornada.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Cuidem de mim,  de Rita Komunda, conforme contado a Nick Morgan, publicado na Revista Seleções Reader’s Digest, de março de 2009.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

MOMENTO DE DECISÃO

 

Existem momentos em nossa vida, que podem definir rumos definitivos a serem seguidos, ou não. Precisamos tomar decisões que poderão modificar fundamentalmente nossas vidas, quando será fundamental saber o rumo a seguir.

Muitas vezes custamos a tomar certas decisões, por serem momentos muito difíceis, pois são escolhas que poderão modificar fundamentalmente nossa vida. E como saber qual o rumo exato a ser tomado, e como é necessário definir o caminho a ser seguido.

Algumas vezes necessitamos de solidão para poder meditar, sobretudo se for algo que diz respeito a nós. Terá que ser uma decisão totalmente nossa. Se nos sentirmos inseguros, poderemos procurar alguma ajuda competente. Alguém que nos possa trazer alguma luz sobre o assunto. Mas a decisão deverá ser totalmente nossa. Buscar uma opinião, ou um aconselhamento, é uma coisa, mas deixar que outros decidam por nós já chega a ser covardia, e não podemos transferir a outrem algo que diz respeito à nossa vida.

Se houver acerto, o mérito não será nosso, mas se der errado, a culpa será alheia. Mas de qualquer maneira, nós mesmos nos prejudicamos, pois sempre persistirá a dúvida sobre o acerto ou não. E fica a pergunta que nossa alma não permite que se cale: "E se tivéssemos tomado nossa decisão?"

Então, temos que ter personalidade para poder decidir, assumindo responsabilidade por eventual falha, mas podendo curtir meritoriamente eventual triunfo, e sempre poderemos tentar consertar por nossa conta e risco se algo não der certo. O importanto é sabermos usar nosso livre arbítrio.

O mais importante é sabermos usar nossa luz interior para tentar iluminar nosso caminho.

Basta sabermos acende-la, e entende-la, e segui-la.

Marcial Salaverry

O TEMPO DE CADA UM

 

Ela permite viver em harmonia junto a quem pensa e age de forma diferente.

Não se trata apenas de suportar um modo distinto de ver e entender a vida.

O exercício da tolerância engloba também o esforço em perceber o que possa haver de admirável na conduta alheia, especialmente quando difere da nossa.

Mesmo perante equívocos, não criticar gratuitamente, pelo simples gosto de denegrir.

Por certo, a título de ser tolerante não vale adotar conduta omissa e conivente.

Na defesa de um bem maior, de um inocente, do patrimônio público, não é lícito deixar de agir.

Mas ainda aí é preciso ter não apenas energia, mas também doçura, para não se converter em um carrasco.

Muitas pessoas se angustiam porque seus amores não lhes compartilham os ideais.

Incontáveis pais estimariam que seus filhos tivessem padrão de conduta mais digno.

Entre esposos, costuma haver descompasso no entendimento de questões capitais da existência.

Essa dificuldade em compreender o ritmo alheio se manifesta em incontáveis setores.

Às vezes, notícias sobre determinados crimes despertam o desejo generalizado de exterminar os seus responsáveis.

Notícias de desmandos na política produzem grande desencanto.

Tem-se a sensação de que a Humanidade está perdida e de que nada mais há para fazer.

Entretanto, embora de forma lenta, tudo se aprimora.

A reencarnação é a chave que permite vislumbrar a lenta sofisticação de todos os Espíritos.

Quem hoje parece lamentável amanhã será um anjo radioso.

Os seres de grande virtude, cujos atos tanto encantam, igualmente cometeram erros em sua jornada milenar.

Assim, o desencanto e o esmorecimento traduzem incompreensão dos mecanismos superiores da vida.

Certamente não é possível e nem desejável alegrar-se perante indignidades de qualquer ordem.

Mas é necessário compreender que cada criatura tem o seu ritmo e o seu momento de transformação.

Perante os equivocados, é necessário exemplificar o bem, mas sem violências e arrogância.

Não vale ser conivente e omisso, mas também não cabe a imposição das próprias idéias.

Se criaturas difíceis estão presentes em sua vida, há uma razão para isso.

Na grande oficina da vida, você foi considerado digno do bom combate.

Os levianos e rudes são os mais necessitados de amor.

Afinal, como afirmou Jesus, os sãos não necessitam de remédio.

Se o ensino moral do Cristo iluminam o seu íntimo, rejubile-se.

Exemplifique-o mediante uma vida laboriosa e digna.

Mas não o imponha a ninguém.

Afinal, Deus a todos assegura o livre arbítrio e pacientemente espera o lento desabrochar das virtudes dos anjos.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Flor de estufa

 

É natural o desejo de viver em paz e ser feliz.

Todos almejam levar a vida sem maiores percalços e desafios.

Entretanto, a realidade é bem diversa.

Qualquer que seja o contexto econômico ou social em que a criatura se apresente, ela enfrenta alguns problemas.

Esse fenômeno precisa ser entendido em sua justa configuração.

O instinto de conservação, inerente aos seres vivos, indica-lhes que devem buscar preservar-se ao máximo.

Trata-se de um recurso providencial, para que bem aproveitem a experiência terrena.

Caso não se cuidem como podem e devem, correm o risco de perecer antes do tempo.

Com isso, deixam de aprender a lição do momento em sua integralidade.

Ocorre que o aprendizado e o aprimoramento são a finalidade do existir.

O Espírito não renasce para se recrear, mas para se melhorar.

Assim, a condição de flor de estufa não lhe assenta.

Se fosse para permanecer em doce repouso, não necessitaria de um corpo físico.

As injunções materiais tornam necessárias certas atividades que viabilizam o progresso.

Porque precisa se manter, o homem disciplina-se a trabalhar.

Como os postos de trabalho são disputados, ele se habitua a estudar e a se aperfeiçoar constantemente.

Para se manter no emprego, precisa respeitar inúmeras regras.

Com isso, gradualmente incorpora em seu ser diversas virtudes.

Disciplina, polidez, humildade e todos os valores e talentos humanos não são presentes, mas conquistas.

Em sentido geral, as exigências ordinariamente se apresentam.

Algumas crises sempre precisam ser vividas e superadas.

Nesse contexto de desenvolvimento amplo e constante, dificuldades não são tragédias.

Elas representam uma lição preciosa.

Todo Espírito possui um destino glorioso.

Nele dormem os princípios das virtudes angélicas.

Constitui uma tola ingenuidade achar que se transitará pela vida ao abrigo de preocupações.

Os problemas que surgem não são injustiças e nem perseguições.

Seu sereno enfrentamento, em contexto de dignidade, é o próprio objetivo da existência.

O homem não pode ser uma flor de estufa, delicada e de pouco perfume.

Seu destino é se assemelhar a uma árvore frondosa, de madeira perfumada, cheia de frutos e flores.

Integralmente útil, qualquer que seja o contexto.

Na pobreza, pleno de dignidade e com muito amor ao trabalho.

Na abastança, modesto e disposto a partilhar e a se fazer instrumento do progresso.

Assim, não se ressinta dos desafios que se apresentam em sua vida.

Entenda-os como testes cuja solução exige apenas disciplina e serenidade.

Redação do Momento Espírita.

O PODER DO SILÊNCIO

 

Na natureza, encontramos preciosas lições a nos dizer que o verdadeiro poder anda de mãos dadas com a quietude. São muitos os acontecimentos que se dão em silêncio.

O sol nasce e se põe em profunda calma, penetra suavemente pela vidraça de uma janela, sem a quebrar.

Acaricia as pétalas de uma rosa, sem a ferir, beija a face de uma criança adormecida, sem a acordar.

As estrelas e as galáxias descrevem as suas órbitas com extraordinária velocidade pelas inexploradas vias do cosmo, mas nunca dão sinal de sua presença pelo mais leve ruído.

O oxigênio, poderoso mantenedor da vida, penetra em nossos pulmões, circula discretamente pelo nosso corpo, e nem lhe notamos a presença.

* * *

Aprenda, com o silêncio, a ouvir os sons interiores da sua alma.

Aprenda, com o silêncio, a respeitar o seu eu, a valorizar o ser humano que você é, a respeitar o templo que é o seu corpo e o santuário que é a sua vida.

Aprenda, com o silêncio, a valorizar o seu dia e a sua vida. A enxergar em você as qualidades que possui e descobrir as imperfeições, despertando a consciência para o que precisa ser aprimorado.

Aprenda, com o silêncio, que a vida é boa, que nós só precisamos olhar para o lado certo, ouvir a música certa, ler o livro certo e escolher as devidas companhias.

Aprenda, com o silêncio, a relaxar, mesmo no pior trânsito, na maior das cobranças, nos momentos de dificuldade e de maior discórdia, calando-se para evitar futuros desafetos.

Aprenda hoje, com o silêncio, que gritar não traz respeito. Que apenas ouvir, em muitos momentos, é melhor do que falar.

