terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A FASCINAÇÃO DOS NÚMEROS

 

O inesquecível personagem de Saint-Exupéry, o Pequeno Príncipe, trouxe inúmeros pensamentos sábios ao mundo.

Uma de suas constatações nos diz que as pessoas grandes adoram números.

“Quando a gente fala de um novo amigo, elas nunca se interessam em saber como ele realmente é.” – afirma ele.

“Não perguntam: Qual é o som da sua voz? Quais são seus brinquedos preferidos? Ele coleciona borboletas?

Mas sempre perguntam: Qual é a sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto o pai dele ganha?

Só então elas acham que o conhecem.” – termina ele por dizer.

Exupéry nos convida a redescobrimos o que há de bom na infância, a redescobrir a pureza, a essência das coisas e da vida.

E quando nos fala, de forma até inocente, sobre as pessoas e os números, nos alerta para algo muito grave: viciamo-nos em números.

Associamos o tempo sempre a números.

Esquecemos que os numerais atribuídos à medição do tempo são convenções, e nos escravizamos a elas.

Muito tempo; pouco tempo; não vai dar tempo; tempo de sobra.

60 segundos; 60 minutos; 24 horas; 365 dias – são números que parecem nos perseguir. Vivem em nossos sonhos, pesadelos e em nossas urgências maiores.

Esquecemos que o tempo é oportunidade, é sucessão de experiências e de fatos, e que deve ser aproveitado ao máximo, tendo em vista nosso crescimento espiritual.

15 anos de vida; 30 anos; quarentões; sessentões; terceira idade – são todos rótulos que criamos no mundo, e que, na verdade, não correspondem à idade verdadeira, à idade da alma.

A idade da alma está associada não ao tempo dos números, mas à disposição, ao humor, ao ânimo, à coragem.

Encantamo-nos ao ver relatos de pessoas que depois dos 90 anos vão aprender a ler, e dizem-se realizados, sentindo-se mais jovens do que nunca!

Não é força de expressão! Elas são jovens mesmo. A idade do corpo pode ser disfarçada, maquiada. A da alma, nunca.

Como avaliar, julgar alguém, pelo número de dígitos em sua folha de pagamento? Pelas roupas que pode comprar; pelas viagens que pode fazer; pelo ano de seu automóvel?

Dizendo assim, parece absurdo, exagero, mas é a forma de muitos procederem no que diz respeito aos números e aos julgamentos que fazemos.

Muitos têm números como objetivos: números na balança; números das loterias; número de clientes; números de metas de vendas, etc.

Ainda não descobriram que o mundo verdadeiro não é feito de numerais, que os objetivos maiores da vida, as aquisições de maior valor, nunca poderão ser mensuradas desta forma.

É tempo de conhecer os outros e a nós mesmos pelo que somos, e não por tudo aquilo que os números podem contar.

Números nunca poderão medir felicidade. Números nunca poderão mensurar alegria. Nunca poderão ponderar o amor.

 

* * *

 

Mas se neste mundo ainda não pudermos escapar dos números, pensemos nestes:

Quantos sorrisos damos ao dia?

Há quanto tempo não dizemos que amamos alguém? Não este “Eu te amo” de novela, mas aquele dito e sentido por todas as partes da alma.

Quantos segundos dura seu abraço?

Qual a data que você escolheu para abandonar um vício, para se libertar de algo que o escraviza?

Quantos dias faltam para você começar a ser feliz?

 

Texto da Redação do Momento Espírita com base em citação da obra O pequeno príncipe, do livro Felicidade, amor e amizade – a sabedoria de Antoine de Saint-Exupéry, ed. Sextante.

CORAGEM PARA MUDAR

 

Muitos dos conflitos que afligem o ser humano decorrem dos padrões de comportamento que ele próprio adota em sua jornada terrestre.

É comum que se copiem modelos do mundo, que entusiasmam por pouco tempo, sem que se analisem as conseqüências que esses modos comportamentais podem acarretar.

Não se tem dado a devida importância ao crescimento e ao progresso individual dos seres.

Alguns crêem que os próprios equívocos são menores do que os erros dos outros.

Outros supõem que, embora o tempo passe para todos, não passará do mesmo modo para eles.

Iludem-se no sentido de que a severidade das leis da consciência atingirá somente os outros.

Embriagados pelo orgulho e pelo egoísmo deixam-se levar pelos desvarios da multidão sem refletir a respeito do que é necessário realmente buscar-se.

É chegado o momento em que nós, espíritos em estágio de progresso na Terra, devemos procurar superar, de forma verdadeira, o disfarçado egoísmo, em busca da inadiável renovação.

Provocados pela perversidade que campeia, ajamos em silêncio, por meio da oração que nos resguarda a tranqüilidade.

Gastemos nossas energias excedentes na atividade fraternal e voltada à verdadeira caridade.

Cultivemos a paciência e aguardemos a benção do tempo que tudo vence.

Prossigamos no compromisso abraçado, sem desânimo, sem vãs ilusões, confiando sempre no valor do bem. 

É muito fácil desistir do esforço nobre, comprazer-se por um momento, tornar-se igual aos demais, nas suas manifestações inferiores.

Todavia, os estímulos e gozos de hoje, no campo das paixões desgovernadas, caracterizam-se pelo sabor dos temperos que se convertem em ácido e fel, passados os primeiros momentos.

Aprendamos a controlar nossas más inclinações e lograremos vencer se perseverarmos no bom combate.

Convertamos sombras em luz.

Modifiquemos hábitos danosos, em qualquer área da existência, começando por aqueles que pareçam mais fáceis de serem derrotados.

Sempre que surgir a oportunidade, façamos o bem, por mais insignificante que nosso ato possa parecer.

Geremos o momento útil e aproveitemo-lo.

Não nos cabe aguardar pelas realizações grandiosas, e tampouco podemos esperar glorificação pelos nossos acertos.

O maior reconhecimento que se pode ter por fazer o que é certo é a consciência tranqüila.

Toda ascensão exige esforço, adaptação e sacrifício, enquanto toda queda resulta em prejuízo, desencanto e recomeço.

Trabalhemos nossa própria intimidade, vencendo limites e obstáculos impostos, muitas vezes, por nó mesmos.

Valorizemos nossas conquistas, sem nos deixarmos embevecer e iludir por essas vitórias.

Há muitas paisagens, ainda, a percorrer e muitos caminhos a trilhar.

Somente a reforma íntima nos concederá a paz e a felicidade que almejamos.

A mudança para melhor é urgente, mas compete a cada um de nós, corajosa e individualmente, decidir a partir de quando e como ela se dará. 

 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no capítulo 10 do livro Revelações da luz de Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo, e capítulo 11 do livro Vigilância, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis.