quinta-feira, 31 de março de 2011

UM ÓTIMO DIA

 

Quase todos nós costumamos iniciar o dia nos dirigindo àqueles com quem moramos, trabalhamos ou estudamos, com duas palavras, quase mecânicas: Bom dia.

Será que realmente paramos para pensar no que falamos? Será que nos esforçamos para viver um bom dia e para proporcionarmos aos outros o mesmo?

Talvez um verdadeiro bom dia seja aquele no qual nossos primeiros pensamentos sejam os de agradecer a noite dormida, e a oportunidade de acordar para um novo dia.

Esses pensamentos, na forma de uma oração silenciosa, podem ser feitos enquanto nos levantamos, enquanto colocamos a água para o café, enquanto acordamos nossos familiares.

Um bom dia pode começar com uma simples e adequada refeição, em respeito ao nosso corpo que dela precisa, sem correrias ou jejuns tão prejudiciais à saúde.

Que tal, ao invés do rádio, com notícias por vezes inquietantes, abrirmos a janela para vermos, nós mesmos, como está o tempo? Seja a chuva tão necessária, ou o sol tão acolhedor, recebidos por nós com um sorriso.

Ao invés de enfrentar o trânsito, que façamos parte dele, entendendo que assim é a vida na cidade. Ninguém precisa reagir às atitudes erradas dos outros, apenas entendamos que eles ainda não evoluíram nesse item.

Se usamos o transporte coletivo, procuremos ser gentis com todos, com destaque para os mais velhos e com quem necessita de atenções especiais, não agindo como parte de uma massa, mas, sim, como um indivíduo.

Um bom dia, no trabalho ou no estudo, significa dedicação, mesmo que a tarefa não nos agrade.  Cumpramos nossa obrigação com alegria. Sejamos um exemplo.

Um bom dia no trabalho ou no estudo pode significar ajudar alguém, afinal, talvez amanhã precisemos ser ajudados.

Um bom dia no estudo significa respeitar o professor que, naquele momento se dedica a nós, e aproveitar ao máximo o aprendizado.

Um bom dia continua, em nossa volta para casa, com gentileza e paciência, sem reclamações sobre a lentidão nas ruas, ou sobre a demora do ônibus. Uma boa leitura, ou uma música de qualidade podem ser uma opção.

De volta ao convívio com os familiares, perguntemos a eles como foram suas atividades, e como eles estão. Façamos as refeições juntos, sem televisão, computador ou telefone interrompendo nosso diálogo.

Um bom dia pode terminar com uma boa leitura ao invés de noticiários inquietantes, novelas com mensagens distorcidas, ou programas que nada nos tragam de bom e que servem apenas para passar o tempo.

Devemos relaxar, sim, ao final do dia, mas o façamos de modo edificante, entendendo que todos os momentos devem ser aproveitados para nossa evolução.

Um bom dia pode ser finalizado com uma reflexão do que fizemos de bom, do que poderíamos ter feito diferente, do que fizemos para fazer a diferença.

E, enfim, que o dia termine com uma oração, agradecendo as oportunidades que tivemos, e pedindo por uma boa noite de repouso, certos de que o próximo será, novamente, um ótimo dia!

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 30 de março de 2011

SAUDADE

 

Vencido pela profunda angústia da minha mágoa, despertei quando o jovem rosto da manhã adornado de luz e o mar de nuvens viajeiras, me convidaram para o banquete do dia.

Levantei e percebi que não fora um pesadelo... A presença da sua ausência era a mais pura e triste realidade...

Não sei dizer ao certo se é a presença da ausência ou a ausência da presença, ou talvez seja, simplesmente, saudade...

Lá fora tudo respirava perfume e os braços do vento, carregando o pólen da vida, cantavam nos ramos do arvoredo delicada canção...

Saí a correr para fora, tentando fugir da furna escura dos meus padecimentos.

A presença invisível do bem-amado fazia-me arder em febre de ansiedade, enquanto os pés ligeiros das horas corriam à frente impondo-me fadiga e desconforto...

Embriagado pela saudade, meu ser ansiava pela paz...

Em vão tentei exaurir as forças para livrar-me da dor, mas não lograva libertar-me do punhal da melancolia cravado no coração, e da lembrança da sua ausência...

Quando, enfim, a tarde se escondeu ao longe das montanhas altaneiras, outra vez tombei em mim mesmo, extenuado e só...

Naquele momento desejei que o Todo Poderoso me dominasse com os fortes recursos da soberana misericórdia, livrando-me de mim mesmo...

Parecia que não mais suportaria o espinho da saudade cravado em meu peito, já dorido e exausto...

A ausência da sua presença queimava as fibras mais sutis da minha alma.

E a presença da sua ausência feria-me o coração dilacerado e só...

A noite devorou o dia, e, ao escancarar a sua boca negra, mostrou a primeira estrela engastada no manto escuro, vencendo as sombras...

Minutos depois, miríades de astros brilhantes compuseram o diadema da vitória total da luz...

Só então, solitário e meditativo, compreendi como a minha canção de dor chegara ao ouvidos do Criador, que me respondeu em vibrações fulgurantes de esperanças à distância...

Só então compreendi que não há escuridão que resista a um simples raio de luz, e decidi acender a chama da esperança em minha alma.

E só então, pude ouvir o Sublime Cancioneiro do silêncio e Suas melodias repletas de sons e paz, convidando-me a confiar em Seu infinito poder e entregar-me aos braços suaves da esperança...

* * *

Se o manto escuro da saudade pesa sobre os seus ombros, ilumine-se com as pérolas da oração sincera em favor do bem-amado que partiu.

Preencha a ausência da presença com a lembrança dos momentos compartilhados nas horas alegres, e confie no reencontro feliz.

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. LII do livro Estesia,

pelo Espírito Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo Pereira Franco,

ed. Leal. Disponível no livro Momento Espírita, v.1 e

no CD Momento Espírita, v.4, ed. Fep.

terça-feira, 29 de março de 2011

A FUGA

 

 

Num deste dias agitados, em que se tem mil coisas diferentes para fazer, encontramos Justin, o filho de quatro anos de idade de um jovem casal.

O garoto não parava de fazer bagunça, e depois de ouvir seu pai pedir por várias vezes para que sossegasse um pouco, acabou ficando de castigo no canto da sala.

Justin chorou, esperneou, emburrou e finalmente disse: “vou fugir de casa.” A primeira reação da mãe foi de surpresa que, irritada, falou: “ah, vai?” Quando ela virou-se e o olhou, ele parecia um anjo, tão pequeno, encolhido ali no canto, com um ar tão triste...

Ela decidiu largar tudo que estava fazendo e parou.

Com o coração partido, ela lembrou-se de uma passagem de sua própria infância, quando ela também quis fugir de casa porque se sentia rejeitada e incompreendida.

Ela sabia que ao anunciar “vou fugir da casa”, Justin estava dizendo: “por favor, prestem mais atenção em mim.  Eu também sou importante. Por favor, façam com que eu me sinta desejado e amado incondicionalmente.”

“Tudo bem, Justin, você vai poder fugir de casa”, falou a mãe baixinho para ele, enquanto começava a pegar umas roupas em seu armário e colocar numa sacola.

“Mamãe”, ele perguntou, “o que você está fazendo?”

Ela assim respondeu: “se você vai fugir de casa, então mamãe vai com você, porque não quero ver você sozinho nunca.  Gosto muito de você, Justin.”

Ela então o abraçou, e ele perguntou, surpreso: “por que você quer ir comigo?”

Ela olhou-o com carinho e disse: “porque eu gosto muito de você e vou ficar muito, muito triste se você for embora.  E também quero tomar conta de você para que nada de mal aconteça.”

“Papai também pode ir?” – perguntou ele, com uma voz acanhada.

“Não, papai tem que ficar com seus irmãos, e papai tem de trabalhar e tomar conta da casa quando nós não estivermos aqui.”

“O meu hamster pode ir?”

“Não, ele também tem que ficar aqui.”

Justin parou um instante para pensar e disse: “mamãe, podemos ficar em casa?”

“Claro, Justin, podemos ficar em casa.”

“Mamãe.” – disse ele suavemente.

“O que é Justin?”

“Eu amo você.”

“Eu amo você também, querido, muito, muito, muito.  Que tal me ajudar a fazer pipoca?”

“Oba!  Tudo bem.” – e lá se foi Justin com sua mãe.

Naquele instante ela se deu conta da maravilhosa dádiva que é ser mãe. De como somos fundamentais quando levamos a sério a responsabilidade sagrada de ajudar uma criança a desenvolver o sentido de segurança e o amor-próprio.

Abraçando Justin, ela percebeu que em seus braços tinha o tesouro inestimável da infância, uma pessoinha que dependia do amor e segurança que recebesse, do atendimento de suas necessidades, do reconhecimento de suas características únicas para tornar-se um adulto feliz.

Ela aprendeu que, como mãe, jamais deve “fugir” da oportunidade de mostrar aos seus filhos que eles são amados, desejados e importantes – o presente mais precioso que Deus lhe deu.

* * *

Não te poupes esforços na educação dos filhos.

Os pais assumem desde antes do berço com aqueles que receberão na condição de filhos, compromissos e deveres que devem ser exercidos, desde que serão, também, por sua vez, meios de redenção pessoal perante a consciência individual e a cósmica que rege os fenômenos da vida, nos quais todos estamos mergulhados.

 

Equipe de Redação do Momento Espírita, a partir do texto “A fuga” – Lois Krueger, da obra “Histórias para aquecer o coração, vol 2”, e do capítulo “Deveres dos pais” – Joanna de Ângelis, da obra “S.O.S Família”.

segunda-feira, 28 de março de 2011

ESPELHO DA ALMA

 

Quando somos jovens, geralmente temos uma boa relação com o espelho. Paramos diante dele e nos olhamos de corpo inteiro e por todos os ângulos.

Temos mais coragem de nos observar, de enfrentar possíveis desajustes físicos, e o futuro está a nosso favor.

Somos mais flexíveis, desarmados, versáteis, e mais dispostos às mudanças. Gostamos de trocar opiniões e acatamos idéias novas com facilidade.

Nossa alma, tanto quanto nosso corpo está em constante transformação. Estamos sempre à procura de novos significados para velhas idéias.

Com o passar do tempo, vamos evitando espelhos que reflitam nosso corpo por inteiro. Procuramos aqueles que mostrem apenas do pescoço para cima.

Fugimos da nossa aparência, por não gostar dela ou porque ainda desejamos ver refletido aquele corpo jovem, a cabeleira abundante, a pele lisa e brilhante.

