terça-feira, 30 de abril de 2013

O PENSAMENTO


Toda coisa grande, majestosa e bela neste mundo nasce e se forja no interior do homem, graças a uma única ideia e a um único sentimento.
 
Todos os acontecimentos verdadeiros e positivos que nos legaram os séculos passados foram, antes de se realizar, uma ideia oculta na razão e na mente de um homem ou um sentimento sutil no coração de uma mulher.
 
As fatídicas guerras, mananciais de um caudaloso rio de sangue inocente, foram o produto de um sonho que se incubou no cérebro de um homem.
 
Os acontecimentos bélicos e as guerras dolorosas que destruíram tronos e derrubaram reinos surgiram de uma ideia absurda na mente de um só homem.
 
Os ensinamentos sublimes que transformam o curso da vida humana são inclinações românticas no espírito de um só homem que, pelo seu gênio, é considerado estranho ao seu ambiente.
 
Uma só ideia ergueu as pirâmides. Um sentimento fatal destruiu Tróia. Uma só palavra incendiou a biblioteca de Alexandria.
 
Um pensamento que se apodera de nós na quietude da noite nos conduz à glória ou à loucura.
 
Uma palavra pode nos converter em ricos depois da pobreza e em paupérrimos depois da opulência.
 
* * *
 
O pensamento é força criadora. Antes de se concretizar qualquer coisa no mundo, o pensamento a concebeu, idealizou e lhe deu forma, na mente de um homem.
 
Antes de surgirem as maravilhosas obras de engenharia, um pensamento as concebeu. Assim foi com a fabulosa muralha da China, que continua a atrair turistas do mundo inteiro.
 
Assim foi com a extraordinária estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, que até hoje nos extasia, quer pela ousadia de transpor abismos, quer pela persistência de avançar através das montanhas, em meio a uma luxuriante e privilegiada vegetação.
 
Antes de serem concretizadas no mármore as grandes figuras de Moisés, a Pietá, o pensamento de Michelangelo as idealizou, permitindo depois que as suas mãos despissem a pedra bruta, retirando-lhe os excessos, para dela extrair a beleza que admiramos.
 
Antes de se transformarem em telas famosas, todos os quadros que se encontram nos museus, nos palácios ou no interior das nossas residências, nasceram no pensamento dos seus pintores, que se serviram de tintas, pincéis, técnica específica para as concretizar aos nossos olhos.
 
Quando observamos, nas noites enluaradas, a abóbada celestial e sentimos o coração pulsar de emoção, pela beleza das luzes que compõem a glória de Deus, na forma de estrelas piscantes;
 
quando focamos os telescópios na direção dos corpos celestes, e a ciência humana vai descobrindo sempre novos mundos, plenos de beleza e poesia;
 
quando, ante a grandeza do Universo que apenas começamos a descortinar, pensamos na pequenez do nosso globo, da nossa Terra, lar e escola, pensemos: tudo é obra do pensamento criador de Deus, nosso Pai.
 
Num momento de luz do Seu pensamento, surgiram as estrelas coruscantes. Num momento de paz, Ele idealizou o imenso Universo em que nos movemos. Num delicado momento de amor, Ele pensou e criou os Espíritos imortais, que somos nós.
 
Redação do Momento Espírita, a partir do texto O pensamento, de Gibran Khalil Gibran, do livro Um presente especial, de Roger Patrón Luján, ed. Aquariana.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

TRANSFORMANDO A TERRA EM JARDIM



No mundo existem pessoas que alardeiam o que irão fazer e nem sempre o fazem. E outras que simplesmente agem, de forma silenciosa.
 
Essas são realmente as pessoas operosas e que são úteis à Humanidade, ao planeta.
 
Recordamos de um empresário bem sucedido, baiano, que adotou o Rio de Janeiro como seu segundo lar, por conta da beleza deslumbrante que o impressionou, quando de uma visita, ainda na juventude.
 
