quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Autoperdão e ação responsável

 

Suponhamos que a cada reencarnação recebemos do Criador um canteiro com uma terra muito fértil, para plantar flores, durante toda nossa vida.

Nascemos com as sementes das flores mas, ao invés de plantá-las, arranjamos sementes de espinhos e as semeamos, enchendo nosso canteiro de espinheiros.

vamos plantando os nossos espinhos, até o dia em que olhamos para trás e percebemos um grande espinheiro.

Então, podemos ter três atitudes diferentes:

Se cultivamos o culpismo, devido ao remorso de não ter plantado as flores que deveríamos, simplesmente nos condenamos a deitar e rolar no espinheiro para nos punirmos, tentando aliviar a consciência de culpa.

Se somos pessoas que cultivamos o desculpismo, começamos a dizer que foi o vento que trouxe as sementes de espinhos,que não temos nada a ver com isso, etc.

Finalmente, se buscamosa ação responsável, ao perceber o espinheiro, assumimos tê-lo plantado e arrependemo-nos do fato.

Depois, percebemos que as sementes das flores continuam em nossas mãos e que podemos começar a plantá-las, agora que estamos mais conscientes.

Ao mesmo tempo sabemos que devemos retirar, um a um, todos os espinhos plantados e plantar uma flor no seu lugar.

*   *   *

Reflitamos sobre as três atitudes:

De que adianta cravar os espinhos plantados na própria carne? Por que aumentar o sofrimento?

Por acaso os espinhos diminuem quando agimos assim? A verdade é que não. De nada adianta. Este é o mecanismo dos que nos afundamos na culpa e deixamos que ela comande nossas vidas.

Substituir os atos de desamor praticados à vida com mais desamor ainda para conosco mesmos não resolve e não cura.

Por outro lado, pensando naqueles que ainda conseguimos achar desculpa para todo e qualquer desatino, por mais absurdo que ele pareça, veremos:

Os que fingimos que o espinheiro não tem nada a ver conosco, apenas estamos postergando o despertar da consciência.

Agindo assim, muitas vezes continuamos plantando mais e mais espinhos, fazendo com que o estrago fique cada vez maior.

O hábito de sempre encontrar desculpas e justificativas para todas nossas ações tem caráter doentio e precisa de atenção imediata de nossa parte.

O ego, em fuga desastrosa, procura justificar os erros mediante aparentes motivos justos. Tal costume degenera todo senso moral e pode nos levar a desequilíbrios psicológicos seríssimos.

Apenas a última opção, a da ação responsável, é caminho seguro.

É uma atitude proativa, pois ao assumir a responsabilidade pelos espinhos plantados, arrependemo-nos e buscamos substituí-los pelas flores.

Nesse ato cobrimos a multidão de pecados, conforme o ensino da Epístola de Pedro, referindo-se ao poder de cura do amor.

Assim crescemos, aprendemos e ressarcimos à Lei maior.

*   *   *

Sempre que cometermos erros, procuremos nos autoperdoar, atendendo à proposta da ação responsável, que troca o peso da culpa pela carga educativa da responsabilidade.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 3 da obra Psicoterapia à luz do Evangelho de Jesus, de Alírio de Cerqueira Filho, ed. Ebm.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

PÉS MOLHADOS

 

É comum ouvir-se alguém falar que não resistiu a uma tentação.

Como a Terra não é habitada por anjos, a fragilidade humana não deve causar espanto.

Ela se revela de modo diverso em cada um e depende essencialmente da sua história espiritual.

Conforme se comportou ao longo de suas existências, o homem tem seus pontos fortes e fracos.

Quem se permitiu leviandades na área sexual, é frágil em relação a ela.

Já o que viveu de forma desonesta tem dificuldades quanto ao dinheiro.

Isso se repete nos mais variados setores.

À medida que vence suas imperfeições, o homem se liberta.

Já não precisa lutar contra si mesmo.

Ele vive com dignidade de forma natural.

Contudo, enquanto está em processo de libertação, necessita orar e vigiar.

Orar implica conectar-se com as forças superiores que regem a vida, a fim de receber orientação e apoio.

Trata-se de um gesto de humildade e que viabiliza o autoconhecimento.

Humildade, pois a oração não é um ato entre iguais.

Justamente por isso não pressupõe trocas infantis.

Deus não necessita de nada, em Sua perfeição.

Já os homens muito ganham em buscá-lO e em seguir os caminhos que Ele sinaliza.

Ao relatar ao Pai Celestial suas dificuldades, suas dores e anseios, o homem atento passa a se conhecer melhor.

Consegue identificar o que lhe causa dor, o que o tenta a agir de modo indigno.

Com base nesse conhecimento de si mesmo, pode vigiar melhor.

Quanto à vigilância, constitui uma atenção toda especial para se manter longe de encrencas.

Cada um sabe em quê residem suas tentações.

Se está realmente decidido a viver com retidão, deve manter-se longe delas.

Constitui tolice achar que pode testar seus limites, de modo indefinido, sem consequências nefastas.

Ainda que atos negativos não sejam efetivados, sempre se perde um pouco de paz ao se manter próximo do que deve ser evitado.

Basicamente, aquele que não deseja molhar os pés faz bem em se manter longe da torrente de água.

A tentação de se aproximar cada vez mais pode ser perigosa.

De repente, em um falso movimento, eis que os pés jazem molhados.

Assim, quem tem dificuldade para ser fiel no matrimônio, não deve lançar olhares e sorrisos à sua volta.

Um flerte que se imagina inocente pode se transformar numa tragédia.

Também o apaixonado por dinheiro e bens materiais não deve nem refletir sobre vantagens indevidas.

Após dar o primeiro passo em direção ao objeto proibido, pode ser difícil retroceder.

