segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O PREJUÍZO

É comum esquecermos, com muita rapidez, dos benefícios recebidos. Basta que o amigo ou alguém que sempre nos estendeu a mão, certo dia nos diga não.

É o que basta para considerarmos que aquela pessoa é má, indiferente, e todos os outros adjetivos ruins que nossa memória possa lembrar.

Da mesma forma, pessoas que temos em bom conceito, rapidamente se modificam, sob nosso ponto de vista.

Por algo que tenham feito, um pequeno deslize cometido, deixam de merecer nossa consideração.

Por vezes, são de forma repentina, alijadas do nosso convívio. São pessoas com as quais não desejamos mais ter contato.

Esse tipo de comportamento nos recorda de um fato acontecido, há muito tempo.

Existiu entre os anos 1870 e 1911 uma empresa chamada Standard Oil Company. Seu diretor era John D. Rockfeller.

Certo dia, um executivo da companhia tomou uma decisão errada, que custou à empresa mais de dois milhões de dólares.

No dia que a notícia vazou, a maior parte dos executivos procurou todos os meios para evitar Rockfeller.

Todos temiam que a sua ira se abatesse sobre as suas cabeças. Todos, menos um dos sócios da companhia.

Edward Bedford tinha uma reunião agendada com Rockfeller e a manteve.

Dirigindo-se para a sala, ficou imaginando que longo discurso ouviria contra o homem que cometera o erro.

Quando entrou na sala, o diretor do império Standard Oil estava com a cabeça curvada sobre a mesa e fazia anotações.

Bedford ficou esperando, parado, em silêncio. Depois de alguns minutos, sua presença foi percebida. Rockfeller olhou para ele e disse calmamente: Você ouviu a respeito do prejuízo?

E ante a resposta afirmativa, continuou: Estive pensando sobre o assunto e fiz algumas anotações antes de chamar o homem para conversar.

O diretor mostrou o que escrevera. No topo da página estava escrito: Pontos a favor do senhor fulano de tal.

Seguia-se uma longa lista das virtudes do homem. Inclusive uma breve descrição de três ocasiões distintas em que ele havia tomado a decisão correta, gerando lucros.

Os lucros somados superavam em muitas vezes o valor do prejuízo recente.

Conta Bedford que nunca se esqueceu daquela lição, que lhe serviu para a vida.

Todas as vezes que foi tentado a dispensar alguém, ele fazia o que fizera Rockfeller.

Sentava e escrevia uma lista com o maior número de qualidades possíveis dessa pessoa.

Confessa que, todas as vezes, ao terminar o levantamento, conseguia ver a questão sob outro ângulo, dominando seu impulso inicial.

Segundo ele, tal hábito lhe evitou cometer o mais dispendioso erro para um executivo: perder o autocontrole.

* * *

Se cada um de nós agisse de igual forma com os amigos, conhecidos, parentes que nos rodeiam, manteríamos em melhores condições nossos relacionamentos inter-pessoais.

No mínimo, deixaríamos de ser injustos, em nossa precipitação. Também não precisaríamos pedir tantas desculpas, posteriormente.

Nem nos sentiríamos envergonhados pelas tantas vezes que nos mostramos ingratos.

Nem sofreríamos tanto, por mágoa, inútil e tola.

Pensemos no exemplo e, quando tivermos vontade de romper com alguém, de lhe dizer impropérios, de lhe lançar em rosto “muitas verdades”, estanquemos a vontade.

Consultemos os arquivos da memória e lembremos quantas vezes aquela pessoa foi nosso sustentáculo, nosso apoio.

Quantas vezes nos ajudou, quantas alegrias colocou em nossas vidas, quanto nos serviu.

Com certeza nos surpreenderemos descobrindo que a soma dos benefícios recebidos supera em muito a do momento atual.

Então, manteremos a amizade, lembraremos de agradecer pelo tanto que representa em nossa vida.

Finalmente, nós mesmos haveremos de reconhecer como nossa vida se tornaria insípida sem aquela criatura que deus colocou em nosso caminho.


Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. O prejuízo, de autor desconhecido, do livro Histórias para o coração do homem, de Alice Gray e Al Gray, ed. United Press

domingo, 30 de agosto de 2009

Dias de pressa

 

Você já teve a impressão de que os dias se passam cada vez mais céleres? J

á passou pela sensação de Natais cada vez mais próximos uns dos outros, ou de semanas que passam tão corridas, que nem notamos os dias que escoam?

Esses são dias de pressa, de correria, de intensidade. São dias onde as necessidades, deveres e compromissos se avolumam, e dias, noites, semanas são ocupados intensamente, e já não vemos o tempo passar.

Já não mais nos debruçamos na janela da vida, para ver a vida passar. Não há tempo, com tão pouco tempo, para ver a vida. Só nos sobra tempo para vivê-la.

Com a mente constantemente ocupada, o pensamento está sempre no próximo compromisso, no dever seguinte, no compromisso que se aproxima.

Passa-se a viver o tempo dos nossos compromissos, o tempo da agenda cheia de datas, o tempo de fora.

E o nosso tempo de dentro? O tempo de nossos sentimentos, do nosso corpo, das necessidades internas, será ele o mesmo tempo de fora?

Ao nos atrelarmos a tanto e a tudo, os olhos, mente e preocupações ficam com as coisas de fora e esquecemos das coisas de dentro.

O tempo que nos impusemos para viver, não é o tempo do nosso organismo e de nossas emoções.

Quantas vezes as refeições são engolidas ao atropelo, quando não esquecidas, prejudicando o aparelho digestivo?

E a mente exigida intensamente, o controle emocional sob pressão constante, os sentimentos sempre em desafio não encontram espaço para serem cuidados.

Vivemos como se tivéssemos somente um mundo externo a cuidar, sem preocupações com o corpo, descomprometidos com a alma.

Como resultado, doenças que se instalam precoces, níveis de stress ou fobias se instalando em nós, sinalizando que algo está errado.

É verdade que a vida é feita de desafios, e que devemos cumprir nossas obrigações profissionais, buscar melhorar nossa condição de vida, dar conta dos compromissos assumidos.

Mas nada disso nos impede de vivermos como alguém que não esqueceu que tem alma, e que o corpo é somente veículo de que essa se utiliza, buscando aprendizado.

Desta forma, não se deixe envolver tão intensamente pelas coisas do mundo, já que ele é passageiro, e de eterno, somente sua alma.