Aprenda, com o silêncio, a aceitar alguns fatos, a ser humilde, deixando o orgulho de lado e evitando reclamações vazias e sem sentido.

Aprenda, com o silêncio, a reparar nas coisas mais simples e a valorizar o que é belo.

Aprenda, com o silêncio, que a solidão não é a pior companhia.

Aprenda, com o silêncio, que tudo tem um ciclo, como as marés que insistem em ir e vir, como os pássaros que migram e voltam ao mesmo lugar e como a Terra, que faz a volta completa sobre seu próprio eixo.

* * *

Por vezes, o silêncio pode ser confundido com fraqueza, apatia ou indiferença. Porém, ser capaz de calar-se em certos momentos, é uma grande virtude.

Os verdadeiros mestres sabem ser firmes sem renegarem a mais perfeita quietude e benevolência.

Jesus demonstrou a sua grandeza, permanecendo sempre em harmonia, sem perturbar-se em momento algum.

Prossigamos, buscando sempre que possível, o recolhimento e o silêncio que acalma, harmoniza e edifica.

Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Lágrimas: palavras da alma

 

Muitas vezes, na vida, vivenciamos situações em que a emoção é tamanha que nos faltam palavras para expressar nossos sentimentos.

Podemos considerar as lágrimas como as palavras de nossa alma.

Através delas, somos capazes de demonstrar incontáveis sentimentos.

As lágrimas, na maioria das situações, escorrem de nossos olhos sem que tenhamos controle sobre elas.

Em alguns momentos, elas contam histórias de dores, mas também têm na sua essência, algo de belo.

Quando elevamos o pensamento, sintonizando com a Espiritualidade maior, seja com nosso anjo protetor, com o amado amigo Jesus ou com Deus, sentimos os olhos marejados.

Observando a natureza, temos a oportunidade de presenciar alguns espetáculos que ela nos oferece. Emocionamo-nos percebendo a grandeza e a perfeição Divina na presença de um pôr-do-sol, de uma queda d’água ou de um arco-íris.

Diante do nascimento de uma criança, somente as lágrimas são capazes de traduzir e qualificar a magnitude desse instante Divino.

Quando estamos sensíveis, por vezes carentes de alguma manifestação de afeto, um simples aperto de mão ou um afago carregado de amor é suficiente para provocar nossas lágrimas.

Quando deixamos que o som de uma música elevada alcance nosso coração, somos capazes de chorar de emoção, pois sentimos a alma tocada e acariciada por aquela doce e vibrante melodia.

Tanto a dor emocional quanto a dor física nos chegam sem pedir licença, ocupando espaço considerável em nossa alma e em nosso corpo.

Lágrimas são derramadas pela dor da partida de um ente querido, pela dor da ausência e da saudade, pela dor do erro cometido e do arrependimento.

Ao constatarmos a dor do próximo, lágrimas jorram de nossos olhos. Deparamo-nos com tantas carências, tantas necessidades não atendidas, enfermidades, privações e abandono.

* * *

Cada lágrima derramada tem seu significado. Seja ela vertida pela dor ou pela alegria, nos diz que somos seres movidos pela emoção, capazes de exteriorizar os nossos sentimentos.

Demonstra que nos sensibilizamos em momentos simples e efêmeros, indicando que estamos sintonizados com o que há de belo na vida.

E, quando as lágrimas derramadas forem de dor, façamos com que o motivo que nos comove seja também o mesmo motivo que nos move.

Que o movimento seja no sentido da modificação íntima. Que seja impulso para olhar a vida sobre um novo ângulo, para trabalhar em nós mesmos a resignação, a paciência, a esperança, a fé e a confiança em Deus.

Redação do Momento Espírita.

O pequeno e o grande

 

Não é raro que as pessoas comuns manifestem sua inveja, quando a imprensa escrita apresenta fatos da vida de artistas, reis, esportistas famosos.

Invejam a sua riqueza. Sobretudo a sua fama. As pessoas comuns andam todos os dias pelas ruas e não se tornam notícia por terem ido a uma exposição, ao supermercado, à praia.

Não são vistas. Afinal, são tantas as pessoas comuns e, normalmente, umas não olham para as outras.

E isso nos recorda de uma comparação entre o mar, imenso, que joga suas ondas com barulho estrondoso nas pedras e recifes e os rios tranquilos.

É no mar que viajam os grandes transatlânticos, os iates luxuosos e as lanchas velozes, levando pessoas que nos parecem sempre muito felizes.

É o mar que abriga no seu seio tesouros inimagináveis da fauna, da flora e riquezas humanas, resultantes dos naufrágios, de grandes tragédias.

Quando se quer dar um exemplo de algo poderoso, enorme, o mar é o escolhido. Com sua grandeza e perigos, ele assusta muita gente.

Os rios, por sua vez, são calmos. Nascem de pequeninas gotas prisioneiras de vales e montanhas que, aos poucos, vão se libertando e se juntando, formando filetes.

Vão descendo calmas por entre pedras, escolhendo caminhos entre encostas, engrossando e tomando a forma dos rios generosos.

Por serem águas claras e boas, servem para dessedentar o viajante cansado. São a alegria dos pescadores que, em suas águas, se divertem a pescar, sem maiores aventuras.

As crianças barulhentas vão nelas lançar seus barcos de brinquedo.

Os pássaros brincam em suas margens e saciam sua sede. Homens inteligentes as canalizam, de forma que sirvam a muitos outros, em suas casas, no conforto dos seus lares.

Quando as pessoas desejam ouvir os sons graves, buscam o mar. Quando desejam paz, buscam os rios porque sua música é mais suave, delicada.

Os mares e os rios nos dizem que cada um tem seu valor e sua importância.

Se todas as águas fossem salgadas como a dos oceanos e mares, o homem padeceria a sede.

Se não houvesse a tepidez das águas salgadas talvez não existisse a vida na Terra, pois que tudo ali se iniciou.

Mar e rio, oceano e águas tranquilas. Ricos, famosos e pessoas comuns. Todos são importantes no concerto da vida. Cada qual, onde está, com suas condições, tem sua missão, suas dores e alegrias e, sobretudo, a sua responsabilidade.

*   *   *

Você já pensou que a maravilha na Terra está justamente na diversidade das oportunidades que ela apresenta?

Cada qual, onde se encontre, com o que tenha, pode cooperar para a harmonia da vida.

Quando você passeia pelas ruas bem cuidadas da cidade, deve isso a homens e mulheres comuns que realizam a sua limpeza, podam as árvores e plantam flores nos canteiros.

Quando você admira leis sábias e justas, reverencia os legisladores.

Quando se delicia com uma música, agradece aos compositores.

Todos somos importantes e a Terra se tornaria um caos se todos desejassem ser iguais e fazer as mesmas coisas.

Pensemos nisso e valorizemos o que somos e o que fazemos.

Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O SIGNIFICADO DA PAZ

 

Em determinada passagem do evangelho, Jesus afirma:

“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz; não vo-la dou como o mundo a dá”.

Evidencia-se que a paz do Cristo é muito diferente da paz do mundo.

Para entender o significado da paz do Cristo, torna-se necessário refletir sobre o que habitualmente se concebe por paz.

Os dicionários fornecem inúmeros significados para esse vocábulo.

Por exemplo, identificam-no com ausência de guerra, descanso e silêncio.

Ocorre que o descanso e o silêncio, por si sós, não significam necessariamente algo bom.

Em uma penitenciária, no meio da noite, pode haver descanso e silêncio absolutos.

Mas é difícil sustentar que as criaturas que lá se encontram sejam pacificadas.

Em um charco as águas são paradas e há silêncio nele e em torno dele.

Contudo, não se pode ignorar a podridão que ali jaz oculta.

Também é possível que algumas pessoas sejam conservadas inertes e em silêncio, por medo.

Determinada casa pode ser silenciosa e ordeira pelo pavor que o chefe da família inspira.

Entretanto, a submissão criada pela violência nada tem de desejável.

No âmbito internacional, ao término de uma guerra, freqüentemente são impostas duras condições aos países derrotados.

Ocorre que uma paz que esmaga os vencidos contém em si o gérmen de futuras violências.

Também não raro percebemos coisas erradas acontecendo, em prejuízo dos outros.

Mas podemos preferir silenciar, a título de preservar nossa paz.

Assim, a paz, na concepção mundana, muitas vezes envolve opressão, preguiça e conivência.

Não causa espanto que a paz do Cristo seja diferente da paz do mundo.

Pode-se afirmar que a paz do Cristo constitui decorrência lógica da vivência de seus ensinamentos.

Afinal, o mestre afirmou que não basta dizer Senhor! Senhor! Para entrar no reino dos céus.

É necessário efetivamente realizar a vontade do pai celestial.

Essa vontade encontra-se explícita nas palavras e nos exemplos de Jesus.

O céu a que se refere o Cristo não é um local determinado no espaço.

Trata-se de um estado de consciência (*) em harmonia com as leis divinas.

A paz do Cristo não se identifica com a inércia. É um sublime estado de consciência, feito de serenidade e harmonia. É um profundo silêncio interior, que não depende das ocorrências do mundo.

Essa paz somente pode ser desfrutada por quem ama o progresso e trabalha efetivamente no bem. Ela é muito trabalhosa e operante. Reflete o estado de quem pode observar com tranqüilidade os próprios atos. Só se sente assim quem cumpre seu dever. Não é um presente, mas uma conquista. O seu gozo pressupõe esforço em burilar o próprio caráter, em crescer em entendimento e compreensão.

Apenas se pacifica quem procura desenvolver seus talentos pelo estudo e o trabalho constantes, e utiliza seus talentos na criação de um mundo melhor.

A paz do Cristo está à disposição de todos. Mas só a desfruta quem pratica a lei de justiça, amor e caridade, estabelecida por Deus para a harmonia da criação.

Pense nisso!

Equipe de Redação do Momento Espírita.

JARDIM EM PERIGO

 

 

Quando você planta uma mudinha de flor, qual é a sua primeira preocupação?

Um bom jardineiro dirá que a primeira providência deve ser tomada antes do plantio, no preparo do terreno, escolha do tempo certo, etc.

Mas a nossa pergunta é para você, pessoa comum, que não tem habilidades de jardinagem.

Talvez, mesmo sem ser um profissional da área, você conheça algumas providências básicas para que a mudinha cresça e dê flores.

Uma delas é plantar em terra fértil. Outra é cuidar para que o sol não a queime, a água não a apodreça, as pragas não a comam, as ervas-daninhas não a sufoquem.

Certamente você não colocaria sobre a sua plantinha, algum veneno que pudesse matá-la, não é mesmo?

Pois bem, fazendo uma comparação com a mudinha de flor e uma criança, podemos seguir o mesmo raciocínio.

Se uma planta merece nosso cuidado, um filho merece muito mais.

Mas, infelizmente, alguns pais, que não derramariam na planta produto que a destruísse, permitem que seu filho faça uso de um veneno que está cada vez mais popular entre crianças e adolescentes: o álcool.

Alguns pais permitem, outros incentivam.

Se você visse alguém derramando alguma substância nociva sobre a frágil plantinha, certamente diria:

“Isso é loucura!”

No entanto, você vê um pai ou uma mãe dando bebida alcoólica à criança, e considera isso um fato normal.

Estranho paradoxo, esse!

Hoje os problemas decorrentes do uso de bebidas alcoólicas têm preocupado governantes e muitos têm envidado esforços para conter essa epidemia.

Afinal, esse é um problema que ameaça os valores econômicos, políticos e culturais da sociedade.

Acarretam gastos com tratamento médico, internação hospitalar; provocam o aumento dos índices de acidentes de trabalho, de trânsito, de violência urbana, mortes prematuras, entre outros.

É realmente uma catástrofe de grandes proporções, pois os prejuízos não ficam somente no campo da economia.

Os danos morais e espirituais são ainda maiores.

As perturbações da personalidade do usuário, as lesões afetivas causadas nos familiares, os afetos destruídos, as esperanças despedaçadas, os sonhos ceifados, a infelicidade...

E assim, esse imenso jardim que poderia ostentar flores belas e perfumadas, apresenta flores amareladas, sem perfume, sem viço, sem esperança, de breve aparição no solo terreno...

Os perigos advindos dessa substância nociva chamada álcool, espreitam em cada esquina...

Os malefícios desse veneno vão destruindo a criatura lentamente, qual parasita que lhe rouba as forças e lhe impõe cada vez mais necessidade de uso...

A ação devastadora dessa praga cruel é lenta, mas decisiva...

Você, que consegue perceber a gravidade do assunto, pense com carinho a respeito disso.

Passe a observar quanto descuido paira sobre a infância desprotegida...

Perceba quanta indiferença pesa sobre a juventude desorientada...

E você, jardineira ou jardineiro a quem Deus enviou essas almas para fazê-las florir e dar bons frutos, certamente responderá, um dia, sobre a tarefa que lhe foi confiada.

Pense nisso, e não perca nem mais um minuto, pois em um minuto a situação pode fugir totalmente do seu controle.

Você sabia?

Você sabia que o uso e o abuso de bebidas alcoólicas está cada vez mais cedo na vida de crianças entre 9 e 12 anos de idade?

Justamente numa faixa etária em que o ser está em formação, tanto física quanto psicológica.

Por essas e outras razões é que precisamos, com urgência e determinação, salvar esse jardim em perigo.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Um dos mais belos trajes da alma

 

O médico conversa descontraído com o enfermeiro e o motorista da ambulância, quando uma senhora elegante chega, e de forma ríspida, pergunta: Vocês sabem onde está o médico do hospital?

Com tranquilidade, o médico responde: Boa tarde, senhora! Em que posso ser útil?

Impaciente, a mulherindaga: Será que o senhor é surdo? Não ouviu que estou procurando pelo médico?

Mantendo-se calmo, contesta ele: Senhora, o médico sou eu. Em que posso ajudá-la?

Como?! O senhor?!?! Com esta roupa?

Ah, senhora! Desculpe-me! Pensei que a senhora estivesse procurando um médico e não uma vestimenta...

Oh! Desculpe, doutor! Boa tarde! É que...vestido assim, o senhor nem parece um médico...

Veja bem as coisas como são...- diz o médico -... As vestes parecem não dizer muitas coisas mesmo... Quando a vi chegando, tão bem vestida, tão elegante, pensei que a senhora fosse sorrir educadamente para todos, e depois daria um simpaticíssimo "Boa tarde!"

Como se vê, as roupas nem sempre dizem muito...

*   *  *

Um dos mais belos trajes da alma é, certamente, a educação.

Educação que, no exemplo em questão, significa cordialidade, polidez, trato adequado para com as pessoas.

São tantos ainda no mundo que não têm tato algum no tratamento para com os outros!

Sofrem e fazem os outros sofrerem com isso.

Parece que vivem sempre à beira de um ataque de nervos, centrados apenas em si, em suas necessidades urgentes e mais nada.

O mundo gira ao seu redor e para lhes servir. Os outros parecem viver num mundo à parte, menos importante que o seu.

Esses tais modos vêm da infância, claro, em primeiro lugar. Dos exemplos recebidos da família em anos e anos de convivência.

Mas também precisam vir da compreensão do ser humano, entendendo todos como seus irmãos.

Não há escolhidos na face da Terra. Não há aqueles que são mais ou menos importantes. Fomos nós, em nossa pequenez de Espíritos imperfeitos, que criamos essas hierarquias absurdas, onde se chega ao cúmulo de julgar alguém pelas roupas que veste.

Quem planta sorrisos e gentileza recebe alegria e gratidão, e vê muitas portas da vida se abrindo naturalmente, através da força estupenda da bondade.

O bem é muito mais forte que o mal.

O bem responde com muito mais rapidez e segurança às tantas e tantas questões que a existência nos apresenta, na forma de desafios.

Ser gentil, ser cordial é receber a vida e as pessoas de braços abertos, sem medo de agir no bem.

Ser bem educado é contribuir com a semeadura do amor na face da Terra, substituindo, gradualmente, tantas ervas daninhas que ainda existem nesses campos, por flores e mais flores de felicidade.

Ser fraterno, em todas as ocasiões, é vestir-se com este que é um dos mais belos trajes da alma: a educação.

Redação do Momento Espírita, com base em conto de autoria desconhecida.

terça-feira, 14 de junho de 2011

SOCORRO DO CÉU

 

Montado em seu cavalo, o fazendeiro dirigia-se à cidade como fazia freqüentemente, a fim de cuidar de seus negócios.

Nunca prestara atenção àquela casa humilde, quase escondida num desvio, à margem da estrada. Naquele dia experimentou insistente curiosidade.

Quem morava ali?

Cedendo ao impulso, aproximou-se. Contornou a residência e, sem desmontar, olhou por uma janela aberta e viu uma garotinha de aproximadamente dez anos, ajoelhada, mãos postas, olhos lacrimejantes...

“Que faz você aí, minha filha?”

“Estou orando a Deus, pedindo socorro... Meu pai morreu, minha mãe está doente, meus quatro irmãos têm fome...”

“Que bobagem!” Disse o fazendeiro. “O céu não ajuda ninguém! Está muito distante... Temos que nos virar sozinhos!”

Embora irreverente e um tanto rude, era um homem de bom coração. Compadeceu-se, tirou do bolso boa soma em dinheiro e o entregou à menina.

“Aí está. Vá comprar comida para os irmãos e remédio para a mamãe! E esqueça a oração”.

Isto feito, retornou à estrada. Antes de completar duzentos metros, decidiu verificar se sua orientação estava sendo observada.

Para sua surpresa, a pequena devota continuava de joelhos.

“Ora essa, menina! Por que não vai fazer o que recomendei? Não lhe expliquei que não adianta pedir?”

E a menina, feliz, respondeu: “Já não estou mais pedindo, estou apenas agradecendo. Pedi a Deus e ele enviou o senhor!”

* * *

Consagrada por todas as religiões, a oração é o canal divino que favorece a assimilação das bênçãos do céu.

Da mesma forma que é importante ter um roteiro para a jornada terrestre, que nos diga de onde viemos e para onde vamos, é imperioso manter contato com as esferas superiores, favorecendo o amparo de benfeitores espirituais que, em nome de Deus, nos sustentam e inspiram na caminhada.

Esse apoio manifesta-se de duas formas:

Objetivamente, como na historieta narrada, em que mobilizam as circunstâncias em nosso favor.

E subjetivamente, em que nos falam através da inspiração, oferecendo-nos equilíbrio e serenidade para superar os obstáculos do caminho.

* * *

A prece é o orvalho divino que aplaca o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela nos encaminha para a senda que conduz ao Criador.

Quando a oração sincera brota do coração, proporciona doces emoções. É como suave brisa matinal que perpassa nossa alma inebriando-a de perfume.

É através da prece que podemos abrir os canais mentais para ouvir as vozes brandas e suaves dos imortais.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base nos livros: Uma razão para viver, cap. O socorro do céu, e O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVII, item 23.

domingo, 12 de junho de 2011

SOMOS COERENTES?

 

Qual o conceito que você tem de coerência? Afinal, o que é coerência? Para os melhores dicionários, a palavra remete à ligação, ao nexo, à harmonia entre fatos ou ideias.

Assim, será coerente aquele que agir, pensar, falar, de uma maneira em que haja nexo, harmonia entre suas ações.

Será isso que fazemos no nosso dia-a-dia? Conseguimos agir com coerência em todos os nossos dias, em todas as nossas ações?

Vejamos que, muitas vezes, discursamos para todos a respeito da sujeira das ruas, das calçadas sem limpeza em nossa cidade, dos detritos que se avolumam.

Porém, não nos damos conta que jogamos o papel de bala, o recibo do estacionamento, o bilhete do ônibus pela janela do veículo, assim que ele não nos sirva mais. Contribuímos com a sujeira que tanto criticamos.

Preocupamo-nos em ensinar a honestidade para nosso filho, discursando longamente a respeito. E, caso toque o telefone e não queiramos falar com a pessoa que nos demanda atenção, pedimos para que nosso filho vá ao telefone e diga que não estamos.

Usamos da mentira que tanto detestamos.

Reclamamos, e com razão, do administrador público, ou do político, quando esse se apropria do que não lhe pertence, prejudicando a nação e seus cidadãos. Taxamos de roubo, exigimos os rigores da lei, tudo plenamente justificado.

Mas, às vezes, somos nós mesmos a não devolver o troco a mais no supermercado e ficamos com o que não nos pertence. Ou ainda, quando a autoridade policial nos pune frente a uma infração, tentamos suborná-la, corrompê-la.

Para quem discursa sobre roubo, suborno, somos nós então a roubar ou subornar. Pura incoerência.

E por que temos dificuldade para sermos coerentes? Por que tantas vezes agimos de maneira diferente daquela que pensamos ou defendemos com nossas palavras?

Isso acontece porque, se já temos o conceito formulado na mente, ainda nos falta o valor instalado na consciência.

Essas incoerências são geradas no descompasso entre o que a mente pensa, os nossos conceitos, e o que o coração sente, os nossos valores.

Se já pensamos certo, se nossos conceitos estão adequados, se fez um grande passo. Porém, faz-se necessário ainda, conquistar os valores, fazer que a consciência aja dessa forma.

Assim é necessário que meditemos sobre nossos atos. Que pensemos longa e profundamente sobre como estamos agindo em nossas vidas, o que estamos a fazer das oportunidades que desfrutamos todos os dias.

E, em última instância, somos muito mais aquilo que agimos e sentimos do que aquilo que apenas discursamos.

Isso é de tal forma real e verdadeiro que, certa feita, um filósofo americano afirmou: O que você faz fala tão alto que não consigo escutar o que você está dizendo.

Assim se passa conosco. O que fazemos será nosso maior discurso sobre nós mesmos, a maior representação do que efetivamente trazemos na alma, muito acima e além do que qualquer preleção ou apresentação verbal.

Desta forma, depois de escolhermos os valores que irão pautar nossa vida, comecemos o esforço inadiável de fazer com que esses conceitos, com disciplina e persistência, transformem-se em valores reais, e a coerência seja a tônica do nosso agir.

Redação do Momento Espírita.

sábado, 11 de junho de 2011

Lição inesquecível

 

Na atualidade, é bastante comum os casais se queixarem um do outro. A esposa critica o marido por suas manias, por lhe cercear a liberdade e por outras tantas coisas.

O marido reclama dos gastos da esposa, do tempo que demora para se arrumar toda vez que decidem sair, e daí por diante.

É natural que numa roda de amigas, quando o assunto é marido se comentem os defeitos deles e como elas poderiam ser mais felizes sem eles.

Assim foi numa tarde, na academia, onde uma senhora, que aparentava um pouco mais de quarenta anos, se encontrava. Alguém comentou que invejava a sua felicidade.

Ela era uma mulher que transpirava alegria. Dedicava-se a obras de caridade, estudava música. Mas, em tudo que fazia, havia uma tonalidade de alegria contagiante.

Qual era o segredo, afinal? – Perguntou uma das amigas.

Devo tudo ao meu marido. - Respondeu rápido.

Como assim? Tornou a perguntar a outra. Ele acompanha você a todo lugar, incentiva  você, o que ele faz?

E uma pontinha de inveja adornava as perguntas agora.

Como podia aquela mulher ser tão feliz com seu marido?

Mas a outra tornou a responder: Bem, meu marido morreu.

Na roda de amigas, houve um grande silêncio e, pela mente de todas elas, passou a ideia: Claro que ela é feliz. Ele devia ser um carrasco. Ele morreu e ela se libertou.

No entanto, continuando a explicar, a viúva disse:

Enquanto vivemos juntos e foi pouco mais de vinte anos, esse homem me ensinou a amar.

Quando nos casamos, eu era uma jovem tola, cheia de sonhos, vivendo a irrealidade. Ele era um homem prático, mas extremamente sensível.

Amante da poesia, ensinou-me a amar os versos, a descobrir a beleza nas rimas.

Nas horas de folga, tornava-se jardineiro. Ensinou-me a amar a terra, as flores, a semear e esperar o crescimento e a floração.

Gostava de boa música. Com ele aprendi a ir ao teatro para assistir a concertos de música clássica e shows de música popular. Ele me instruiu nos primeiros caminhos dessa bela arte.

Esse homem me ensinou a amar a vida e nela descobrir valores. Deu-me a conhecer o verdadeiro valor de uma amizade, a não desprezar nenhuma manifestação de carinho, por menor que pudesse ser.

Ensinou-me a amar a natureza, bendizendo o sol e a chuva, em suas alternâncias. A não reclamar do frio, nem do calor excessivo. Ele me ensinou a ver em tudo a Providência de Deus a nos abençoar.

Por isso, quando ele se foi, quando pensei entregar-me à tristeza, recordei-me dos anos vividos e das lições repassadas.

Em memória dele, não posso deixar de ser feliz e transmitir felicidade a todos.

*   *   *

A vida é o hálito do Pai Criador em Sua soberana manifestação de amor.

Examinemos nossa vida e das experiências de todos os dias retiremos o melhor proveito.

Nossa vida se constitui de bênçãos e sofrimentos.

Exatamente como no jardim existem duas formas de encontrar as rosas: pelo aroma ou pelos espinhos, nossa vida depende da forma que encaramos o que nos rodeia, o que nos chega, o que nos acontece.

Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais extraídos do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

INSTINTO MATERNO

 

Era noite e o casal resolveu sair para fazer umas compras no shopping.

Embora a esposa tivesse insistido com o marido para irem de carro, temendo a violência das ruas, ele a convenceu que deveriam ir a pé.

A rua estava bastante deserta e logo o casal avistou uma jovem, andando sozinha, mais à frente.

Dois rapazes, visivelmente mal-intencionados, que surgiram não se sabe de onde, passaram a seguir a jovem para, talvez, a assaltar na primeira oportunidade que surgisse.

Percebendo a situação, a esposa chamou a atenção do marido para o risco que a garota estava correndo.

Sem titubear, segurou o braço do esposo e apressaram o passo.

Antecipando-se aos suspeitos, num gesto instintivo, aquela mãe colocou a mão sobre o ombro da moça e a conduziu como se fossem velhas conhecidas.

A garota estava amedrontada, pois já havia notado que estava sendo seguida, mas não sabia o que fazer, e por isso aceitou aquela ajuda providencial.

