Indiscutivelmente estamos ainda muito longe da
educação racional. Conquanto necessitados de ponderação, agimos, via de regra,
sob o impulso de alavancas emotivas acionadas por sugestões
exteriores.
De modo geral, muito antes que nos decidamos a
discernir, assimilamos ideias que nos são desfechadas por informações e
exibições que nem sempre se vinculam à verdade e passamos a esposar opiniões
que, comumente, nos induzem a desastres morais no comboio da
existência.
Habitua-te a essa realidade e não te entregues às
impressões tumultuárias que porventura te visitem o coração. Com isso, não te
queremos pedir para que te transformes em palmatória de corrigenda ou para que
apresentes ouvidos de pedra à frente dos semelhantes.
Às vezes, há muito mais
caridade na atenção que no conselho. Fraternalmente, escuta o que se te diga e
observa o que vês, sem escandalizar os interlocutores ou ferir os companheiros
de romagem terrestre, opondo-lhes censuras ou contraditas que apenas lhes
agravariam as dificuldades e os problemas.
Ao invés disso, aprendamos a filtrar
aquilo que nos alcance o campo íntimo, aproveitando os elementos que se façam úteis
aos outros e a nós mesmos, e esquecendo tudo – mas realmente tudo – o que não
nos sirva à construção do melhor.
Conversação, na essência, é
permuta de almas. Através da palavra, damos e recebemos. Isso, porém, não se
refere a doações e recepções teóricas. Entendendo-nos uns com os outros,
fornecemos e adquirimos determinados recursos de espírito, que influirão em
nossa conduta e a nossa conduta forma a corrente de planos, coisas, encontros e
realizações que nos determinarão o destino. Escolha de hoje no livre-arbítrio
será consequência amanhã. Causa de agora será resultado depois.
Cultivemos harmonia, à frente de tudo e de todos; no entanto é preciso que essa
atitude de entendimento não exclua de nossa personalidade o otimismo irradiante,
a sinceridade construtiva, o reconforto da intimidade e a alegria de viver.
Em
suma, diante de todos e de tudo, deixemos que a caridade nos ilumine o crivo da
razão, a fim de que não venhamos a perder os melhores valores rio tempo e da
vida, por ausência de equilíbrio ou falta de amor.