quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O QUE É NORMAL?

 

Descobertas recentes sobre a origem de algumas doenças, sobre as guerras, a violência e a destruição ecológica, nos levam a questionar certas normas ditadas pela sociedade, através dos consensos existentes.

Tem-se constatado que algumas normas sociais, passadas e atuais, levaram ou levam ao sofrimento moral ou físico dos indivíduos.

Há na maioria dos nossos contemporâneos uma crença bastante enraizada.

Segundo esta, tudo o que a maioria das pessoas pensa, sente, acredita ou faz, deve ser considerado como normal e, por conseguinte servir de guia para o comportamento de todo mundo e mesmo de roteiro para a educação.

O pesquisador e escritor Pierre Weil nos traz uma nova visão sobre esse tema.

Ele chama de normose ao conjunto de normas, valores, hábitos de pensar ou de agir aprovados pela maior parte de uma determinada população e que, em algum momento, levarão a sofrimentos.

Esses comportamentos são vivenciados sem que os seus autores tenham consciência dessa natureza prejudicial.

Um exemplo simples, entre vários que poderíamos abordar, é o do consumo de cigarros.

Até algum tempo, era considerado normal que as pessoas fumassem. Mas, à medida em que ficou comprovado que o ato de fumar causa sérios danos à saúde, esse hábito começou a ser questionado.

O resultado foi que essa normalidade caiu por terra.

Assim como essa conduta perdeu adeptos, outras formas de comportamento vistas como normais hoje, poderão deixar de ser logo mais.

Nem tudo o que a maioria das pessoas aprova, através dos hábitos de pensar ou de agir, é conveniente que adotemos para nós mesmos, para nossas famílias ou para a educação de nossos filhos.

Estejamos atentos para analisar hábitos novos que a sociedade nos impõe. Hábitos que, muitas vezes, vão se instalando lenta e gradativamente.

Passamos a substituir o cuidado com o corpo físico através do lazer e do esporte, pelas infindáveis horas à frente dos computadores, televisores e jogos digitais, acreditando que é normal porque a maioria age assim.

Aos poucos, passamos a considerar normal o hábito de ingerir bebida alcóolica, com frequência e em grandes quantidades, pautados na forma como um número considerável de pessoas decidiu agir.

Crianças e jovens desrespeitam pais, professores e colegas porque os outros também têm essa conduta.

Assim como esses, poderíamos citar muitos outros exemplos, mas cabe a cada um de nós identificar o que realmente tem valor em nossas vidas.

* * *

Jesus nos orientou a que vivêssemos no mundo sem sermos do mundo. É difícil não ceder aos apelos que sofremos constantemente. É difícil ser diferente, mas não impossível.

Basta que tenhamos a firmeza de agir de acordo com o que realmente acreditamos e enchermo-nos de coragem para dizer não, sem nos importarmos com críticas e julgamentos.

Sigamos em frente felizes, com a certeza de estarmos pautando nosso comportamento nos valores que carregamos em nosso íntimo.

Redação do Momento Espírita, com base em texto do livro Normose, a patologia da normalidade, de Pierre Weil, Roberto Crema e Yves Jean, ed. Versus.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A MELHOR PARTE DE AMAR

 

As declarações de amor revelam muito do que vai em nossa alma. Por vezes elas nos descrevem com perfeição.

Elas contam se somos possessivos ou ciumentos, se deixamos espaço para o outro crescer como indivíduo ou não.

Por exemplo, quando somos enfáticos demais no Eu preciso de você; no Não consigo viver sem você, revelamos, mesmo sem querer, que nosso amor é mais carência do que doação.

Amar o outro, tendo, como razão e sustento desse amor, tudo aquilo que o outro nos dá, isto é, tudo que recebemos do parceiro, é certamente um amar frágil, que pode não se manter por muito tempo.

Basta que o outro não mais nos forneça o que estava nos oferecendo, que não mais atenda nossas expectativas, para que todo aquele dito grande amor desapareça, como em um passe de mágica.

Recentemente, ouvimos uma declaração de amor que nos chamou a atenção, por apontar uma direção um pouco diferente da comum.

Dizia assim:

A melhor parte de amar é ser o alguém de outra pessoa, e eu quero ser este alguém, o seu alguém...

Vejamos que o princípio por trás da frase é diferente, e bastante nobre. Muito mais compatível com o verdadeiro sentido do amor, o amor maduro.

Querer ser o alguém da outra pessoa é identificar que o outro também tem expectativas, que também quer ser amado, e se colocar na posição de dar-se ao outro, e não só na de receber, o que é bastante egoísta.