Ao longo do tempo, a resistência disciplinada converte-se em espontaneidade.

É quando as tentações perdem a força e os desejos doentios desaparecem.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

sábado, 26 de novembro de 2011

Construção da felicidade

 

Não há no mundo quem não deseje uma vida de felicidades. Sonhamos e desejamos que nossos dias sejam de alegrias intensas e plenas.

Anelamos que o sorriso nos venha fácil, que os dias nos sejam leves e que seja de venturas o nosso caminhar.

É natural que assim seja. Somos seres fadados à felicidade e esse é o sentimento que encontra na alma os mais profundos significados.

Porém, na ânsia da felicidade, imaginamos que temos que buscá-la em algum ponto, que a encontraremos em algum momento, que a atingiremos em um dia determinado.

Lembramos o soneto do poeta Vicente de Carvalho que afirma que a felicidade é uma árvore de dourados pomos, porém que não a alcançamos, porque sempre está onde a pomos e nunca a pomos onde nós estamos.

Ao imaginar a felicidade como uma meta a alcançar nos esquecemos que, na verdade, a felicidade é caminho a se traçar, é trilha a se percorrer, é história a se construir.

Quando imaginamos que a felicidade chegará um dia, perdemo-nos nos dias e não enxergamos a felicidade que nos chega.

Ou não será felicidade poder deparar-se com um pôr-de-sol tingindo de vermelho um céu que há pouco era de um azul profundo? Há tantos que desejariam ver um pôr-de-sol...

Quanta felicidade pode haver em escutar as primeiras palavras de um filho, uma declaração de amor de quem queremos bem, ou ainda, o assovio do vento chacoalhando suave as folhas da árvore? Há tantos que nada escutam, nem ouvem ou percebem...

Como somos felizes por poder pensar, criar, sonhar e, num piscar de olhos, viajar no mundo e no espaço, conduzidos pela imaginação, guiados pela mente! São tantos que permanecem carcereiros de si mesmos em suas distonias mentais, nos desequilíbrios emocionais...

Preocupamo-nos tanto em buscar a felicidade, que nos esquecemos que já temos motivos de sobra para sermos felizes.

E, efetivamente, não nos damos conta que a felicidade não está em chegar, mas que ela mora no próprio caminhar.

Ser feliz é ter o olhar de gratidão perante a vida, de entendimento do seu propósito, da percepção de que ela se mostra sempre generosa a cada um de nós.

Ser feliz não é negar que na vida também haverá embates, lutas e desafios cotidianos. Afinal, esses são componentes de nosso viver e, naturalmente, podem trazer dificuldades e dissabores.

Porém, ser feliz é também perceber que os embates produzem amadurecimento, que as lutas nos fazem mais fortes e nos oferecem aprendizado.

Assim, de forma alguma vale a pena ficarmos esperando o dia em que nossa felicidade se completará.

Ser feliz é compromisso para hoje, que se inicia pelo olhar para as coisas do mundo, passa pelo coração em forma de reconhecimento pelos presentes que nos chegam, completa-se em gratidão, oferecendo à vida o que ela nos dá em abundância.

Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

CORTESIA E RESPEITO

 

Nunca será demais falar sobre cortesia e respeito. Em verdade, ambos bastante esquecidos na atualidade.

Ambos vão perdendo cidadania a passos largos.

É comum as pessoas falarem muito alto no ônibus, nos restaurantes, em lugares públicos em geral, desrespeitando os demais.

E o mais delicado é que nem sempre a conversa é agradável. Às vezes se trata de críticas amargas ao governo, a parentes, a amigos.

Tudo vai sendo extravasado em altos brados, como se não houvesse outras pessoas próximas, compartilhando do mesmo ambiente.

Não se sabe bem se a pessoa não tem condições de se ouvir e descobrir que está falando muito alto ou se ela deseja que os outros tomem conhecimento das suas ideias.

Adolescentes e jovens esquecem, quase sempre, quando se encontram em grupos, que os lugares públicos não lhes pertencem com exclusividade.

Por isso, gritam, dizem palavrões, falam de situações grotescas. Gesticulam, andam aos empurrões, até esbarrando em idosos e crianças.

Assim se tem tornado difícil para as famílias, em especial as que têm crianças, o passeio a parques e outros locais públicos.

Como impedir que as crianças presenciem cenas tão indelicadas e ouçam um palavreado que não é habitual no seu lar?

E que dizer das discussões? Casais, amigos e colegas discutem seus problemas na rua, no estacionamento, em restaurantes, sem cerimônia alguma.

Uma escritora relatou que presenciou, em um restaurante, várias famílias deixarem pelo meio os pratos na mesa e se retirarem.

Tudo porque um casal resolveu brigar na mesa vizinha e não economizou o volume da voz. Muito menos o vocabulário grosseiro.

De maneira estranha, todos se sentem incomodados mas ninguém diz nada.

Alguns alegam que essas pessoas não estão infringindo a lei. E de fato não há lei que regulamente essas situações, que são uma questão de educação.

Mas o que está nos faltando é uma tomada de posição. A primeira, educando os nossos filhos no respeito às pessoas.

A segunda é nos manifestarmos, com energia e de forma educada, pedindo a essas pessoas que nos respeitem.

Bastaria um Por favor, falem mais baixo. Ou: Eu não gostaria que meus filhos ouvissem o que estão dizendo.

Se todos passarmos a agir, essas pessoas terão que adotar uma nova postura, modificando-se e modificando o mundo.

* * *

Não acredite quando lhe falarem que a cortesia saiu da moda.

Quem não gosta de receber um gesto delicado? Quem não nota quando um rapaz se ergue do assento e o oferece ao idoso cansado?

Quem não nota, com prazer, a pessoa que junta do chão um objeto e o devolve a quem deixou cair, sem haver se dado conta?