E porque não gostamos da nossa imagem, fugimos do espelho, como se isso resolvesse o nosso problema.

Assim também acontece com as questões da alma.

Quando somos jovens temos coragem de refletir sobre nossas atitudes, gostamos de aprender coisas novas e estamos dispostos a enfrentar desafios.

Buscamos respostas para nossas dúvidas e não tememos as críticas, por entender que elas nos ajudam a crescer.

Mas quando as gordurinhas do comodismo vão se acumulando em nossa alma começamos a fugir de espelhos que nos mostrem tal qual somos.

As idéias vão se cristalizando e não temos mais tanta disposição para reciclar as nossas memórias.

Posicionamo-nos numa área de conforto e nos deixamos levar pelas circunstâncias, sem tantos esforços.

Para muitos é como se uma influência paralisante lhes tomasse de assalto.

Não se interessam mais pelo conhecimento, nem por fazer novas amizades ou cuidar um pouco do corpo e da saúde.

Esquecidos de que a sabedoria não está na espinha dorsal nem na pele jovem ou na basta cabeleira, entregam-se ao desânimo como se tivessem chegado ao fim da linha.

Não se dão conta de que enquanto estamos respirando é tempo de aprender e crescer, de fazer exercício e eliminar as gorduras indesejáveis.

Enquanto podemos contemplar o espelho físico, podemos nos observar e envidar esforços para corrigir o que julgamos necessário.

Enquanto a vida nos permite, devemos voltar o olhar para o espelho da consciência e ajustar o que seja preciso, para que fiquemos mais belos e mais sábios.

Arejar os pensamentos e reciclar as memórias infelizes que teimamos em arquivar nos escaninhos do ser.

Repensar conceitos, refazer idéias, rever atitudes e posturas.

Só assim afastaremos o desejo constante de fugir do espelho, de fugir de nós mesmos, fingindo que somos felizes e mascarando a realidade.

Pense nisso e não lute contra a natureza, desejando segurar o tempo com as mãos.

Não deixe que a sua sabedoria se esconda nas rugas da pele nem perca o viço entre os cabelos brancos.

A beleza da sua alma é independente do corpo físico. A sua grandeza se reflete na sua forma de pensar, sentir e agir, e não na imagem projetada no espelho.

Pense nisso e observe-se de corpo e alma, por inteiro.

Lembre-se de que cabe somente a você a decisão de assumir a realidade e modificá-la, quando, como e se julgar necessário.

* * *

Pior do que estar insatisfeito com o corpo é a insatisfação com a própria consciência.

Essa insatisfação lhe rouba a paz, a alegria, a vontade de crescer e ser feliz.

Por isso é importante lembrar que você pode modificar essa realidade quando desejar.

Basta investir na sua melhoria íntima arejando a mente, eliminando preconceitos e adquirindo conhecimentos que lhe tragam satisfação e paz de consciência.

Pense nisso, mas pense agora.

 

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

A FELICIDADE

 

O conceito de felicidade é muito diferente de umas pessoas para as outras, e embora hajam coisas e sensações que possa ser comuns, os prazeres de uns podem ser os pesadelos de outros; assim, o escalador é feliz arriscando a sua vida para vencer a montanha, enquanto uma pessoa normal sentiria pânico, ao ver-se exposta aos mesmos riscos.

Algumas pessoas são felizes levando uma vida tranqüila e segura, enquanto outras morrem de tédio se não há mudanças, novidades e fortes excitações, na sua vida.

A felicidade depende mais do que se passa dentro do que daquilo que acontece fora; das idéias que temos sobre nós mesmos e sobre a vida.

Depende de todos os mistérios que vivem no Bosque Mágico da tua Mente.

Está tudo dentro da tua mente.

O sol e a lua, as montanhas e os vales.

As cores do amanhecer e as sombras da noite.

A alegria das cascatas e a neve espessa que ensopa a alma de nostalgias infinitas.

Dentro da tua mente está a mão que te acaricia e a pele que dela tem saudades...

Se procurares dentro da tua mente, encontrarás sempre razões para seres feliz e também para permaneceres na tristeza.

Porque a tua felicidade não depende do que fazes nem tão pouco do que tens.

Não depende de como seja o teu corpo ou de que tenhas mais ou menos dons.

Depende somente do gosto com que fazes o que fazes, com o que tens, com o teu corpo e com os teus dons.

Basicamente, a felicidade depende de que realmente queiras ser feliz e estejas tão contente contigo mesmo que te permitas sentir todo o Amor da Vida que te permitiu existir.

"A felicidade é uma borboleta que levanta vôo quando a persegues, mas que pode pousar ao teu lado, se te sentares tranquilamente, só a olhar”.

Nathaniel Hawthorne

domingo, 27 de março de 2011

NA BÊNÇÃO DA VIDA

 

Mal você acorda pela manhã, e muitas preocupações passam a ocupar a sua mente. São tantas as providências que tem a tomar que muitas vezes fica atordoado e nem vê o dia acabar.

As coisas mais comezinhas e as mais graves são alvos de sua atenção, ocupando-lhe as horas.

A noite chega e, quando você se dá conta está exausto, extremamente exausto.

Mastiga o jantar enquanto tenta digerir os problemas que ficaram pendentes. Bem, mas agora é só amanhã...

Um banho rápido e, cama. Isto é tudo o que conseguirá fazer.

Algumas horas de sono e novamente o dia lhe convida a agir... E lá vai você outra vez.

As horas se sucedem, os dias se vão, os meses se transformam em anos, e você passa pela vida sem se dar conta das muitas bênçãos que ela lhe oferece, bem como a todas as criaturas que dividem com você o planeta.

Mas, apesar da indiferença, um novo dia se apresenta para ser vivido.

E este dia talvez seja oportuno para você lançar um olhar mais atento ao mundo a sua volta buscando interagir, de maneira consciente, com essas forças inteligentes.

Descubra o valor das concessões que o senhor lhe faz pelas mãos da vida e distenda alegria e reconhecimento por toda a parte.

Observe a natureza, abençoando sem cessar, através das próprias forças em movimentos. Nascem frutas saborosas em árvores cujas raízes se prendem à lama...

Correm brisas leves, entoando melodias suaves, em apertados vales onde cadáveres se decompõem.

Cai o orvalho da noite sobre o solo ressequido e misérrimo, crestado pelo sol.

Voejam borboletas delicadas nos rios de ar ligeiro qual festival de cor flutuante sobre campina pontilhada de flores miúdas.

Desabrocham, além, espécies variadas da flora que o pólen feliz fecunda em todo lugar.

Rutilam constelações no manto da noite salpicando a terra de diamantes preciosos.

Em cada madrugada renasce o sol dourado, purificando o charco, vitalizando o homem, atendendo à flor sem indagar da aplicação que lhe façam dos raios beneficentes.

Não se detenha e recorde os tesouros com que o bem lhe enriquece o coração, através dos valiosos patrimônios da saúde e da fé, da alegria e da paciência, e vá em frente.

Indiferença é enfermidade.

Medo é veneno que mata lentamente.

Acenda a luz da coragem na alma, a fim de que você não se embarace nas dificuldades muito naturais que seguem ao lado dos seus compromissos em relação à vida.

Confiança em nossos atos é fortalecimento para a coragem alheia.

Otimismo nas realizações também é aliança de identificação com as esferas superiores.

Pense nisso!

Você não está no mundo em vão.

Aproveite a oportunidade, valorize as bênçãos da vida, difunda gratidão e alegria por onde passar, com quem estiver, com as concessões que possuir, justificando em atos edificantes a sua passagem pela terra.

Você não é figurante nos palcos da vida terrestre: é protagonista, é lição viva, é peça importante nessa imensa engrenagem chamada sociedade.

Pense nisso, e movimente-se em harmonia com essas forças poderosas e inteligentes que agem por toda parte.

 

 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap. 

Na bênção da vida, do livro Ementário Espírita, ed. Leal.

COMPANHIA PERTURBADORA

 

Nem sempre estamos bem acompanhados, e uma dessas companhias perturbadoras é a que nos faz infelizes ao perceber a felicidade do outro.

A inveja não está na simples constatação do triunfo alheio. Ela se apresenta quando essa constatação nos faz mal, produz em nós sentimentos negativos de revolta, de indignação.

Essa filha do orgulho instala-se em nossa alma e nos leva aos precipícios morais do ódio sem razão.

Muito mais fácil do que buscar nossa felicidade, nossas próprias conquistas é criticar, questionar, destruir a dos outros.

A inveja é preguiça moral, é acomodação do Espírito que ainda não está desperto e disposto a empreender a necessária luta pelo crescimento.

Ao invés de se empenhar na autovalorização, o paciente da inveja lamenta o triunfo alheio e não luta pelo seu. Apela, muitas vezes, para a intriga e a maledicência, fica no aguardo do insucesso do suposto adversário, perseguindo-o, buscando satisfazer seu prazer mórbido.

Egocêntrico, não saiu da infância psicológica e pretende ser o único centro da atenção, credor de todos os cultos e referências.

Insidiosa, a inveja é resultado da indisciplina mental e moral, que não considera a vida como patrimônio divino para todos.

Trabalha, por inveja, para competir, sobressair, destacar-se. Não tem ideal, nem respeito pelas pessoas e pelas suas árduas conquistas.

Esse sentir doentio descarrega correntes mentais prejudiciais dirigidas às suas vítimas, que somente as alcançam se estiverem em sintonia. Porém, os danos ocorrem em quem gera esse sentir, perturbando-lhe a atividade, o comportamento.

Assim, o invejoso sempre sairá perdendo. Não apenas não resolverá seu problema - se é que ele existe - como sempre aumentará sua frustração, sua infelicidade.

* * *

A terapia para a inveja consiste, inicialmente, na cuidadosa reflexão do eu profundo em torno da sua destinação grandiosa, no futuro.

Consiste em avaliar os recursos de que dispõe e considerar que a sua realidade é única, individual, não podendo ser medida nem comparada com outras em razão do processo da evolução de cada um.

O cultivo da alegria, pelo que é e dos recursos para alcançar novos patamares, enseja o despertar do amor a si mesmo, ao próximo e a Deus.

Esse despertar facultará à criatura a perfeita compreensão dos mecanismos da vida e as diferenças entre as pessoas, formando um todo holístico na grande unidade.

* * *

Fazei vossa felicidade e vosso verdadeiro tesouro sobre a Terra em obras de caridade e de submissão, as únicas que devem contribuir para serdes admitidos no seio de Deus.

Essas obras do bem farão vossa alegria e vossa felicidade eternas.