Coloque na sua agenda também o seu tempo de oração, os momentos de meditação, as horas de reflexão tão necessárias para a vida de dentro.

Dê a si mesmo a oportunidade de almoçar com o prazer de sentir o gosto da comida, de desfrutar da companhia de quem compartilha a mesa, de respeitar o tempo de dentro.

Mesmo que a vida nos exija muito, e o tempo fique exíguo, as coisas de dentro terão sempre tanta importância quanto as coisas de fora.


Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.

sábado, 29 de agosto de 2009

Estações do ano

 

Qual estação do ano você prefere?

O calor do verão, o suave perfume e as temperaturas amenas da primavera, ou ainda o vento fresco outonal precursor dos dias frios invernosos?

Alguns se adaptam aqui ou acolá, nessa ou naquela temperatura, estação, clima... Mas nenhum de nós poderia dizer que uma delas é a mais importante. Cada uma tem sua finalidade.

Assim podemos dizer de nossa existência aqui na Terra. A cada época da vida, a cada estação do ano, objetivos, experiências e desafios novos.

Nascemos qual a primavera, cheia de promessas e de um vir a ser, no construir planos para um futuro próximo.

É na nossa primavera, nos primeiros anos de nossa existência que nos preparamos para uma nova vida que se inicia.

Nessa época, quando as lembranças e valores do ontem ainda dormitam, é que a terra do coração deve ser adubada, e cultivados novos valores nos jardins de nossa intimidade.

A infância, primavera de nossa vida, é época propícia para a educação e formação de novos caracteres em nosso mundo íntimo, quando nos estruturamos, alma imortal, para os desafios de nova existência.

Como na natureza, após a primavera, em nossa vida chega o verão, oportunidade de produzir, crescer e frutificar. A juventude nos chega com a empolgação, energia e arroubo, suas parceiras diletas.

Porém, como na natureza, os frutos do verão serão condizentes com os cuidados realizados na primavera. Pomar cuidado na primavera, frutos saudáveis no verão.

No verão de nossas vidas é a época do aprendizado, quando os valores que trazemos na alma, desde o ontem, se somam aos adquiridos em mais essa existência para enfrentar desafios e embates.

No verão, os momentos decisórios de nossa existência, quando as opções do caminhar são tomadas, e as estradas a trilhar são escolhidas.

Logo mais, quando menos se espera, à empolgação dos dias intensos se sucedem os prenúncios do outono. As experiências vividas na estação anterior ganham a oportunidade da reflexão. No outono de nossa vida, a maturidade nos chega trazendo o aprendizado.

Nos dias outonais da existência o aprendizado e a vivência do verão ganham o tempero da experiência, que oportuniza novas opções, que novos olhares nos ensejam reflexões mais profundas.

Logo mais, o ocaso do inverno nos arrebata a existência, através da velhice, quando a alma reencarnada tem o ensejo de olhar todo o seu caminhar, refletir e analisar toda uma vida.

O inverno, ao contrário do que se pensa, é estação de conquistas. Já não mais as conquistas externas, pois que o corpo alquebrado e a energia da juventude distante pedem outros caminhos.

É na velhice que as mais profundas análises do próprio eu se oportunizam, quando olhamos nós mesmos em perspectiva, ao longo de mais uma existência vivida.

E para que essa reflexão, ao final de uma existência?

Aí, olhamos para a natureza para aprender, que a reflexão profunda e silenciosa do inverno, é só mais um preparo para a outra primavera que se aproxima.


Redação do Momento Espírita.

COBRANÇA INDEVIDA

 

Depois de um dia de caminhada pela mata, mestre e discípulo retornavam ao casebre, seguindo por longa estrada.

Ao passarem próximo a uma moita de samambaia, ouviram um gemido.

Verificaram e descobriram um homem caído. Estava pálido e com uma grande mancha de sangue, próxima ao coração.

Tinha sido ferido e já estava próximo da inconsciência.

Com muita dificuldade, mestre e discípulo o carregaram para o casebre rústico, onde viviam. Lá trataram do ferimento.

Uma semana depois, já restabelecido, o homem contou que havia sido assaltado e que ao reagir fora ferido por uma faca.

Disse também que conhecia seu agressor, e que não descansaria enquanto não se vingasse.

Disposto a partir, o homem disse ao sábio:

"Senhor, muito lhe agradeço por ter salvado a minha vida. Tenho que partir e levo comigo a gratidão por sua bondade. Vou ao encontro daquele que me atacou e vou fazer com que ele sinta a mesma dor que senti."

O mestre olhou fixo para o homem e disse:

"Vá e faça o que deseja. Entretanto, devo informá-lo de que você me deve três mil moedas de ouro, como pagamento pelo tratamento que lhe fiz."

O homem ficou assustado e disse:

"Senhor, é muito dinheiro. Sou um trabalhador e não tenho como lhe pagar esse valor!"

Com serenidade, tornou a falar o sábio:

"Se não pode pagar pelo bem que recebeu, com que direito quer cobrar o mal que lhe fizeram?"

O homem ficou confuso e o mestre concluiu:

"Antes de cobrar alguma coisa, procure saber quanto você deve. Não faça cobrança pelas coisas ruins que aconteçam em sua vida, pois a vida pode lhe cobrar tudo de bom que lhe ofereceu."

Todos os dias somos aquinhoados com centenas de bênçãos. A primeira, é a própria oportunidade de tornar a abrir os olhos no corpo físico.

Depois, a oportunidade de encher os pulmões de ar. Ar que nos é dado pela Divindade.

A bênção do alimento que nos nutre o corpo. Alimento que extraímos da terra generosa, bastando que nela plantemos a semente.

A bênção do trabalho que nos permite o desenvolvimento das nossas habilidades, o progresso, a aquisição de bens materiais que nos são necessários.

Enfim, o digno sustento próprio e dos que nos constituem responsabilidade.

A bênção da religião, que nos fortalece o espírito, dando-nos o conhecimento da existência de um Deus Pai, que dirige os nossos destinos e guarda a nossa vida.

A bênção da família, dos amigos, dos colegas, dos animais de estimação.

Cada qual, a seu modo, nos oferta, a cada dia, seu carinho, sua devoção, enriquecendo as nossas horas.

Pense, enfim, nas bênçãos que todos os dias você recebe, sem esforço algum.

Você não precisa acender o sol, nem pedir a ele que apareça. Ele simplesmente vem e lhe dá calor, luz, vida.

Você não necessita acionar botão algum para que o vento amigo se manifeste nos dias de ardência. Ele simplesmente vem.