Quem não se sensibiliza com um Muito obrigado; Por favor; Desculpe?

Tenha certeza: a cortesia e o respeito nunca sairão de moda.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Em nome da cortesia, de Seleções Reader’s Digest, de janeiro de 2000.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

TRISTEZA SEM RAZÃO

 

Por vezes, erguemo-nos pela manhã envoltos em nuvens de tristeza. Se alguém nos perguntar a causa, com certeza não saberemos responder.

Naturalmente, atravessamos as nossas dificuldades. Não há quem não as tenha. É o filho que não vai bem na escola, o marido que vive a incerteza do desemprego, um leve transtorno de saúde.

Nada, contudo, que seja motivo para a tristeza profunda que nos atinge.

Nesse dia tudo parece difícil. Saímos de casa e a entrevista marcada não se concretiza. A pessoa que marcou hora conosco cancelou por compromisso de última hora. E lá se vão as nossas esperanças de emprego, outra vez.

O material que vimos anunciado com grande desconto já se esgotou nas prateleiras, antes de nossa chegada. A fila no banco está enorme, o cheque que fomos receber não tinha saldo suficiente.

É... Nada dá certo mesmo! Dizemos que nem deveríamos ter saído de casa, nesse dia. Agora, à tristeza se soma o desalento, o desencanto.

Consideramo-nos a última pessoa sobre a face da Terra. Infelizes, abandonados, sozinhos.

Ninguém que nos ajude.

E, no entanto, Deus vela. Ao nosso lado, seguem os seres invisíveis que nos amam, que se interessam por nós e tudo fazem para o nosso bem-estar.

O que está errado, então? Com certeza, a nossa visão do que nos acontece.

Quando a tristeza nos invade no nascer do dia, provavelmente tivemos encontros espirituais, durante o sono físico, que para isso colaboraram.

Seja porque buscamos companhias não muito agradáveis ou porque não nos preparamos para dormir, com a oração. Seja porque reencontramos amores preciosos e os temos que deixar para retornar à nossa batalha diária, entristecendo-nos sobremaneira.

Ao nos sentirmos assim, busquemos de imediato a luz da prece, que fortalece e ilumina, espancando as sombras do desalento.

Abrir as janelas, observar a natureza, mesmo que o dia seja de chuva e frio. Verifiquemos como as árvores, quando castigadas pelos ventos e pela água, balançam ao seu compasso.

Passada a tempestade, se recompõem e continuam enriquecendo a paisagem com seus galhos, folhas, flores e frutos.

Olhemos para as flores. Mesmo que a chuva as despedace, elas, generosas, deixam suas marcas coloridas pelo chão, ou permitem-se arrastar pela correnteza, criando um rio de cores e perfumes pelo caminho.

Aprendamos com a natureza e afugentemos o desânimo com a certeza de que, depois da tempestade, retornará o tempo bom, o sol, o calor.

Não nos permitamos sintonias inferiores, porque se vibrarmos mal, nos sentiremos mal e, naturalmente, tudo se nos tornará mais difícil.

Nunca estaremos sós. Jesus está no leme das nossas vidas, atento, vigilante, e não nos faltará em nossas necessidades.

* * *

Se estamos tristes, abramos os ouvidos para as melodias da vida, melodias que soam das mais profundas regiões do amor Celeste.

Busquemos ajuda, peçamos socorro, não dando campo a essas energias de modo que possamos, na condição de filhos de Deus, alegrar-nos com tudo quanto o Pai construiu e colocou à nossa disposição a fim de que pudéssemos crescer, amar e servir.

Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do cap. 12 do livro Revelações da luz, pelo Espírito Camilo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

PRECE NO ALVORECER

Acordei quando a manhã se vestia de luz para receber o dia. O sol, espreguiçando-se por detrás das nuvens, derramava seus raios mornos pela terra.

Abrindo a janela, senti uma grande alegria e desejei orar ao Criador de todas as coisas, ao Pai de todos nós. Queria dizer tantas coisas!

Mas como se pode, sendo tão pequeno, dizer coisas grandiosas a quem é tão onipotente?

Desejei abraçar o dia e servir, fazer algo útil, bom, especial.

Como se pode agradecer ao pai generoso por tantas dádivas senão buscando se tornar um servidor para as suas criaturas?

Entre a timidez e a emoção, com o coração a cantar em descompasso no peito, comecei:

Meu Deus e meu Senhor. Eu gostaria tanto de poder colaborar contigo. Eu gostaria de ser um jardim de flores, de todas as cores, para embelezar a terra.

Mas, na pobreza que minha alma encerra, se não puder ser um jardim, deixa-me ser uma rosa solitária, em uma fenda da rocha, colocando beleza no painel nobre da natureza.

Eu gostaria de ser um canteiro perfumado, aonde as abelhas viessem colher o néctar, para produzir o mel que alimentaria bocas infantis.

Eu gostaria de ser um trigal maduro, para colocar pão na mesa da humanidade. Mas, é demais para mim.

Como não poderei ser uma seara, ajuda-me a ser o grão, que caindo no chão, se multiplique num milhão. E me transforme em pão para os meus irmãos.

Eu gostaria de ser um pomar de frutos maduros para acabar com a fome. Mas na pobreza que me consome, te venho pedir para ser uma árvore desgalhada, projetando sombra na estrada. Talvez alguém, em passando de mansinho, por esse caminho possa me dizer “olá”. E respondendo, eu estenda a mão e me ofereça: ”sou teu irmão, sou teu amigo.”

Eu gostaria de ser como uma chuva generosa, que caísse na  terra porosa e reverdecesse o chão. Mas, como não conseguirei, então, te pedirei para ser um copo de água fria que mate a sede de quem anda na desesperação.