Por ter nascido no meio rural, convivido com a natureza, incorporou o hábito de separar sementes e mudas e plantá-las onde pudessem crescer livremente.
 
Tornou-se um autodidata da botânica e sua esposa, Satica, filha de imigrantes japoneses, a ele se aliou.
 
Em 1993, o casal iniciou o plantio de mudas próprias da mata atlântica, no costão leste do Pão de Açúcar, tendo em vista a carência de vegetação nesse local.
 
No entanto, não bastava plantar. Era necessária a manutenção. E o casal, então, subia e descia o morro, incansavelmente, retirando o insistente capim colonião, que brotava entre as lascas de pedra, de difícil manejo.
 
Também carregando água, a fim de garantir a sobrevivência das mudas, principalmente em épocas de estiagem.
 
Sete anos depois, foi a vez do morro Cara de Cão, um acidente geográfico incluído em área de proteção ambiental.
 
O senhor Nóbile Bulhões e a esposa deram início ao plantio, recuperando espaços degradados e colocando, no lugar de touceiras de capim, árvores que trariam mais alegria à natureza, flores e frutos.
 
Em dezenove anos, foram plantadas mais de doze mil mudas de pau-brasil, ipê, jequitibá, jatobá, pitomba.
 
No Pão de Açúcar já se transformaram em árvores frondosas, que trazem sombra, ar puro e paz para os animais locais.
 
Nóbile lembra que, ao chegar com as primeiras mudas de pau-brasil, foi interpelado por um policial que duvidava que ele e a esposa conseguissem êxito na sua empreitada.
 
Não cresce nada nesta pedra. Só capim, disse o policial.
 
Mas Nóbile rebateu: Se eu consegui plantar no sertão, consigo aqui também.
 
Sua tenacidade venceu.
 
Hoje, aos setenta e cinco anos, ao lado da esposa de setenta, ao contemplar seu trabalho de formiguinha, afirma, com voz pausada e bem educado: Somos apenas voluntários, cuja recompensa é vermos o fruto de nosso trabalho florescer.
 
Já pudemos presenciar várias árvores floridas e outras cheias de frutos, que alimentam pássaros. A nossa alegria é termos a certeza de que contribuímos um pouquinho para a natureza do nosso planeta.
 
* * *
 
Miremo-nos neste exemplo; um trabalho voluntário, quase anônimo, que começava antes de o dia clarear e só acabava à noite.
 
E continua até hoje.
 
Pensemos em como podemos auxiliar nosso planeta a ser um lugar melhor para hoje e para o futuro, fisicamente falando.
 
Um mundo sustentável, de ar puro, mata abundante, praias limpas.
 
Pensemos nisso e coloquemos mãos à obra.
 
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Nóbile Bulhões e no artigo Senhores do dedo verde, de Mariana Sgarioni, de Seleções Reader´s Digest, de agosto 2012.

domingo, 28 de abril de 2013

A CORAGEM DA PALAVRA ESCRITA



Todos os dias, publicações das mais diversas chegam às prateleiras das livrarias. Vivemos um tempo em que publicar um livro se tornou fácil.
 
Isso permite que abundem as nulidades e que se publique tantas e tantas páginas sem verdadeiro conteúdo.
 
Literatura que não soma, que não acrescenta algo de útil e bom ao ser humano.
 
Ao longo da história da Humanidade, contudo, a palavra escrita se fez presente, iluminando mentes, alertando o povo.
 
Inúmeros são os exemplos nos tempos passados e, na atualidade, ainda em alguns países, de escritores que ousaram utilizar a sua pena para criticar governantes, denunciar ditaduras, protestar contra a injustiça.
 
Romancistas, jornalistas, amantes da verdade se serviram da palavra escrita para lutar por direitos humanos, para esclarecer as mentes.
 
Em épocas de repressão, se tornaram heróis, tendo alguns deles, pago sua ousadia com prisão e tortura.
 
