Ali Rafed
era um homem que se dizia feliz, vivia na Pérsia, hoje Irã.
Considerava-se feliz porque amava uma mulher e com ela havia se
casado. Tinha filhos e plantara árvores.
No seu
conceito de fiel seguidor do livro sagrado, o Alcorão, ele fizera
tudo o que uma pessoa deveria fazer em sua vida.
Certo dia,
um homem, trajado com muita simplicidade, passou por suas terras e
lhe pediu asilo.
Ali Rafed o
recebeu, alimentou-o e o abrigou. Ao se despedir, na manhã seguinte,
o pedinte lhe perguntou se ele se considerava feliz.
Como o
anfitrião sorrisse afirmativamente, ele perguntou:
Tens
diamantes?
Não, respondeu Ali Rafed. Nem sei o que
são.
O
homem sacudiu os ombros, reiniciando a sua jornada e falou: E
pretendes ser feliz, se não tens diamantes e nem sabes o que
são?
A partir de
então, Ali Rafed se tornou angustiado. Depois de muito perguntar,
alguém lhe disse que diamantes eram pedras preciosas, normalmente
encontradas nas nascentes dos grandes rios, como o Nilo e o
Eufrates.
Pediu,
então, ao seu cunhado que cuidasse da esposa e dos filhos. Deu-lhe
metade de sua propriedade e vendeu a outra parte.
Depois
partiu, procurando por diamantes. Andou por terras distantes, por
anos e anos. Perdeu todos os haveres que havia levado. Finalmente,
morreu doente perto de Barcelona, na Espanha.
Mas, dez
anos depois de Ali Rafed ter deixado sua propriedade, mulher e
filhos, o homem de roupas rasgadas tornou a passar por
ali.
Encontrando
o novo proprietário das terras, perguntou pelo antigo e teve
notícias de suas aventuras em busca das pedras
preciosas.
Pediu
hospedagem por aquela noite. Após o jantar, enquanto descansava em
uma cadeira, na sala, o homem ergueu os olhos e foi atraído por
algumas pedras maravilhosas que enfeitavam a lareira.
Aproximou-se, tocou-as e seu olhar brilhou mais que todas
elas. Perguntou ao dono da casa onde conseguira aquelas pedras. Eram
diamantes!!!
Ora, disse o outro, no córrego que
atravessa minhas terras. Aquele mesmo onde bebem as
cabras.
Quando
amanheceu o dia, o homem já alcançara o córrego e descobrira a maior
mina de diamantes do mundo: a mina de Golkonda, que brindou o mundo
com extraordinários diamantes como o Koinorr e o
príncipe Orloff.
* *
*
Na ânsia de
buscar felicidade, o homem, por vezes, se parece com Ali Rafed.
Desconsidera o que tem nas mãos, o que usufrui e sai em busca de
ilusões.
Não se
apercebe que os maiores tesouros, aqueles que lhe deverão conferir
felicidade, são justamente a paz de consciência pelo dever cumprido,
a bênção do afeto dos familiares, o trabalho que lhe propicia o
prazer de autossustentar-se, a possibilidade do estudo e da
experiência bem vivida.
Felicidade,
em verdade, não é ter coisas, mas é um estado de tranquilidade
íntima e paz de consciência.
Redação do
Momento Espírita, com base na palestra Floresça onde for
plantado, de Divaldo Pereira Franco.