Eu gostaria de ser um riacho que descesse a encosta da montanha cantando, por entre as pedras, ofertando linfa refrescante às árvores que protegem o solo.

Meu Deus! Eu gostaria de ser como a via-láctea de estrelas para que as noites da Terra fossem mais belas e a dor debandasse, na busca de um novo dia.

Mas, na minha pequenez, sem conseguir, te quero pedir para ser um pirilampo na noite escura, iluminando a amargura de quem anda na solidão.

Eu gostaria de ser um poeta, um artista, um trovador. Quem sabe um cantor, um esteta, orador para falar da magia e da beleza da tua glória.

Mas, como eu quase nada sou, como me falta o verbo, a mestria, então, eu te peço, Senhor, para ser o companheiro da criatura deserdada.

Deixa-me caminhar pela estrada e estender a mão a quem anda solitário e triste. Deixa-me ser-lhe a mão de sustento e lhe dizer: “sou teu irmão, estou contigo. Vem comigo.” 

* * *

Agradece a Deus a tua existência.

Exalta-Lhe o amor por meio dos deveres retamente cumpridos.

Louva-O, sendo-Lhe um servidor devotado e fiel.

Apresenta-O para a humanidade, tornando-te exemplo de amigo e irmão em todas as circunstâncias. 

Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. 12 do livro Divaldo franco e o jovem, compilação de Délcio Carlos Carvalho, ed. Leal e cap. 200 do livro Vida feliz, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

domingo, 20 de novembro de 2011

O PORQUÊ DA VIDA

 

Qual o homem que, nas horas de silêncio e recolhimento, já deixou de interrogar a natureza e o seu próprio coração, pedindo-lhe o segredo das coisas, o porquê da vida, a razão de ser do Universo?

Onde está aquele que jamais procurou conhecer seu destino, levantar o véu da morte, saber se Deus é uma ficção ou uma realidade?

Não seria um ser humano, por mais descuidado que fosse, se não tivesse considerado, algumas vezes, esses tremendos problemas.

A dificuldade de os resolver, a incoerência e a multiplicidade das teorias que têm sido feitas, as deploráveis consequências que decorrem da maior parte dos sistemas já divulgados, todo esse conjunto confuso, fatigando o Espírito humano, os têm relegado à indiferença e ao ceticismo.

Portanto, o homem tem necessidade do saber, da luz que esclareça, da esperança que console, da certeza que o guie e sustente.

Mas tem também os meios para conhecer, a possibilidade de ver a verdade se destacar das trevas e o inundar de sua benfazeja luz.

Para isso, deve se desligar dos sistemas preconcebidos, descer ao fundo de si mesmo, ouvir a voz interior que nos fala a todos, e que os sofismas não podem enganar: a voz da razão, a voz da consciência.

* * *

Quando encontra a Inteligência Suprema, Causa primeira de todas as coisas, e reconhece nela uma gerência grandiosa de todas as Leis do Universo, o coração do homem se acalma.

Não estamos abandonados neste planeta. Não estamos sendo geridos por leis frias, mecânicas apenas, mas por algo que é soberanamente justo e bom.

Ao chamar essa Inteligência de Pai, o Mestre dos mestres, Jesus, revelou um aspecto até então pouco conhecido do Criador: o aspecto amoroso de um progenitor que cuida de Seus filhos com todo carinho possível.

Quando encontra a si mesmo, como um ser imortal, incorpóreo, que teve início e nunca terá fim, o homem passa a enxergar tudo de forma diversa.

O ser que se vê e se sente imortal, não pode viver da mesma forma que antes.

O que valoriza, o que anela, o que escolhe para seus dias é diferente. Tem menos a ver com prazeres passageiros e mais a ver com as semeaduras duradouras.

Quem se vê imortal cuida melhor dos seus amores, sem tanto apego, sem desespero e ansiedade, pois sabe que nunca os irá perder.

Vislumbra na pluralidade das existências novas chances de se reinventar, de reescrever sua história, aprimorando continuadamente a si mesmo, sem culpa e sem medo.

A verdade, os porquês da vida, nunca estiveram distantes de nós. Foi nossa ignorância e sonolência moral que nos apartaram das respostas.

Chegou o tempo de entender a vida como nunca antes fizemos.

Chegou o tempo de despertar, de compreender e compreender-se.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 1,

do livro O porquê da vida, de Léon Denis, ed. Feb.

sábado, 19 de novembro de 2011

AS QUATRO ESTAÇÕES DA VIDA

 

Você já notou a perfeição que existe na natureza? Uma prova incontestável da harmonia que rege a Criação. Como num poema cósmico, Deus rima a vida humana com o ritmo dos Mundos.

Ao nascermos, é a primavera que eclode em seus perfumes e cores. Tudo é festa. A pele é viçosa. Cabelos e olhos brilham, o sorriso é fácil. Tudo traduz esperança e alegria.

Delicada primavera, como as crianças que encantam os nossos olhos com sua graça. Nessa época, tudo parece sorrir. Nenhuma preocupação perturba a alma.

A juventude corresponde ao auge do verão. Estação de calor e beleza, abençoada pelas chuvas ocasionais. O sol aquece as almas, renovam-se as promessas.

Os jovens acreditam que podem todas as coisas, que farão revoluções no Mundo, que corrigirão todos os erros.

Trazem a alma aquecida pelo entusiasmo. São impetuosos, vibrantes. Seus impulsos fortes também podem ser passageiros... Como as tempestades de verão.

Mas a vida corre célere. E um dia – que surpresa – a força do verão já se foi.

Uma olhada ao espelho nos mostra rugas, os cabelos que começam a embranquecer, mas também aponta a mente trabalhada pela maturidade, a conquista de uma visão mais completa sobre a existência. É a chegada do outono.