Vinda de uma cidade do interior do estado, para fazer vestibular na capital, a menina não conhecia os perigos de se andar à noite, principalmente numa rua quase deserta.

Estava indo ao supermercado comprar alimentos para preparar seu jantar, sem desconfiar dos perigos que a rondavam.

“Ao ver a moça, lembrei-me de uma de nossas filhas e corri para socorrê-la”, disse-nos aquela jovem mãe.

O instinto materno falou alto e ela evitou que uma jovem, que sequer conhecia, fosse assaltada, agredida, violentada, morta.

E a mãe da garota, que talvez estivesse em casa, na cidade distante, rogando a Deus que protegesse sua filha na capital, teve atendida a sua oração.

São tantas desgraças que acontecem, com a onda de violência que assola a sociedade, que certamente os pais ficam preocupados com os filhos distantes.

Muitos saem de casa para uma festa, para o trabalho ou para outra atividade qualquer, e não retornam jamais aos braços da família...

É por essa razão que gestos como o dessa mãe, que teve a coragem de se antecipar aos malfeitores e salvar a garota de uma desgraça, são considerados heróicos.

Num tempo em que cada um cuida de si mesmo e trata de defender a própria pele, sem se importar com os demais, Deus tem dificuldade para atender as orações das mães que rogam proteção para seus filhos amados.

Talvez algumas pessoas pensem que hoje em dia não convém se expor ao perigo, pois se corre riscos também.

Sem qualquer apologia à temeridade, os pequenos gestos de coragem podem mudar o rumo de uma vida.

Quando o instinto maternal ou o instinto de fraternidade fala mais alto, podemos conseguir grandes resultados, sem exposição irrefletida ao perigo.

Basta que andemos atentos, como filhos da luz e não como filhos da indiferença.

Basta que façamos o que gostaríamos que fizessem conosco ou com um ser amado nosso.

Muitas vezes Deus nos coloca no caminho de alguém para ajudar, já que é através dos homens que Deus auxilia e socorre o homem.

Importante pensar nisso com carinho, como fez aquela mãe ao ver a jovem correndo perigo: “podia ser minha filha”.

Depois de pensar, agir, movimentar os passos na direção certa, que é sempre a direção do bem.

Pense nisso!

Você perceberá que em muitas situações do dia-a-dia uma atitude sua pode fazer a diferença.

Muita diferença mesmo...

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em fato ocorrido com um casal de amigos.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

REALIZANDO SONHOS...

 

A mídia falada, escrita, televisiva, vez ou outra, enfoca as lutas,  agruras e conquistas de pessoas famosas.

São astros da música, do cinema, da televisão que tiveram infância difícil, com ou sem pais, sem pão, sem abrigo.

Alguns desses, bem sucedidos no momento, não esquecem suas origens e, recordando o sofrimento passado, se transformam em mãos abençoadas, distribuindo favores, atendendo necessidades.

Outros, contudo, se transformaram em pessoas egoístas, que por terem sofrido muito, se acham agora em pleno direito de tudo usufruir, gozar. Esses, pensam somente em si.

Quando recordam o passado, o fazem de forma amargurada, afirmando que tudo lhes é devido, tudo merecem, por terem padecido em anos passados.

Mas, não são somente famosos que têm histórias interessantes.

Existem pessoas anônimas, pelo mundo, que alcançaram êxitos ainda mais surpreendentes e frutos mais saborosos.

A diferença é que não são focalizados pela mídia.

São pessoas sem beleza exterior exuberante. Pessoas como a alagoana Rosa Célia Barbosa. pequena, metro e meio de fortaleza moral e vontade de vencer.

Aos 7 anos, Rosa foi largada num orfanato, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Chorou durante meses.

Toda mulher de saia que via, ela achava que era a sua mãe que a vinha buscar. Depois de um tempo, desistiu...

Rosa Célia fez vestibular de medicina quando morava, de favor, num quartinho e trabalhava para se manter.

Formou-se e decidiu se dedicar à cardiologia neonatal e infantil, quando estava no Hospital da Lagoa, no seu Estado de origem.

Sem saber inglês, meteu na cabeça que teria que estudar em Londres, com nada menos que a maior especialista no mundo, Jane Sommerville.

Estudou inglês e conseguiu uma bolsa. Em Londres, era gozada pelos colegas ingleses por causa de seu inglês ruim.

Mas, quando acertou um diagnóstico difícil numa paciente escocesa, que examinou por oito horas seguidas, ela ganhou o respeito geral.

Ao lembrar do fato, Célia, divertida, diz que o inglês da paciente era ainda pior do que o seu próprio.

De Londres, Rosa Célia foi direto para Houston, nos Estados Unidos, como escolhida e convidada.

Foi então que descobriu estar grávida. Pediu 24 horas para pensar e optou pelo filho, retornando para o Rio de Janeiro.

Todo ano viaja para estudar. Passa, no mínimo, um mês no Children´s Hospital, em Boston, Estados Unidos, trabalhando 12 horas por dia.

No Rio de Janeiro, abriu consultório, reassumiu seu lugar no Hospital da Lagoa e já mereceu destaque em reportagem que apontou os melhores médicos daquele Estado.

Chefia um sofisticado Centro Cardiológico, onde são tratados casos limite, histórias tristes.

Hospital privado, caríssimo. Mas ela achou um jeito de operar ali crianças sem posses.

Criou uma ONG, consegue dinheiro com amigos e empresários e já conseguiu que fossem atendidas 500 crianças. 120 foram operadas.

Rosa Célia não tem fotos na mídia, nem brilha nas passarelas da moda.

Talvez nunca sua vida se torne um filme e diga ao mundo o que ela fez.

Mas ela sabe e tem certeza de que alcançou o seu sonho: Sonhei a vida inteira, diz ela. E consegui. Não importou ser pobre, ser órfã, ser mulher, baixinha, alagoana. Eu consegui.

Rosa Célia, um exemplo de quem perseguiu um sonho e o tornou uma feliz realidade.

Um exemplo para seguir, para insuflar coragem de lutar, para afirmar a muitos de nós que não devemos desistir dos nossos sonhos. Nunca.

* * *

Conquistas, sem amor, são efêmeras. Quando a criatura se reveste de amor, esparze, enquanto se felicita pelas metas alcançadas, júbilos e bênçãos ao seu redor.

Ama, pois, sonha e sê feliz, porque onde quer que esteja, a criatura humana é o grande investimento da Divindade.

Texto da Redação do Momento Espírita com base em crônica de Arnaldo Jabor,

intitulada Dra. Rosa Célia Barbosa x Galisteu.

REALIDADE DIVINA

 

Narra o gênio francês Victor Hugo que na França de 1815, vivia no sudeste daquele país, numa pequena cidade chamada Digne, um bispo de notáveis qualidades morais.

Monsenhor Bienvenu, como era conhecido, vivia no Palácio Episcopal.

Certo dia, quando caminhava a passos largos pela estrada, percebeu que, em sentido contrário, vinha uma carruagem.

Pouco depois, quando ela parou ao seu lado, ele pôde perceber a figura de um ex-senador do império de Napoleão, agora detentor do título de Conde.

Aonde vai, Monsenhor, com tanta pressa? Perguntou o Conde.

Atender a um chamado. Vou ao encontro de um pobre homem que me informaram se encontra à morte.

Ora, Monsenhor, lhe falou o Conde, o senhor é uma figura muito importante do clero francês. Não deveria estar se preocupando com pobres e criminosos. Não deveria andar a pé, pelas estradas poeirentas. Deveria dispor de sua própria carruagem.

O velho bispo o interrompeu, dizendo:

Não se preocupe, senhor Conde. Faço o que posso por aqueles que não gozam da assistência dos homens. Eles precisam do amparo de Deus.

É mesmo, atalhou o nobre. Na verdade, só os pobres precisam de Deus.

E debochando, falou:

Pelo jeito, se Deus não existir, vamos ter que dar um jeito e inventá-Lo, não é mesmo?

O religioso ignorou a observação e prosseguiu no seu caminho.

* * *

À semelhança do Conde, muitas criaturas existem que pensam assim. Deus é para os pobres, para os sofredores, para os desiludidos, aqueles que nada têm a esperar desta vida.

Contudo, apesar de tais pensamentos, Deus existe e é Pai de bondade para todos, mesmo os que afirmam não crer na Sua existência.

A existência de Deus é uma realidade comprovada pela revelação e pela evidência dos fatos. Observa-se que, no seio de povos selvagens, que nenhuma revelação tiveram, existe a crença na existência de um poder sobre-humano.

Eles veem coisas que estão acima das possibilidades do homem e deduzem que essas coisas provêm de um ente superior à Humanidade.

Deus se manifesta pelas Suas obras. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às mínimas coisas.

Importa-Se com todos os Seus filhos, com toda Sua criação. É por isso mesmo que Ele é onipresente, regendo o Divino concerto da natureza.

