quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

COMPROMETIMENTO



Se quando a nota musical fosse convocada pelo artista para uma composição, ela dissesse:Não é uma nota que faz a música, não nasceriam sinfonias e o homem jamais poderia se extasiar com a música que lhe enche os ouvidos e a alma.
 
Se quando a palavra fosse convidada a ser escrita, ela dissesse: Não é uma palavra que faz uma página, não existiriam livros, que beneficiam tantas vidas.
 
Se quando o construtor buscasse a pedra, ela dissesse: Não há pedra que possa montar uma parede, não haveria casas, edifícios, construções tão espetaculares, que parecem desafiar o homem.
 
Se quando a gota caísse sobre a terra, dissesse: Uma gota d’água não faz um rio, não haveria rios, lagos, mares e oceanos.
 
Se nas mãos do semeador, o grão dissesse: Não é um grão que semeia um campo, não haveria colheitas abundantes e messes fartas.
 
Se o homem simplesmente considerar que não é um gesto de amor que pode salvar a Humanidade, jamais haverá justiça, paz, dignidade e felicidade na Terra.
 
Assim como as sinfonias precisam de cada nota, assim como o livro precisa de cada palavra, não sendo nenhuma dispensável; assim como as construções precisam de cada pedra no seu exato lugar; assim como os rios, lagos, mares e oceanos precisam de cada gota d’água; assim como a colheita precisa de cada grão, a Humanidade precisa de você.
 
Exatamente! De você! Onde estiver, único e, portanto, insubstituível.
 
E Deus conta com sua participação ativa nesta sinfonia espetacular que é a vida, para tocar com sua harmonia, a musicalidade da sua voz, os corações aflitos e lhes acalmar as dores.
 
Deus conta com sua palavra de bom ânimo e encorajamento para erguer os caídos nas estradas do desespero.
 
Deus conta com as pedras da sua construção ativa nas boas obras para que muitos dos Seus filhos não morram de fome, nem padeçam frio, nas estreitas vielas da amargura e do abandono.
 
Deus conta com a gota d’água da sua boa vontade para modificar os painéis de sofrimento nas estradas por onde seguem os seus pés.
 
Deus conta com o grão especial da sua paciência para semear a serenidade, no campo das lutas diárias dos homens que ainda não descobriram que suas vidas devem ser muito mais do que simplesmente dominar o mercado financeiro, vencer os adversários em um jogo ou ganhar na cotação da Bolsa de Valores.
 
Deus conta com o seu gesto de amor, onde esteja, para falar e agir com justiça, para semear a paz, para viver com dignidade e mostrar que é possível, sim, ser feliz na Terra, ainda hoje.
 
Porque a maior felicidade consiste em saber descobrir a felicidade nos olhos da gratidão alheia, na prece infantil que brota da alma da criança a quem ensinamos a buscar Deus; nas mãos envelhecidas no trabalho que buscam as nossas para um aperto silencioso, significativo, sincero.
 
* * *

O mundo precisa do nosso comprometimento para ser o mundo que todos queremos, desejamos e aguardamos.
 
Não esperemos pelos outros.
 
Distribuamos hoje, agora, a nossa nota de esperança, a nossa palavra de fé, a nossa gota de amor, nosso grão de solidariedade.
 
O mundo espera. As criaturas precisam e Deus conta conosco.
 
Redação do Momento Espírita, com base em artigo de autoria ignorada.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

SÓ, NA PRESENÇA DO MAR



Quando abraço o oceano todo com um olhar, volto a questionar sete milhões de coisas... Tantas quanto as ondas velozes que ganham a areia a cada minuto.
 
Volto a indagar: Como alguém pode se sentir só, na presença do mar? Acariciado por esta brisa incessante? Preenchido por este perfume raro?...
 
Como ainda posso me sentir só, sabendo que os braços do invisível me abraçam, que aqueles que partiram continuam existindo, e que todos nós, sem exceção, somos amados por alguém, em algum lugar, de alguma forma?...
 
Como ainda posso me sentir só?...
 