Nessa estação, a palavra é plenitude. Outono remete a uma época de reflexão e de profunda beleza. Suas paisagens inspiradoras - de folhas douradas e céus de cores incríveis – traduzem bem esse momento de nossa vida.

No outono da existência já não há a ingenuidade infantil ou o ímpeto incontido da juventude, mas há sabedoria acumulada, experiência e muita disposição para viver cada momento, aproveitando cada segundo.

Enfim, um dia chega o inverno. A mais inquietante das estações. Muitos temem o inverno, como temem a velhice. É que esquecem a beleza misteriosa das paisagens cobertas de neve.

Época de recolhimento? Em parte. O inverno é também a época do compartilhamento de experiências.

Quem disse que a velhice é triste? Ela pode ser calorosa e feliz, como uma noite de inverno diante da lareira, na companhia dos seres amados.

Velhice também pode ser chocolate quente, sorrisos gentis, leitura sossegada, generosidade com filhos e netos. Basta que não se deixe que o frio enregele a alma.

Felizes seremos nós se aproveitarmos a beleza de cada estação. Da primavera levarmos pela vida inteira a espontaneidade e a alegria.

Do verão, a leveza e a força de vontade. Do outono, a reflexão. Do inverno, a experiência que se compartilha com os seres amados.

A mensagem das estações em nossa vida vai além. Quando pensar com tristeza na velhice, afaste de imediato essa idéia.

Lembre-se que após o inverno surge novamente a primavera. E tudo recomeça.

Nós também recomeçaremos. Nossa trajetória não se resume ao fim do inverno. Há outras vidas, com novas estações. E todas iniciam pela primavera da idade.

Após a morte, ressurgiremos em outros planos da vida. E seremos plenos, seremos belos. Basta para isso amar. Amar muito.

Amar as pessoas, as flores, os bichos, os Mundos que giram serenos. Amar, enfim, a Criação Divina. Amar tanto que a vida se transforme numa eterna primavera.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

PROCURA

 

Numa época em que as carências afetivas parecem estar em alta, um anúncio anônimo em um mural chama a atenção dos que passam. Todos, sem exceção, param e leem:

Procura-se um homem. Um homem que não tema a ternura. Que se atreva a ser frágil quando necessite se deter para recuperar as forças para a luta diária.

Um homem que saiba proteger o ser a quem devotar o seu amor. Um homem que queira e saiba reconhecer os valores espirituais e que sobre eles saiba construir todo um mundo.

Um homem que, em cada amanhecer, saiba ofertar amor com toda a delicadeza para que uma flor entregue com um beijo tenha mais valor que uma joia.

Procura-se um homem com o qual se possa falar, que jamais corte a ponte de comunicação. Um homem a quem se possa dizer o que se pensa, sem temor de que se ofenda e que seja capaz de dizer a sua esposa, namorada ou mãe que a ama.

Procura-se um homem que tenha braços abertos para que sua amada neles possa se refugiar quando se sentir insegura. Que conheça sua fortaleza, mas que nunca se aproveite disso.

Um homem que tenha os olhos abertos para a beleza. Que domine o entusiasmo e que ame intensamente a vida. Um homem para quem cada dia seja um presente de valor incalculável que deve ser vivido plenamente, aceitando a dor e a alegria com igual serenidade.

Um homem que saiba ser sempre mais forte que os obstáculos. Que jamais se apavore ante a derrota e para quem os contratempos sejam mais estímulos que adversidade, mas que esteja tão seguro de seu poder que não sinta necessidade de demonstrá-lo a cada minuto em empreendimentos absurdos somente para prová-lo.

Um homem que não seja egoísta. Que não peça o que não ganhou, mas que sempre faça esforços para ter o melhor.

Um homem que saiba receber carinho, tanto quanto demonstrá-lo.

Um homem que respeite a si mesmo, porque assim saberá respeitar os demais. Que não recorra jamais à ofensa, que sempre rebaixa quem a faz.

Um homem que não tenha medo de amar, nem que se envaideça porque é amado. Que goze o minuto como se fosse o último. Que não viva esperando o amanhã porque talvez ele nunca chegue.

Finalmente, quando este homem for encontrado, qualquer mulher o desejará amar com intensidade e com ele compartilhar a sua vida.

* * *

Todos temos fome. Fome de pão, fome de amor, fome de conhecimentos, de paz e de amizade.

A fome de pão que tanto aparece é a que mais comove e, contudo, existem outros tipos de fome.

A fome de amor, dentre todas, é a mais difícil de ser saciada. Muitos passam a vida inteira sem que ninguém lhes estenda uma migalha de carinho.

Aprendamos a reconhecer a fome de quem nos fala, de quem conosco convive, entendendo que quanto maior a fome, mais escondida se encontra e a busquemos saciar.

Recordemos os versos da oração franciscana: Senhor, que eu ame mais do que pretenda ser amado...

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Todos temos fome, de Amado Nervo e no cap. Minha procura não é simples, de autoria ignorada, do livro Um presente especial, de Roger Patrón Luján, ed. Aquariana.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

LÁGRIMAS: PALAVRAS DA ALMA

 

Muitas vezes, na vida, vivenciamos situações em que a emoção é tamanha que nos faltam palavras para expressar nossos sentimentos.

Podemos considerar as lágrimas como as palavras de nossa alma.

Através delas, somos capazes de demonstrar incontáveis sentimentos.

As lágrimas, na maioria das situações, escorrem de nossos olhos sem que tenhamos controle sobre elas.

Em alguns momentos, elas contam histórias de dores, mas também têm na sua essência, algo de belo.

Quando elevamos o pensamento, sintonizando com a Espiritualidade maior, seja com nosso anjo protetor, com o amado amigo Jesus ou com Deus, sentimos os olhos marejados.