* * *

Ante as conquistas da inteligência e os trabalhos da tua vida, não esqueças de que sempre te encontras perto de Deus.

Onde te encontres, o que faças, para onde fujas, estarás sempre perto de Deus.

Redação do Momento Espírita com base nos itens 7 e 20 do cap. 2, de A GÊNESE, de Allan Kardec, ed. Feb; no artigo A bênção, publicado na revista Informação, nº 167 de outubro de 1996 e no verbete Deus, do livro Repositório de sabedoria, v.1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 11.05.2009.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O BALANÇO

 

Um balanço ao vento se move suavemente.

Não se vê chão, não se vê céu... Apenas um movimento ritmado para frente... para trás...

Juliana tem 13 anos e está feliz como nunca.

Mais forte, papai! - Diz ela, eufórica.

Naquele momento inesquecível, a paisagem se apaga para ela. Some em meio à alegria de estar com quem se ama.

Seu sorriso de criança encontra o ar leve, perfumado.

Seus ouvidos se deleitam com a voz tranquila do pai amado. Ela se sente segura, como nunca antes se sentira.

O balanço vai diminuindo o ritmo, e quando está prestes a parar ela percebe que o pai está diante do seu rosto.

Como ele é bonito... - ela pensa. Uma beleza especial, que está mais dentro do coração da filha, do que nos olhos do mundo.

Filha... Você precisa voltar. - Diz o homem ternamente.

Mas eu não quero, papai... - Responde ela com voz de cristal.

Eu sei, meu amor... Mas você precisa voltar.

Ela começa a chorar... O choro da brincadeira que acaba tão cedo. O choro da vontade de continuar ali.

A menina acorda em pranto.

Era um sonho! - Pensa ela. Mas parecia tão real...

Sente um aperto forte no peito e não consegue identificar o que é.

É a saudade... - diz uma pequena voz em sua cabeça.

Sim, era a saudade do pai, do amor que havia partido quando tinha apenas 3 anos de idade.

Ela já havia sonhado com ele várias vezes, mas dessa vez foi inesquecível. Tão especial que, a partir desse dia, ela aprendeu a chamar aqueles sonhos de visitas.

Todo balanço que vê, ativa sua memória, acelera seu coração, pois faz lembrar de um grande amor que esteve na Terra com ela, durante pouco tempo, mas que ainda a visita sempre.

*  *  *

Por onde andam os amores que não mais estão aqui conosco?

Se aprendemos que o amor une ao invés de afastar, por que crer na distância da morte?

Sim, a morte não nos separa. Talvez um breve afastamento físico, mas nunca o afastamento das almas.

Os que nos amam continuam ao nosso lado, e se partiram antes, quase sempre se tornam companheiros anônimos e invisíveis dos nossos dias.

São eles, muitas vezes, que nos trazem as forças que precisamos para continuar, o carinho dos bons conselhos ou os puxões de orelha amorosos.

Em espírito nos acompanham, oram e vibram por nós, da mesma forma que fariam se estivessem ainda encarnados.

A morte não muda o amor. A distância não é impedimento para o carinho.

Eles estão mais perto do que imaginamos, e neste grande ir e vir do planeta, logo mais estaremos juntos uma vez mais.

Estaremos juntos lá, pois nunca sabemos quanto tempo ainda temos, ou mesmo aqui, lembrando que a reencarnação é uma das Leis maiores do Universo.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 7 de junho de 2011

NOSSOS PRECONCEITOS

 

Preconceito é o conceito formado com base em julgamento próprio, com tom depreciativo. Deriva de análise tendenciosa, discriminatória.

Trata-se de um pré-julgamento, em que se desconhecem os detalhes. Define-se algo ou alguém, de acordo com nossos olhos de ver.

Isso tem causado muitos dissabores, no mundo, e continua a causar. Porque quem julga previamente não tem o cuidado de ficar com o conceito para si, mas o transmite a outros.

E esses, em ouvindo, não indagam se aquilo é verdadeiro ou não. Simplesmente admitem que seja.

Quando sabemos de alguém que se consorcia com outrem em que a diferença de idade é grande, a primeira pergunta que nos vem à mente é: Por que se casaram?

Se uma das pessoas tem fama, ou dinheiro, ou poder, logo cogitamos que o motivo para o consórcio seja do outro se aproveitar de um desses itens.

Esquecemos que pessoas famosas, como todas as pessoas, têm carências afetivas. Que buscam o amor, que desejam ser amadas.

Quando o velho doutor Hahnemann, vivendo na Alemanha, salvou da morte a parisiense Mélanie Gohier, mal poderia imaginar que seria ela a ponte para que a Homeopatia ficasse conhecida no mundo.

Sim, porque aquela mulher, de apenas trinta e cinco anos, se casou com o mestre alemão de oitenta anos.

O novo matrimônio de Hahnemann parece quase um conto. Ela era poetisa e pintora e desfrutava da amizade de excelentes poetas e pintores de Paris.

Logo após o casamento, em 1835, mudaram-se para Paris, onde ele obteve autorização para clinicar, a despeito da vigorosa oposição dos colegas alopatas.

A Academia de Medicina encaminhou um documento ao Ministro Guizot para que lhe fosse proibido o exercício da Medicina na França.

Guizot, por influência da esposa de Hahnemann, além de sua digna posição, decidiu o caso com grandeza ímpar e respondeu:

Trata-se de um sábio de grande mérito. A ciência deve ser de todos! Se a Homeopatia é uma quimera ou um sistema sem valor, cairá por si mesma.

Se ela é, ao contrário, um progresso, expandir-se-á apesar de nossas medidas proibitivas, e a Academia deve se lembrar, antes de tudo, que tem a missão de fazer progredir a ciência, de encorajar as descobertas!

Assim, a Homeopatia se estabeleceu em França, onde Hahnemann encontrou vários discípulos e seguidores.

Prosseguiu ensinando, curando e escrevendo, a despeito da avançada idade.

Aos oitenta e oito anos, ele regressou ao mundo espiritual. Estava forte e lúcido, mas com certeza já chegara ao fim a sua missão.

Deixou a Homeopatia reconhecida como ciência, a expandir-se pelo mundo.

Quem poderá, em sã consciência, deixar de agradecer a Melanie sua atuação junto ao grande mestre homeopata?

Não o tivesse levado a Paris, a cidade luz, teria a Homeopatia sido reconhecida e divulgada pelo mundo?

Assim, pensemos, antes de externar conceitos de valor preconceituosos. Busquemos analisar com olhos de ver e aprendamos a respeitar opções alheias.

Aprendamos a ter olhos compassivos, olhos que descobrem o bem. Olhos que veem as coisas positivas, sem julgamentos equivocados e precipitados.

Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Samuel Hahnemann.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O PREJUÍZO

 

É comum esquecermos, com muita rapidez, dos benefícios recebidos. Basta que o amigo ou alguém que sempre nos estendeu a mão, certo dia nos diga não.

É o que basta para considerarmos que aquela pessoa é má, indiferente, e todos os outros adjetivos ruins que nossa memória possa lembrar.

Da mesma forma, pessoas que temos em bom conceito, rapidamente se modificam, sob nosso ponto de vista.

Por algo que tenham feito, um pequeno deslize cometido, deixam de merecer nossa consideração.

Por vezes, são de forma repentina, alijadas do nosso convívio. São pessoas com as quais não desejamos mais ter contato.

Esse tipo de comportamento nos recorda de um fato acontecido, há muito tempo.

Existiu entre os anos 1870 e 1911 uma empresa chamada Standard Oil Company. Seu diretor era John D. Rockfeller.

Certo dia, um executivo da companhia tomou uma decisão errada, que custou à empresa mais de dois milhões de dólares.

No dia que a notícia vazou, a maior parte dos executivos procurou todos os meios para evitar Rockfeller.

Todos temiam que a sua ira se abatesse sobre as suas cabeças. Todos, menos um dos sócios da companhia.

Edward Bedford tinha uma reunião agendada com Rockfeller e a manteve.

Dirigindo-se para a sala, ficou imaginando que longo discurso ouviria contra o homem que cometera o erro.

Quando entrou na sala, o diretor do império Standard Oil estava com a cabeça curvada sobre a mesa e fazia anotações.

Bedford ficou esperando, parado, em silêncio. Depois de alguns minutos, sua presença foi percebida. Rockfeller olhou para ele e disse calmamente: Você ouviu a respeito do prejuízo?

E ante a resposta afirmativa, continuou: Estive pensando sobre o assunto e fiz algumas anotações antes de chamar o homem para conversar.

O diretor mostrou o que escrevera. No topo da página estava escrito: Pontos a favor do senhor fulano de tal.

Seguia-se uma longa lista das virtudes do homem. Inclusive uma breve descrição de três ocasiões distintas em que ele havia tomado a decisão correta, gerando lucros.

