Como anda seu envolvimento com as outras
pessoas?
Você é daqueles que se fecha em seus problemas, em suas
dificuldades, nem sequer querendo saber se existe alguém à sua volta
que precisa de ajuda?
Ou você é daquelas almas que já consegue se envolver com as
dores alheias, procurando diminuí-las, ou pelo menos não deixando
que alguém sofra na solidão?
Há uma certa passagem que pode ilustrar isso. Foi vivida pelo
autor Leo Buscaglia, quando, certa vez, foi convidado a ser jurado
de um concurso numa escola. O tema da competição era: A criança
que mais se preocupa com os outros.
O vencedor foi um menino cujo vizinho – um senhor de mais de
oitenta anos – acabara de ficar viúvo. Ao notar o velhinho no seu
quintal, em lágrimas, o garoto pulou a cerca, sentou-se no seu colo
e ali ficou por muito tempo.
Quando voltou para sua casa, a mãe lhe perguntou o que
dissera ao pobre homem.
Nada. – Disse o menino – Ele tinha
perdido a sua mulher, e isso deve ter doído muito. Eu fui apenas
ajudá-lo a chorar.
* * *
A pureza do coração das crianças é sempre fonte de
ensinamentos profundos.
Geralmente costumamos dizer que não estamos aptos a ajudar
alguém, por não sermos capazes, ou porque sabemos tão pouco para
consolar.
Para muitos, essa é uma posição de fuga, uma desculpa que
encontramos para mascarar o egoísmo que ainda grita dentro de nossa
alma, dizendo que precisamos primeiro cuidar de nós mesmos, e que os
outros são menos importantes.
Para outros, isso reflete a falta de esclarecimento, pois
precisamos compreender que todos temos capacidade de
auxiliar.
Não nos preocupemos se não conhecemos palavras bonitas para
dizer, ou se não podemos conceber uma saída miraculosa para uma
dificuldade que alguém atravesse.
Nossa companhia, nosso ombro amigo, nosso dizer Estou
aqui com você, são atitudes muito importantes.
Muitas vezes, o que as pessoas precisam é de alguém para
chorar ao seu lado, para estar ali, afastando o fantasma da solidão
para longe, e não permitindo que os pensamentos depressivos tomem
conta de seu senso.
Outras vezes, mais importante que os conselhos, que as lições
de moral, é o nosso abraço apertado, nosso tempo para ouvir o
desabafo de alguém.
Não precisamos ter todas as respostas e soluções dos
problemas do mundo em nossas mãos, para conseguir
ajudar.
Os verdadeiros heróis são aqueles que ofertam o que têm, o
que sabem, e, mais do que tudo, ofertam seus sentimentos, suas
lágrimas aos outros.
Você sabia?
Você sabia que não precisamos dizer Meus pêsames, às
pessoas, quando enfrentam a morte de um ente querido?
O dicionário nos diz que a palavra pêsames, significa pesar
pelo falecimento ou infortúnio de alguém. Assim sendo, torna-se um
termo muito pesado, já que aprendemos a compreender a morte, não
como um desastre, um infortúnio, e sim uma passagem, uma mudança na
vida daquele que parte, e daqueles que ficam.
Não nos preocupemos em ter algo para dizer. Um abraço fala
mais do que mil palavras. Uma prece silenciosa é como uma brisa
suave consolando os corações que passam por esse momento.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O que mais se
preocupava, do livro Histórias para pais, filhos e
netos, de Paulo Coelho, ed. Globo.