Se eu disser para vocês
que o inferno existe, acreditem, pois eu estava mergulhado nele, de corpo e
alma, num espaço sombrio e frio, bem interno do ser, dos pés à cabeça, sem
tempo, sem luz, nem descanso e afogava-me, a cada segundo, num oceano de matéria
viscosa que roubava até minha ilusória alegria…
Naquele lugar não havia luz, somente nuvens cinza e chuvas com raios e trovões, gritos estridentes e desesperados, gemidos surdos, pedidos de socorro, lágrimas, desalento, tristeza e revolta…
Naquele lugar não havia luz, somente nuvens cinza e chuvas com raios e trovões, gritos estridentes e desesperados, gemidos surdos, pedidos de socorro, lágrimas, desalento, tristeza e revolta…
Preciso descrever mais as cenas dantescas de animais que nos
mastigavam e, em seguida, nos devoravam sem consumir nossos corpos; se é que
posso dizer que aquilo, que sobrou de mim, era um corpo humano. queria fugir
para bem longe dali, mas tudo em vão, quanto mais me debatia no fluido
grudento, mais me afundava e, quando alcançava, de novo, a superfície
apavorante, mãos e garras afiadas faziam-me submergir naquele líquido pastoso e
mal cheiroso.
Dragões lançavam chamas de suas bocas sujas e nos queimavam, machucando e estilhaçando a pouca consciência que me restava da lembrança de minha estada no corpo físico, neste planeta azul.
Dragões lançavam chamas de suas bocas sujas e nos queimavam, machucando e estilhaçando a pouca consciência que me restava da lembrança de minha estada no corpo físico, neste planeta azul.
Guardiões das trevas olhavam atentos seus presos e vigiavam
todos os movimentos realizados naquele imenso espaço de sofrimentos, dores, lamentos,
depressões, angústias e arrependimentos tardios… O ar era ácido e provocava
convulsões diversas.
Perguntava-me porque ali estava se nada fizera por merecer tão
infeliz destino, depois de ser expulsa do corpo de carne através do uso maciço
de drogas. A dúvida assaltava-me os raros momentos de raciocínio menos
desequilibrado e as crises de abstinência trancavam todas as portas que dariam
acesso à saída daquele campo de penitência de espíritos rebeldes e viciados com
eu.
Os filmes de horror que assisti, quando encarnada, estariam ainda muito distantes dos padecimentos, pânicos, pavores e temores que ficariam para sempre registrados na minha memória mental, os piores dias que vivi até hoje, como joguete e marionete de forças que me escravizavam o ser, debilitado, fraco, desprovido de energias, suja, carente e chorosa.
Os filmes de horror que assisti, quando encarnada, estariam ainda muito distantes dos padecimentos, pânicos, pavores e temores que ficariam para sempre registrados na minha memória mental, os piores dias que vivi até hoje, como joguete e marionete de forças que me escravizavam o ser, debilitado, fraco, desprovido de energias, suja, carente e chorosa.
Não me lembrava do que acontecera comigo…
Quando o medo é maior que as necessidades básicas, a mente fica
encarcerada num labirinto hipnótico e “torporizante” de emoções truncadas e
desconectadas da realidade… Assemelha-se a um pesadelo sem fim, sempre com
final trágico e apavorante.
Quando conseguia conciliar um pequeno tempo de sono; era
imediatamente desperta por seres que me insultavam e xingavam, acusavam-me de
suicida maldita e jogavam-me lama misturada com pedras… Insetos e anfíbios
ajudavam a traçar o perfil horrendo dos anos que passei no umbral.
Preciso escrever estas palavras para nunca mais me esquecer:
“Com o fenômeno da morte, nós não vamos para o umbral, nós já estamos no umbral
quando tentamos forjar as leis maiores da criação com nossas más intenções e
tendências viciantes”. Tudo fica registrado num diário mental que traça nosso
destino futuro, no bem ou no mal.
O umbral não fora criado por Deus; ele é de autoria dos espíritos
que necessitam de um autêntico e genuíno estágio educativo em zonas inferiores,
onde poderão se depurar de suas construções aleijadas no campo dos sentimentos
e dos pensamentos disformes, mal estruturados e mal conduzidos por nossa
irresponsabilidade, de mãos dadas com a imensa ignorância que nos faz seres
infelizes e distantes da tão sonhada paz de consciência.
Após alguns anos umbralinos… Despertei numa tarde serena, num
campo verdejante e calmo. Não acreditava no que via, pois tudo, agora, parecia
um sonho… Percebi, ao longe, o canto de uma ave que insistia em acordar-me
daquele pesadelo no qual já me acostumava a viver; a morrer todos os dias…
Seu canto era uma música que apaziguava meu coração e aguçava
meus pensamentos na lembrança de como fui parar ali naquele campo gramado e
repleto de árvores. Consegui sentar-me na relva e ao olhar todo aquele espaço
natural, deparei-me com milhares de outros seres como eu, nas mesmas condições
de debilidade moral, usufruindo, agora, de um bem que não merecia, mas vivia!
Todos nós dormíamos e fomos despertos com música e preces em
favor de todos os presentes…
A maioria era de jovens e adultos, poucos idosos e centenas de
enfermeiros que olhavam atentos para nossos movimentos no gramado. Com seus
olhos serenos, projetavam em nós a mansidão e a paz tão esperadas por nossos
corações enfermos, débeis e carentes de atenção, de afeto e carinho.
Alguém me tocava, de leve, os ombros e chamava-me pelo nome,
como se me conhecesse há muito tempo. Eu identifiquei aquela voz e “temia”
olhar para trás e confirmar minha impressão auditiva – era Cazuza todo de
branco, como lindo enfermeiro, de cabelos cortados bem curtos e estendia suas
mãos para que eu levantasse, caminhasse e conversasse um pouco em sua
companhia.
Não consegui me levantar, porque uma enxurrada de lágrimas
vertia dos meus olhos, como nascente de rio descendo a montanha das dores que
trazia no peito. Meu ídolo ali estava resgatando e cuidando de sua fã,
debilitada e muito carente. Ele cantou pequena canção e tive a capacidade de
avaliar o que Deus havia reservado para aqueles que feriam suas leis e buscavam
consolo entre erros escabrosos e desconcertantes.
A misericórdia divina sempre conspira a nosso favor, nós
desdenhamos do amor divino com nossas desatenções e desequilíbrios das emoções
comprometedoras, que arranham e esmagam as mais puras sementes depositadas no
ser imortal. aprendi palavras boas!
Somente agora enxergo que sou espírito e que a vida continua e
precisa seguir o curso natural das existências, como na roda-gigante: hora
estamos aqui no alto; hora estamos aí embaixo encarnados. Daqui de cima, parece
ser mais fácil compreender porque temos de respeitar as leis e descer num corpo
físico – para, igualmente, quando aí estivermos, conquistarmos, pelo trabalho
no bem, a lucidez que explica porque há a reencarnação, filha da justiça
divina.
Após um tempo no campo reconfortante, fui reconduzida para um
hospital onde me recupero até hoje dos traumas e cicatrizes que criei no corpo
do perispírito. As lesões que provoquei foram muito graves, passei por várias
cirurgias espirituais e soube que minha próxima encarnação será dolorosa e
expiarei asma, deficiência mental e tuberculose. Mesmo assim, estou reunindo
forças para estudar, pois sempre guardamos, no inconsciente, todos os
aprendizados conquistados. Reencarnarei numa comunidade carente no interior do
Brasil e passarei por muitos reveses, para despertar em mim o valor da vida do
espírito na pobreza e na doença crônica.
Peço orações e a caridade dos corações que já sabem o que fazem
e para onde desejam chegar. Invistam suas forças e energias espirituais em
trabalhos de auxílio ao próximo e serão, naturalmente, felizes. Obrigado por me
aceitarem como necessitada que sou!
Cássia Eller
LAR DE
FREI LUIZ 2ª FEIRA 11/05/2015 DEPENDÊNCIA QUÍMICA MENSAGEM POR PSICOGRAFIA
Espírito: Cássia Eller Médium: José Helenio.