Observando a natureza, temos a oportunidade de presenciar alguns espetáculos que ela nos oferece. Emocionamo-nos percebendo a grandeza e a perfeição Divina na presença de um pôr-do-sol, de uma queda d'água ou de um arco-íris.

Diante do nascimento de uma criança, somente as lágrimas são capazes de traduzir e qualificar a magnitude desse instante Divino.

Quando estamos sensíveis, por vezes carentes de alguma manifestação de afeto, um simples aperto de mão ou um afago carregado de amor é suficiente para provocar nossas lágrimas.

Quando deixamos que o som de uma música elevada alcance nosso coração, somos capazes de chorar de emoção, pois sentimos a alma tocada e acariciada por aquela doce e vibrante melodia.

Tanto a dor emocional quanto a dor física nos chegam sem pedir licença, ocupando espaço considerável em nossa alma e em nosso corpo.

Lágrimas são derramadas pela dor da partida de um ente querido, pela dor da ausência e da saudade, pela dor do erro cometido e do arrependimento.

Ao constatarmos a dor do próximo, lágrimas jorram de nossos olhos. Deparamo-nos com tantas carências, tantas necessidades não atendidas, enfermidades, privações e abandono.

* * *

Cada lágrima derramada tem seu significado. Seja ela vertida pela dor ou pela alegria, nos diz que somos seres movidos pela emoção, capazes de exteriorizar os nossos sentimentos.

Demonstra que nos sensibilizamos em momentos simples e efêmeros, indicando que estamos sintonizados com o que há de belo na vida.

E, quando as lágrimas derramadas forem de dor, façamos com que o motivo que nos comove seja também o mesmo motivo que nos move.

Que o movimento seja no sentido da modificação íntima. Que seja impulso para olhar a vida sobre um novo ângulo, para trabalhar em nós mesmos a resignação, a paciência, a esperança, a fé e a confiança em Deus.

Redação do Momento Espírita.

domingo, 13 de novembro de 2011

Antes que seja tarde

 

É bastante comum pessoas, no leito de morte, desejarem aliviar a consciência. Fazem confissões apressadas de erros passados, pedindo e esperando perdão.

Acreditam que, por estarem partindo, tudo será perdoado e esquecido. Não é verdade.

Em algumas circunstâncias, revelações das faltas cometidas deixam, nos corações dos que ficam na Terra, muita mágoa e azedume.

Mágoa e azedume que, como vibrações negativas, chegarão ao Espírito liberto, perturbando-o, na vida espiritual.

Outros, antevendo a proximidade da morte, apresentam suas últimas vontades.

Dessa forma, os que os assistem nessa hora final, ficam constrangidos a executá-las, gerando-lhes, por vezes, muitos incômodos.

Moribundos há que desejam falar, mas não dispõem de voz, debatendo-se em aflição.

Por tudo isso, pensa e age de forma diversa.

Se sabes que um dia a morte te arrebatará o corpo, providencia já o que acredites necessário.

Não faças, nem alimentes inimigos. Perdoa sempre.

Desfaz, quanto antes, o mal entendido, para que, depois da morte, não venhas a te perturbar, por causa de remorsos, que serão tardios.

Se desejas presentear alguém com o que te pertença, ou almejes adquirir, providencia de imediato.

Não aguardes o tempo futuro. Ele poderá não te chegar.

Faz testamento, regulariza a doação. Executa tua vontade, agora.

Se pensas em reparar erros do ontem, toma logo a atitude.

Não relegues a outrem o acerto dos teus desatinos. E, para que não te arrependas, depois da partida, não economizes palavras e gestos aos teus amores. Acarinha, abraça, beija.

Após o desenlace, poderás desejar o retorno para dar recados e falar do amor que nunca expressastes na Terra.

Poderá ocorrer que a Divindade não te permita. Ou que não tenhas as condições para a manifestação.

Ou não encontres a quem falar e dizer.

Por ora, podes falar e agir. Faze-o.

Depois da morte, precisarás contar com quem te interprete o pensamento, quem te deseje ouvir, te sintonize.

E lembra que se não semeares afeições e simpatias, enquanto no trânsito carnal, não terás frutos a recolher na Espiritualidade.

Nem quem te recorde no mundo.

Se almejas fazer o bem, servindo à comunidade, prestando serviço voluntário, engaja-te hoje ainda.

Não aguardes aposentadoria.

Dá hoje a hora que te sobra ou conquistas, entre os tantos compromissos agendados, porque poderá acontecer que não venhas a gozar os dias que esperas.

Ou que, por circunstâncias que independam da tua vontade, necessites alongar a jornada profissional por mais alguns anos.

Vive intensamente. Matricula-te no curso de idiomas, na aula de música, pintura, bordado.

Esmera-te no aprendizado para que, ao partir, leves contigo uma grande bagagem.

De braço dado com quem amas, realiza a viagem sonhada. E fotografa tudo com o coração, para não esquecer nenhum detalhe.

A máquina fotográfica poderá falhar, por defeito técnico ou inabilidade de quem a manuseia.

Mas o teu coração não esquecerá jamais o que viveu amorosamente.

Feito tudo isso, se a morte chegar, de rompante ou te abraçar de mansinho, poderás seguir sem traumas, sem medos, em paz.

E em paz deixarás os teus familiares, os teus amigos, os teus colegas e conhecidos.

Pensa nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Antes da desencarnação,  pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

sábado, 12 de novembro de 2011

Perdoados, mas não limpos

 

Em nossas faltas, na maioria das vezes somos imediatamente perdoados, mas não limpos.

Somos perdoados pelo fel da maledicência.

Mas a sombra que lançamos na estrada alheia permanece dentro de nós por agoniado constrangimento.

Somos perdoados pela brasa da calúnia.

Contudo, o fogo que arremessamos na cabeça do próximo passa a nos incendiar o coração.