Balança o arvoredo, espanca nuvens borrascosas, limpa o céu e ainda brinca de desarrumar os seus cabelos.

Você não precisa suplicar ao botão para desabrochar. Ele arrebenta em perfume e colorido para o seu deleite.

Você não precisa suplicar aos pássaros que encham de sons o dia. Eles aparecem e brindam seus ouvidos com a variedade infinita de seus trinados e cantorias.

Por tudo isso, pense, que direito você tem de tomar contas a quem quer que seja, por algo ruim que lhe tenha feito, ante um débito tão grande para com a divindade que tudo vê, provê, sem exigência alguma.

Pense nisso!


Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria ignorada.

http://www.momento.com.br

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sem tempo ruim


Os que despertamos todos os dias, a cada dia, com os mesmos problemas, costumamos desanimar.
Dizemo-nos cansados porque a noite, que estabeleceu o intervalo entre o ontem e o hoje, não apagou as dificuldades que ressurgem, com o dia novo.
Angustiamo-nos porque a rotina nos sufoca, os problemas se acumulam, as soluções parecem não chegar nunca.
E nos arrastamos por mais 24 horas.
No entanto, ao ouvirmos relatos de pessoas que sofreram grandes impactos em suas vidas, o que notamos é sua força de vontade vigorosa, a certeza de lutar e vencer.
Uma dessas pessoas é a americana Lauren Manning.
No dia 11 de setembro de 2001, ao entrar no edifício da Torre Norte do World Trade Center, em Nova Iorque, uma bola de fogo desceu pelo poço do elevador e a derrubou.
82% do seu corpo sofreu queimaduras.
As mãos ficaram de tal modo queimadas que nelas só existe tecido cicatrizado e osso.
Seu filho tinha, na ocasião, somente 10 meses de vida.
E, enquanto ele deixou o carrinho para engatinhar, passou a andar, aprendeu a usar o patinete e a bicicleta, ela teve de aprender a se sentar, ficar de pé, andar, usar o copo, o garfo e a faca.
Depois de mais de 25 cirurgias realizadas para enxerto de pele, correção de cicatrizes nas costas, no rosto e nas mãos, Lauren mantém o otimismo.
Os progressos físicos foram conseguidos a duras penas. Graças a uma luva especialmente ajustada, Lauren até consegue segurar uma raquete de tênis. Embora não possa sacar.
Ela ainda visita terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas, que a ajudam a alongar as mãos delicadas, terrivelmente queimadas pelo metal quente das portas do saguão.
Com todo esse drama, Lauren diz: Eu não tenho dias ruins.
Ela e o marido aproveitam o que tem: um ao outro e ao filho Tyler que, somente aos 4 anos de idade, soube o que aconteceu com sua mãe naquele dia terrível.
Isso porque viu os pais na TV e, então, lamentou:
Não queria que você tivesse se machucado.
Em verdade, se não tivesse se atrasado, naquele dia, ela estaria no 106º andar, na hora em que o avião se chocou contra a torre. E teria morrido.
O atraso lhe salvou a vida.                        
Lauren brinca com o filho, sorri ao contar como faz teatrinho com ele, dramatizando histórias e confidencia que adoraria ter mais filhos.
A esperança está viva nela que conclui: A vida não poderia ser melhor.

*   *   *


Sejamos mais otimistas, batalhadores.
Miremo-nos em exemplos como o de Lauren, que existem às centenas.
Agradeçamos a Deus pela vida, pelas nossas dores, pelas nossas vitórias.
Não temamos o fracasso e não alimentemos tragédias.
Vivamos cada dia, com sol, chuva ou tempestade porque, afinal, a madrugada de bonanças surge sempre, concedendo-nos breve trégua, a fim de que nos reabasteçamos de luz e prossigamos.
Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita com base no artigo Sobrevivi,
por Gail Cameron Wescott, publicado na revista
Seleções Readers Digest, de setembro.2006.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

DESCULPAS FREQÜENTES

 

Quem já desenvolveu algum tipo de trabalho voluntário sabe o quanto é difícil conseguir que os companheiros persistam na tarefa e não a abandonem.

Existem as desculpas mais freqüentes para desistir-se de qualquer empreitada.

Poderíamos relacionar as cinco mais comuns.

Primeira: “não tenho tempo.”

Essa é uma das frases mais ouvidas nos dias atuais.

As pessoas correm de um lado para o outro, todos os dias.

Dividem seu tempo entre o trabalho, o estudo, o lazer, e mais uma infinidade de atividades.

Porém, há coisas que não valem a pena.

Muitas vezes desperdiçamos minutos valiosos em atividades ou em programas que se revelam, mais tarde, lamentáveis equívocos.

Então, na verdade, o que sofremos não é a “falta de tempo”, mas sim a dificuldade de priorizar tarefas e de utilizar de modo razoável e útil as horas de que dispomos.

Segunda: “não sei fazer.”

Há pessoas que não sabem realizar determinadas tarefas e não têm o menor interesse em aprendê-las.

Há quem diga: “não sei e tenho raiva de quem sabe.”

Em outras palavras, não querem a responsabilidade de saber para se esconder na ignorância e na incapacidade voluntária de realizar qualquer atividade diferente.

Trata-se de uma omissão deliberada, negando-se a buscar um objetivo nobre.

Na visão evangélica, são pessoas que “enterram seus talentos” e que nada produzem de bom.

Terceira: “não tenho saúde.”

Pequenas indisposições costumam servir de desculpas para o afastamento das mais singelas atividades.

Porém, não são suficientemente graves para impedir que a mesma pessoa deixe de buscar prazeres e lazeres dos mais variados, na mesma ocasião.

Ou seja: só não se está bem o suficiente para trabalhar, porque não há motivos reais para recusar as ofertas fúteis e vazias do mundo.

Quarta: “tenho medo.”

Nessa situação, a frase mais comum é: “quem sou eu para fazer isso?”

Mais do que falsa modéstia, a pessoa que costuma valer-se de tal argumento, na verdade, quer eximir-se de novas atribuições.

É muito cômodo alegar o receio de errar.

Ora, não podemos esquecer que só erra quem faz.

Aquele que nada realiza equivoca-se apenas por omitir-se, por deixar de realizar.

No entanto, é melhor correr o risco de errar, produzindo algo de bom, do que simplesmente lavar as mãos e não errar nunca, mas também nada fazer.

Quinta: “outra pessoa vai fazer isso.”