Mulheres corajosas, nesse contexto, não faltaram. Recordamos de Rachel de Queiroz que, com apenas dezessete anos, enviou uma carta ao jornal O Ceará, ironizando determinado concurso.
 
O sucesso foi tão grande que ela foi convidada a colaborar com aquele veículo da imprensa.
 
Durante trinta e um anos foi cronista exclusiva da extinta revista O Cruzeiro. Enquanto o Brasil tentava a sua redemocratização, Rachel usou o espaço que dispunha nesse veículo de alcance nacional para conclamar o povo a bem utilizar da sua qualidade de cidadão.
 
Mulher de coragem em tempos tão conturbados, escreveu: Não sei se vocês têm meditado como devem no funcionamento do complexo maquinismo político, que se chama governo democrático, ou governo do povo.
 
Em política, a gente se desabitua de tomar as palavras no seu sentido imediato.
 
No entanto, talvez não exista, mais do que esta, expressão nenhuma nas línguas vivas que deva ser tomada no seu sentido mais literal: governo do povo.
 
Porque, numa democracia, o ato de votar representa o ato de fazer o governo.
 
Pelo voto não se serve a um amigo, não se combate um inimigo, não se presta ato de obediência a um chefe, não se satisfaz uma simpatia.
 
Pelo voto a gente escolhe, de maneira definitiva e irrecorrível, o indivíduo ou grupo de indivíduos que nos vai governar por determinado prazo de tempo.
 
Escolhem-se pelo voto aqueles que vão modificar as leis velhas e fazer leis novas – e quão profundamente nos interessa essa manufatura de leis!
 
A lei nos pode dar e nos pode tirar tudo, até o ar que se respira e a luz que nos alumia, até os sete palmos de terra da derradeira moradia.
 
E conclui: Votem, irmãos, votem... Mas não se esqueçam de que dentro da cabine indevassável vocês são homens livres... O voto é secreto.
 
* * *
 
Sim, escritores os há muitos. Também brasileiros de valor que se preocuparam e se preocupam com os destinos da Pátria do Cruzeiro. Por amá-la, a desejam grandiosa, livre, vitoriosa.
 
E felizes os seus filhos, com direito de trabalhar e progredir.
 
Unamo-nos a eles, realizando a parte que nos cabe.
 
Redação do Momento Espírita, com frases da crônica Votar, de Rachel de Queiroz, da revista O Cruzeiro, de 1947.

sábado, 27 de abril de 2013

COLOMBO E A CORAGEM DE SAIR AO MAR



Em outros tempos, o calendário estava repleto de datas gloriosas que, enquanto crianças, nas escolas, aprendíamos a celebrar com admiração.
 
Não conhecíamos muito bem esses heróis, mas havia alguns que nos fascinavam pela complexidade de seus feitos: os grandes navegadores.
 
Pensar que uma pessoa pudesse entrar por um oceano totalmente desconhecido, em busca de novas terras, era algo surpreendente e que preenchia nosso imaginário infantil.
 
Encontravam índios, papagaios, elefantes, ouro e aquelas famosas especiarias. Tudo novo, tudo fantástico.
 
Qualquer navegador, portanto, era, aos nossos olhos inocentes, um grande herói, que se aventurara com muita coragem e uns barquinhos quase de brinquedo, por esses oceanos infinitos.
 
Colombo, porém, era um caso especial.
 
Víamos aquele destemido homem passar por entre palácios e portos, de mapa na mão, a falar de seu itinerário.
 
Conhecemos suas glórias e infortúnios.
 
Um navegador que chegou à América Central, vindo da Europa, com três barquinhos e muito entusiasmo, colecionando adversidades mil.
 
Acompanhamos com melancolia o resto de sua vida: prisão, desgraças, desprestígios. A pobreza e a morte depois de tantas aventuras e glórias.
 
Já sentíamos, então, a falibilidade dos homens e guardávamos na memória a imagem de Colombo como retrato de um velho amigo, incompreendido e desmerecido no mundo, ao qual mandávamos os nossos humildes recados de simpatia.
 