Conseguimos o perdão pela grave ofensa que fizemos.

Entretanto, a pedra atirada ao irmão de caminhada volta, com certeza, a golpear-nos o próprio ser.

Somos perdoados pela falha de vigilância.

Mas o prejuízo em nossos vizinhos cobre-nos de vergonha.

Obtivemos perdão pela manifestação de fraqueza.

Mas o desastre que provocamos é dor moral que nos segue os dias.

Somos perdoados por todos aqueles a quem ferimos, no delírio da violência.

No entanto, onde estivermos, é preciso extinguir os monstros do remorso que os nossos pensamentos articulam, desarvorados.

A chaga que abrimos na alma de alguém pode ser luz e renovação nesse mesmo alguém.

Ele compreende, perdoa e se eleva.

Contudo, essa mesma chaga de aflição segue a pesar em nossa vida.

Injúria aos semelhantes é flagelo mental que nos chicoteia.

A serpente carrega consigo o veneno que veicula.

O escorpião guarda em si próprio a carga venenosa que segrega.

Podemos ser ridicularizados, atacados, perseguidos ou dilacerados.

Mas evitemos o mal, ainda quando ele assuma a feição de defesa.

Porque todo o mal que fizermos aos outros é mal a nós mesmos.

No contexto da vida maior, ninguém fere sem se ferir.

Quase sempre, aqueles que passaram pelos golpes de nossa irreflexão já nos perdoaram.

Com esse proceder, repletaram-se de paz e seguiram em frente.

Abençoados pelo perdão que concederam, brilham nos planos superiores da existência.

No entanto, pela lei da correspondência, ruminamos, por tempo indeterminado, os quadros sinistros que nós mesmos criamos.

Cada consciência vive e progride entre os seus próprios reflexos.

Pureza, bondade e perdão são recompensas em si mesmas.

Traição, crueldade e calúnia são sempre um problema de quem as elege para si porque cada consciência traz em si o seu paraíso ou o seu inferno.

Em decorrência, no plano espiritual, até que se redima, é muito triste a situação de quem se fez culpado.

Com a consciência desperta e vibrante, sente-se na presença constante de suas vítimas e isso lhe constitui um suplício cruel.

Para evitar viver algo semelhante, basta eleger o bem como padrão de conduta.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 47, do livro Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

OS BONS SÃO MAIORIA

 

Uma campanha de marketing nacional trouxe uma verdade bela e esperançosa.

Espalhados pelas cidades, vários outdoors revelavam alguns dados estatísticos muito interessantes. Eis alguns deles:

Para cada pessoa dizendo que tudo vai piorar, existem cem casais planejando ter filhos.

Para cada corrupto existem oito mil doadores de sangue.

Enquanto alguns destroem o meio ambiente, 98% das latinhas de alumínio já são recicladas no Brasil.

Para cada tanque fabricado no mundo, são feitos cento e trinta e um mil bichos de pelúcia.

Na Internet, a palavra amor tem mais resultados do que a palavra medo.

Para cada muro que existe no mundo, se colocam duzentos mil tapetes escritos "bem-vindo".

Enquanto um cientista desenha uma nova arma, há um milhão de mães fazendo pastéis de chocolate.

Existem razões para acreditar. Os bons são maioria.

* * *

Estamos precisando de visão otimista e positiva como esta em nosso mundo.

Aqueles que desejam ver o mundo em pânico e se alimentam de notícias ruins - pois dizem que são essas que vendem - não podem mais controlar nossos sentimentos.

Nós, como consumidores de notícias, de informações, devemos mostrar que desejamos também ver o lado bom do mundo, da vida, das pessoas.

Se analisarmos qualquer noticiário, seja local ou nacional, iremos ainda perceber a grande dominação das notícias ruins, como se o mundo estivesse vivendo o caos absoluto.

Não é bem assim. Muito de bom está sendo feito no mesmo instante em que ocorrem assassinatos, acidentes, crises políticas, etc.

O bem está sendo construído no mundo, sim, mesmo os pessimistas e terroristas de plantão dizendo que não ou mesmo se negando a ver.

O que acontece é que, muitas vezes, os bons ainda são tímidos e receosos. Isso os impede de se sobrepor aos maus bulhentos e arrojados.

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, questiona, no item 932:

Por que, no mundo, os maus têm geralmente maior influência sobre os bons?

Eis a resposta que obteve dos Espíritos:

É pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes últimos quiserem, dominarão.

Permaneçamos refletindo sobre esta última afirmação: Quando os bons quiserem, dominarão.

Reflitamos qual nosso papel nesta mudança. O que posso fazer para ter parte nesta dominação pacífica e definitiva do bem na face da Terra.

Permitamos que nossos gestos de amor ganhem o mundo e mostrem à sombra que seus dias de dominação estão contados.

Raia o sol de uma Nova Era. O tempo do amor finalmente chegou.

Façamos parte desta transformação de alegria que tomará conta do orbe. Amemos mais. Participemos mais. Sorriamos mais.

Redação do Momento Espírita com citação do item 932 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

domingo, 6 de novembro de 2011

POR QUE MORREMOS?

 

 

Você já se perguntou por que morremos, afinal? Não raro a morte, ao aproximar-se de nossos caminhos, traz consigo dor, saudades, incompreensão e revolta.

Se é assim, nada mais natural do que nos perguntarmos: Para que morrer? Ou, por que morrer? Será mesmo necessário passarmos, enfrentarmos situação tão dolorosa?

Se fizermos a pergunta a um filósofo, ele nos trará inúmeras propostas, discutidas e analisadas por eminentes pensadores, reflexionada por sábios e intelectuais, versando sobre a morte.

Se nos dirigirmos a um biólogo, ele trará as explicações do ciclo de vida da natureza, dos processos biológicos naturais, do envelhecimento da estrutura fisiológica.