Os lucros somados superavam em muitas vezes o valor do prejuízo recente.

Conta Bedford que nunca se esqueceu daquela lição, que lhe serviu para a vida.

Todas as vezes que foi tentado a dispensar alguém, ele fazia o que fizera Rockfeller.

Sentava e escrevia uma lista com o maior número de qualidades possíveis dessa pessoa.

Confessa que, todas as vezes, ao terminar o levantamento, conseguia ver a questão sob outro ângulo, dominando seu impulso inicial.

Segundo ele, tal hábito lhe evitou cometer o mais dispendioso erro para um executivo: perder o autocontrole.

* * *

Se cada um de nós agisse de igual forma com os amigos, conhecidos, parentes que nos rodeiam, manteríamos em melhores condições nossos relacionamentos inter-pessoais.

No mínimo, deixaríamos de ser injustos, em nossa precipitação. Também não precisaríamos pedir tantas desculpas, posteriormente.

Nem nos sentiríamos envergonhados pelas tantas vezes que nos mostramos ingratos.

Nem sofreríamos tanto, por mágoa, inútil e tola.

Pensemos no exemplo e, quando tivermos vontade de romper com alguém, de lhe dizer impropérios, de lhe lançar em rosto “muitas verdades”, estanquemos a vontade.

Consultemos os arquivos da memória e lembremos quantas vezes aquela pessoa foi nosso sustentáculo, nosso apoio.

Quantas vezes nos ajudou, quantas alegrias colocou em nossas vidas, quanto nos serviu.

Com certeza nos surpreenderemos descobrindo que a soma dos benefícios recebidos supera em muito a do momento atual.

Então, manteremos a amizade, lembraremos de agradecer pelo tanto que representa em nossa vida.

Finalmente, nós mesmos haveremos de reconhecer como nossa vida se tornaria insípida sem aquela criatura que deus colocou em nosso caminho.

Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. O prejuízo, de autor desconhecido, do livro Histórias para o coração do homem, de Alice Gray e Al Gray, ed. United Press.

domingo, 5 de junho de 2011

FINALIDADE DA VIDA

 

 

Não são poucos os filósofos, pensadores, religiosos que, ao longo da História da Humanidade, vêm se debruçando em torno de uma indagação que, não raro, também toma a mente de nós todos: Afinal, qual o significado da vida?

Por que estamos nesta vida? Para alguns, a vida se faz com tranquilidade e dias previsíveis e de paz, a navegar em mar calmo e sereno.

Para outros, os dias são batalhas, esforços, dores e dificuldades, como tempestades a se suceder, mal terminando uma, para logo se armar outra.

Há aqueles que passam pela vida como quem está em um parque de diversões, na busca de prazeres e emoções fortes, sem compromissos de ordem alguma.

Há outros para os quais a vida se faz sinônimo de trabalho, em anseios por melhora financeira, por amealhar bens, garantindo sustento e segurança monetária para o futuro incerto.

Há aqueles que elegem os valores do individualismo e do egoísmo. Outros desdobram-se na preocupação com o próximo, nos valores da solidariedade e da cidadania.

Frente a tantas diferenças, tantas experiências e vivências, naturalmente haverá dias em que nos perguntaremos: Qual a finalidade da vida?

Se materialistas, responderemos a essa pergunta dizendo que a vida é para que desfrutemos de seus prazeres, não importa como e a que preço, pois quando a vida se esvair de nós, tudo estará consumado.

Se imaginamos a vida única e singular a esta existência, nossa resposta será que a vida é desafiadora e algo injusta, pois nessa única experiência nosso destino para após a morte será traçado.

Porém, se entendermos esta vida como mais um capítulo de um longo livro, que iniciou sua escrita desde há muito, veremos tudo sob outro prisma.

Entenderemos que a vida, sob o foco da Imortalidade da alma e da multiplicidade das existências, é mais uma oportunidade que o Senhor nos oferece para que nosso progresso se faça.

Assim, os desafios e oportunidades são sempre as lições melhores que a Providência Divina pode nos ofertar, para que novas conquistas alcancemos.

E, desta forma, entenderemos que o maior significado da vida é o do aprendizado das coisas de Deus, das Leis que regem o Universo, da melhoria e progresso individual.

Seja esse progresso intelectual, através do investimento em nossa formação, em nossa capacidade intelectiva, seja o progresso moral, através da transformação de valores menos nobres para aqueles consentâneos com a Lei de amor, que rege a tudo no Universo.

Lembremo-nos, portanto, que se dificuldades e problemas de grande monta batem à nossa porta, é o convite para novos aprendizados.

Assim também os dias de bonança e ventura serão dias de aprendizado das coisas da vida, das coisas de Deus.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.

sábado, 4 de junho de 2011

AMOR SEM CORRENTES

 

Em seu livro, "O Profeta", Kalil Gibran fala do matrimônio com grande sabedoria.

Vamos comentar algumas frases a fim de retirar delas ensinamentos úteis.

Referindo-se ao casal, diz Gibran: "amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão".

Desconhecendo ou ignorando essa importante orientação, muitos casais transformam o amor em verdadeiras cadeias para ambas as partes.

O amor deve ser espontâneo. Não pode ser motivo de brigas e exigências descabidas.

O amor compreende: não deve se constituir em grilhões que prendem e infelicitam.

Por vezes, em nome do amor, nós queremos que nosso companheiro ou companheira faça somente o que julgamos por bem. Só corta o cabelo quando permitimos. Só pode usar as roupas que aprovamos. Só sai se for em nossa companhia e não pode violar as regras estabelecidas pelo nosso egoísmo, para evitar brigas.

Isso não é amor, é prisão.

Amar sem escravizar, eis o grande desafio.

E o Profeta aconselha: "dai de vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço."

Isso significa dizer que devemos compartilhar, ser gentil, dar do nosso pedaço, mas sem exigir nada em troca.

É comum depois da gentileza vir a cobrança. Fazemos um favor e esperamos logo alguma recompensa. Pretendemos tirar alguma vantagem.

Dividir o pão, sim, mas não comer do mesmo pedaço. Isso quer dizer deixar ao outro o direito que lhe cabe do pedaço.

E Gibran continua: "cantai e dançai juntos, e sede alegres, mas deixai cada um de vós estar sozinho".

É importante compartilhar, mas saber respeitar a individualidade um do outro, sem invadir a intimidade da pessoa amada.

Há pessoas que, se pudessem, controlariam até mesmo o pensamento do seu par, a ponto de torná-lo a sua própria sombra. Isso não é amor, é extremado desejo de posse.

Mais uma vez Kalil Gibran aconselha: "vivei juntos, mas não vos aconchegueis em demasia, pois as colunas do templo erguem-se separadamente, e o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro."

Grande ensinamento podemos retirar daí, pois a comparação é perfeita.

Viver juntos, mas cada um respeitar o espaço do outro.

O lar é um templo que deve ser sustentado por duas colunas: cada uma na sua posição para que realmente haja apoio.

Se as colunas se aconchegam em demasia, o templo pode desabar. Por isso o profeta recomenda: "vivei juntos mas não vos aconchegueis em demasia."

O amor tem por objetivo a união e não a fusão dos seres. Não se pode querer viver a vida do outro, controlar os gostos e até mesmo os desgostos da pessoa com quem nos casamos.

É preciso que cada um cresça e permita o crescimento do outro, sem fazer sombra um para o outro.

Se os casais observassem esses pequenos mas eficientes conselhos, certamente teriam uma convivência mais harmônica e mais agradável.

Pense nisso!

O verdadeiro amor é aquele que compreende, perdoa, renuncia.

Em nome do amor devemos estender a mão para oferecer apoio e não para acorrentar.

Quem ama propicia segurança, confiança e afeto.

Lembre-se de que a pessoa com quem você convive não lhe pertence. É uma alma em busca do próprio aperfeiçoamento, tanto quanto você.

Lembre-se também que beijos e abraços só têm valor se não forem cobrados.

E, por fim, guarde a recomendação do profeta:

"Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão".

Fonte: Gibran Kalil Gibran, O Profeta, pág. 13

SENTIR DEUS

 

 

O jovem professor entrou na sala de aula e encontrou seus pequenos alunos debatendo, calorosamente, sobre Deus.

Como poderiam acreditar que Deus existe se não conseguiam vê-lo, nem tocá-lo?

Percebendo o nível da discussão filosófica das crianças, o professor pediu licença e propôs a eles uma experiência.

Colocou sobre a mesa dois copos transparentes com água e perguntou se eles podiam notar algo de diferente entre um e outro.

Os pequenos responderam, em uma só voz:

"Nenhuma diferença. Ambos contem água limpa."

Então o jovem deu a cada um deles uma colher, pedindo-lhes que provassem um pouco do conteúdo de cada copo.

Quando todos haviam experimentado tornou a perguntar:

"E então, ainda afirmam que são iguais?"