Um grande navegador. Um desbravador. Um herói.
 
* * *
 
Voltar a viver num mundo material, como a Terra, é das maiores aventuras que se pode imaginar.
 
Assim como os grandes navegadores, não sabemos o que iremos encontrar no oceano da vida, que mundo nos espera, como seremos recebidos...
 
As leis maiores, porém, nos dizem que precisamos sair ao mar diversas vezes, nas encarnações sucessivas, buscando crescer em cada uma delas.
 
Alguns voltamos com as glórias do mundo, mas sem paz na consciência.
 
Outros voltamos, como Colombo, esquecidos e desprestigiados pelas lideranças da Terra, mas levando na bagagem a coragem, a perseverança e a bravura conquistadas com muito empenho.
 
As adversidades são muitas... Por vezes pensamos até em desistir, mas algo sempre nos lembra que precisamos  continuar, pois o oceano intrépido passa a ser nosso lar temporário, e compreendê-lo faz parte de todo aprendizado.
 
À moda dos grandes navegadores, invistamos toda nossa coragem, toda nossa bravura nesta grande viagem.
 
É preciso coragem para sair ao mar.
 
Não nos preocupemos com as glórias do mundo. O mundo não está apto a enxergar ainda os verdadeiros heróis. Infelizmente não...
 
Estejamos em paz com a consciência, com a natureza, com nosso coração... Lembrando que apenas aqueles que não desistiram, que foram corajosos, encontraram as novas terras.
 
Terra à vista! Será o grito daqueles de nós, vitoriosos, que seguirmos na direção do amor universal.
 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Colombo, de Cecília Meireles, do livro Quatro vozes, de diversos autores, ed. Record.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER?



Uma conceituada escola de ioga espalhou, por suas paredes, diversos cartazes, mostrando praticantes em posições consideradas difíceis ou até impossíveis para a maioria das pessoas.
 
Eram fotos de fazer inveja a qualquer aluno ou admirador da prática oriental. Foram tiradas de praticantes de várias partes do mundo e todos com muita experiência e anos e mais anos de exercício.
 
Visivelmente se percebia que todos os iogues estavam num estágio diferente de vida, de compreensão das coisas e controle do corpo.
 
E o mais interessante é que, abaixo de cada grande imagem, havia uma inscrição que se repetia: O que você quer ser quando crescer?
 
* * *
 
Fazer tal questionamento a adultos é levá-los a profundas reflexões íntimas, certamente.
 
Viver sem objetivos maiores, sem almejar ser mais do que já se é, assinala um certo tipo de morte moral, um morrer antes mesmo do fim da existência corporal.
 
Assim, todos precisamos vislumbrar algo maior e buscá-lo, mesmo que esse anelo esteja a vidas e vidas de distância.
 
É o caminhar em direção às conquistas da alma que nos faz grandes, ou, crescidos.
 
Ser conduzido pela vida, pelos acontecimentos, como um barco à deriva, é parar no tempo, é desistir da felicidade.
 
Precisamos almejar o crescimento e trabalhar por ele diariamente.
 
O praticante de ioga, como no exemplo trazido, ao vislumbrar as conquistas incríveis de alguns poucos no mundo, inspira-se nelas e segue em frente, pois está no caminho da iluminação, assim, já está sendo iluminado.
 
Compara-se consigo mesmo e analisa:
 
Onde eu estava, onde eu estou agora – percebendo o crescimento – e aonde eu desejo chegar – programando a mente para o futuro.
 
Sim, a mente precisa ser programada e, em alguns casos, reprogramada. É através da ideia construída do pensamento que conseguimos realizar as grandes obras do mundo e do Espírito.
 
Vale a pena repetir esse questionamento de tempos em tempos: O que eu quero ser quando crescer? Onde quero chegar nesta vida?
 
* * *
 
Pensemos nisso:
 
Pensemos no que desejamos alcançar, colocando sempre em primeiro plano as conquistas da alma. São as mais importantes. São as que levamos conosco.
 
Antes de sermos invadidos pelo desânimo, pela preguiça, imaginemo-nos lá, onde desejamos estar. Aproveitemos a sensação de plenitude e nos deixemos inundar por ela. Isso nos dará forças para não desistir.
 
Lembremos que muitos já conseguiram alcançar esse patamar, entendendo a lei de progresso na qual todos nós, Espíritos imortais, estamos inseridos.
 
Assim, ele não é impossível.
 
Não é impossível nos livrarmos da inveja, do egoísmo, do orgulho e do ódio. Leva tempo. Custa dedicação e disciplina, mas é totalmente possível.
 
Os que vieram antes, os que alcançaram graus de perfeição elevados, como Jesus, são a prova de que todos podemos chegar lá.
 
A perfeição é conquista da alma. Conquista de muito tempo e trabalho.
 
Perfeitos – é o que precisamos desejar ser quando crescermos. Construindo esse estado futuro na realidade e possibilidade de cada dia. Dia após dia.
 
Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

O FIM DO MUNDO: UMA ANÁLISE



"Se não soubermos cuidar bem da Terra, ela poderá se deteriorar. Todos nós temos imensa responsabilidade sobre o futuro da nossa casa em comum."
 
Tudo o que existe no mundo material é fadado à extinção ou transformação, incluindo o nosso planeta Terra. Todavia, essa mudança deve ocorrer a milhões de anos em consequência de inúmeras causas, como o resfriamento do sol e a colisão da Via Láctea com a galáxia de Andrômeda. Essas previsões existem e baseiam-se em conhecimento científico.
 
O fim do mundo abordado exaustivamente pela mídia se baseia principalmente no calendário maia que sugere o fim de um ciclo em 21 de dezembro de 2012, não necessariamente o fim do mundo. Isso aliado a escatologia bíblica e às interpretações das profecias de Nostradamus geraram muitas teorias sobre as hipóteses de o mundo acabar. Meteoro, vulcão, terremoto, alinhamento de planetas, alteração no eixo da Terra, colisão com outro planeta, aumento da temperatura do Sol, vírus, derretimento das geleiras e ainda muitas outras catástrofes.
 
A questão encerra algumas premissas que podemos avançar na análise, como a concepção de que grandes ou relevantes eventos da humanidade estão planejados e podem ser previstos. Realmente, à luz do conhecimento espírita, os grandes acontecimentos estão previstos pela análise do carma coletivo, isto é, das diferentes gradações das energias geradas por uma coletividade. Saber quando irão ocorrer é possível, embora seja pouco provável conforme podemos constatar ao estudar a história.
 
A imensa maioria dos grandes eventos não foi prevista pelo homem e após cada acontecimento surgem tentativas forçadas de demonstrar que o evento estava previsto em alguma profecia, mas não foi devidamente interpretado. Assim foi com a morte de seis milhões de judeus na segunda grande guerra mundial; a queda das torres gêmeas em Nova Iorque; o tremor submarino no sudeste asiático que em 2004, matou 220 mil pessoas com o tsunami gerado. Qualquer evento passível de advir sofre a interferência do livre arbítrio dos homens, pode ser aumentado ou reduzido em seus efeitos, pode ser antecipado ou postergado e até mesmo, pode não acontecer.
 
Na Bíblia há diversas passagens que abordam o que seria o “fim dos tempos”. Para o espírita, o conteúdo bíblico são textos mais ou menos inspirados por espíritos superiores, mas que sofreram a interferência das ideias e concepções dos próprios médiuns que os escreveram e reescreveram ao logo de séculos e dos escribas que copiaram e traduziram. Os textos sofreram mudanças acidentais e intencionais.
 
