quarta-feira, 18 de maio de 2011

A MISSÃO DA MATERNIDADE

 

O Bispo de La Serena, Chile, Dom Ramon Angel Jara, teve oportunidade de escrever um texto muito poético que diz:

Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus.

Pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo. Que, sendo moça, pensa como uma anciã e, sendo velha, age com as forças todas da juventude.

Quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida.

Quando sábia, assume a simplicidade das crianças. Pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama. Rica, sabe empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos.

Forte, estremece ao choro de uma criancinha. Fraca, se revela com a bravura dos leões.

Viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam.

Morta, tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.

Não exijam de mim que diga o nome dessa mulher, se não quiserem que ensope de lágrimas esse álbum. Porque eu a vi passar no meu caminho.

Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página. Eles lhes cobrirão de beijos a fronte. Digam-lhes que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria mãe.

Na atualidade, a mulher assumiu muitos papéis. Lançou-se no mundo e se transformou na operária, juíza, cientista, professora, militar, policial, secretária, empresária, presidente, general e tudo o mais que, no passado, era privilégio do homem.

A mulher se tornou em verdade uma super-mulher que, além dos afazeres domésticos, conquistou o seu espaço no mercado de trabalho.

Naturalmente, não para competir com o homem, mas para somar com ele, pois dos esforços de ambos resulta o sustento e o bem-estar da família.

A rainha do lar se transformou na mulher que atua e decide na sociedade.

Das quatro paredes do lar para o palco do mundo. Contudo, essa mulher senadora, escriturária, deputada, médica, administradora de empresa não perdeu a ternura.

Ela prossegue a acolher em seu ninho afetivo o esposo e os filhos.

Equilibrada e consciente, ela brilha no mundo e norteia o lar. Embora interprete muitos papéis, ela não esqueceu do seu mais importante papel: o de ser mãe.

* * *

Dentre todas as mulheres que se projetaram no mundo, realizando grandes feitos, a nossa lembrança recua no tempo buscando uma mulher especial.

A história não lhe registra grandes discursos, mas o Evangelho lhe aponta gestos e palavras que valem muito mais.

Mãe de um filho que revolucionou a História, manteve-se firme na adversidade, na dor, exemplificando o que ele ensinara.

Não deixou testamento, riquezas ou haveres mas legou à Humanidade a excelente lição da mulher que gera o filho, alimenta-o e o entrega ao mundo para servir ao mundo.

Seu nome era Maria... Maria de Nazaré.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Um poético e autêntico retrato de uma genitora – nossa homenagem à toda mulher-mãe, do jornal Correio fraterno do ABC, de maio de 2000 e no texto Retrato de mãe, de Dom Ramon Angel Jara, Bispo de La Serena, Chile, tradução de Guilherme de Almeida.

Por que se atrasa?

 

Era uma tarde de domingo e o parque estava repleto de pessoas que aproveitavam o dia ensolarado para passear e levar seus filhos para brincar.

O vendedor de balões havia chegado cedo, aproveitando a clientela infantil para oferecer seu produto e defender o pão de cada dia.

Como bom comerciante, chamava atenção da garotada soltando balões para que se elevassem no ar, anunciando que o produto estava à venda.

Não muito longe do carrinho, um garoto negro observava com atenção. Acompanhou um balão vermelho soltar-se das mãos do vendedor e elevar-se lentamente pelos ares.

Alguns minutos depois, um azul, logo mais um amarelo, e finalmente um balão de cor branca.

Intrigado, o menino notou que havia um balão de cor preta que o vendedor não soltava.

Aproximou-se meio sem jeito e perguntou:

Moço, se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros?

O vendedor sorriu, como quem compreendia a preocupação do garoto, arrebentou a linha que prendia o balão preto e, enquanto ele se elevava no ar, disse-lhe:

Não é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir.

O menino deu um sorriso de satisfação, agradeceu ao vendedor e saiu saltitando, para confundir-se com a garotada que coloria o parque naquela tarde ensolarada.

*   *   *

O preconceito é uma praga que se alastra nas sociedades e vai deixando um rastro de prejuízos, tanto físicos como morais.

O preconceito de raça tem feito suas vítimas, ao longo da História da Humanidade.

Mas não é somente o preconceito racial que tem sido causa de infelicidade. Esse malfeitor também aparece disfarçado sob outras formas para ferir e infelicitar.

Por vezes, surge como defensor da religião, espalhando a discórdia e a maldade, o sectarismo e os ódios sem precedentes.

Outras vezes apresenta-se em nome da preservação da raça, gerando abismos intransponíveis entre os filhos de Deus.

Também costuma travestir-se de muro entre as classes sociais, fortalecendo o egoísmo, o orgulho, a inveja e o despeito.

Podemos percebê-lo, ainda, agindo como barreira entre a inteligência e a ignorância, disfarçado de sabedoria, impedindo que o mais esclarecido estenda a mão ao menos instruído.