Talvez seja eu que me isole do mundo, e que exija demais das pessoas. Pode ser isso...
 
Talvez seja eu que não permita que os outros conheçam minha vida, meus sonhos, minhas mazelas (e, percebendo melhor, acho que há um pouco de orgulho nisso)...
 
Quem sabe seja eu que procure a solidão, e não ela que me persiga, como sempre imaginei...
 
É... Talvez eu precise conversar mais com as pessoas, interessar-me mais por suas vidas... Ouvir mais...
 
Há tempos que não ouço alguém. Um desconhecido relatando os acontecimentos corriqueiros do dia a dia; um colega de trabalho falando das peripécias de seus filhos; meu irmão... Puxa!... Há tempos não converso com meu irmão...
 
É curioso, pois me lembro que, há algumas semanas, ouvi uma mensagem de cinco minutos, num programa de rádio, que falava exatamente sobre isso, sobre como as pessoas se isolam umas das outras, e do quanto isso é prejudicial para a saúde mental e física, já que uma é consequência da outra - dizia o locutor.
 
Vem-me claramente à memória uma frase: Quem ama não se sente só.
 
É interessante, pois acho que sempre acreditei que para não se sentir só era necessário ser amado, e não amar.
 
Dizia, ainda, que quando nos sentimos úteis, e concluímos que muitos dependem de nossa dedicação, de nosso amor, também esquecemos a solidão.
 
É... Talvez ele tenha razão, pois lembro que, um dia desses, fui visitar uns parentes que não via há muito tempo, e aquela visita fez-me tão bem!
 
Falamos de assuntos comuns, como notícias de televisão, de família (em verdade ouvi muito mais do que falei, pois eles desembestaram a falar que só vendo!)
 
Mas, sabe que gostei de ouvir... Ao final, saí de lá com menos tensão, menos preocupado com a solidão... Percebi - não sei ao certo - um ar estranho entre os dois, como se estivessem cansados, entediados, possivelmente um pouco tristes...
 
Abracei minha tia (lembrei o quanto gosto dela!), e a ouvi dizer com os olhos levemente umedecidos: Gostamos muito de você, viu! Venha mais vezes! Não é sempre que recebemos visitas!
 
Ela estava certa. Não é sempre que recebemos visitas, pois não é sempre que visitamos os outros, creio eu...
 
Naquele final de tarde, vi que poderia ser útil em coisas tão pequenas, porém tão significativas!... E aquilo me afastava do desânimo, da solidão...
 
Dentro do carro, voltando para casa, observando a vida lá fora, por entre gotas de uma garoa discreta, lembro-me que essas mesmas questões emergiram:
 
Como pode alguém sentir-se só, na presença de tanta gente, de tanta vida! Quantas dessas pessoas esperam apenas por uma visita? E quantos deles estão dispostos a fazer uma?
 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Como alguém pode se sentir só, na presença do mar, do livro O que as águas não refletem, de Andrey Cechelero, edição do autor.

MENTE E SINTONIA



É creditado ao italiano Guilherme Marconi o uso das ondas eletromagnéticas para transmitir informações a longas distâncias.
 
No final do Século XIX, Marconi inicia seus experimentos, que darão origem ao telégrafo e, posteriormente, ao rádio.
 
Graças a isso, as distâncias passam a ser menores, e a comunicação intensifica-se.
 
Marconi partiu de um princípio da Física, segundo o qual ao se emitir ondas com determinada frequência, essas se propagam no espaço, podendo ser captadas por outro aparelho sintonizado na mesma frequência.
 
Hoje, os experimentos de Marconi pertencem à História e seus equipamentos são peças de museu, frente a toda a tecnologia desenvolvida desde então.
 
Porém, ainda podemos tecer valiosas reflexões a respeito desses seus estudos e descobertas.
 
Nossa mente atua, sempre, como uma grande usina geradora de ondas, com frequências peculiares.
 
A natureza do nosso pensar e sentir gera a qualidade da emissão, daquilo que emitimos e exteriorizamos em forma de pensamento.
 
