Em verdade, quando as
aflições se sucedem umas às outras, simultaneamente, em nossa vida, sentimo-nos
à feição do viajor perdido na selva, intimado pelas circunstâncias a construir
o próprio caminho.
Quando atinjas um
momento, assim obscuro, em que as crises aparecem gerando crises, não atribuas
a outrem a culpa da situação embaraçosa em que te vejas e nem admitas que o
desânimo se te aposse das energias.
Analisa o valor do
tempo e não canalizes a força potencial dos minutos para os domínios da queixa
ou da frustração. Ora, levanta-te dos obstáculos em pensamento e age em favor
da própria libertação na certeza de que, por trás da dificuldade, a lei do bem
está operando.
Certifica-te,
sobretudo, de que Deus, Nosso Pai, é o autor e o sustentador do Sumo Bem.
Nenhum mal lhe poderia alterar o governo supremo, baseado em amor infinito e
bondade eterna. À vista de semelhante convicção, o que te parece doença é processo
de recuperação da saúde. Pequenos dissabores que categorizas por ofensas, serão
convites a reexame dos empeços que te crivam a estrada ou apelos à oração por aqueles
companheiros de Humanidade que levianamente se transformam em perseguidores das
boas obras que ainda não conseguem compreender. Contratempos que interpretas
como sendo ingratidão de pessoas queridas, quase sempre apenas significam modificações
dos Desígnios Superiores, em benefício dos entes que amamos e que prosseguem
credores de nosso entendimento e carinho.
Discórdia é problema
que te pede ação pacificadora. Desarmonias domésticas mais não são que
exigência de mais serviços aos familiares para que te concilies em definitivo
com adversários do pretérito, suprimindo possibilidades de retorno a causas de
sofrimento e desequilíbrio que já te induziram à quedas e obsessões em
existências passadas, e até mesmo a presença da morte não se define senão por
mais renovação e mais vida.
Sempre que aflições
te visitem na forma de enfermidade ou tristeza, humilhação ou penúria,
perseguição ou tentação, prejuízo ou desastre, não te rendas às sugestões de
rebeldia ou desalento. Trabalha e espera, entre o prazer de servir e a
felicidade de confiar, recordando que, se procuras pelo socorro de Deus, o
socorro de Deus também te procura. E se a tranqüilidade parece tardar, porque
privações e provações se
multipliquem,
persevera com o trabalho e com a esperança, lembrando-te de que a lei do bem opera
sempre e de que o amparo de Deus está oculto ou vem vindo.
Obra: Alma e Coração -
Emmanuel / Chico Xavier