sábado, 23 de abril de 2011

SÓLIDA AMIZADE

 

Quem de nós já não se decepcionou com um amigo? Alguém a quem se entregou o coração e, em algum momento, nos traiu a confiança ou nos voltou as costas?

Alguém de quem esperávamos todo o apoio e nos falhou, na hora precisa?

Qualquer uma dessas circunstâncias nos magoará e se constituirá em quebra da afeição.

Por essa razão, a lição de dois meninos é tão marcante.

Eles haviam nascido no mesmo dia, mês e ano. Um era judeu. O outro, alemão.

Nove anos era a idade deles. Um era natural da Polônia e habitara uma casa, com vários cômodos, em cima da relojoaria do seu pai.

Um dia, tudo lhe foi tirado e ele se viu prisioneiro, em meio a outros milhares, padecendo fome. Para vestir, um estranho pijama listrado, com boné no mesmo padrão.

O outro nascera em Berlim, vivera numa casa muito grande, de três andares. Agora, residia no campo e vivia a reclamar da casa menor e da falta de amigos.

Encontraram-se, um dia, um de cada lado de uma interminável cerca de arame farpado. Bruno, o menino alemão, se sentia solitário e se pôs a conversar com o outro.

Nenhum dos dois entendia muito do que acontecia ao seu redor. Mas se tornaram amigos. Viam-se todas as tardes.

Um dia, ao entrar em casa, Bruno viu ali o amigo do pijama listrado. Lustrava os cristais com seus dedos miúdos.

Bruno se serviu de um lanche e ofereceu ao outro, sempre faminto.

Mal colocara na boca um pedaço de frango, adentrou a cozinha um oficial. Vendo que o pequeno prisioneiro estava comendo, o inquiriu, de forma grosseira, acusando-o de roubar comida.

Sem malícia alguma, o menino disse que fora seu amigo quem lhe ofertara o lanche.

Mas Bruno estava tão assustado com a truculência do oficial, com a inquirição que lhe era feita, que se deixou tomar pelo pavor.

E, apavorado, negou conhecer o outro, negou ter-lhe dado comida, o que, para aquele valeu violento castigo.

Dias passados, Bruno retornou ao local onde costumava encontrar o amigo. Havia tristeza e muitos hematomas no rosto do aprisionado.

Peço desculpas, disse Bruno. Tive muito medo, naquele dia. Você ainda quer ser meu amigo?

E, então, a mão esquálida do judeu se estendeu para o lado de fora da cerca. Bruno a apertou.

Era a primeira vez que se tocavam. Era o toque da amizade sólida, que sempre perdoa.

* * *

Amizade é um exercício de amor. Amor de amigo é inigualável. Já disse Jesus, ao seu tempo, que o amigo dá a sua pela vida do amigo, santificando assim esse sublime sentimento.

Por isso, o amigo perdoa as fraquezas do outro, perdoa as suas falhas e continua amigo.

Felizes aqueles que enflorescem a alma com amizade, enriquecendo-se de paz, granjeando gratidão pelos caminhos que percorre.

Redação do Momento Espírita, com base em cenas do filme O menino do pijama listrado.

TIRANIA DA BELEZA

 

Existem situações muito tristes acontecendo em nossa sociedade, que não aparecem nas manchetes.

É a triste realidade que vivem nossos jovens e adolescentes, com relação à apologia da beleza, que deve ser cultivada a qualquer custo.

Os meios de comunicação que, na disputa pelos primeiros lugares do ibope, não mostram as tragédias que assolam as almas frágeis das nossas crianças.

A anorexia é um desses problemas, que cada vez mais se alastra fazendo vítimas.

Crianças e jovens que se recusam a comer, a ingerir qualquer líquido, porque se acham demasiadamente gordos, embora estejam só pele e ossos.

Adolescentes que mutilam o corpo, ainda em formação, com cirurgias plásticas, silicone, remédios para emagrecer, mesmo que isso lhes custe a própria vida.

Jovens que não se conformam por não estar dentro dos padrões de beleza estabelecidos pelas mídias, e entram em depressão, apatia profunda, chegando a abandonar a vida pelas portas do suicídio.

Até quando suportaremos essa tirania da beleza?

Até quando permitiremos que nossos filhos e filhas sejam vítimas dessa insanidade generalizada que se abate sobre a sociedade, impondo sofrimento e dor?

Até quando consentiremos que os valores sejam invertidos de tal forma que a vida passe a valer menos que a aparência física?

Desde quando a roupa vale mais do que quem a veste?

Desde quando o corpo vale mais do que o ser que o habita?

É imperioso parar um pouco para analisar os valores da vida, e evitar que nossos jovens e crianças se percam nessa armadilha nefasta que é a ditadura da aparência.

As mídias não mostram o sofrimento de pais que dariam tudo para que seu filho ingerisse um pedaço de pão, um copo de água, para continuar respirando...

Isso tudo acontece porque se convencionou estabelecer as medidas que um corpo precisa ter, o tipo de cabelo que se deve ter, a estatura ideal.

Meu Deus! O corpo é o instrumento da alma, e não deve valer mais que a própria alma!

A beleza do corpo está justamente no serviço que presta ao espírito, para seu aperfeiçoamento intelecto-moral.

Quantos pais se dedicam, integralmente, ano após ano, a cuidar de filhos cujo corpo é deformado, e encontram nessa tarefa sua razão de viver.

Sabem que a beleza que deve ser cultivada é a do ser imortal, que sobreviverá ao corpo, que continuará seu aperfeiçoamento pela eternidade afora.

É preciso pensar nisso, com a urgência que o assunto requer.

É imperioso que mães e pais não torturem seus filhos com a idéia de que devam ser modelos de beleza física.

Mas para isso é preciso que esses pais também se dêem conta de que a aparência física não é o fator mais importante na vida.

O corpo, por mais belo que seja, um dia será pó.

A alma que o habitava o abandonará, mais cedo ou mais tarde, mas não sairá da vida.

É justo que eduquemos nossas crianças para uma alimentação saudável, por questões de saúde.

É natural que queiramos nossos filhos bem dispostos, exercitando o corpo para garantir seu bem-estar.

O que precisamos deter é essa tirania da beleza exterior, que não leva em conta a verdadeira beleza que é a do espírito.

Pensemos nisso com carinho, e libertemos nossas crianças desses grilhões que a ilusão da beleza padronizada pelas conveniências lhes impõem.

 

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.