Como as ondas de rádio, invisíveis e imperceptíveis para nós, assim são nossos pensamentos.
 
Não percebemos de imediato e nem visualizamos o que emitimos, mas nosso pensar está sempre gerando o ambiente, a psicosfera em torno de nós mesmos.
 
Assim é que pessoas otimistas vivem em uma frequência, em uma ambiência mais salutar do que as pessoas pessimistas.
 
Alguém sempre amoroso, carinhoso, compreensivo, terá em torno de si as qualidades relativas à natureza desses sentimentos.
 
Por sua vez, quem seja amargo, intolerante, impaciente gerará, para sua própria vivência, um ambiente mais tormentoso e difícil.
 
Assim, cuidar dos pensamentos é tarefa de urgente necessidade, mas, muitas vezes relegada, quando não esquecida ou desconhecida.
 
Somos o resultado do que pensamos, sentimos e agimos, direta e indiretamente.
 
Portanto, será sempre mais proveitoso buscarmos a reflexão otimista ao pensamento pessimista, a análise compreensiva ao julgamento crítico, o bem pensar ao julgamento severo.
 
Não é alienar-se do mundo, ou vê-lo de maneira ingênua ou parcial.
 
É a opção por viver no mundo, enfrentando seus desafios e lutas, com ferramentas diferentes, que serão mais valiosas e eficazes, nos proporcionando, ademais, saúde e bem-estar.
 
Dessa forma, vigiar nosso pensar no dia a dia, será sempre ação benéfica para nós mesmos.
 
Ao optarmos pela vigilância da nossa casa mental, nos proporcionamos a oportunidade de abandonar o medo, a insegurança, as angústias. E abraçarmos o bem, o bom e a confiança em Deus.
 
Atentemos para a recomendação de Jesus de orarmos e vigiarmos, entendendo que o Amigo Divino nos convida a  vigiarmos nosso pensar e a utilizarmos a oração como ferramenta de apoio e reestruturação mental.
 
* * *
 
O pensamento é força vital gravitando no Universo. Fonte poderosa, pode verter luz pacificadora ou se transformar em cachoeira destruidora.
 
Pensemos nisso.
 
Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CATÁSTROFES E DESENCARNES EM MASSA – A VISÃO ESPÍRITA


 
Vez por outra, a Humanidade, em determinadas regiões do Planeta, chora a dor da destruição de cidades e a perda dos entes queridos. Catástrofes naturais ou acidentais vitimam milhares de pessoas e as imagens televisivas, virtuais ou impressas nos mostram as tintas do drama de nossos irmãos, enquanto a população recolhe seus mortos, implorando por auxílio para o socorro aos sobreviventes e a futura reconstrução de casas, prédios, espaços e repartições públicas.
 
A solidariedade fraternal do mundo fica explícita nas ações de grupos estatais e não-governamentais, que remetem remédios e equipamentos clínicos, bem como alimentos, água potável, roupas e cobertores, em paralelo aos inúmeros voluntários das cruzadas de saúde e defesa civil que atendem às vítimas, no digno exemplo daqueles que se importam com o semelhante e fazem o possível para minorar a dor alheia.
 
A filosofia espírita apresenta-nos a destruição como uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, importando no aniquilamento da vida material, a interrupção da atual experiência. Há, segundo a cátedra espírita, as desencarnações naturais, as provocadas e as violentas. As naturais decorrem do esgotamento dos órgãos e representam o encerramento “programado” das existências corporais, segundo a lei de causa e efeito e o planejamento encarnatório do ser. As provocadas resultam da ação humana no espectro da criminalidade e da agressividade (assassínio, atentados, guerras). As violentas encampam a ocorrência de catástrofes naturais (enchentes, terremotos, maremotos, ciclones, erupções, desmoronamentos, acidentes aéreos, automobilísticos, ferro ou aquaviários, entre outros), sem desconsiderar que a ação ou omissão humana, em face da ganância, da prepotência e da corrupção, pode estar entre as causas que geram tais efeitos danosos.
 
É por isso que em muitas dessas situações, o nexo causal entre a catástrofe e a ação humana acha-se presente. Movido por interesses mesquinhos e sem a adequada compreensão do conjunto (leia-se a contemporânea preocupação com os ecossistemas, a preservação do meio ambiente), os homens alteram a composição geológica, com escavações, desmatamentos, aterros e outros mais, e sua imprevidência acaba gerando as ocorrências das mencionadas catástrofes “naturais”. Também podemos mencionar aqui a situação daqueles que, migrando de suas cidades para os grandes centros, habitam os morros, nas periferias das metrópoles, e, sem a mínima infra-estrutura, ficam à mercê das primeiras enxurradas, que levam seus barracos, que fazem desmoronar enormes pedras, vitimando, não-raro, diversas pessoas. Há, aí, um misto entre o evento natural e a ação humana, como causa direta do evento fatal.
 
Nos casos em que subsistem várias vítimas, seja em pequena, média ou grave dimensão, entende-se que as faltas coletivamente cometidas pelas pessoas (que retornam à vida material) são expiadas solidariamente, em razão dos vínculos espirituais entre elas existentes. Todavia, necessário se torna qualificar a condição daqueles que, por comportamentos na atual existência, possam sublimar as provas, alterando para melhor o planejamento vital, garantindo a ampliação de sua permanência no orbe, redefinindo aspectos relativos à reparação de faltas e à construção e realização de novas oportunidades. Eis um caminho para explicar, por exemplo e, ainda que não definitivamente, a existência de sobreviventes.
 
A compreensão espírita, calcada no sério estudo e na relação direta entre os fundamentos filosóficos espíritas e o cotidiano do ser, na análise de tudo o que lhe rodeia, permite, assim, a desconsideração do termo “fatalidade” como sendo algo relativo à desgraça, ao destino imutável dos seres, pois o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir. Então, a palavra destino também ganha um redesenho, para representar, tão-somente, o mapa de probabilidades e ocorrências da existência corporal, resultantes, em regra, das escolhas e adequações realizadas anteriormente à nova vida, somadas às atitudes e aos condicionantes do contexto atual, onde, com base no seu discernimento e liberdade, continuará o rol de decisões que levarão o ser aos caminhos diretamente proporcionais àquelas, colocando-o, sempre, na condição de primeiro e principal responsável por tudo o que lhe ocorra.
 
É verdadeiramente por isto que cognominamos o Espiritismo como a “Doutrina da Responsabilidade”, porque se nos permite a análise criteriosa de nossa relação direta com fatos e acontecimentos da vida (material e espiritual).
 
Ante eventos como as enchentes em Santa Catarina, além da possível ajuda material que possamos, daqui de longe, efetivar, que nossas vibrações e preces possam alcançar os espíritos socorristas, que encaminham as “vítimas” desencarnadas ou seus familiares, as primeiras ao necessário e conseqüente despertar no Novo Mundo, e as últimas ao esforço para reconstruírem suas vidas. E que todos eles, despertos e recuperados das mazelas físico-espirituais, possam compreender, novamente, que o curso da evolução espiritual continua. Para eles e para nós, que aqui estagiamos.
 
 Marcelo Henrique Pereira - Expositor e Escritor Espírita. Assessor Administrativo da Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo - ABRADE.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

MÁGOA DESNECESSÁRIA



As relações humanas serão sempre pautadas pela dificuldade que trazemos na alma. E não poderia ser diferente.
 
Como somos seres em evolução, muito ainda há que se construir nas conquistas emocionais para que o equilíbrio, a justiça e a retidão sejam as ferramentas no relacionamento humano.
 
Não é raro indivíduos que, desgastados pelos embates humanos, cansados das dificuldades de relacionamento, alegam preferir viver isolados do mundo, sem a necessidade de suportar a uns e aguentar a outros.
 
O raciocínio se torna quase que natural, frente a tantos esforços que temos que empreender, tanta paciência a exercitar, no trato com o semelhante.
 