Muitos cruzam os braços na certeza de que a tarefa será levada a cabo por outras pessoas.

Na verdade, boa parte das tarefas efetivamente poderá ser realizada sem o auxílio, sem a participação daqueles.

No entanto, sendo cada pessoa única, o resultado que se obtém em cada obra pode ser diferente.

Além disso, na maioria das vezes, a tarefa não precisa deles, mais sim são eles próprios que precisam dessa oportunidade para aprender e para se  desenvolver. 

Pense nisso! 

O trabalho no bem é uma oportunidade abençoada que não deve jamais ser retardada ou abandonada, sob pena de prejudicar a evolução do próprio trabalhador envolvido.

Evite desculpas vãs.

Busque o trabalho, realize e cresça.  


Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no Boletim Alnon – Informativo Nacional nº 80.
www.momento.com.br

terça-feira, 25 de agosto de 2009

REFÉNS DO MEDO

Na sala de aula, a professora perguntou aos seus alunos: “Do que vocês têm mais medo?”

Depois de um breve e tenso silêncio, um garoto respondeu, um tanto tímido: “Eu tenho medo do escuro”.

Outro, falou: “Tenho muito medo do bicho-papão”.

Medo da morte, medo de altura, medo de ser esquecido pelos pais na escola...

Vários medos foram confessados e anotados pela sábia professora, que desejava libertar os pequenos do sofrimento gerado pelo medo, através do uso da razão.

Por fim, uma garotinha disse, com ar de assustada: “tenho muito medo do malamém, que é um monstro muito perigoso...”

“E você já viu esse monstro? Perguntou, interessada, a professora.

“Nunca vi, mas é um monstro tão perigoso que minha mãe pede todos os dias a Deus que nos livre dele”, esclareceu a menina.

E concluiu: “minha mãe sempre pede a Deus no fim da sua oração: ... E livrai-nos do malamém.”

Não é preciso refletir muito para entender a situação daquela criança com relação ao medo do monstro, criado pela sua imaginação.

O medo era tão tirano que ela nunca ousou confessá-lo à mãe.

Um medo terrível de algo que nunca existiu.

Mas será que somente as crianças têm medo do que desconhecem?

Certamente não.

A ignorância tem sido, desde todos os tempos, a grande responsável pelo terror imposto pelo medo.

O desconhecido gera medos inconfessáveis, em pessoas de todas as idades.

Mas como podemos ter tanto medo do desconhecido?

Isso ocorre justamente porque os monstros criados pela imaginação geralmente são mais terríveis do que os reais.

O medo da morte é um exemplo disso.

O medo do inferno também tem feito reféns.

O juízo final é outro tirano que atemoriza muita gente.

Todos esses temores são frutos da ignorância, não há dúvida.

Existem pessoas que têm medo do futuro, medo da solidão, medo de sentir medo, e por aí vai...

Enquanto a razão não lançar suas luzes sobre essas questões, o medo continuará a infelicitar os indivíduos, fazendo-os reféns da própria ignorância.

Jesus tinha razão ao afirmar que o conhecimento da verdade nos libertará.

O conhecimento é diferente de crença. A crença é sempre cega, vazia de certezas.

Para crer em algo não é preciso conhecer, basta acreditar. Mas a convicção só se adquire através do conhecimento.

Conhecimento que gera a fé inabalável. Fé que encara a razão face a face, sem hesitar, em todas as situações.

Assim sendo, vale a pena envidar esforços para libertar-nos dos medos, buscando lançar luz sobre o que a ignorância oculta.

Importante libertar nossas crianças, muitas delas reféns de monstros imaginários terríveis, dialogando com elas sobre seus medos.

É preciso considerar que o medo é o pior de todos os monstros, e precisa ser aniquilado com urgência.

É preciso clarear os caminhos escuros da ignorância com a luz do conhecimento, para que o medo bata em retirada...

Como asseverou o grande filósofo grego, Sócrates: “Há apenas um bem: o conhecimento; e um mal: a ignorância”.

Sócrates foi o precursor das idéias cristãs, e, como Jesus, também foi vítima da ignorância de seus contemporâneos.

Pensemos nisso e busquemos, com vontade firme, conhecer as leis que regem a vida!

Só assim seremos verdadeiramente livres de todos os medos que tanto nos infelicitam.


Redação do Momento Espírita

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

ONDE O AMOR FLORESCE

Existem vidas que transmitem grandes lições. Quase sempre são criaturas que não são famosas, nem por serem artistas, políticos, ou terem realizado feitos que alteraram o destino da humanidade.

São pessoas que vivem o dia-a-dia, junto a outras tantas.  Geralmente poucos lhes lembram os nomes.

Recentemente, num documentário televisivo a respeito do holocausto, ouvimos a história de uma jovem polonesa e seu drama, durante a segunda grande guerra.

Quando Hitler invadiu a Polônia e iniciou a perseguição aos judeus, sua família viveu alguns meses, escondida em um porão.

Descobertos, contudo, foram separados e ela nunca mais viu seus pais ou teve notícias de seus irmãos.

No campo de concentração, onde foi colocada, ela padeceu os maiores horrores. A comida era pouca, o tratamento rude. As companheiras enlouqueciam. Ou eram mortas. Ou se matavam.

A essa altura, o repórter perguntou à entrevistada se ela nunca pensara em se matar.

“Sim,” disse ela. “Mais de uma vez. Quando o frio era muito grande, a fome parecia me devorar e eu não via perspectiva de salvação. Mas, nesses momentos, lembrava de meu pai.”

Logo que fomos para o porão nos ocultar dos nazistas, ele me disse um dia: ‘filha, aconteça o que acontecer, nunca fuja da vida. Resista até o fim.’

E me fez prometer que jamais eu desistiria de viver.

Quando os aliados foram vitoriosos, a jovem, e mais 4000 mulheres foram obrigadas a uma marcha forçada pelos alemães, em fuga das tropas aliadas.

Finalmente, um número muito pequeno delas, que não haviam morrido no longo trajeto, foram abandonadas num campo de concentração e encontradas, mais tarde, pelos americanos.

Aquelas mulheres estavam desnutridas. Algumas sequer podiam se erguer, tal o estado de fraqueza.

Ela mesma, confessa, tinha dificuldades para andar, pesava 30 e poucos quilos somente. E não tomava banho há 3 anos. O seu tempo de aprisionamento.

Então um oficial americano, muito bonito se aproximou dela e a tomou nos braços, carregando-a até um caminhão.