No século I, os cristãos entendiam que o juízo final aconteceria em alguns anos, dois séculos depois eles passaram a entender que ocorreria após a conversão da maioria das pessoas. Atualmente a igreja esclarece que somente Deus sabe a data para esse acontecimento. Segundo o espiritismo, não faz sentido ter um dia único de juízo final para todos os seres. Esse juízo incide gradualmente na consciência de cada ser à medida que ele evolui na compreensão de seus atos. Não há necessidade de punição ou mesmo de perdão por parte do Criador, pois ele criou um sistema educacional perfeito que se ajusta e melhora pela ação de leis naturais e não fica ofendido com os seres humanos, criados simples para atingirem a perfeição, aprendendo e errando a cada passo.
 
A causa mais relevante que pode resultar no chamado “fim do mundo”, fazendo com que a vida em nosso planeta seja extinta é a ação dos seus próprios habitantes. Se não soubermos cuidar bem da Terra, ela poderá se deteriorar. Todos nós temos imensa responsabilidade sobre o futuro da nossa casa em comum.
 
Isso inclui, além de proteger o solo, as aguas, o ar e a natureza, melhorar a nossa emissão de matéria mental, educarmos nossos sentimentos, aumentarmos nosso conhecimento geral e buscarmos fazer o bem. Essa é o objetivo individual que nos cabe: buscarmos nosso próprio auto aperfeiçoamento sem preocupações catastróficas bem a gosto da espetacularização da notícia pela mídia contemporânea.
 
Ivan Franzolim é escritor e comunicador espírita, membro fundador da ADE-SP Associação de Divulgadores do Espiritismo de São Paulo. Mantém o blog:http://www.franzolim.blogspot.com.br/

quarta-feira, 24 de abril de 2013

A FELICIDADE E O TRABALHO


 
Os espíritos ensinam que completa felicidade é apanágio da perfeição espiritual.

Enquanto o homem possuir vícios e fissuras morais, ele sofrerá.

A identificação exclusiva com as coisas materiais causa sofrimento.

Tudo o que é material é transitório.

Quem localiza sua fonte de satisfação no que dependa apenas do elemento material está fadado a perdê-la.

Ao final da existência terrena, restam somente as conquistas morais e intelectuais.

Tais conquistas correspondem ao tesouro que nenhum ladrão consegue roubar e que as traças e a ferrugem não atingem.

A perfeição espiritual não se cinge à conquista de virtudes morais.

Ela envolve também o burilar do intelecto.

A razão e o sentimento burilados e purificados constituem as duas asas que conduzem o espírito à plenitude.

Importa, pois, dedicar-se ao cultivo de ambos.

A felicidade é o sonho de todo homem.

Pergunte-se a qualquer pessoa o que deseja e ela certamente afirmará que quer ser feliz.

A busca de plenitude, de conforto e de paz têm conduzido a raça humana ao longo das eras.

A própria fragilidade da vida material desafia o intelecto.

Na busca de preservá-la e de vencer os elementos da natureza, os homens desenvolvem suas faculdades intelectuais.

Com o tempo, esse intelecto desenvolvido volta-se para questões mais transcendentes.

Surgem reflexões sobre a razão e a finalidade da vida.

Indaga-se o porquê de tantos sofrimentos que envolvem a vida humana.

O Espiritismo responde tais questionamentos.

Ele ensina que os obstáculos e os infortúnios destinam-se a desenvolver a sensibilidade e o intelecto humanos.

A igualdade em face da dor, da doença e da morte mostra o quanto todos são parecidos e devem ser solidários.

Ricos e pobres, belos e feios, todos se submetem aos imperativos da natureza.

É difícil permanecer insensível em face de uma dor que já se experimentou.

À medida que a Humanidade evolui, as dores se tornam menos atrozes.

Por conta da evolução intelectual, medicamentos e tratamentos sofisticados são descobertos.

Tudo se encadeia no Plano Divino.

O progresso intelectual dá-se de modo quase automático, pelo natural desejo que os homens têm de se furtar a dores e embaraços.

O progresso moral secunda o intelectual, mas demanda uma sensibilidade e um esforço a mais para operar-se.