E não são poucos aqueles que se isolam do mundo. Seja buscando uma vida de eremita, fechando-se em seu lar ou isolando-se em essa ou aquela instituição. Esses buscam a paz que não encontravam nas relações sociais e familiares.
 
Muito embora assim o façam imbuídos, por vezes, das mais nobres intenções, esquecem-se de que, ao isolar-se, ao fugir da sociedade, perdem a grande chance do aprendizado da convivência.
 
Somente nos atritos que vivemos é que vamos encontrar a chance do amadurecimento das experiências, de crescer, de superar aos poucos os próprios limites de interação social.
 
Somos todos indivíduos criados para viver em conjunto e a vida solitária somente nos causaria graves sequelas à vida emocional e psicológica.
 
É na experiência de viver com os outros que a alma tem a possibilidade de conhecer diversas formas de aflições e exemplos inesquecíveis.
 
É natural que nossas relações não sejam sempre pautadas pela harmonia. São nossos valores íntimos que determinam os entrechoques que, não raro, vivenciamos, ou os envolvimentos afetivos de qualidade, que usufruímos.
 
Como ainda não nos acostumamos a viver em estabilidade íntima por longos períodos de tempo, vez ou outra surgem dificuldades, problemas, indisposições variadas em nossos relacionamentos.
 
Pensando assim, pode-se concluir o quanto é desnecessário e improdutivo viver-se carregando no íntimo mágoas e malquerenças.
 
Ninguém há no planeta que não se aborreça quando recebe do outro o que não gostaria de receber. No entanto, não podemos esquecer que ninguém também pode afirmar que, com seu modo de falar, de ser e de agir, não cause aborrecimentos e mágoas a outras pessoas, ainda que involuntariamente.
 
Desta forma, cabe a cada um de nós procurar resolver mal-entendidos, chateações e mágoas com os recursos disponíveis do diálogo, do entendimento, da desculpa e do perdão. Afinal, se outros nos magoam, de nossa parte também acabamos magoando a um e outro, algumas vezes.
 
Assim pensando, podemos concluir ser uma grande perda de tempo e um sofrimento dispensável o armazenamento de sentimentos como a mágoa ou a raiva no coração.
 
Há tanto a se realizar de bom e de útil a cada dia, e o tempo está tão apressado, que perde totalmente o sentido alimentarmos mágoa na alma, qualquer que seja a intensidade.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

SOBRAS DA ALMA


 
Davi é uma das esculturas mais famosas do autor renascentista Michelangelo.
 
O trabalho, uma estátua de mármore que mede cinco metros e dezessete centímetros de altura, retrata o herói bíblico com realismo anatômico impressionante, sendo considerada uma das mais importantes obras desse período da História das artes.
 
A escultura imponente se encontra em Florença, Itália, cidade que, originalmente, encomendou a obra.
 
Michelangelo levou três anos para concluí-la, em 1504.
 
É fascinante perceber a habilidade dos grandes artistas, conseguindo enxergar numa grande pedra uma bela escultura.
 
Um deles, certa feita, relatou que ficou a fitar um grande bloco de mármore por horas e horas, até visualizar a estátua ali dentro. Depois, segundo contou, bastou tirar as sobras, desbastando a pedra, para que surgisse a escultura perfeita.
 
* * *
 
Inspirados na sabedoria dos grandes mestres, podemos levar esse entendimento para nossas vidas.
 
Imaginando que nossa alma é nossa grande obra, a grande escultura que precisamos aformosear, entenderemos que a técnica desses artistas é genial.
 
Primeiro, a análise demorada. Olhar para dentro da alma, conhecê-la. Penetrar em sua intimidade buscando encontrar-se.
 
É o conhecimento de si mesmo, a chave de todo progresso moral. A grande viagem para dentro do Espírito, procurando lá o que precisa de reforma, de melhoria.
 
Quais as nossas maiores imperfeições, nossas dificuldades? E quais também nossas habilidades, nossos potenciais?
 
Estabelecendo o que precisa ser retirado, encontrando as sobras da rocha do Espírito, começamos então o trabalho de esculpir a alma.
 