Durante o trajeto ele foi lhe dizendo que ficasse calma, que tudo daria certo, que ela receberia o socorro necessário.

Cinqüenta e oito anos depois, frente às câmeras de televisão, ela e o marido mostravam a alegria de sua união.

Bom, o marido não era outro senão o jovem oficial americano que a encontrou magra, suja, desnutrida e a carregou nos braços, naquele dia distante.

Ela não somente teve a sua vida salva naquele momento, sendo resgatada de uma situação de penúria, como encontrou o seu grande amor.

Um amor que atravessou meio século e continua tão forte e especial como nos dias do início namoro.

Um amor que foi concebido ao final de uma hecatombe, e em que o primeiro encontro foi num ambiente de dor, miséria moral e intenso sofrimento.

Ele era o jovem robusto, vigoroso. Ela, uma esquálida jovem, pouco mais que adolescente, sofrida e quase sem esperanças.

Deus tem mesmo inimagináveis caminhos para encontros e reencontros de almas que se desejam unir pelo amor.

                                          * * *

Se os dias lhe parecem demasiado pesados, com sua carga de problemas, não desista de lutar.

Se você está a ponto de abandonar tudo, espere um pouco. Aguarde o amanhecer, espere o dia passar e deixe o sol retornar outra vez.

Quando você menos espera, o socorro chega, a situação se modifica, a problemática alcança uma solução.

Não se esqueça:

O amor de Deus nunca falha!

Aguarde.

 

Redação do Momento Espírita

domingo, 23 de agosto de 2009

O romantismo não morreu

 

Nos tempos que correm, uma onda de pessimismo parece ter tomado conta das pessoas.

Ouvimos idosos, olhando para o passado, e lamentosos, dizerem: Ah, no meu tempo era tão diferente.

Abanam as cabeças, de forma negativa, olhando para os jovens que falam em ficar, em pegar e que parece terem esquecido todas as regras do recato e do bom tom.

Saudosos, esses que amadureceram na vida, lembram do tempo do seu namoro, onde pegar na mão do namorado já queria dizer um compromisso sério.

Beijo antes do casamento, somente na mão, na testa ou na face. Onde, enfim, tudo era reservado para a noite de núpcias. Especial, única, inapagável.

Onde se aguardava o dia do casamento como o do dia D: inigualável.

Ouvindo tudo isso, se nos deixarmos envolver, acabaremos, igualmente por nos contaminar. E tudo passaremos a ver dessa forma.

Como se o romantismo tivesse morrido, o amor tivesse sido substituído por expressões ligeiras de um afeto fantasioso, que hoje é e amanhã é jogado fora.

Contudo, não são todos os jovens que deixaram de sonhar com as coisas belas. E o amor continua na moda. O romantismo subsiste nas almas que amam o belo, o bom.

Verificamos isso, em muitas atitudes detectadas na juventude. Quantas meninas sonham com o baile de debutantes, o serem enlaçadas por um jovem belo e adentrarem o salão, ao som de uma emocionante valsa?

Observamos, em concertos que têm proliferado pelo mundo, acontecendo em grandes estádios, para milhares de pessoas. Ali estão as mais variadas idades presentes: crianças, jovens, adultos, idosos.

E cada qual se emociona à sua maneira com a orquestra, a música, a dança, as cores e as luzes.

Uns choram lembrando os amores já vividos, as experiências passadas.

Outros se emocionam, sonhando com o futuro que almejam para si, ao som dos acordes que se sucedem e do espetáculo que é mostrado no palco.

Quando veem jovens lindas, em vestidos maravilhosos, com seus pares em elegantes fraques se movimentarem aos sons melodiosos de uma valsa, as lágrimas lhes vêm aos olhos.

Elas suspiram... E sonham. Sonham em ter um amor, que seja eterno. Em ter um par para toda a vida. Um par que as beije com delicadeza, que tenha gestos de polidez.

Par que saiba elevá-las no ar, com braços fortes, quando as dores lhes estiverem vergastando os dias, exatamente como os dançarinos fazem com suas acompanhantes, no palco.

Sim, o amor não morreu. As jovens continuam a sonhar com cavalheiros e eles, com verdadeiras damas.

Não nos deixemos contaminar, pois, pela onda de pessimismo que se apresenta em muitos seres.

Saibamos descobrir esses corações mal saídos da infância, sonhando com um futuro de alegria, de amor e de beleza. Para si, para seu par, para sua família, para o mundo.

Ao lado dessas criaturas que parecem para nada ligar, senão para o momento presente, milhares de almas almejam um futuro melhor para esse planeta, começando por idealizar e lutar por sua própria e verdadeira felicidade.

Pensemos nisso e invistamos nesses jovens, que podem ser nossos filhos, nossos netos, nossos sobrinhos, nossos irmãos, nossos amores, bem próximos de nós.

Descubramo-los e os auxiliemos em sua construção do mundo de amor, desde agora. Por eles, por nós, pelos que virão após.


Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Quando deixei de ver a lua

 

Num final de noite frio, de noite estrelada, um homem dirige seu carro pelas ruas da cidade.

No banco de trás ele carrega um tesouro: seu filhinho de 2 anos de idade.

Parados no semáforo, ele observa que o filho está com o olhar fixado no alto, longe, para fora da janela.

Uma luz azul suave adentra o veículo, iluminando o rosto da criança, proporcionando uma beleza sem igual para o pai apaixonado.

Então, com aquela voz tenra, a voz pequena da descoberta das primeiras palavras, o filho diz: lua.

Sim, é mesmo! – diz o pai. É a lua! Que linda é a lua, não é, meu filho?

A criança nada responde, e continua observando, encantada, o satélite natural da Terra.

As crianças sabem que o belo precisa ser contemplado, e que qualquer palavra é pequena e insuficiente para descrevê-lo.

Após isto, o pai torna o olhar para fora também, e consegue observar a maravilha de uma noite enluarada de outono.

Consigo então pensa: Quando deixei de ver a lua?...

Lembrou-se que fazia muito tempo, desde a última vez que pôde contemplar o fulgurante brilho lunar.

Será que me esqueci da lua?... Ela certamente não esqueceu de mim, pois há pouco conversava com meu filho, em pensamento...

*   *   *

Os dias tumultuosos; os muitos afazeres; as preocupações. Tudo isso pode nos fazer perder um pouco o contato com a natureza, e com as coisas simples da vida.

