sábado, 2 de fevereiro de 2013

BOA VONTADE E SIMPATIA


 
Um homem adquiriu uma fazenda, e dias depois encontrou-se com um de seus novos vizinhos.
 
O senhor comprou esta propriedade? – Perguntou-lhe o vizinho em tom quase agressivo.
 
Comprei-a sim, meu amigo!
 
Pois sinto lhe dizer que vai ter sérios aborrecimentos. Com as terras, comprou também uma questão nos tribunais.
 
Como assim? Não compreendo!
 
Vou explicar. Existe uma cerca, construída pelo proprietário anterior, fora da linha divisória. Não concordo com a posição dessa cerca. Desejo defender os meus direitos, e assim irei fazer!
 
Peço-lhe que não faça semelhante coisa – pediu o novo vizinho – acredito na sua palavra. Se a cerca não está no lugar devido, iremos e consertaremos tudo de comum acordo.
 
O senhor está falando sério? – Exclamou o antigo morador.
 
É claro que estou!
 
Pois se é assim – respondeu o reclamante – a cerca fica como está. O senhor é um homem honrado e digno. Faço mais questão de sua amizade do que de todos os alqueires de terra.
 
Assim, os dois vizinhos tornaram-se amigos inseparáveis.
 
* * *
 
Que virtude magnífica é a boa vontade!
 
Quantos conflitos poderão ser evitados, se nosso coração aprender a ouvir, a entender um pouco o outro.
 
Que virtude magnífica é a simpatia! Essa maneira alegre e respeitosa de receber as pessoas, quando podemos exercitar a gentileza, quando podemos exercitar o sorriso.
 
Tais virtudes estão dentro de uma maior, a mansidão.
 
A mansidão que não permite que a ira encontre guarida em nossa alma.
 
A mansidão que não se enfada por bagatelas, e nem toma como ofensa o que na realidade não é.
 
A mansidão que nos prepara para o perdão, evitando qualquer pensamento de vingança.
 
A mansidão que nos ensina a ser afáveis, gentis com todos, para que assim possamos colher bons frutos.
 
Aqueles que são simpáticos, aqueles que são gentis, naturalmente são mais amáveis, isto é, mais fáceis de serem amados.
 
Aqueles que procuram resolver as crises através do diálogo equilibrado, da boa vontade, facilmente escapam de criar para si inimigos, e assim vivem mais felizes.
 
Dessa forma, recebamos sempre com simpatia e boa vontade aqueles que se aproximam de nós.
 
* * *
 
Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra.
 
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.
 
Jesus foi a lição maior de brandura, de mansuetude.
 
Seu bondoso coração encontrou resistências sem fim na alma dos homens da Terra. Foi injuriado, desrespeitado, agredido, mas conservou-se sempre pacífico e calmo.
 
Que seu exemplo possa inspirar a modificação de nossas vidas, direcionando-as para a conquista de mais essa virtude.
 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Boa vontade, do livro Lendas do céu e da Terra, de Malba Tahan, ed. Record e no cap. XI, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec, ed. Feb.

RAZÃO E COMPREENSÃO

O relacionamento com aqueles com quem convivemos e nos encontramos é sempre um desafio de alto significado.

O universo que cada um traz consigo, seu mundo particular, suas conquistas e dificuldades são expostas,  gerando, não poucas vezes, conflitos nas relações humanas.

Naturalmente que, quanto mais próximas e frequentes forem essas relações, mais elas exigem de nós.

Assim é que na vida em família, onde o verniz social e as aparências superficiais não se sustentam, os conflitos se mostram às vezes intensos.

Porém, não por acaso, a Providência Divina escolhe, define e, algumas vezes mesmo nos consulta, para estabelecer com quem e entre quem estaremos iniciando uma nova jornada.

Será no meio familiar que enfrentaremos os maiores desafios de relacionamento, e será ali, inúmeras vezes, que teremos as mais significativas lições para a vida.

Além do próprio lar, encontraremos outras oportunidades de aprendizado. Será o vizinho um tanto excêntrico, o chefe pouco tolerante, o colega de trabalho mal-humorado.

Porém, não podemos nos esquecer que será a vida de relação que nos possibilitará o exercício da compreensão, da tolerância, do amor o próximo.

Ao entendermos cada ser humano como uma alma em evolução, que renasceu, como nós, mais uma vez, com bons desafios para enfrentar, veremos que somos todos mais parecidos do que podemos imaginar.

É claro que cada um traz suas peculiaridades, suas manias, suas falhas. Mas, em essência, somos todos almas buscando a perfeição.

Assim, quando alguma dificuldade acontece, no relacionamento com alguém, talvez seja melhor não buscar o enfrentamento.

Muitas vezes enfrentamos ao outro, discutimos, brigamos, gerando tensão e nervosismo, para deixar claro que estamos com a razão, que merecemos um pedido de desculpas.

E para isso, pagamos o preço de perdas de amizade, dificuldades no emprego, tensões familiares complexas.

Talvez, em nossas dificuldades de relacionamento, devêssemos nos perguntar quem está com a caridade, quem está com a compreensão, quem está com a humildade, e não quem está com a razão.

Afinal, a vida em sociedade, inevitável para nosso progresso, é a oportunidade de desenvolver valores morais de que ainda não
dispomos.

Assim, o intolerante será nosso professor de paciência, o arrogante nos ensinará a humildade e o extravagante nos oportunizará o desenvolvimento da compreensão.

Todos aqueles que cruzam nossos caminhos nos trazem lições, de uma ou de outra maneira. Alguns pelo exemplo que oferecem, outros por aquilo que nos exigem para a convivência.

Nesse sentido, Jesus, o pedagogo por excelência, nos convida a, se alguém nos chamar para caminharmos mil passos, oferecermo-nos para andar dois mil. E, se alguém nos pedir a capa, oferecermos a túnica também.

Nessas aparentes perdas que imaginamos ter, aos olhos do mundo, estaremos ganhando, nas questões da alma, os verdadeiros e mais importantes valores que podemos amealhar para nós mesmos. 

Redação do Momento Espírita.