O preconceito também costuma aparecer travestido de patriotismo, criando a falsa expectativa de supremacia nas mentes contaminadas pela soberba.

Ele também pode ser percebido com aparência de idealismo político, explorando mentes juvenis inexperientes e sonhadoras, que são usadas como massa de manobra.

Como se pode perceber, o preconceito é um inimigo público que deveria ser combatido como se combate uma epidemia.

Essa chaga social tem emperrado as rodas do progresso e da paz.

Por essa razão, vale empreender esforços para detectar sua ação, sob disfarces variados, e impedir sua investida infeliz.

Começando por nós mesmos, vamos fazer uma autoanálise para verificar se o preconceito não está instalado em nosso modo de ver, de sentir, comandando nossas atitudes diárias.

Depois, extirpar de vez por todas esse mal que teima em nos impedir de viver a solidariedade e a fraternidade sem limites, como propôs o Mestre de Nazaré.

*   *   *

A fraternidade é a chave que rompe as amarras que nos retém nas baixadas, quais balões cativos, e nos permite ganhar as alturas, elevando-nos acima das misérias humanas.

Para isso, lembremo-nos do vendedor de balões e ouçamos a sábia advertência da nossa própria consciência:

Não é a cor, nem a raça, nem a posição social, nem a religião, nem as aparências externas, filho, é o que está dentro de você que o faz subir.

Pense nisso!

Redação do Momento Espírita com base no conto, O vendedor de balões, do livro As 100 mais belas parábolas de todo os tempos, de Alexandre Rangel, ed. Leitura.

APRENDE-SE COM O EXEMPLO

 

Quantas vezes você reclamou da sujeira das ruas? Quantas vezes adjetivou como relaxada a pessoa que joga papel, lata, pacotes vazios pela janela do carro, emporcalhando a rodovia?

Normalmente, a reação é de desagrado e se costuma afirmar que quem assim procede é porque lhe falta educação.

Contudo, uma questão existe que parece escapar à observação superficial. É que, de um modo geral, algumas pessoas, porque veem sujeira em locais públicos, resolvem por também serem descuidadas.

O papel da bala, do bombom, que poderia ser guardado no bolso ou na bolsa até chegar a uma lixeira, é descartado em qualquer lugar. Isto é, no chão.

Por acreditar que se aprende pelo exemplo, um taxista inovou com seu carro. Quando ainda era empregado de limpeza numa empresa de táxis, observara que, no fim do dia, os táxis pareciam uma lata de lixo.

Eram papéis jogados ao chão, assentos e puxadores das portas pegajosos. Tão logo conseguiu sua carteira de motorista profissional pôs em prática a sua ideia.

Lustrou bem o táxi que lhe deram para dirigir. Arranjou um tapete bonito.

Cada vez que um passageiro saía, ele verificava se tudo estava em ordem para o cliente seguinte.

Voltava sempre com o táxi impecável para a empresa. Logo mais, resolveu colocar umas reproduções pequenas de quadros célebres, no interior do carro.

Vinte e cinco anos depois, esse taxista afirmou: Ninguém me decepcionou. Cada passageiro que entrava, comentava como o táxi era bonito, diferente. E ninguém deixava nenhuma sujeira nele: nem papéis, nem restos de casquinhas de sorvete, nem chicletes.

Nem um pouquinho de lixo. E filosofando, concluiu: As pessoas gostam de coisas bonitas. Se plantarmos mais árvores e flores pela cidade, se tornarmos os edifícios mais atraentes, aposto que mais pessoas iriam utilizar as latas de lixo.

Aquele motorista tem uma boa dose de razão. Todos nós, com o dom da vida, recebemos também um senso estético.

A maior parte das pessoas não precisa aprender sobre a raridade da beleza, do bom tom. Age e reage quando a encontra.

E, se tiver o sentimento de que faz parte dessa beleza, contribuirá para que ela se estenda por todos os lugares.

E são essas pessoas que continuam fazendo a grande diferença no mundo. São essas que dão exemplos para os que ainda não têm olhos de ver.

Essas veem uma lata abandonada na calçada e a recolhem, para jogá-la, logo adiante, na lixeira. Alguns mais corajosos, quando observam alguém descartando papéis pela rua, se aproximam e alertam ao descuidado: Amigo, o senhor deixou cair alguma coisa ali atrás.

São essas criaturas que primam pela seleção do lixo, que o acondicionam bem e disponibilizam, nos dias certos, para a coleta pública.

São essas criaturas que se preocupam com a reciclagem, com o descarte correto dos produtos. Criaturas que plantam flores, regam jardins, mantêm o quintal e a frente de sua casa sempre limpos.

Que tal engrossarmos as fileiras desse tipo de pessoa? Afinal, quem não deseja viver entre a beleza, a limpeza, os perfumes e a saúde?

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Um táxi meio diferente, de Norman Cousins, de Seleções Reader’s Digest, de dezembro de 1982.