A inveja é uma das mais feias e das mais tristes misérias do vosso globo.

A caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males, à medida que os homens de boa vontade se multiplicarem.

 

Redação do Momento Espírita com base em texto da Revista Espírita, de Allan Kardec, de julho de 1858  e no cap. 5 da obra O ser consciente, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

sábado, 26 de março de 2011

HERÓI DE TODO DIA

 

Já percebeu que nas histórias em quadrinhos e nos desenhos animados o herói está sempre disposto a salvar, a ajudar, a socorrer?

Nessas histórias, o personagem herói é sempre incansável, não mede esforços para ajudar, e é capaz de esquecer das suas vontades e desejos quando precisa agir.

Porém, você se deu conta de que esses heróis também existem no mundo real? Já conseguiu perceber que a vida está repleta desses grandes heróis?

Como alguns heróis dos quadrinhos, esses também, que encontramos no nosso cotidiano, não fazem questão da fama e do sucesso. Eles preferem o prazer do anonimato, onde a glória e a fama são plenamente substituídas pelo sentimento do dever cumprido.

São heróis nossos de cada dia, todos aqueles capazes de chegar ao lar, após um dia intenso, onde o peso do mundo parece descer sobre os ombros, e ainda ter disposição para brincar de pega-pega ou de cavalinho, com os pequenos que os esperam ansiosos.

Não há como não chamar de heróis aqueles capazes de deixar de lado relatórios, e-mails e trabalhos, abrindo mão dos compromissos profissionais levados para casa, somente para escutar as aventuras e sonhos do universo infantil.

É um heroísmo ser capaz de não perder a sensibilidade com as lutas da vida e os compromissos que se sucedem, e entender que o tempo gasto para responder sobre a cor do céu ou as dúvidas mais surpreendentes da vida não é perda de tempo, mas investimento na vida daquele que ama.

Esses heróis são capazes de ensinar com a leveza da alma e a firmeza do agir, sobre os valores da vida, sobre a honestidade, o respeito ao próximo e a retidão do caráter como indispensáveis para a vida.

E para nos ensinar essas coisas, como todo bom herói, esses não gostam do discurso, da frase feita ou do grande diálogo. Ensinam-nos pela melhor pedagogia: a do exemplo.

Nossos heróis anônimos são capazes de dar uma escapadinha da correria do cotidiano só para ver um jogo de bola, ou uma singela apresentação musical, ou uma declamação de poesia que seja... Mesmo que ela tenha não mais que quatro versos.

Fazem não por eles, mas porque sabem que, para seus filhos, isso é muito importante.

E fazem tudo isso porque sabem que eles não são heróis feitos para salvar vidas. Eles entenderam, desde há muito, que Deus os fez heróis diferentes. São heróis que constroem vidas.

Por isso são capazes de achar importante as coisas mais simples, quando as coisas simples são importantes para seus filhos.

São capazes de esquecer seu cansaço, compromisso ou o seu lazer, para fazer do lazer dos filhos, o seu lazer.

Eles são heróis porque entendem que tudo isso que fazem hoje, talvez os filhos não entendam, nem consigam reconhecer e agradecer, mas um dia fará toda a diferença.

Eles, os nossos heróis, nunca se cansam e nunca desistem da sua poderosa missão. Isso porque dentro deles há um combustível mágico que os move, tão mágico que quanto mais eles usam, mais se multiplica: o combustível do amor.

E alguns de nós ainda temos a grande felicidade de chamar esses heróis por uma outra palavra: pai.

Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 25 de março de 2011

DEUS DISSE NÃO

 

Nas horas difíceis, quando lembramos de rogar a Deus por seu socorro, nem sempre sabemos interpretar a sua resposta.

No entanto, a resposta sempre chega de conformidade com as nossas necessidades e merecimentos.

Um homem que costumava fazer pedidos específicos a Deus, um dia conseguiu entender a sua resposta e escreveu o seguinte:

Eu pedi a Deus para tirar a minha dor. Deus disse não. Não cabe a mim tirá-la, mas cabe a você desistir dela.

Eu pedi a Deus para fazer com que meu filho deficiente físico fosse perfeito. Deus disse não. Seu espírito é perfeito e seu corpo é apenas provisório.

Eu pedi a Deus para me dar paciência. Deus disse não. A paciência nasce nas tribulações; não é doada, é conquistada.

Eu pedi a Deus para me dar felicidade. Deus disse não. Eu lhe dou bênçãos. A felicidade depende de você.

Eu pedi a Deus para me proteger da dor. Deus disse não. O sofrimento lhe separa dos apelos do mundo e lhe traz mais perto de mim.

Eu pedi a Deus para me fazer crescer em espírito. Deus disse não. Você tem que crescer sozinho, mas eu lhe podarei para que você possa dar frutos.

Eu pedi a Deus todas as coisas para que eu pudesse gostar da vida. Deus disse não. Eu lhe dou vida para que você possa gostar de todas as coisas.

E, por fim, quando pedi a Deus para me ajudar a amar os outros, tanto quanto ele me ama. Deus disse:

- Finalmente você captou a idéia!

Se, por ventura, você está se sentindo triste por não ter recebido a resposta que desejava receber do Pai Criador, volte a sorrir.

O sol beija o botão de flor e ela sorri.

A chuva beija a terra e ela, reverdecida, sorri.

O fogo funde os metais e estes, depurando-se, expressam formas para sorrir.

Vai a dor, volta a esperança.

Foge a tristeza, volta a alegria.

* * *

Certa vez um discípulo rogou, emocionado, a seu mestre:

Senhor, quando identificarei a plenitude da paz e da felicidade, vivendo neste mundo atribulado de enfermidades e violências?

O mestre, compassivo, respondeu:

Quando puderes ver com a suavidade do meu olhar as mais graves ocorrências, sem julgamento precipitado; quando lograres ouvir com a paciência da minha compreensão generosa; quando puderes falar auxiliando, sem acusação nem desculpismo; quando agires com misericórdia, mesmo sob as mais árduas penas e prosseguires sem cansaço no caminho do bem entre espinhos pontiagudos, confiando nos objetivos superiores, te identificarás comigo e gozarás de felicidade e paz.

O aprendiz ouviu, meditou, e, levantando-se, partiu pela estrada do serviço ao próximo, disposto a conjugar o verbo amar, sem cansaço, sem ansiedade e sem receio.

Se, por ventura, você está triste por não ter recebido a resposta que desejava do Pai Criador, volte, portanto, a amar e a sorrir.

Só assim vai a dor e volta a esperança.

Foge a tristeza e volta a alegria.

 

(Baseado em texto recebido pela Internet, sem mencionar o autor e mensagem volante do Espírito Eros.)

quinta-feira, 24 de março de 2011

CONSTRUINDO O HOMEM DO FUTURO

 

No Terceiro Milênio, que já estamos vivendo, muito se fala a respeito do homem desse mundo novo que todos aguardamos. Psicólogos, jornalistas, o povo em geral comenta a respeito de como será o homem do futuro.

Uma coisa é certa, ele deverá ser muito melhor do que o homem atual.

É de nos perguntarmos, na condição de pais, o que temos feito para isso. Porque os nossos filhos, pequenos hoje, serão os homens do futuro, os que viverão, em tese, mais tempo do que nós no Terceiro Milênio.

Alguns pais anseiam que seus filhos se tornem superprofissionais. Então os matriculam em muitos cursos, de forma que a criança não tem tempo para pensar, criar, organizar o pensamento.

É uma verdadeira maratona que criará seres cansados, desanimados e estressados.

Que a criança estude, tenha atividades fora da escola normal, está bem. Mas todo excesso é prejudicial.

É necessário respeitar a infância da criança como esta fase importante para a adaptação ao mundo e à sociedade. Tanto quanto permitir que ela participe intensamente das tarefas do dia-a-dia.

Ao contrário do selvagem, que permitia que o filho realizasse muitas tarefas, de um modo geral damos as coisas mastigadas para os nossos pequenos.

Importante permitir às crianças tarefas que desenvolvam a sua criatividade e o seu raciocínio.

Um aniversário no lar é uma excelente oportunidade.

Por que não permitir que as crianças pintem ou desenhem os convites? Poderão não sair maravilhosamente estéticos mas certamente com muito valor.

As que já sabem escrever podem escrever uma pequena mensagem no convite.

Também podem ajudar a pensar em como será o bolo, os doces, tanto quanto planejá-los e fazê-los.

Tudo isso permitirá que eles tenham noção de tempo, espaço, quantidade, nutrição, economia, planejamento, com início, meio e fim das tarefas.

E depois virá a lista dos convidados, as lembrancinhas a serem feitas, a arrumação da casa. Tudo demonstrará que o melhor é trabalhar em equipe. A união faz a força.

E as férias? Outra oportunidade para crescer. Arrumar a mala para a viagem, escolher a roupa que irá levar. Ajudar a escolher o lugar para passar as férias. Compreender a possibilidade econômica da família.

A realização das tarefas é produto da maturidade, enquanto a conversa dos pais com os filhos, conversas alegres, esclarecedoras ajudarão a solidificar os laços do amor.

Criança amada, respeitada, criativa, provavelmente será um indivíduo que ama, que auxilia a sociedade, que produz, que cresce e que faz crescer.

* * *

Saiba que se pode limitar a capacidade de raciocínio do filho permitindo que ele tenha uma vida sedentária em frente ao computador ou à televisão.

A repetição de exercícios físicos monótonos e inexpressivos não permitem a criatividade.

As tarefas que podem desenvolver a criatividade são as dinâmicas e participativas.

Por isso mesmo foi que o bom Deus nos criou para viver em sociedade. Em união. A dependermos uns dos outros para as nossas necessidades.

Isso nos auxilia a expandir a nossa mente, a valorizar a família e os amigos, a amadurecermos como individualidades.

 

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Tarefas construtivistas,

de Heloísa Pires, publicado no jornal Correio Fraterno do ABC, de novembro de 1999.

O SEGREDO DA AMIZADE

 

Eram dois amigos e pareciam ter a mesma alma. Tudo era comum a ambos: tristezas e alegrias. Eram inseparáveis.

Um dia começaram a observar, com olhos críticos, um ao outro. Nessa mútua observação, perceberam quantos defeitos havia no outro e resolveram, intimamente, sem nada externar, moldar o caráter do outro pela forma do seu próprio.

Passado algum tempo, um certo resfriamento começou naquela amizade. De início, eles nem perceberam. Entretanto, quando um deles perdeu um ente querido, o outro não se fez presente, em solidariedade. E o outro, no seu aniversário, não recebeu o abraço do amigo.