Retirar tudo que não é essencial, que não é nosso, que não faz parte da construção da nossa felicidade.
 
Remover os vícios, as mágoas, os grandes e pequenos ódios que fomos guardando ao longo das eras.
 
Retirarmos a poluição mental, os pensamentos de inveja, ciúme e revolta.
 
Removermos a tristeza e a depressão que já nos fizeram tão mal, que já nos fizeram desistir tantas vezes, soltando o cinzel das mãos por alguns momentos.
 
Alguns blocos podem ficar sem o trabalho do escultor por um longo período... Mas acabam por não resistir à ação do tempo, e voltam a pedir que o escultor continue... continue.
 
O processo pode ser doloroso, incômodo, assim como as investidas do artista, com suas ferramentas, contra o mármore.
 
As primeiras ações são as mais doloridas, pois o bloco ainda está intocado em várias partes. Retirar a alma da inércia espiritual não é nada fácil.
 
Porém, quanto mais vamos retirando, mais da nossa verdadeira essência vamos enxergando, e isso concede ânimo, energia, para não retardar o trabalho de escultura.
 
Após algum tempo, após algumas reencarnações, começaremos a vislumbrar a beleza de Davi no meio de tantos pedaços de pedra que foram vertendo da pedra bruta.
 
É assim que esculpimos a alma, nossa grande obra-prima, que inicia sua jornada na simplicidade e na ignorância, e que a devemos concluir na perfeição, na felicidade.
 
Nossa alma, nosso Davi, nossa grande obra!
 
Redação do Momento Espírita.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

A PRODIGIOSA CRIAÇÃO DIVINA



Quando as cores do amanhecer pintam os céus de coloridos sempre renovados, com combinações que, por vezes, quase nos impedem de definir a cor real;
 
quando o canto da passarada anuncia a alvorada, em chilreios de escalas inimagináveis, unindo-se todos em uma sinfonia inigualável;
 
quando os murmúrios dos rios nos chegam aos ouvidos, com a delicadeza de águas cantantes;
 
quando o sol inunda a Terra e nos leva a dizer: Que dia! – erguemos os olhos aos céus e louvamos a grandeza Divina, com Sua sempre extraordinária capacidade de nos surpreender.
 
Quando nos extasiamos com as rochas esculpidas pelas águas e os ventos, ao longo dos milênios, descobrindo formas geométricas, caprichosos desenhos de navios, animais;
 
quando contemplamos o mar bravio, com suas ondas gigantescas levando em seu dorso os ousados surfistas;
 
quando vemos as cores exuberantes da arara, a elegância do pavão, o voo imponente da águia, concluímos que o Pai de todos nós é o Supremo amor, conferindo-nos tantas dádivas, neste pequeno planeta azul.
 
Em contrapartida, nossos olhos também encontram animais peçonhentos, horripilantes, que nos levam a indagar: Por que Deus, de tanto amor, colocou esses animais na face da Terra?
 
E, muitos de nós, não somente os abominamos quanto nos apavoramos ao simples mencionar de cobras, sapos, ratos, baratas.
 
Se estudarmos a cadeia alimentar, veremos que os seres se nutrem e servem uns aos outros, higienizando, inclusive, o ambiente.
 
Mas, de verdade, não pensamos, por vezes, que viveríamos muito melhor sem a presença deles?
 
Contudo, insaciáveis em nossa sede de conhecimento, a pouco e pouco vamos descobrindo que todo ser sobre a face da Terra tem sua especial utilidade.
 
Compete a nós essa descoberta, o grande desafio de adentrar os meandros do conhecimento da vida animal.
 
Quando isso ocorre, voltamos a admirar a grandeza da Criação, onde nada, nem coisa alguma é inútil.
 
É possível que muitos de nós olhemos para os aracnídeos com ojeriza ou medo, lembrando das picadas venenosas de alguns desses espécimes, da periculosidade da aranha marrom.
 
E, com certeza, toda dona de casa detesta teias de aranha, que surgem nos lugares mais inusitados, exigindo limpeza constante.
 