Ele pressupõe maturidade bastante para compreender a vida a partir de um patamar mais elevado.

O estágio atual da Humanidade já possibilita compreender que conquistas materiais não garantem a felicidade.

Embora a evolução científica e tecnológica, os homens persistem angustiados e carentes de paz.

Para ser feliz, é necessário vencer velhos vícios, que causam grande tormento.

Inveja, ciúme, egoísmo, ganância e sensualidade desequilibrada são exemplos de fissuras morais que infernizam quem as possui.

O homem realmente decidido a ser feliz precisa dedicar-se a combater seus vícios.

O intelecto desenvolvido auxilia-o a identificar os seus problemas morais.

Basta pensar quais de suas características lhe tiram a paz e não são elogiáveis no próximo.

Identificados os problemas, é necessário trabalhar para combatê-los.

A criatura madura sabe que não existe resultado sem trabalho, nem recompensa sem esforço.

Ninguém se transformará em anjo por um golpe de sorte.

Impõe-se a aplicação de uma firme vontade no burilamento do próprio caráter.

A plena felicidade pressupõe a perfeição espiritual, mas esta é fruto do trabalho.

Pense nisso.
 
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 23 de abril de 2013

FLOR DE LÓTUS



Planta que floresce sobre a água, a flor de lótus, nativa da Ásia, é considerada sagrada em algumas culturas orientais.
 
Suas raízes nascem no lodo e seu caule vai se desenvolvendo na lama até alcançar seu tamanho total, quando o botão emerge na superfície da água para desabrochar ao sol.
 
À noite, as pétalas da flor se fecham e ela mergulha debaixo d’água. Antes de amanhecer, ela volta à superfície, onde se abre novamente.
 
Suas luminosas pétalas têm a propriedade de autolimpar-se, ou seja, conseguem repelir microorganismos e lodo, não deixando que a água a contamine e, por isso, é capaz de florescer em meio ao pântano.
 
Em um simbolismo utilizadono Oriente, a água lodosa que acolhe a planta é associada ao apego e aos desejos materiais e a flor que desabrocha sobre a água, em busca de luz, indica promessa de elevação espiritual.
 
Ela representa a superação da dor e do sofrimento no mundo físico em busca do crescimento espiritual e é considerada símbolo de pureza da alma.
 
* * *
 
Podemos fazer uma analogia do desabrochar dessa flor com a forma com que nos envolvemos com as questões do mundo que nos cerca.
 
O objetivo principal da vida terrena é o aperfeiçoamento moral do Espírito. Aqueles que têm essa compreensão buscarão elevar-se sempre, independente das adversidades.
 
Quando as circunstâncias não nos forem favoráveis, quando as tentações nos cercarem, quando formos frequentemente chamados a testar nosso caráter, busquemos retirar o bom proveito da situação e lembremo-nos de Jesus.
 
Cristo propôs que vivêssemos no mundo sem ser do mundo.
 
Foi o exemplo vivo de que podemos passar por situações que nos atormentam os sentimentos e, mesmo assim, não nos deixarmos abater e seguirmos confiantes em nossos propósitos.
 
Mostrou-nos também que é possível usufruir das coisas do mundo e não nos deixarmos possuir por elas.
 
A vida social e em família faz parte do processo de evolução. Ninguém consegue a realização espiritual seguindo a sós.
 
É através dos relacionamentos que trocamos experiências e vamos trabalhando os sentimentos e nos conhecendo melhor a cada dia.
 
Por vezes, passamos por dificuldades de ordens diversas, mas devemos reconhecer que sem a presença desses testes, perderíamos as motivações que nos impulsionam ao crescimento e à melhora íntima.
 
* * *
 
A flor de lótus é exemplo de determinação, perseverança e superação, pois surge em meio ao lodo em que vive.
 
É prova de que nós também podemos buscar o crescimento espiritual e o aprimoramento moral em um meio que não nos seja favorável.
 