Certo dia, se encontraram em uma praça e confessaram mutuamente como estranhavam o que lhes estava acontecendo. Com certeza, disseram, era a inveja alheia que havia destruído o sentimento que nutriam.

O Pastor Espiritual da cidade foi consultado a respeito e convidou-os a um passeio. Era um dia quente e o sol queimava.

Depois de andarem muito, sedentos e exaustos, encontraram uma limeira. Seus frutos saborosos dessedentaram os amigos e a sombra os reconfortou.

O Pastor olhou para a árvore e disse: Esta árvore tem bons frutos, mas se a podássemos poderia produzir muito mais. Os galhos poderiam ser redirecionados, poderíamos libertá-la dos parasitas.

Com esse intuito, os dois amigos compareceram no dia seguinte e realizaram a poda, de tal forma que ela ficou quase desnuda.

Passados uns dias, o Pastor tornou a convidar ambos para o mesmo passeio. Chegados ao pé da limeira, novamente sedentos e exaustos, observaram que nela não havia nenhum fruto e bem rala era a sombra que podia oferecer, pois possuía somente diminutas folhas.

Descontentes, falaram os amigos: Como fomos tolos podando esta árvore. Destruímos os seus frutos e a sombra amena, que nos reconfortou no outro dia.

Foi então que o Pastor os olhou e disse: O que fizeram com esta árvore é o que fizeram com a sua amizade. Cada um quis modificar o outro e então perderam todo o encanto do afeto que os ligava. Mataram, com podas improdutivas, a árvore da amizade que tinham plantado no coração.

E finalmente completou:

Todo sentimento necessita, para que não pereça, ter como base a tolerância e o respeito. Não queiramos modificar a outrem. Aceitemos as criaturas como são. Assim procedendo, haveremos de encontrar sempre em seus corações, apesar dos defeitos, frutos saborosos e doces e sombra amiga.

*   *   *

A amizade é árvore que, para produzir, necessita ser plantada e cuidada com esmero.

Se colocarmos em nossas ligações afetivas o sal do amor, teremos sempre presente no prato da fraternidade o verdadeiro paladar cristão.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. O segredo de uma sólida amizade, do livro A canção do destino,  por Espíritos diversos, psicografia de Dolores Bacelar, ed. Correio Fraterno do ABC e no verbete Amor do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

quarta-feira, 23 de março de 2011

ESPERANÇA DE CRIANÇA

 

Olá!

Você passa por mim muitas vezes, e quase nunca me vê.

Mas eu entendo e continuo sorrindo, em busca de alguém que me note...

Poucos me notam. Poucos mesmo!

Talvez seja porque quase sempre eu estou bem abaixo da linha dos olhares.

Ah! Mas como é bom quando meu olhar encontra outro olhar!

É tão bom quando sinto que alguém me notou. Isso é fantástico!...

Talvez você pense que eu não tenho nada a dizer, pois ainda não sei articular as palavras, mas eu falo com você, mesmo que você não me ouça...

Eu falo com o olhar, embora poucos atentem para os meus olhos brilhantes, e muitos não os entendam...

Também falo com o sorriso, que é minha marca registrada.

É claro que eu noto as nuvens carregadas que às vezes turvam o seu olhar e lhe impedem de sorrir...

Noto que você tem medos escondidos, e muitas preocupações.

Mas eu vejo o mundo pelos olhos da esperança... Pois eu sou a esperança e estou aqui justamente para lhe dizer que essas nuvens vão passar... Elas sempre passam. É só uma questão de tempo.

Ah, o tempo! Eu tenho muito tempo para observar o mundo deste ponto de vista em que me encontro, um pouco acima do chão...

Talvez quando meu olhar estiver à altura do seu, eu tenha outra visão do mundo, mas isso depende mais de você do que de mim...

Sim, depende muito mais de você!

E sabe por quê? Porque eu sou apenas um bebê.

Sou um bebê e hoje observo o mundo daqui de baixo, sentado no meu carrinho, que alguém empurra para mim.

Quando não estou no carrinho, estou no colo de meus pais, amigos ou familiares, e é então que tenho uma visão mais abrangente das coisas que me rodeiam.

Às vezes também sou carregado como um saco de batatas, pelos irmãos ou primos um pouco mais velhos que eu...

Ufa! Isso nem sempre é confortável...

Enfim, tudo faz parte dessa minha trajetória de bebê.

Bem, mas o que eu queria dizer, mesmo sem falar, é que preciso muito que você preste atenção nos meus apelos silenciosos...

Eu não desejo muito, apenas gostaria de poder viver num mundo justo, seguro, onde as pessoas se importassem umas com as outras...

Onde não houvesse violência, pois tenho medo de nunca chegar a ser grande e poder olhar o mundo daí de cima.

Queria que nunca me faltasse um lar, nem comida, nem escola, e nem remédio se eu ficar doente. E isso também quero para todos os outros bebês, meus contemporâneos.

Será que isso é possível?

Será que posso esperar que você ouça os meus apelos, e construa um mundo melhor, sem corrupção, sem desamor, sem essa indiferença que assusta?

E não assusta só os bebês, não. Tem muita gente grande assustada por aí. Eu noto isso nos olhares.

Você sabe que eu sou a esperança do amanhã?

Por isso eu vejo o mundo com esse olhar despreocupado, cabeça apoiada num ombro seguro, observando o mundo que fica para trás...

Sim, eu quero que todas as coisas ruins fiquem para trás. E que a roda do tempo gire devagar... Eu não tenho pressa.

Desejo que enquanto eu estiver crescendo você esteja construindo um mundo novo e bom para mim...

Enquanto isso, eu sigo em frente, com a cabeça apoiada no travesseiro macio do meu carrinho, ou no ombro seguro de um adulto...

Às vezes você vai notar meu rostinho miúdo, com ares de sono, e perceberá que essa é a tranqüilidade de um bebê que confia no amanhã...

Outras vezes notará que estou atento a tudo, principalmente quando passeio nos shoppings ou nas ruas movimentadas.

* * *

E agora que você já sabe que eu sou a esperança, quando me encontrar por aí preste atenção em mim...

E se notar que meu olhar está sem brilho, sorria.

Sorria para mim, e eu entenderei que você está dizendo sim. Sim para todos os meus apelos...

Porque eu, bebê, sou a esperança que começa a florir, desde agora, no seu caminho...

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

O AMOR EM AÇÃO

 

Você já pensou a respeito do amor ao próximo, recomendado por todas as grandes religiões do mundo?

Certamente quando pensamos no amor-sentimento, como uma forte afeição, confiança plena, deduzimos que é difícil amar os próprios amigos, e quase impossível amar os inimigos.

No entanto, vale a pena refletir sobre os vários significados da palavra amor.

Paulo de Tarso, quando escreveu aos Coríntios, no cap.  13, falou da caridade como sendo o amor em ação.

Disse o Apóstolo: “a caridade é paciente, é benéfica; não é invejosa nem temerária; não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não é injusta, apóia a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera.”

Interessante refletir sobre o amor por esse ângulo.

No dicionário encontramos mais uma definição de amor: “sentimento de caridade, de compaixão de uma criatura por outra, inspirada pelo sentido de sua relação comum com Deus.” Assim fica mais fácil compreender o amor e praticar o amor para com os semelhantes.

Pois se é verdade que nem sempre você consegue controlar o que sente por outra pessoa, pode perfeitamente escolher o seu comportamento com relação a ela.

Se uma pessoa age mal, se é agressiva, desonesta, você pode escolher agir com respeito, paciência, honestidade, mesmo que ela aja de maneira inversa.

Assim se expressa o amor-ação, o amor-atitude, o amor-comportamento.

Podemos deduzir, pelas palavras de Paulo de Tarso, que foi a esse amor que ele se referiu, em sua carta aos Coríntios.

E faz mais sentido se entendermos que foi esse amor-atitude que Jesus recomendou que praticássemos para com nossos inimigos.

Não podemos sentir ternura sincera por alguém que nos agride ou que fere um afeto nosso, mas podemos ter atitudes de tolerância, perdão, compaixão.

Como todos ainda somos imperfeitos e sujeitos a cometer equívocos, devemos ter, uns para com os outros, atitude de benevolência, que é uma faceta do amor-ação.

Assim sendo, sempre que se deparar com situações que lhe exijam fazer escolhas, você poderá escolher ter uma atitude amorosa, sem que para isso precise sentir amor pelo próximo.

Ter atitudes de paciência, bondade, humildade, respeito, generosidade, é escolha de quem deseja cultivar a paz.

Além disso, agir com serenidade diante das situações adversas, é uma escolha sábia, faz bem para a saúde física e mental e não tem contra-indicação.

Mas se reagimos com agressividade, ódio, descontrole, estaremos minando nossa saúde de maneira desastrosa.

Não é por outra razão que após uma crise dessas surgem as dores de cabeça, de estômago, de fígado, dores lombares, e outras mais.

Vale a pena refletir sobre tudo isso e procurar agir como quem sabe o que está fazendo, e não como quem aceita toda provocação e reage conforme as circunstâncias, infelicitando-se ainda mais.

Pense nisso!

A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, denota fraqueza e dúvida de si mesmo.*

Agir com calma é atitude de quem tem controle sobre a própria vontade.

Lembre-se: agir com calma é agir com caridade.

E há a caridade em pensamentos, em palavras e em ações.

Ser caridoso em pensamentos é ser indulgente para com as faltas do próximo.

Ser caridoso em palavras, é não dizer nada que possa prejudicar seu próximo.

Ser caridoso em ações é assistir seu próximo na medida de suas forças.

Pense nisso, e coloque seu Amor em Ação.

 

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.  XIX, item 3

terça-feira, 22 de março de 2011

POR UM MUNDO RENOVADO

 

Uma atenta análise da História da Humanidade revela um avançar contínuo.

Sob os mais diferentes aspectos, gradualmente há avanços.

Esse processo não é uniforme em todos os povos.

Aliás, em um mesmo povo as virtudes se consolidam com vagar e em ritmos distintos.

Assim, o conjunto de certa nação apresenta tendência à ordem e ao trabalho, mas se conserva intolerante.

Outra possui a tolerância mais desenvolvida, mas tropeça no quesito honestidade.

O primordial é que, pouco a pouco, os costumes se purificam.

Alguns hábitos lamentáveis do passado lentamente perdem a força e se afiguram odiosos, como o racismo.

Contudo, a evolução não se processa sem algum esforço.

Cada nova idéia teve seus ardorosos defensores, que lutaram contra a inércia geral.

No princípio, a batalha pela renovação sempre parece difícil, talvez até impossível.