Começa o ano, quando vemos já é março, já é junho... E nesse tempo todo – pois é muito tempo – não pudemos ver o céu estrelado, um pôr do sol, ouvir um pássaro cantar...

Faltou tempo, alegamos, quando na verdade faltou oportunidade. E quem é capaz de criar tais oportunidades? Somos nós apenas, ninguém mais.

O contato com a natureza nos renova as forças, nos proporciona momentos de reflexão, de pensamentos mais leves, despretensiosos até...

Tudo isso faz bem à alma e ao corpo. O ser humano precisa recarregar suas energias, constantemente, e Deus nos deu diversas fontes inesgotáveis de tais recursos.

Uma volta na quadra a passos lentos; um piquenique sem hora para começar ou terminar; alguns minutos de brincadeira com os filhos...

Um jantar surpresa, a dois; uma visita a alguém querido; um final de semana sem TV ou Internet...

Não podemos nos deixar ser simplesmente consumidos, pelo mundo moderno e suas neuroses atuais.

A vida é muito mais que acordar, trabalhar, alimentar-se, usufruir de pequenos prazeres, dormir...

Estamos aqui, na Terra, com objetivos muito claros e nobres. Estamos aqui para crescer, para nos transformar em pessoas de bem através do amor.

Se nos esquecemos disso passamos a ser espécies de zumbis sociáveis, afogados em mil afazeres, sempre fazendo algo – sem tempo para nada – mas, vazios, tristes, depressivos.

Assim, não deixe de ver a lua, de notar as estrelas, e de se maravilhar com elas.

Não deixe de estar de corpo e alma com quem você ama; não deixe de observar a natureza, e escutar o que ela sempre tem a lhe dizer.


Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ante os Espíritos Puros

Os feitos das grandes almas que transitaram pelo planeta costumam impressionar.

Eles englobam fenômenos magnéticos ainda misteriosos, como os milagres.

Há também atos grandiosos de renúncia e coragem, de abnegação e disciplina.

Muitas vezes o homem, ao refletir sobre eles, anela realizá-los, por sua vez.

Pensa nessas almas iluminadas e deseja partilhar-lhes o banquete de luz.

Entretanto, a imensa maioria dos Espíritos vinculados à Terra constitui-se de consciências endividadas.

A angelitude persiste como uma meta um tanto distante.

Apesar disso, é possível começar, desde logo, a escalada em direção aos planos superiores da existência.

Não lhe é viável, hoje, sustar o curso de uma tempestade com o mero erguer de suas mãos.

Contudo, possui meios de asserenar a dor dos companheiros em sofrimento.

Não lhe é possível, de um momento para o outro, transmitir ao mundo mensagens de supremas e confortadoras revelações.

No entanto, com reduzido esforço, pode acender a luz do alfabeto em muitos cérebros que tateiam na noite da ignorância.

Não possui meios para, como fez o Cristo no Tabor, materializar seres sublimes da Espiritualidade Excelsa.

Todavia, nada o impede de tornar realidade um caldo reconfortante para os doentes abandonados que esmorecem de fome.

Na atualidade, resultaria infrutífero qualquer empreendimento de sua parte para limpar alguém coberto de chagas, pronunciando simples ordem verbal.

Mas pode alimentar a esperança e lavar as feridas de seu irmão.

Talvez ainda não consiga sorrir com serenidade para quem o esbofeteia, como fazia Gandhi.

Mas seguramente pode relevar quando um colega de trabalho fala algo ríspido.

É bom e saudável refletir nos Mensageiros Divinos, respeitar-lhes a missão e admirar-lhes a grandeza.

Também é conveniente pedir-lhes apoio nas dificuldades da jornada terrestre.

Mas não se afigura sensato tentar obter de improviso as responsabilidades que lhes pesam nos ombros.

Assim, não reclame para seus braços ainda frágeis o serviço próprio de um gigante.

Antes de pretender ser sublime, trate de ser honrado e solidário.

Cuide principalmente de cumprir os singelos deveres que lhe competem.

Para isso, não se diga cansado, nem se proclame inútil.

Reflita que um mísero verme, muito distante de seu pensamento, é um servo esquecido que aduba a terra.

Da terra adubada é que surge o pão, que lhe sustenta a vida e possibilita o seu agir no mundo.

Toda ocupação útil, por simples que se apresente, possui valor.

O relevante é bem desempenhar a própria tarefa.

Ela constitui uma etapa necessária na elaboração do anjo de luz que você será um dia.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. LXVIII do livro
Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de
Francisco Cândido Xavier,ed. Feb

 

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ouvidos de ouvir

 

Uma reunião com índios americanos revela um ensinamento importante e urgente.

Agrupados os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Todos calados à espera do pensamento essencial.

Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem.

Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais.

Esses pensamentos são estranhos aos demais. É preciso tempo para entender o que o outro falou.

Se alguém falar logo a seguir, são duas as possibilidades que se pode pensar.

Primeira – quem falou está dizendo: Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua fala.

Segunda: Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.

Em ambos os casos, está se chamando o outro de tolo. O que é pior do que uma bofetada.

O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.

Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz silêncio dentro, começa-se a ouvir coisas que não se ouvia.

*   *   *

Muitos são os cursos oferecidos pelo mundo afora, pretendendo ensinar a falar. Ter uma boa oratória é fundamental nos dias de hoje.

Mas será que apenas saber falar é suficiente? Não estamos esquecendo o que vem antes? Não estamos esquecendo de aprender a ouvir?

Não existem cursos de escutatória, é certo, mas aprender a ouvir corretamente é de suprema importância.

A postura humilde de quem ouve, de quem presta atenção nas palavras do outro, do que o outro diz ou não diz, é a postura do homem de bem.

Ninguém se educa, ninguém cresce, se não aprende a escutar.

Alberto Caieiro dizia que não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma.

Silêncio dentro da alma significa que os pensamentos devem emudecer de quando em vez.

As ideias preconcebidas, a tal maneira como sempre pensei, devem calar um pouco, e considerar algo distinto, saborear o novo.

Todos os grandes da Terra souberam ouvir, souberam se desprender de suas ideias e considerar novas, considerar o algo mais.

Grandes escritores são antes grandes leitores. Sabem escutar outros livros, antes de recitar os seus próprios.

Que possamos aprender a ouvir mais, a respeitar mais a opinião do outro, e assim aprender com todos, independente se sabem mais ou menos do que nós.