Para esse ou aquele religioso, a resposta a essa pergunta se limitaria à expressão: É a vontade de Deus, nada mais conseguindo acrescentar. Diria que tudo o mais que cerca o fenômeno da morte é mistério de Deus, insondável para todos nós.

Mas, se alguém nos respondesse que morremos para voltar para casa, qual seria nossa reação? O que acharíamos da ideia da morte simplesmente como o retorno ao lar?

Em verdade, o que realmente acontece, é simplesmente isso, a volta para casa, despindo-nos de um corpo físico emprestado por Deus.

Todas as vezes que nascemos, e são inúmeras essas vezes, nos vestimos de um corpo material.

No momento da concepção no ventre materno, como Espírito imortal nos vinculamos ao embrião, para conduzir seu desenvolvimento.

Assim, ao nascermos, já serão nove meses de vínculo íntimo com esse novo corpo físico, que foi, ao longo dessas trinta e seis semanas, se desenvolvendo especialmente para nossa nova existência.

Todo um mundo de novas oportunidades e de aprendizado se inicia com essa nova encarnação.

E, como quem se matricula em uma escola, Deus nos oferece a oportunidade de, ao programarmos uma nova existência, nos matricularmos na escola da vida.

Para os que aqui estamos, a Terra é abençoada escola de aprendizado, que nos oferece oportunidades inúmeras de progresso.

Todas as experiências que temos, sejam elas vinculadas aos louros da vitória e da conquista, ou sejam adornadas pela dor e dificuldades mais variadas, se constituem em aprendizado para a alma.

Assim, como todo bom estudante, devemos aproveitar ao máximo a experiência.

Aproveitar a oportunidade da reencarnação para que os dias que estejamos aqui na Terra nos tornem melhores, para que entendamos mais detalhadamente as coisas de Deus.

E não há experiência na vida que não possa se transformar em aprendizado. Mesmo nossos erros mais graves são lições que, oportunamente, através da reflexão e do amadurecimento, se transformarão em entendimento do certo e do errado.

Porém, como toda escola, também natural que, depois do período programado para o aprendizado, retornemos ao lar.

Assim se dá conosco. Dia virá onde o retorno ao lar acontecerá inevitavelmente.

E quando o retorno de alguém que amamos se dá antes do prazo que gostaríamos ou imaginávamos, que consigamos substituir a dor, ou qualquer sinal de revolta perante a vida, pelo entendimento.

O entendimento de que, nesse retorno, todos nos reencontraremos, pois estamos vinculados, os que nos amamos, por laços que desconhecem o tempo e a distância.

Encarando a morte como um até breve, jamais como um adeus, conseguiremos tranquilamente enfrentar as temporárias separações.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Homenagens

 

É habitual que, à beira do túmulo, amigos e parentes falem a respeito daquele cujo corpo está sendo enterrado.

As palavras ditas podem ser as espontâneas, vindas do coração nas asas do amor e da amizade. Ou podem ser as preparadas em longos discursos, embora não menos expressivas.

É a última homenagem, dizem, como se o Espírito morresse com o corpo e não continuasse a existir, sentir e perceber.

Mas foi exatamente pensando nessas homenagens póstumas, que um velho professor americano de Massachusetts, a quem o médico diagnosticou um curto período de vida, decidiu por uma coisa inédita.

No seu último ano de vida, se locomovendo em cadeira de rodas, ele foi ao enterro de um amigo que havia morrido de infarto.

Voltou deprimido. Ouvira tantos discursos, tantas homenagens e se perguntava se o amigo tivera ouvido tudo aquilo.

Será que o seu Espírito teria se desligado da matéria? Será que estava bastante lúcido para ouvir?

Pensando nisso, teve uma ideia. Deu uns telefonemas, escolheu uma data.

Numa tarde de domingo muito fria reuniu a família: a mulher e os dois filhos. Também alguns amigos mais íntimos.

O objetivo era um funeral ao vivo. Um a um todos homenagearam o esposo, o pai, o professor, o amigo.

Houve lágrimas e risos. Uma prima lhe dedicou um poema onde o chamava de amado primo e o comparava a uma enorme, antiga e generosa árvore.

O professor chorou e riu com eles. Tudo aquilo que estava represado no íntimo daquelas pessoas que o amavam, foi dito naquele dia.

O funeral ao vivo foi um sucesso. Ele levaria alguns meses mais para morrer. Uma morte lenta, dolorosa. Morreu num sábado, pela manhã, depois de dois dias de agonia.

Aproveitou para exalar seu último suspiro exatamente no instante em que as pessoas que velavam por ele foram até a cozinha para engolir um café.

Na primeira vez que ele ficou sozinho, desde que entrara em coma, ele parou de respirar.

Partiu serenamente, cercado por seus livros, seus apontamentos, suas flores. Morreu em sua cama, em sua casa.

O funeral foi simples, num local à beira de um lago, de onde se podia ouvir os patos sacudindo as penas.

Seu filho leu um poema:

Meu pai caminhava por entre eles e nós

Cantando cada nova folha caída de cada árvore

E toda criança sabia que a primavera dançava

Quando ouvia meu pai cantar.

*   *  *

Enquanto suas pernas estão firmes, corra ao encontro das pessoas que ama.

Enquanto seus braços estão fortes, enlace os seus amores, bem junto ao coração.

Enquanto sua mente está ágil e lúcida, escreva poemas, bilhetes, cartas e expresse todo o seu amor.

Enquanto sua voz soa forte e generosa, não deixe de falar com seus amigos, colegas. Cante, grite, sussurre palavras de afeto, de entusiasmo, de incentivo.

E nunca, nunca se envergonhe de declarar: Eu amo você.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. O programa, do livro A última grande lição, de Mitch Albom, ed. Sextante.