Contudo, o progresso é uma lei universal.

Idéias e hábitos mais puros podem demorar a empolgar, mas com o tempo eles se efetivam.

Os pioneiros da luta muitas vezes desencarnam antes de ver o resultado de seus esforços.

Como a reencarnação também é uma lei da vida, eles ressurgem no corpo e desfrutam do novo clima cujo desabrochar propiciaram.

Com essa realidade em mente, convém refletir sobre a sociedade atual.

São comuns os brados contra a violência, a corrupção e os costumes desregrados.

Ocorre que não basta indignar-se.

O mundo não se renovará por si.

Os homens são os artífices do amanhã, qualquer que seja ele.

Para que o futuro seja venturoso, importa trabalhar arduamente em seu favor.

Os meios para isso são os mais variados.

Mas a reforma mais difícil sempre é a do próprio proceder.

Embora difícil, ela é imprescindível.

Fazer o que se critica nos outros é pura hipocrisia.

Quem condena desonestidades de políticos tem o dever indeclinável de ser rigorosamente honesto em seus atos.

O homem que abomina o preconceito não pode praticá-lo.

Aquele que questiona a falta de ética do próximo precisa cumprir com rigor todos os seus deveres.

Após a retificação da própria vida, surge a necessidade de auxiliar na transformação do coletivo.

Evidentemente, uma vida digna é sempre a melhor lição.

Mas as conversações dignas, a educação dos ignorantes e os serviços sociais são importantes meios de auxiliar o surgimento de um amanhã melhor.

Lembre-se de que hoje você vive no mundo que ajudou a construir em suas existências pretéritas.

Assim, não gaste tempo em reclamações.

Apenas trabalhe pelo surgimento de um mundo mais honesto, justo e fraterno.

Assim agindo, chegará o dia em que você terá a ventura de viver na sociedade dos seus sonhos.

Redação do Momento Espírita.

domingo, 20 de março de 2011

AMIZADE: UM TESOURO A SER CONQUISTADO

 

Pesquisadores da universidade de Yale, nos Estados Unidos da América, realizaram um estudo com dez mil executivos Seniors para medir o poder da amizade na qualidade de vida dos americanos.

O resultado foi impressionante: ter amigos reduzia em nada menos que 50% o risco de morte, sobretudo por doenças, num período de cinco anos. Estas informações foram publicadas por um jornal carioca, recentemente, nos convidam a pensar a respeito das amizades que cultivamos.

Muitos de nós temos facilidades para fazer novos amigos. Mas, nem sempre temos habilidade suficiente para manter essas amizades. É que, pelo grau de intimidade que os amigos vão adquirindo em nossas vidas, nos esquecemos de os respeitar.

Assim, num dia difícil, acreditamos que temos o direito de gritar com o amigo. Afinal, com alguém devemos desabafar a raiva que nos domina. Porque estamos juntos muitas horas, justamente por sermos amigos, nos permitimos usar para com eles de olhares agressivos, de palavras rudes.

Ou então, usamos os nossos amigos para a lamentação constante. Todos os dias, em todos os momentos em que nos encontramos, seja para um lanche, um passeio, uma ida ao teatro ou ao cinema, lá estamos nós, usando os ouvidos dos nossos amigos como lixeira.

É isso mesmo. Despejando neles toda a lama da nossa amargura, das nossas queixas, das nossas reclamações. Quase sempre, produto da nossa forma pessimista de ver a vida. Sim, nossos amigos devem saber das dificuldades que nos alcançam para nos poderem ajudar. O que não quer dizer que devamos estragar todos os momentos de encontro, de troca de afetos, com os nossos pedidos, a nossa tristeza.

Os amigos também têm suas dificuldades e para nos alegrar, procuram esquecê-las e vêm, com sua presença, colocar flores na nossa estrada árida. Outras vezes, nos permitimos usar nossos amigos para brincadeiras tolas, até de mau gosto. Acreditando que eles, por serem nossos amigos, devem suportar tudo. E quase sempre nos tornamos inconvenientes e os machucamos.

Por isso, a melhor fórmula para fazer e manter amigos é usar a gentileza, a simpatia, a doçura no trato com as pessoas.

Lembremos que a amizade, como o amor, necessita ser alimentada como as plantas do nosso jardim. Por isso a amizade necessita, para se manter da terra fofa da bondade, do sol do afeto, da chuva da generosidade, da brisa leve dos pequenos gestos de todos os dias.

* * *

Usa a cortesia nos teus movimentos e ações, gerando simpatia e amizade.

Podes começar no teu ambiente de trabalho. Os que trabalham contigo merecem a tua consideração e o teu respeito.

Torna-os teus amigos. Por isso, no trato com eles, usa as expressões: por favor, muito obrigado.

Lembra-te de dizer bom dia, com um sorriso, desejando de verdade que eles todos tenham um bom dia.

Observa e ajuda quanto puderes, gerando clima de simpatia.

Sê amigo de todos e espalha o perfume da amizade por onde vás e onde estejas.

 

Fonte: Sei nº. 1676 de 13/05/2000 – pág. 2 – Amizade: um tesouro a ser conquistado

A PRIMEIRA RÚPIA

 

 

Nas distantes terras do Paquistão, há muitos anos, vivia um honrado mercador, chamado Krivá, viúvo e que tinha apenas um filho de nome Samuya.

Krivá, um homem trabalhador, gozava de alto prestígio na comunidade, enquanto seu filho, o jovem Samuya, era leviano, preguiçoso e de péssimo comportamento.

Rara era a semana em que este não praticava uma desordem que agitava todo o vilarejo, desgostando o coração de seu bondoso pai.

Um dia, ao cair da tarde, Samuya foi chamado pelo pai para uma conversa.

Deitado no leito, Krivá recebeu o filho e disse-lhe ter pleno conhecimento de seus vícios e equívocos.

Afirmou que, por essa razão, decidira deserdá-lo, uma vez que a fortuna que possuía seria, por certo, dilapidada em festas e orgias quando caíssem nas mãos de Samuya.

Diante do espanto que invadiu o filho, Krivá acrescentou que lhe oferecia uma última e única oportunidade para continuar sendo seu herdeiro.

Seu filho teria que conseguir, com o seu próprio trabalho, no prazo de três dias, uma rúpia, a moeda corrente.

Se assim agisse, seria o único herdeiro da fortuna de seu pai, mas se falhasse, depois da morte deste, seria atirado à miséria e à indigência.

Certo de que seu pai, homem de palavra como era, cumpriria sua promessa, Samuya ficou apreensivo.

Na presença dos amigos equivocados, porém, foi seduzido pela idéia de iludir o pai, uma vez que lhe emprestaram uma rúpia e sugeriram-lhe que mentisse.

No dia seguinte, ao cair da tarde, Samuya apresentou-se diante do pai e entregou-lhe a rúpia que lhe haviam emprestado, dizendo que a ganhara trabalhando.

Após segurá-la por alguns instantes, Krivá disse que aquela moeda não havia sido ganha com o seu trabalho, jogando-a ao fogo.

Esmagado pela verdade, Samuya retirou-se em silêncio.

No dia seguinte, novamente orientado pelos companheiros de vícios, Samuya apresentou-se diante do pai, sujo e mal-vestido, fingindo ter trabalhado o dia todo e trazendo nas mãos outra rúpia que lhe havia sido emprestada pelos amigos.

Outra vez Krivá disse que aquela moeda não havia sido fruto do trabalho do filho, atirando-a ao fogo.

Samuya não protestou e, humilhado, retirou-se.

Na manhã seguinte, consciente de que havia errado por duas vezes consecutivas, fugiu da companhia dos amigos e decidiu procurar por trabalho.

Abandonando à costumeira preguiça passou o dia auxiliando todos aqueles que encontrava.

Trabalhou no período da manhã na colheita da juta e amassando barro para um oleiro.

À tarde conseguiu trabalhar no mercado, vendendo ervas aromáticas e, depois, junto ao rio, auxiliou no transporte de pessoas, remando por várias horas.

Ao final do dia, quando se apresentou perante o pai, muito cansado, tinha em suas mãos a primeira rúpia que conseguira trabalhando duramente.

Mais importante, porém, do que a moeda que trazia nas mãos, era o bem-estar que sentia no íntimo, satisfeito com seu próprio esforço e com a mudança de conduta que percebia em si mesmo.

Ao entregar a moeda ao pai, porém, este disse que ela não era fruto de seu trabalho e ia atirá-la ao fogo, o que gerou um incontido protesto de Samuya.

Krivá, então, sorriu e disse que isso era a prova de que a moeda era fruto do trabalho do rapaz Pois nas outras vezes Samuya nada havia dito e desta vez protestara, porque aprendera que o dinheiro ganho com o trabalho não deve ser atirado, como palha sem valor, ao fogo do desperdício.

* * *

Apenas o trabalho honrado nobilita o homem.

Somente pelo trabalho o homem pode servir à família, aos amigos e à sociedade.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro Novas lendas orientais de Malba Tahan, 10ª edição, pp.  1543, Editora Record.

sábado, 19 de março de 2011

MORRENDO PARA VIVER

Conta-se que, no tempo de Buda, uma jovem chamada Kisa Gotami sofrera uma série de tragédias. Primeiro foi seu marido que morreu, depois um outro familiar.

Tudo que lhe restava era seu único filho. Logo ele também adoeceu e morreu. Lamentando-se de dor, ela tomou nos braços o corpo do filho morto e passou a carregá-lo por toda parte, pedindo ajuda.

Deveria haver, em algum lugar, alguém ou algo, um remédio, uma poção que o trouxesse de volta à vida.

Sua busca, no entanto, se mostrou infrutífera. Até que ela se achegou frente a Buda, que estava ensinando em um bosque.

Aproximando-se, suplicou em pranto para que ele trouxesse seu filho de volta à vida.

Buda, de imediato, concordou. Disse-lhe, contudo, que ela precisava lhe trazer um punhado de sementes de mostarda. Com um detalhe muito importante. Deveria obter as sementes de uma família onde ninguém tivesse morrido. Nem pai, nem mãe, nem esposo, nem filho ou amigo.

A jovem voltou correndo para a vila. Na primeira casa que entrou e explicou a sua tragédia, logo recebeu as sementes. Quando se retirava, lembrou-se de perguntar se alguém morrera naquela casa.

Sim, disseram eles. Foi no ano passado.

Ela saiu a correr. Entrou na casa ao lado. E na outra. E outra mais. Em todas, alguma morte havia ocorrido. Era uma tia, um filho amado, uma filha recém-nascida. Um pai amoroso. Uma mãe carinhosa.