No entanto, a edição eletrônica da revista de tecnologia do site wired.co.uk, de 15 de outubro de 2012, traz parte de uma pesquisa que certamente nos fará pensar um pouco mais a respeito do assunto.
 
Com o título O fio produzido pela aranha poderá ser usado em chips biodegradáveis para computadores, informa que o fio produzido pela aranha é um tipo de supermaterial: mais forte que o aço, mais duro que o kevlar, e ainda incrivelmente maleável e flexível.
 
Mas o tal fio tem outras propriedades que o tornam ideal para uso em dispositivos eletrônicos.
 
Foi descoberto que a luz pode viajar por uma estrutura de fio de aranha tão fácil quanto por um cabo óptico, segundo o físico e pesquisador Nolwenn Huby, do Instituto de Física de Rennes, na França.
 
* * *
 
Sim, maravilhosa é a Criação. Quanto temos ainda a descobrir!
 
Pensemos nisso: nada existe sem um fim útil na prodigiosa Criação Divina.

Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

TRISTEZA



O pessimismo é uma característica muito em evidência na Terra.
 
Muitos chegam a cultivá-lo, com sofreguidão.
 
Esses estão sempre dispostos a ver prenúncio de tragédia em qualquer notícia.
 
Costumeiramente, apegam-se aos aspectos negativos do que lhes vem ao conhecimento.
 
Na música, prestam atenção nos ritmos e vertentes menos promissores.
 
Acham que toda crise é destinada a se aprofundar.
 
Identificam na Humanidade uma maldade que só faz crescer.
 
Com esse proceder, lentamente se afundam em amargor e tristeza. Deixam de cultivar a esperança. Sua palavra é a do desânimo.
 
Parecem considerar sinal de sofisticação e inteligência ser o mensageiro da desgraça.
 
O Apóstolo dos gentios, Paulo de Tarso, em sua Segunda Epístola aos Coríntios, escreveu sobre essa tendência humana.
 
Ele registrou que a tristeza, segundo Deus, opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar. Mas que a tristeza do mundo gera a morte.
 
Conforme se observa nessa advertência, há duas espécies de tristeza.
 
A primeira é uma tristeza segundo Deus. A segunda é uma tristeza segundo a Terra.
 
A primeira propicia solucionar problemas atinentes à vida verdadeira.
 
A segunda é caminho para a morte, como símbolo de estagnação, de desvio dos sentimentos.
 
A tristeza, segundo a Terra, existe em todos os que consideram virtude a lamentação incessante.
 
Ela reside em quem cultiva a desesperança e o tédio continuado.
 
Em quem se recusa obstinadamente em ver o aspecto positivo das coisas.
 
Para essas pessoas, qualquer pequeno problema produz desânimo.
 
São tristes pela ausência do dinheiro que lhes permita viver com os luxos que desejam.
 
Torturam-se porque não conseguem levar a melhor sobre seus desafetos.
 
Lastimam-se pela impossibilidade de satisfazer sua vaidade nos brilhos do mundo.
 
Trata-se dos viciados na queixa doentia, incapazes de encontrar prazer nas pequenas ocorrências da vida.
 
Tal é a tristeza do mundo, que prende o Espírito na teia de reencarnações corretivas e dolorosas.
 
Entretanto, raros homens se tocam da tristeza segundo Deus.
 
Muito poucos contemplam a si próprios, considerando a extensão das falhas que lhes dizem respeito.
 
Raríssimos consideram entristecidos a posição inferior em que se encontram, na longa marcha para a reestruturação da vida.
 
Por certo essa análise sincera causa desconforto porque dela surge clara a necessidade de retificar os próprios caminhos.
 
Ela faz com que o homem reconheça a necessidade de perdoar, de compreender e servir.
 
Quem avança por esse caminho redentor por vezes chora.
 
Mas jamais atinge o plano do soluço enfermiço e da inutilidade.
 
Afinal, sabe se reajustar, valendo-se do tempo e do esforço próprio para edificar um novo destino.
 
Pensemos nisso.
 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 130, do livro Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.