Exercitemos a tal escutatória e cultivemos o silêncio na alma, nos pensamentos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

ESTATURA ESPIRITUAL

Quando alguém nos pergunta sobre a nossa estatura, logo informamos quanto temos de altura.

Mas se alguém nos perguntar sobre a nossa estatura espiritual, o que diremos?

Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas a estatura espiritual é a nossa real dimensão.

O notável poeta português Fernando pessoa escreveu, numa de suas poesias: porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura...

Eu sou do tamanho do que vejo, eis os parâmetros para saber nossa real estatura.

Como você observa o mundo? De que maneira age em seu âmbito de influência? Como trata as questões do universo em que se movimenta?

As respostas a essas perguntas ajudam a dimensionar sua estatura espiritual.

Se você observa o mundo de um ponto de vista abrangente, que contempla mais do que seu próprio lar, seu emprego, seus familiares e seus amigos, tem uma boa estatura.

Se em seu âmbito de influência você prioriza sempre e incondicionalmente o bem geral, a nobreza das iniciativas, a importância de cada pessoa envolvida no contexto, você é grande.

Se nas decisões que lhe cabem você sempre leva em conta o esforço, a dedicação, a intencionalidade de quem lhe apresenta um projeto, uma nova idéia, uma sugestão, você tem uma ótima estatura.

Se trata com a mesma consideração e respeito todas as pessoas, se não discrimina ninguém, se não faz pré-julgamentos e age sempre com justiça, você é gigante.

Mas..., se seu mundo se resume nos seus próprios interesses e nos de seus familiares, do seu time de futebol, do seu partido político, da sua religião...

Se você rejeita projetos novos que lhe são apresentados, sugestões ou opiniões que venham de pessoas que você não estima, ou ofereçam algum risco aos seus interesses pessoais...

Se age de acordo com as suas conveniências, da de seus correligionários, dos que pensam como você, então você tem estatura espiritual de pigmeu.

Existem pessoas que não conseguem vislumbrar os verdadeiros valores da vida, porque sua estatura espiritual é mínima.

São essas as pessoas que sentem inveja, ciúmes, e não suportam ver os outros felizes.

Por causa da sua miopia espiritual, não admitem o bem realizado por um indivíduo que torce para o time adversário, professa uma fé diferente da sua ou tem idéias divergentes.

Ainda que trabalhem na mesma corporação, professem a mesma fé, ou sejam do mesmo partido político, esses pigmeus não aceitam as boas idéias, simplesmente porque não são suas.

Essa é uma visão muito limitada, e é por isso que vivemos num mundo ainda problemático, do ponto de vista ético-moral.

Quando nossos horizontes se ampliarem, e a nossa visão for bem maior que a nossa altura, então formaremos uma nação onde a felicidade poderá fazer morada.

Pense nisso!

Pessoas que têm uma visão abrangente da vida são as que fazem o bem pelo bem, e não por conveniência ou interesses escusos.

Valorizam as boas iniciativas por elas mesmas, e não pelas pessoas envolvidas.

O bem geral passa a ser a meta, e quem quer que deseje unir forças para realizá-lo será bem-vindo, como um verdadeiro irmão.

E agora, você já sabe responder qual é a sua real estatura?

Lembre-se de que você é do tamanho do que vê e não do tamanho da sua altura...


Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

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terça-feira, 11 de agosto de 2009

A MAIS BELA FLOR

 

O bosque estava quase deserto quando o homem sentou-se para ler embaixo dos longos ramos de um velho carvalho.

Estava desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando afundá-lo.

E como se já não tivesse razões suficientes para arruinar o seu dia, um garoto chegou, ofegante, cansado de brincar.

Parou na sua frente, de cabeça baixa e disse, cheio de alegria:

- Veja o que encontrei!

O homem olhou desanimado e percebeu que na sua mão havia uma flor.

Que visão lamentável! Pensou consigo mesmo.

A flor tinha as pétalas caídas, folhas murchas, e certamente nenhum perfume.

Querendo ver-se livre do garoto e de sua flor, o homem desiludido fingiu pálido sorriso e se virou para o outro lado.

Mas ao invés de recuar, o garoto sentou-se ao seu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:

- O cheiro é ótimo, e é bonita também... Por isso a peguei. Tome! É sua.

A flor estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas ele sabia que tinha que pegá-la, ou o menino jamais sairia dali.

Então estendeu a mão para pegá-la e disse, um tanto contrafeito:

- Era o que eu precisava.

Mas, ao invés de colocá-la na mão do homem, ele a segurou no ar, sem qualquer razão.

E naquela hora o homem notou, pela primeira vez, que o garoto era cego e que não podia ver o que tinha nas mãos.

A voz lhe sumiu na garganta por alguns instantes...

Lágrimas quentes rolaram do seu rosto enquanto ele agradecia, emocionado, por receber a melhor flor daquele jardim.

O garoto saiu saltitando, feliz, cheirando outra flor que tinha na mão, e sumiu no amplo jardim, em meio ao arvoredo.

Certamente iria consolar outros corações, que embora tenham a visão física, estão cegos para os verdadeiros valores da vida.

Agora o homem já não se sentia mais desanimado e os pensamentos lhe passavam na mente com serenidade.

Perguntava-se a si mesmo como é que aquele garoto cego poderia ter percebido sua tristeza a ponto de aproximar-se com uma flor para lhe oferecer.

Concluiu que talvez a sua auto-piedade o tivesse impedido de ver a natureza que cantava ao seu redor, dando notícias de esperança e paz, alegria e perfume...

E como Deus é misericordioso, permitiu que um garoto privado da visão física o despertasse daquele estado depressivo.

E o homem, finalmente, conseguira ver, através dos olhos de uma criança cega, que o problema não era o mundo, mas ele mesmo.

E ainda mergulhado em profundas reflexões, levou aquela feia flor ao nariz e sentiu a fragrância de uma rosa...

* * *

Verdadeiramente cego é todo aquele que não quer ver a realidade que o cerca.

Tantas vezes, pessoas que não percebem o mundo com os olhos físicos, penetram as maravilhas que os rodeiam e se extasiam com tanta beleza.

Talvez tenha sido por essa razão que um pensador afirmou que "o essencial é invisível aos olhos."


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Um grão de ouro é capaz de dourar grande superfície, mas não tão grande como um grão de sabedoria.
Thoreau
Poeta norte-americano
1817-1862
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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

CALAR A BOCA

 

A maioria dos pais desejam que seus filhos sejam felizes. Que cresçam com saúde. Que sejam amados, inteligentes, que conquistem louros na escola, na profissão, na vida.