O que quer dizer que, depois de uma longa busca, ela não encontrou nenhum lar que não tivesse entrado em contato com a morte.

Debruçando-se de dor, deu-se conta de que o que acontecera a ela e ao seu filho, acontece a todos. Todos os que nascem, morrem um dia.

Então, carregou o corpo do filho morto até onde estava Buda e lá o enterrou.

Depois, curvou-se diante de Buda e pediu que ele lhe ensinasse as coisas que lhe trouxessem sabedoria e refúgio, neste mundo onde se nasce e se morre.

Os ensinamentos de Buda calaram profundamente em seu coração e ela iniciou a importante atitude de educar-se para a morte.

* * *

Na qualidade de pais, nos preocupamos bastante em educar os nossos filhos, desejando vê-los se tornarem cidadãos produtivos e honrados.

O nosso é o anseio de os ver progredir, alcançar êxito na vida, sucesso em suas carreiras profissionais. Tornarem-se pais e mães conscientes.

Tudo muito louvável. Mas seria bastante oportuno que nos lembrássemos de os preparar, desde a infância, para a realidade da morte.

Isto porque o encontro com a morte é certo. Informá-los a respeito do que ela significa e afastar o terror de a enfrentar, acenando-lhes com a vida imortal é sinal de previdência e sabedoria.

* * *

É curioso notar que em nosso tempo cuidamos da educação para a vida e esquecemos de que vivemos para morrer.

A morte é o nosso fim inevitável e, no entanto, chegamos a ela sem o menor preparo.

Quem primeiro cuidou da educação para a morte, em nosso tempo, demonstrando a necessidade do homem aprender a morrer, foi o mestre francês Allan Kardec.

Por anos seguidos, ele falou a respeito com os Espíritos dos chamados mortos e, em agosto de 1865, lançou uma obra que descreve a situação dos Espíritos no plano espiritual.

Chama-se O céu e o inferno - a Justiça Divina segundo o Espiritismo.

Redação do Momento Espírita,

com base em conferência proferida por Divaldo Pereira Franco.

Construindo o Amor

 

By Ananias Viriato.

Entrando na questão do amor romântico, temos, primeiramente, o período da paixão, do encantamento. Este período pode ser um prelúdio de um amor imenso, mas não necessariamente "o amor inteiro". O encantamento acaba. Então, quando isto acontece, pode dar-se que os enamorados sintam-se confusos, pensando que o *amor* acabou, quando, na verdade, está apenas começando. Pode dar-se que fiquem sem saber o que fazer do que veio depois do fim do encantamento - um sentimento às vezes até imenso pelo outro, mas sem as idealizações românticas de outrora.

Por muito tempo, pensamos que todos os nossos problemas e carências deviam acabar a partir do momento mágico em que disséssemos "eu te amo" e ouvíssemos um arrebatado "eu também" como resposta. Mal sabíamos nós que este é apenas o começo da caminhada, jamais o final dela.

Já compreendemos que a paixão é finita, mas também entendemos que precisamos de algo infinito para sermos plenos. Desta forma, atravessamos um período bastante notável neste pormenor, em que uma série de paradigmas se reestruturam e tendem a provocar, a médio ou longo prazo, um maior amadurecimento das relações amorosas.

Se não, vejamos: tempos atrás, notadamente no Séc. XIX, a aspiração suprema masculina, quando se falava de encontrar uma parceira para construir um casamento, era encontrar uma jovem delicada, espirituosa, preferencialmente virgem, pura, inocente e mais ou menos submissa, enquanto a feminina era encontrar um príncipe encantado que tivesse o vigor de um menino, o olhar seguro de um pai, fosse capaz de defendê-la com uma espada, se fosse preciso, mas também fosse capaz de ofertar-lhe flores simplesmente porque não tivesse condições de olhá-las sem pensar na estrela de seus dias.

Presentemente, as pessoas começam a perceber que perfeição não existe e que o que podemos viver é um amor real, recheado de encontros e desencontros, certezas e procuras, lágrimas e idílio, medo e segurança, descrença e fé. Estas sensações são inerentes à transição de um período para o outro o qual, no fundo, não se alterou totalmente.

Digo isto porque, intimamente, muitas mulheres procuram um homem que *as faça feliz* - Resquício da idéia do príncipe encantado - e muitos homens - cada vez menos, fique posto - procuram garotas virgens, o que nada mais é que um resquício da busca pela jovem inocente de outros tempos.

É natural que este período se dê mediante transição e confusão por parte dos espíritos os quais, muito provavelmente, eram os mesmos que estavam contracenando na Terra à época das etapas que a humanidade atravessou, anteriormente.

Assim é que, quanto mais evoluímos, maior é nossa capacidade de construir felicidade no "amor romântico", visto que seu sucesso está intimamente ligado ao nosso próprio amadurecimento social, psicológico e espiritual.

Em tempo, é evidente que o amor, como assinatura de Deus em nossos corações, venha sempre carregado de uma dose emocional imensa e que isto, inclusive, seja muito positivo, caso bem administrado.

Por mais que compreendamos que a paixão é passageira, desejamos encontrar alguém com quem possamos estar sob um céu prateado de luas e estrelas e um chão aparentemente coberto por pétalas de rosas; as mãos entrelaçadas roçando levemente a areia, enquanto os olhos mergulhados um no outro falam de poemas sem palavras, carregados da eternidade da procura e da plenitude do encontro; ainda sonhamos com declarações arrebatadas, pés fora do chão, poesias entre os dedos , o mundo todo redigido para ser doce, íntimo, perfeito e seguro; ainda sonhamos encontrar alguém com quem possamos ser nós mesmos sem medo de que ele nos deixe, de entregar nosso coração sem receio de que ele desdenhe do gesto e nos deixe a sós com tanto sentimento.

A certeza de que este desejo existe dá-nos medo, um medo verdadeiramente intenso e é este medo, muitas vezes, que nos faz abdicar das possibilidades mais sublimes do amor para aderirmos à menor parte que as relações afetivas podem nos oferecer: a estreita satisfação dos sentidos.

Evidente que ela é importante e deve ser contemplada, mas proporciona apenas pequena porção da felicidade que um relacionamento amoroso, ainda que imperfeito, pode nos ofertar.

Por ser o que costumam chamar de "observador compulsivo", sempre anelo apreender das pessoas e situações mais que o estritamente óbvio, buscando absorver gestos, inflexões de voz, olhares e correlatos.  Isto às vezes traz bons resultados, às vezes, não; algumas vezes concluo corretamente, outras, não.  O fato é que sempre que observo pessoas que se confessam adeptas do "amor livre" ou do "amor sem compromisso", pressinto que uma enorme parte dela clama, espera e deseja encontrar algo maior, algo mais amplo que o que as sensações estritamente físicas podem nos oferecer. Todos querem ser olhados de forma mais profunda, mais intensa, mais etérea; todos desejam noites estreladas com a areia atapetada de rosas e juras secretas, entretanto, todos têm medo.

Aprenderam, por ouvir falar ou por experiência própria, que o encantamento é efêmero e não sabem o que fazer com o que virá depois; entenderam que o "príncipe encantado" e a "virgem serena e meiga" ficaram em outro tempo, compreendem que amor é complexo e sentem muito medo disto.  Sabem que não é possível amar de verdade sem confiar plenamente, entregar cada gota da sua essência e não sabem como doarem-se tanto e continuarem inteiros; como apostar tanto e reagir caso tudo saia errado; como confiar tanto no outro, sabendo, de antemão , que ele é imperfeito e vai falhar, mais dia, menos dia.

Enquanto isto, vendem-nos idéias muito discutíveis, cuja aplicação irrestrita piora, em lugar de amenizar a situação.

Dizem-nos, dentre outras coisas, que o mais importante em um relacionamento afetivo é a qualidade do sexo, colocando-o como causa, não como conseqüência de um envolvimento mais aprofundado; também dizem-nos que, caso seu namorado ou esposo te "dê trabalho", mostre-se imperfeito, você pode simplesmente "partir para outra", porque esta pessoa não pode te fazer feliz e você merece alguém melhor.

Evidente que não me refiro a casos em que a separação é uma questão de auto-amor, mas àqueles em que as menores divergências são motivos para que a relação se desfaça.

Oxalá compreendamos, com a menor gama de sofrimento possível, que o amor verdadeiro é construído na vivência e superação das dificuldades, no equilíbrio entre aceitação e busca da melhora do outro, no empenho pelo nosso auto-conhecimento e na compreensão de que nossa capacidade de amar o outro está intimamente ligada à nossa condição de amar a nós mesmos de forma verdadeira e intensa.

Oxalá não esteja longe o dia em que esperemos que apareça uma pessoa para nos fazer feliz ou resolver nossos problemas e, sobretudo, que saibamos administrar com sabedoria e ternura um aspecto tão pulsante, complexo e importante para nossa existência - e aqui refiro-me à existência enquanto seres imortais.

O Amor na expressão mais sublime faz parte da centelha divina que está na origem do Espírito, portanto imortal, caminham juntos nas espirais da Evolução.  (by Waldir)

É o que nos impulsiona adiante e que nos faz descobrir Deus em nós e no próximo.

Quem realmente aprendeu a amar alguém, está mais perto de amar a humanidade.

sexta-feira, 18 de março de 2011

AMOR FRATERNO

 

O rei Salomão foi um rei judeu considerado dos mais sábios. Durante seu reinado, viveram em Sião dois irmãos que eram agricultores e semeavam trigo.

Quando chegou a época da colheita, cada um foi colher o trigo no seu campo.

Uma noite, o irmão mais velho juntou vários feixes da sua colheita e os levou para o campo do irmão mais novo, pensando:

“Meu irmão tem sete filhos. São muitas bocas para alimentar. É justo que eu lhe dê uma parte do que consegui."

Contudo, o irmão mais novo também foi para o campo, juntou vários feixes do seu próprio trigo, carregou até o campo do irmão mais velho, dizendo para si mesmo:

"Meu irmão é sozinho, não tem quem o auxilie na colheita. É bom que eu divida uma parte do meu trigo com ele."

Quando se ergueram ambos, pela manhã, e foram para o campo, ficaram muito admirados de encontrar exatamente a mesma quantidade de trigo do dia anterior.

Chegada a noite seguinte, cada um teve o mesmo gesto de gentileza com o outro.

Novamente, ao acordarem, encontraram seus estoques intactos.

Foi na terceira noite, no entanto, que eles se encontraram no meio do caminho, cada qual carregando para o campo do outro um feixe de trigo.

Abraçaram-se com força, derramaram muitas lágrimas de alegria pela bondade que os unia.