E a resposta foi outra:

"Não, num dos copos a água é doce, no outro não é".

Aí o jovem educador disse:

"Acontece o mesmo com relação a Deus. Para perceber a sua existência é preciso experimentá-lo."

Não podemos vê-lo nem tocá-lo, mas podemos senti-lo.

E percebendo que a classe estava ávida para saber mais a respeito dessas questões, o professor continuou com seus argumentos.

Deus não pode ser tocado com as mãos, nem medido com fita métrica, pesado na balança, ou visto com os olhos físicos.

Mas podemos sentir Deus ao tocar as pétalas de uma flor,  sua textura aveludada, seu perfume, sua coloração única...

Não podemos medir Deus, mas podemos mensurar sua grandiosidade nas dimensões do universo, nos astros a girar no firmamento, nas manhãs claras e belas, na organização dos seres infinitamente pequenos.

Não podemos pesar Deus, mas podemos perceber sua força geradora e mantenedora, nas leis que regem e sustentam constelações, nebulosas e galáxias, suspensas no espaço sem fim.

Podemos observar o criador no impulso das ondas que agitam os oceanos, no instinto dos animais, na dança das estações.

Não conseguimos ver Deus com os olhos, mas podemos sentir Deus nas múltiplas expressões do bem e do belo, do amor criativo e ativo, na chama de esperança que vibra na alma de cada filho seu.

Deus é invisível, mas sua presença é evidente nas várias expressões do dinamismo da vida:

No sangue que corre em nossas veias...

O oxigênio que respiramos...

No Sol que dardeja ouro sobre a terra, possibilitando a vida...

Na Lua, satélite silencioso e solitário, que vigia o planeta durante as noites...

Na chuva, que cai de mansinho acordando as sementes que dormem sob o solo generoso...

Na brisa leve que conduz o pólen e permite a geração das flores.

Ah!... as flores...

As flores são a assinatura do próprio Criador no quadro da natureza...

* * *

O observador atento não enxerga só com os olhos do corpo...

Como disse o poeta ao seu pequeno príncipe, "o essencial é invisível aos olhos". Porque os olhos são extremamente limitados.

Os filósofos, os poetas, os artistas, os profetas e, porque não? Os cientistas, vêem mais com a alma que com os olhos.

Para enxergar bastam os olhos, mas para ver é preciso um sentido a mais...

Pense nisso, e experimente sentir Deus.

Equipe de Redação do Momento Espírita, sob inspiração de palestra de Cristian Macedo, no Centro Espírita Ildefonso Correia

sexta-feira, 3 de junho de 2011

PERDÃO DE MÃE

 

A notícia chocou todos os habitantes da pequena República de Palau, na Micronésia.

Um casal e seu filho, assassinados dentro de sua própria casa, por um homem de nome Justin, que buscava apenas alguns bens de consumo para roubar.

O funeral de Ruimar de Paiva e sua família foi acompanhado por cerca de quatrocentas pessoas na cidade de Koror, entre elas o Presidente da República, profundamente abalado.

Um evento, porém, marcou para sempre a vida daqueles habitantes.

Presentes estavam a mãe de Ruimar de Paiva e, também, a mãe do assassino.

Dona Ruth de Paiva, profundamente emocionada, ao fazer um pronunciamento aos presentes, pede a presença da mãe de Justin ao seu lado.

As pessoas ficam em silêncio, quase sem respirar, imaginando o que poderia acontecer naquele momento.

Dona Ruth, trêmula, pega nas mãos da outra mãe, levanta-as em direção aos presentes, e afirma:

Aqui estão duas mães... Estou certa de que a mãe de Justin orou muitas vezes por seu filho, e estou certa de que seu coração está terrivelmente ferido.

A Sra. de Paiva contém as lágrimas, e termina dizendo:

Eu apenas desejo dizer à mãe de Justin que estarei orando por ela... E por Justin.

Segundo declaração do Presidente da República de Palau, que assistiu à cerimônia fúnebre, a habilidade da Sra. Paiva em perdoar, permitia à nação começar um processo de cura.

Disse ainda que perdoar, quando o incidente é tão recente, ajudou muitas pessoas a olharem além da tragédia, e verem que podemos nos perdoar e viver juntos.

* * *

Você seria capaz de perdoar, passando por uma situação dessas?

É natural que a resposta da maioria de nós seja negativa. O perdão ainda se faz difícil no coração das almas da Terra.

Mas exemplos como este, que felizmente já são muitos neste mundo, vêm nos dizer que é possível, que somos capazes de perdoar.

A busca de uma vida mais feliz nos leva pelo caminho do perdão, sem dúvida alguma. Sem esquecer as mágoas, sem abandonar a vingança, não encontraremos dias melhores, tal qual sonhamos.

Ninguém consegue alçar voos, carregando o peso do ressentimento no Espírito.

Perdoar é nos libertar da angústia, do medo, do ódio.

Quem perdoa compreende a justiça de Deus, que tudo vê e que nos faz sempre os únicos responsáveis por nossos atos.

Quem perdoa encontra uma nova forma de amar, a da compaixão, que vê o agente do mal como alguém que sofre, e precisa de ajuda.

* * *

Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio;

Perdoar aos amigos é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar-se melhor do que era.

    (...) Se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se usardes de rigor até por  uma ofensa leve, como querereis que Deus esqueça de que cada dia maior necessidade tendes de indulgência?

Trabalhemos pelo perdão. Aprendamos como perdoar, dia após dia, experiência após experiência.

 

Redação do Momento Espírita com base em notícia publicada em vários jornais, em 6 de janeiro de 2004, e no cap. X, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O PESO DO VIVER

 

 

Viver não é uma tarefa muito fácil.

Em todas as fases da vida os desafios se apresentam.

Na infância, há os trabalhos escolares, as tarefas cada vez mais complexas.

Na adolescência, perceber o mundo pode ser bastante doloroso.

Na juventude, deve-se optar por uma profissão e desenvolver esforços para conquistá-la.

Na época da maturidade, surgem problemas com filhos e abundam desafios profissionais.

Na velhice, o balanço do que se viveu pode causar decepção, sem falar nas forças físicas em declínio.

Permeando tudo isso, há problemas de saúde e amorosos, além de dificuldades com a família.

A vida é repleta de encontros e desencontros, de despedidas, lutas, vitórias e fracassos.

Dependendo do ângulo que se analisa, a vida pode parecer um castigo, um autêntico peso a ser suportado.

E realmente os problemas são inerentes ao viver.

Desconhece-se alguém que tenha atravessado a existência sem enfrentar dúvidas e crises.

Entretanto, viver é uma dádiva divina.

Embora a vida também envolva dores e sacrifícios, ela não se resume nisso.

Há a emoção do nascimento de um filho, a alegria de amar e ser amado, a beleza de um pôr-do-sol.

Depende de cada um escolher quais aspectos de sua existência irá valorizar.

É possível manter a mente focada na longa enfermidade que se atravessou, ou nas lições que com ela foram aprendidas.

Podem-se destacar os esforços feitos em determinada direção, ou a satisfação da vitória.

Conforme seja enfocado o aspecto positivo ou negativo das experiências, viver será algo mais ou menos leve.

Mas há outro aspecto a ser considerado a respeito das dificuldades inerentes à existência humana.

Como tudo no universo, os homens estão em constante aprimoramento.

Todos são espíritos, em jornada para a amplitude.

A existência terrena é um diminuto instante nessa maravilhosa viagem pelo infinito.

Após estagiar por longo tempo na seara do instinto, a humanidade desenvolve sua razão e ruma para a angelitude.

Para isso, necessita aprimorar sua sensibilidade, tornar-se valorosa e nobre.

As experiências com que a criatura se depara voltam-se justamente a prepará-la para seu glorioso porvir.

É preciso que os instintos gradualmente percam sua força, dando lugar às virtudes.

Assim, amar não mais como manifestação de posse, mas de forma sublime, preocupando-se em ver feliz o ser amado.

Educar a própria libido, percebendo-a como energia criativa, em harmonia com o cosmo.

Esquecer a tendência de dominar pela força, aprendendo a convencer pela lucidez dos argumentos.

Abdicar da violência, desenvolvendo a afabilidade e a doçura.

A vida chama as criaturas para um amanhã de luz, de paz e ventura.

Ocorre não ser possível cultivar um jardim em pleno charco.

Justamente por isso viver parece tão difícil.

É que os homens são constantemente convidados a abrir mão de velhos vícios.

Tanto maior seja a resistência em aprender a lição, tanto mais contundente ela será.

Assim, se você quer ser feliz, desfrutar de bem-estar, passe a remar a favor da maré.

Dome seus vícios, conscientizando-se de que eles é que o infelicitam e tornam sua existência penosa.

Ame a vida, seja honesto, trabalhador, bondoso e puro.

Em pouco tempo seu viver se tornará leve e prazeroso, pois você terá instalado um céu dentro de sua própria consciência.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.