Ela leciona confiança em nós mesmos e crença em nossa própria beleza. Floresce diariamente em busca da luz, mostrando-nos que não importam os obstáculos e nem o quanto as circunstâncias possam parecer contrárias.
 
Não há nada que a impeça de florescer bela e formidável.
 
Pensemos nisso!
 
Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

VIVER



Por vezes, não nos lembramos de como é bom viver. Talvez porque nos esqueçamos de usufruir a vida em totalidade.
 
Quase sempre, a ansiedade é nossa companheira. E é ela que nos impede de viver em plenitude.
 
Quando nos deixamos envolver pela ansiedade, estamos em um lugar fisicamente, mas a mente se encontra em outro ou, então, horas à frente.
 
É bastante comum nos encontrarmos em uma festa e cogitarmos do cansaço que sentiremos no dia seguinte, do inconveniente de termos que levantar cedo, de retomar a rotina.
 
Descambamos para queixumes e lamentações. Esquecemos de viver aquele momento de alegria, de encontro com os amigos, de risos, de descontração.
 
Consequentemente, a festa não nos beneficiará, ao contrário, será sinônimo de cansaço e indisposição.
 
E que dizer quando reclamamos das crianças em casa? Reclamamos do barulho, da correria. Enfim, elas requerem tanta atenção, tantos quefazeres.
 
E deixamos de usufruir dessa extraordinária possibilidade de observá-las, de rir com elas, rir do que fazem e como fazem.
 
Permitimo-nos perder a chance de ter algumas horas de puro prazer, correndo, rindo, rolando na grama, chutando bola. E também abraçando, estreitando forte, beijando.
 
Já nos demos conta de quão maravilhoso é o colar de dois braços miudinhos nos envolvendo o pescoço? Nenhuma joia, por mais valiosa, supera essa preciosidade.
 
Porque abraço de criança é tudo de bom: é espontâneo, é forte, é macio.
 
E, no final do passeio, ou na hora de dormir, como é doce sentir aquele calor do corpo de uma criança em nossos braços, perceber-lhe o ritmo da respiração, sentir o pulsar do seu coração junto ao nosso.
 
Isso se chama viver. Isso se chama sorver a vida em abundância.
 
Viver é, também, permitir-se despentear pelo vento, com suas mãos rebeldes e despreocupadas.
 
É sentir o sol percorrendo-nos o corpo e estendendo cores por toda a natureza, beijando a superfície das águas, fazendo-as brilhar como líquidos cristais.
 
Viver é sentar-se à mesa com a família, com os amigos e comer devagar, buscando identificar o sabor de cada alimento. E se deixar ficar ali, conversando, falando dos tantos nada que fazem a felicidade de cada dia.
 
É dar um passeio de mãos dadas, deixando a brisa sussurrar segredos entre ambos. Recados ouvidos de Deus, segredos somente conhecidos por quem ama.
 
Viver é deter-se para assistir a um pôr-do-sol, observando as pinceladas divinas que se sucedem, em promessa de um dia esplendoroso, após a noite de veludo e estrelas que se aproxima.
 
Viver é ter a certeza de que, após os dias de invernia, chuva e frio, suceder-se-ão as horas floridas da primavera risonha.
 
E que, após os dias de intenso calor, a natureza começará a se despir de folhas e flores, preparando-se para se engalanar de geada, brumas e garoa.
 
Viver cada minuto, cada emoção, sem ansiedade, como único e inigualável.
 
Assim, a vida se torna maravilhosa. Cada dia, uma experiência inédita porque, sendo criação divina, não existem reprises nas horas, nem nos minutos.
 
Pensemos nisso e, enquanto ainda nos encontramos no panorama terrestre, bebamos do cálice da vida, gota a gota, deliciando-nos com o seu sabor.
 
E se horas amargas se apresentarem, recordemos que como as estações, também os quadros de dores e dificuldades se sucedem, substituídos por outros de alegrias, risos e cores.
 
Redação do Momento Espírita.