A lenda conta que o rei Salomão, ao tomar conhecimento daquele amor fraterno, construiu o Templo de Israel naquele lugar da fraternidade.

O amor fraterno é um dos exercícios para se alcançar a excelsitude do verdadeiro amor.

Os que nascemos numa mesma família, como irmãos de sangue somos, as mais das vezes, Espíritos que já nos conhecemos anteriormente em outras existências.

É isso que explica os laços do afeto que nos une. Embora ocorram casos em que os irmãos se detestem, chegando mesmo ao ponto de se destruírem mutuamente, comove observar como tantos outros se amam e se auxiliam.

Percebe-se, pela sua forma de agir, que nasceram para amparar-se mutuamente e alcançar objetivos altruístas.

É comovente observar como Deus dispõe os seres de forma a exercitarem o amor.

Lembramos de uma família na qual o segundo filho é portador de enfermidade que o impossibilita, desde os verdes anos da infância, a ter uma vida dentro dos parâmetros considerados de normalidade.

Necessita de amparo constante, pois até mesmo as refeições não consegue fazer sozinho.

E o irmão menor, extremamente dedicado, sempre pronto a atendê-lo. "Eu ajudo", são suas palavras mais freqüentes.

Amor fraterno. Felizes os que aproveitam a oportunidade do exercício e estabelecem pontes eternas do seu para o outro coração.

 

Você sabia?

...que nossas famílias são planejadas antes de renascermos?

E que nesse planejamento são levados em conta os nossos contatos anteriores?

Isto explica, sem sombra de dúvidas, as simpatias e antipatias que, desde o berço, envolvem os que nos reunimos em uma mesma família.

Redação do Momento Espírita com base em lenda judaica.

quinta-feira, 17 de março de 2011

VIDROS COLORIDOS

 

Conta-se que, há muito tempo, um habilidoso calculista persa chamado Beremiz  Samir, prestava serviços de secretário a um poderoso Vizir.

Sua capacidade de raciocínio matemático a todos causava profundo espanto.

Ele era capaz de, em poucos segundos, elaborar cálculos de extrema complexidade, resolvendo questões intrigantes.

Formulava, às vezes, sobre os acontecimentos mais banais da vida, comparações inesperadas que denotavam grande agudeza de espírito e raro talento matemático.

Sabia, também, contar histórias e narrar episódios que muito ilustravam suas palestras, por si só atraentes e curiosas.

Em função disso, a fama de Beremiz  ganhou excepcional realce.

Na modesta hospedaria em que vivia, os visitantes e conhecidos não perdiam a oportunidade de lisonjeá-lo com repetidas demonstrações de simpatia e de consideração.

Além disso, diariamente o calculista via-se obrigado a atender a dezenas de consultas.

Todos o buscavam a fim de obter as mais variadas orientações e conselhos.

Beremiz  os atendia sempre com paciência e bondade.

Esclarecia a alguns, dava conselhos a outros.

Procurava destruir as superstições e crendices dos fracos e ignorantes, mostrando-lhes que nenhuma relação poderá existir, pela vontade de Deus, entre os números e as alegrias, tristezas e angústias do coração.

E procedia dessa forma, guiado por elevado sentimento de altruísmo, sem visar lucro ou recompensa.

Recusava sistematicamente o dinheiro que lhe ofereciam e quando um rico insistia em pagar a consulta, Beremiz  recebia a bolsa cheia, agradecia e mandava distribuir integralmente a quantia entre os pobres do bairro.

Certa vez um mercador, chamado Aziz, empunhando um papel cheio de números e contas, veio queixar-se de um sócio a quem tratava de ladrão miserável e outros qualificativos não menos insultosos.

Beremiz  tentou acalmar o ânimo exaltadíssimo do homem e chamá-lo ao caminho da mansidão.

Aproximou-se e falou-lhe calmamente.

“Acautelai-vos contra os juízos arrebatados pela paixão, porque esta desfigura muitas vezes a verdade.

Aquele que olha por um vidro de cor, vê todos os objetos da cor desse vidro: se o vidro é vermelho, tudo lhe parece rubro; se é amarelo, vê tudo amarelado.

A paixão está para nós como a cor do vidro para os olhos.

Quando alguém nos agrada, é fácil desculpar; se, ao contrário, nos aborrece, condenamos ou interpretamos de modo desfavorável.”

A seguir, examinou com paciência as contas e descobriu nelas vários enganos que desvirtuavam os resultados.

Aziz certificou-se de que havia sido injusto para com o sócio, e tão encantado ficou com a maneira inteligente e conciliadora de Beremiz, que saiu dali com o coração modificado.

Pense nisso!

Muitas vezes o nosso ponto de vista nos permite perceber apenas uma face deturpada da realidade.

Não é raro acreditar cegamente em equívocos, graças ao nosso orgulho exacerbado e ao nosso velho egoísmo.

Antes de adotar qualquer postura de confronto ou de sofrimento, é necessário abandonar os “vidros coloridos” que utilizamos para ver e analisar o mundo e as pessoas.

A imparcialidade perante a vida é uma posição que devemos buscar incansavelmente, a fim de garantir aos nossos atos, palavras e pensamentos, a justiça que desejamos encontrar nos outros. 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro O Homem que Calculava, de Malba Tahan, capítulo 17.

FALANDO AO OCEANO...

 

Algumas folhas de papel, caídas sobre a areia de uma praia pouco visitada, traziam as seguintes linhas:

"Quando abraço o oceano com o olhar, volto a questionar milhões de coisas, tantas quanto as ondas que ganham a areia.

Volto a questionar: Como alguém pode sentir-se só na presença do mar? Na presença desta brisa incessante? Na companhia deste perfume raro?!

Como ainda posso me sentir só, sabendo que os braços do Invisível me abraçam, que aqueles que partiram continuam existindo, e que todos nós, sem exceção, somos amados por alguém!? Como ainda posso me sentir só?

Talvez seja porque eu me isole do Mundo, e seja exigente demais com as pessoas. Pode ser isso.

Talvez seja porque eu não permita que os outros conheçam minha vida, meus sonhos, minhas dificuldades - acho que há um pouco de orgulho nisso.

Quem sabe seja porque eu procure a solidão, e não ela que me persiga, como eu imaginava.

É... talvez eu precise conversar mais com as pessoas, me interessar mais por suas vidas, ouvir.

Há tempos que não ouço alguém; um desconhecido relatando os acontecimentos corriqueiros do dia-a-dia; um colega de trabalho falando das peripécias de seus filhos.

Meus irmãos: há tempos não converso com eles sobre assuntos profundos, como planos para o futuro, lembranças boas do passado.

É curioso, pois lembro-me de que há algumas semanas ouvi uma mensagem de cinco minutos, num programa de rádio, que falava sobre isso, sobre como as pessoas se isolam umas das outras, e do quanto isto é prejudicial para a saúde mental e física, já que uma é conseqüência da outra.

O locutor dizia que ‘Quem ama não se sente só', pois está sempre se doando, se envolvendo com os corações mais próximos, na intenção de ajudar.

Dizia ainda que, quando nos sentimos úteis, e concluímos que muitos dependem de nossa dedicação, de nosso amor, também esquecemos da solidão.

Acredito que ele tenha razão, pois lembro que naquele dia fui visitar uns tios que não via há muito tempo, e aquela visita fez-me tão bem!

Falamos de assuntos comuns, como notícias de televisão, notícias da família, mas ao final saí de lá menos tenso, menos preocupado com a solidão.

Abracei minha tia, e a ouvi dizer, por entre lágrimas discretas: ‘Gostamos muito de você, viu? Venha mais vezes! Não é sempre que recebemos visitas!'

Ela está certa. Não é sempre que recebemos visitas, pois não é sempre que visitamos os outros, creio eu.

Naquela tarde, vi que poderia ser útil em pequenas coisas, e que aquilo me afastava um pouco da solidão.

Dentro do carro, voltando para casa, observando o movimento intenso nas ruas,  lembro de fazer estas mesmas perguntas: Como pode alguém sentir-se só na presença de tanta gente, de tanta vida!?

Quantos desses corações esperam apenas por uma visita? E quantos deles estão dispostos a fazer uma?

E aqui está você, amigo oceano, à minha frente, ouvindo todas estas minhas divagações. Acho que foi sua presença, rei das águas, que me ajudou a entender melhor o que se passa em meu íntimo.

Agradeço profundamente por sua companhia, por conseguir me ouvir, e por me dizer, mesmo sem falar, que o que preciso fazer é visitar mais o coração de meu próximo.

Muito obrigado."

Redação do Momento Espírita, baseado em narrativa de autor desconhecido.

quarta-feira, 16 de março de 2011

MENSAGEM MEDIÚNICA DE BEZERRA

 

Por Divaldo Franco - (13.11.2010 – Los Angeles)

Meus filhos:

Que Jesus nos abençoe

A sociedade terrena vive, na atualidade, um grave momento mediúnico no qual, de forma inconsciente, dá-se o intercâmbio entre as duas esferas da vida. Entidades assinaladas pelo ódio, pelo ressentimento, e tomadas de amargura cobram daqueles algozes de ontem o pesado ônus da aflição que lhes tenham proporcionado. Espíritos nobres, voltados ao ideal de elevação humana sincronizam com as potências espirituais na edificação de um mundo melhor. As obsessões campeiam de forma pandêmica, confundindo-se com os transtornos psicopatológicos que trazem os processos afligentes e degenerativos.

Sucede que a Terra vivencia, neste período, a grande transição de mundo de provas e de expiações para mundo de regeneração.

Nunca houve tanta conquista da ciência e da tecnologia, e tanta hediondez do sentimento e das emoções. As glórias das conquistas do intelecto esmaecem diante do abismo da crueldade, da dissolução dos costumes, da perda da ética, e da decadência das conquistas da civilização e da cultura...

Não seja, pois, de estranhar que a dor, sob vários aspectos, espraia-se no planeta terrestre não apenas como látego mas, sobretudo, como convite à reflexão, como análise à transitoriedade do corpo, com o propósito de convocar as mentes e os corações para o ser espiritual que todos somos.

Fala-se sobre a tragédia do cotidiano com razão.

As ameaças de natureza sísmica, a cada momento tornam-se realidade tanto de um lado como de outro do planeta. O crime campeia a solta e a floração da juventude entrega-se, com exceções compreensíveis, ao abastardamento do caráter, às licenças morais e à agressividade.