Apesar disso, nem sempre conseguem seu intento.

Por mais que desejem, por mais que se empenhem, por vezes um dos seus filhos, quando não todos eles, detestam a escola.

Alguns têm problemas de relacionamento, ou não desejam trabalhar, ou, ainda, se envolvem com drogas, crimes, etc.

Muitas vezes nos questionamos: por quê?

Não teremos nos empenhado o suficiente? Onde teremos falhado?

Não devemos esperar que nossos filhos sejam perfeitos, desde que a perfeição não é deste planeta onde vivemos.

Temos que nos preocupar em transformar nosso filho em um homem de bem, bom o bastante para viver no mundo e servir ao mundo.

Com tal disposição, é importante que repensemos a nossa função educativa, como pais.

Dentro do lar, às vezes agimos de forma a invalidar as teorias, ou seja, desmentimos na ação o que aconselhamos aos filhos.

Uma das frases mais ditas, possivelmente, para as nossas crianças, é o famoso "cala a boca!"

Normalmente, a frase cai como um raio sobre um pirralhinho que já repetiu a mesma questão, pelas nossas contas, mais ou menos umas dez vezes.

De verdade, será talvez a quinta. Nossa impaciência é que multiplica de forma equivocada.

Consideremos que a criança é repetitiva mesmo. Faz parte do seu desenvolvimento infantil a repetição para fixar conceitos e frases que ela vai aprendendo.

Freqüentemente, é preciso explicar dezenas de vezes a mesma coisa para que ela entenda.

E aquela bateria de: “por que, hein?” Leva muitos pais à exaustão.

Mas se a criança está repetindo, se ela está perguntando outra vez, é porque sente a necessidade de uma compreensão que lhe seja satisfatória.

Por isso, não tem jeito. É preciso se munir de paciência, responder, e responder.

Mesmo porque, caso contrário, os pais podem criar um filho que tem medo de falar, medo de se exprimir, medo de ser repreendido.

Uma criança com esse tipo de insegurança poderá ter dificuldades na escola, pois não entenderá o que foi explicado, mas jamais perguntará.

Nas questões afetivas também terá problemas. Não falará o que pensa, por medo ou insegurança.

Perguntar faz parte do aprendizado. Pensemos bem: não é verdade que a nossa impaciência estoura sobre o pequeno, não porque estejamos cansados de responder os porquês, mas porque não sabemos respondê-los?

Afinal, quem de nós vai saber explicar para o pequenino porque a lua é redonda? Porque a formiguinha anda em fila indiana? Porque ele deve colocar a jaqueta que detesta só porque nós estamos com frio?

Calma deve ser a nossa tônica todos os dias. Dar as explicações necessárias, sem nos alongar muito, nem complicar a resposta.

E lembremos de uma coisa: pessoas educadas não mandam as outras calarem a boca. Demos o exemplo para os nossos filhos.

Você sabia?

Você sabia que nossos filhos são espíritos reencarnados que já passaram por muitas existências?

Por esse motivo não lhes tiremos as oportunidades de aprendizado, nem lhes soneguemos informações, pois eles são filhos de Deus, tanto quanto nós, a caminho da evolução.


Equipe de Redação do Momento Espírita.
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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O RAIO DE LUZ


Todas as noites antes de fazer os filhos adormecerem, um pai muito carinhoso conversava com eles, enquanto afagava-lhes os cabelos anelados.

Diariamente escolhia um assunto que encontrava no evangelho, ou em algum acontecimento do cotidiano.

Naquela noite sem luar, quando as nuvens encobriam as estrelas, ele arranjou uma forma diferente de chamar a atenção das crianças.

Colocou-as no sofá da sala e disse-lhes que não se assustassem com a escuridão, porque apagaria todas as luzes da casa, de propósito.

E assim o fez.

Deixou a casa às escuras e sentou-se no meio dos filhos que o aguardavam apreensivos.

Perguntou-lhes o que eles eram capazes de ver em meio àquele breu.

O menininho mais velho comentou que conseguia distinguir os contornos da cadeira que estava a sua frente, mas que não conseguia saber ao certo qual objeto produzia a sombra que se apresentava um pouco mais adiante.

O pai, aproveitando a oportunidade esclareceu:

“Nossos olhos acostumam-se com a ausência de luz e acabam conseguindo, com algum esforço, distinguir alguns objetos. Porém, não é possível notar tudo quando a luz nos falta. Alguns contornos podem enganar nossos sentidos. Muitos detalhes passam despercebidos. As cores deixam de ser perceptíveis. A ausência de luz dificulta nosso caminhar, porque não conseguimos notar com segurança para aonde estamos indo.”

Nesse momento, ele acendeu uma vela que trazia consigo.

As crianças exultaram diante da claridade que se fez na sala.

“Vejam!” – convidou o pai –“percebam como tudo parece diferente na presença da luz. As sombras já não mais nos confundem. Agora as formas assumem contornos mais exatos. Como é mais fácil buscar um caminho, quando há luz a mostrar a direção correta.”

Encantadas com a singela, porém, inesquecível descoberta, as crianças concordaram com o pai, enquanto o cobriam de carinhos antes de serem levados para a cama. 

A maior glória da alma que deseja participar na obra de Deus será transformar-se em luz na estrada de alguém.

Registramos a luz sem nos adentrar em sua grandeza.

O raio de luz penetra a furna escura, levando a réstia de claridade que espanca as trevas.

Adentra o vale sombrio e estimula o florescer.

Atinge a gota d’água e reverte-a em um diamante multicolorido.

Visita o pântano e transforma-o em jardim, em pomar.

Viaja pelo ar, aquece vidas e alimenta-as.

Beija as corolas e desata perfumes inesquecíveis.

Aninha-se no cristal e ele reverbera, embelezando-se ainda mais. 

* * * 

Não nos deixemos adoecer pelo amolentamento.

Há tantas possibilidades de darmos utilidade e beleza à vida.

Com o exemplo da luz, o Criador convida-nos a fazer o mesmo.

Desfaçamos as sombras nos corações.

Drenemos os charcos das almas.

Projetemos alegrias fomentadoras de vida naqueles que se encontram combalidos pela tristeza e pelo desalento.

Sejamos também um raio de luz, espraiando brilho e calor, beleza e harmonia, em todos os momentos, iluminando, assim, também, nossos próprios caminhos. 


Equipe de Redação do Momento Espírita
www.momento.com.br