Sucede, meus filhos, que as regiões de sofrimento profundo estão liberando seus hóspedes que ali ficaram, em cárcere privado, por muitos séculos e agora, na grande transição, recebem a oportunidade de voltarem-se para o bem ou de optar pela loucura a que se têm entregado. E esses, que teimosamente permanecem no mal, a benefício próprio e do planeta, irão ao exílio em orbes inferiores onde lapidarão a alma auxiliando os seus irmãos de natureza primitiva, como nos aconteceu no passado.

Por outro lado, os nobres promotores do progresso de todos os tempos passados também se reencarnam nesta hora para acelerar as conquistas, não só da inteligência e da tecnologia de ponta, mas também dos valores morais e espirituais. Ao lado deles, benfeitores de outra dimensão emboscam-se na matéria para se tornarem os grandes líderes e sensibilizarem esses verdugos da sociedade.

Aos médiuns cabe a grande tarefa de ser ponte entre as dores e as consolações. Aos dialogadores cabe a honrosa tarefa de ser, cada um deles, psicoterapeutas de desencarnados, contribuindo para a saúde geral. Enquanto os médiuns se entregam ao benefício caridoso com os irmãos em agonia, também têm as suas dores diminuídas, o seu fardo de provas amenizadas, as suas aflições contornadas, porque o amor é o grande mensageiro da misericórdia que dilui todos os impedimentos ao progresso – é o sol da vida, meus filhos, que dissolve a névoa da ignorância e que apaga a noite da impiedade.

Reencarnastes para contribuir em favor da Nova Era.

As vossas existências não aconteceram ao acaso, foram programadas.

Antes de mergulhardes na neblina carnal, lestes o programa que vos dizia respeito e o firmastes, dando o assentimento para as provas e as glórias estelares.

O Espiritismo é Jesus que volta de braços abertos, descrucificado, ressurreto e vivo, cantando a sinfonia gloriosa da solidariedade.

Dai-vos as mãos!

Que as diferenças opinativas sejam limadas e os ideais de concordância sejam praticados. Que, quaisquer pontos de objeção tornem‑se secundários diante das metas a alcançar.

Sabemos das vossas dores, porque também passamos pela Terra e compreendemos que a névoa da matéria empana o discernimento e, muitas vezes, dificulta a lógica necessária para a ação correta. Mas ficais atentos: tendes compromissos com Jesus...

Não é a primeira vez que vos comprometestes enganando, enganado-vos. Mas esta é a oportunidade final, optativa para a glória da imortalidade ou para a anestesia da ilusão.

Ser espírita é encontrar o tesouro da sabedoria.

Reconhecemos que na luta cotidiana, na disputa social e econômica, financeira e humana do ganha-pão, esvai-se o entusiasmo, diminui a alegria do serviço, mas se permanecerdes fiéis, orando com as antenas direcionadas ao Pai Todo-Amor, não vos faltarão a inspiração, o apoio, as forças morais para vos defenderdes das agressões do mal que muitas vezes vos alcança.

Tende coragem, meus filhos, unidos, porque somos os trabalhadores da última hora, e o nosso será o salário igual ao do jornaleiro do primeiro momento.

Cantemos a alegria de servir e, ao sairmos daqui, levemos impresso no relicário da alma tudo aquilo que ocorreu em nossa reunião de santas intenções: as dores mais variadas, os rebeldes, os ignorantes, os aflitos, os infelizes, e também a palavra gentil dos amigos que velam por todos nós.

Confiando em nosso Senhor Jesus Cristo, que nos delegou a honra de falar em Seu nome, e em Seu nome ensinar, curar, levantar o ânimo e construir um mundo novo, rogamos a Ele, nosso divino Benfeitor, que a todos nos abençoe e nos dê a Sua paz.

São os votos do servidor humílimo e paternal de sempre,

Bezerra de Menezes.

A VIDA FUTURA

Pilatos entrou no Pretório, e se dirigindo a Jesus perguntou-lhe: Tu és Rei dos Judeus? Respondeu-lhe Jesus: “o meu reino não é deste mundo, se meu reino fosse deste mundo, certo que os meus ministros haviam de providenciar para que eu não fosse entregue aos judeus”.

Por estas palavras Jesus se refere claramente a vida futura, que Ele apresenta em todas as circunstâncias como o fim a que se destina a humanidade, devendo ser este o objeto das principais preocupações do homem sobre a Terra. A idéia clara e precisa da vida futura nos dá, como resultado, uma fé inabalável, e altera o nosso modo de pensar e encarar a vida, nos dá coragem para enfrentarmos os obstáculos e dificuldades.

Examinando o Evangelho, atentamente, observamos que a “morte de Jesus” foi o primeiro fruto para a demonstração da imortalidade da alma, da vida futura, com as sucessivas aparições com que se mostrou, posteriormente, a seus discípulos. Certamente a intenção de Jesus foi nos dar mais esse ensinamento, para mostrar que a morte não extingue o ser, não destrói a individualidade, não aniquila o Espírito.

A morte de Jesus e suas posteriores aparições vêm provar que a Vida Espiritual é solidária com a vida terrena, demonstrando a possibilidade de contato entre este mundo e o Mundo Maior.

Jesus, o homem excelente, nasceu, viveu e morreu, como acontece com todos, e para dar exemplo da Lei de Deus, da Lei Natural, reapareceu depois da morte do seu corpo, constituindo-se as primícias da vida após a morte, ou seja, das aparições e comunicações com os “mortos”.

Jesus, para demonstrar a imortalidade da alma não poderia simplesmente aparecer antes do seu nascimento, pois iriam tomá-lo como um ser “sobrenatural” incompreensível aos habitantes da Terra. Ele precisava tornar-se conhecido, para depois se dar a conhecer. E baseando-se a sua Doutrina na Vida Eterna, ela só poderia prevalecer com as demonstrações da imortalidade do seu Fundador.

A simples dúvida da existência após a morte faz com que o homem direcione todos os seus atos na vida presente, se prende mais as necessidades materiais, abrindo janelas para o orgulho e vaidade, se distanciando cada vez mais da mensagem deixada pelo Mestre Jesus e Dele próprio.

Uma pesquisa de opinião pública revela que, em todo o mundo, a aspiração mais profunda do homem é viver, e a sua preocupação mais angustiante é morrer. O homem, apesar de seus progressos gigantescos e de suas brilhantes descobertas, não encontrou respostas para esses anseios.

A chegada da Doutrina Espírita, do Consolador Prometido por Jesus, é que vem mudando esses conceitos que nos esclarecer através dos seus ensinamentos. O Espírito de Hammed nos diz que: “em verdade a morte física não nos tira a vida, mas nos faz transitar por novos caminhos”.

Somos nômades do Universo, viajantes das vidas sucessivas, na busca do aperfeiçoamento. Kardec dizia: “nascer, morrer, renascer ainda e progredir incessantemente, tal é a lei”.

 

 

Sérgio Honório da Silva

Campos do Jordão - SP

O NOVO SONHO

 

A imaginação é mais importante do que o conhecimento, afirmou Albert Einstein, pois a imaginação é precursora do conhecimento, mas este, por sua vez, a enriquece.

Imaginar é ver um estado futuro com os olhos da mente. É o início de reinvenção da própria pessoa. Representa os sonhos, esperanças, objetivos e planos.

O sonho que estamos vivendo é nossa criação. É a nossa percepção de realidade que podemos mudar a qualquer momento. Nós temos o poder de criar o inferno e poder de criar o céu.

Por que não usar a nossa mente, nossa imaginação e nossas emoções para criar o céu?

Imagine que você tem a habilidade de enxergar o mundo com olhos diferentes, sempre que o escolher.

A cada vez que você abrir os olhos poderá ver amor saindo das árvores, descendo do céu, fluindo da luz.

Você percebe o amor à sua volta. Você percebe o amor diretamente em tudo.

Imagine que tem permissão para ser feliz e aproveitar sua vida.

Imagine sua vida sem medo de expressar seus sonhos. Você sabe o que quer, o que não quer e quando quer.

Está livre para alterar sua vida da forma que sempre desejou.

Não tem medo de pedir o que precisa, de dizer sim ou não para alguma coisa ou alguém.

Não regula mais seu comportamento de acordo com o que os outros possam pensar sobre você.

Não tem necessidade de controlar ninguém, e, em contrapartida, ninguém o controla.

Imagine viver sua vida sem julgar as pessoas. Você pode perdoá-las com facilidade e esquecer os julgamentos.

Não tem necessidade de estar certo, não precisa mais tornar todo mundo errado. Você respeita a si mesmo e a todos que, em troca, também o respeitam.

Imagine a si mesmo sem medo de amar e não ser amado. Não teme mais ser rejeitado e não tem a necessidade de ser aceito.

É capaz de dizer: “eu amo você”, sem justificativa ou vergonha.

Imagine viver sem o temor de assumir um risco e explorar a vida.

Imagine que ama a si mesmo do jeito que você é. Ama seu corpo da forma que é e suas emoções da forma como são.

O motivo de estar lhe pedindo para imaginar essas coisas é porque elas são inteiramente possíveis!

Você pode viver em estado de graça, em êxtase, o sonho do céu. Mas, apenas o amor pode colocá-lo nesse estado de graça.

Você percebe o amor onde quer que vá. É inteiramente possível porque outros já o fizeram e eles não são diferentes de você.

Há mais de dois mil anos Jesus nos falou sobre o reino dos céus, do amor, mas as pessoas não estavam prontas para ouvir isso.

Viver pode ser muito fácil quando o amor é sua forma de vida. Você pode estar pleno de amor o tempo todo.

É uma escolha sua. Talvez não tenha motivo para amar, mas pode amar, porque o amor o torna feliz.

Por milhares de anos temos procurado a felicidade. Ela é o paraíso perdido.

Os seres humanos têm trabalhado tanto para alcançar esse ponto, e isso faz parte da evolução. Este é o futuro da humanidade.

Esta forma de viver é possível e está ao seu alcance. Moisés a chamou de terra prometida, Buda a chamou de nirvana, Jesus a chamou de reino dos céus e os toltecas, de novo sonho.

O sofrimento o faz sentir-se seguro porque o conhece muito bem. Mas, na realidade, não existe motivo para sofrer. Você escolhe sofrer e esse é o único motivo.

Se olhar para a sua vida vai encontrar um bocado de desculpas para sofrer, mas não vai encontrar nenhum bom motivo para sofrer.

O mesmo vale para a felicidade. A única razão para você ser feliz é porque escolheu ser feliz. A felicidade é uma escolha, assim como o sofrimento.

Sofrer, ou amar e ser feliz. Viver no inferno ou viver no céu. Qual é a sua escolha?

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base num texto adaptado do livro “Os quatro compromissos – O livro da filosofia tolteca.”