As jovens e os jovens, em determinada idade, quando das primeiras paixões, chegam a fazer listas de exigências. Como ele ou ela precisam ser para ganhar o meu coração?...

Notemos que, em momento algum, consideramos que o outro também tem sua lista, suas expectativas. Pensamos apenas em preencher a nossa, o que eu quero, o que eu sonho.

Mas e o outro? Não tem sonhos? Será que podemos atender aos anelos da outra pessoa? Será que preenchemos a lista dele ou dela? E que esforços fazemos para isso?

Assim, querer ser o alguém do outro é levar tudo isso em consideração sempre, e não apenas exigir e exigir constantemente.

Nesse nível de amor perceberemos que o que nos completa, o que nos faz feliz numa relação, é também o quanto fazemos pelo outro, o quanto nos doamos à outra pessoa.

Dessa forma, esse patamar de amor nunca nos fará frustrados.

Precisamos enxergar a tal via de mão dupla das relações amorosas, através de uma nova perspectiva, mais inteligente e mais altruísta.

Querer ter outra pessoa ao lado, apenas para nos preencher, como se diz, é muito perigoso e frágil.

A relação a dois é muito mais do que isso.

Amar precisa sempre vir antes do ser amado.

É o amar que nos fará grandes no Universo e não o ser amado.

Foi o amar de tantos Espíritos iluminados que garantiu que a Terra continuasse a existir, e não sucumbisse por inteiro nas mãos do orgulho e do egoísmo.

Que eu procure mais amar do que ser amado, pois é dando que se recebe...

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O ESPÍRITO E SUA IDADE

 

“Quanto mais cresço, mais acho me sinto pequeno, não pelo corpo, mas pelo crescimento moral, espiritual e intelectual.” Cravo

O mundo espiritual elege diferenças no que concerne ao mundo material de diversas formas. Entre elas, sem duvida, é a relação de espaço - tempo.

Mas algo intrigante e por vezes, duvida de muitos Seres, em relação aos espíritos, qual a idade deles? Será que envelhecem em idade? Qual a forma de podermos fazer dar resposta a essa condição dentro do plano material? O nosso espírito é jovem ou idoso?

Muitos encarnados, na ânsia de querer saber, fazem regressões, apenas pela apelação de quererem saber quem eram, ou se eram, príncipes ou reis, acreditem, que é verdade... Apenas buscam a curiosidade, mas não se preocupam com a essência do crescimento, do que é necessário fazer para tal. Enfim, no fundo é apenas reflexo de falta de identidade, pessoal.

Não existe relação da idade do corpo com a idade do espírito, relacionar, seria ilógico, Não podemos de maneira alguma saber a idade real de cada espírito encarnado, pois desconhecemos a suas várias vivencias anteriores e o tempo tido no próprio plano espiritual. Poderemos sim entender pela indicação evolutiva espiritual o possível ponto evolutivo da criança. Portanto, uma criança de hoje poderá ser muito mais velha em idade real que um idoso agora, e ser muito mais evoluída. Esta situação é simplesmente uma questão da necessidade reencarnatória individual e, portanto, de quanto tempo e quando se vai reencarnar. A idade real do indivíduo de hoje fica assim, é simplesmente desnecessária, pois tratando-se da importância na vida real. Devemos isso, sim, fazer um esforço para melhorar a nossa atitude com o avanço da nossa idade terrena.

Muito indivíduos(as) tem receio do envelhecimento e fazem de tudo para se manterem, em forma, a exemplo; plásticas, mudar cor de cabelo, ir para ginásios, como se isso fosse alterar a idade e o tempo de estadia que aqui ficam, mas é apenas apuro de ignorância moral. Claro que devemos zelar pelo corpo físico, mas daí, a querer enganar o tempo e sua idade, é pura debilidade de conhecimento. Todas as fases de idade são de extrema importância, desde a infância, adolescência, meia idade, e idoso. Inegavelmente todas as fases são importantes para o espírito encarnado e a cada uma delas as dificuldades aparecidas terão de ser ultrapassadas da maneira ao alcance de cada Ser e consoante as suas capacidades de resposta a esses mesmos estágios de evolução! Sim, porque é aí que vamos assumindo a evolução pelas experiências, a espaços vividas em cada reencarnação. No plano terreno é desta forma, em outros planos as características da reencarnação podem ser completamente diferentes.

A cada período das nossas vidas, vamos deixando rasto pelos sentimentos positivos e negativos vividos, emoções e ações, que na infância não valorizaríamos, mas que chegados a adultos , verificamos a sua enorme importância na nossa vida e evolução consequentemente. O puzzle de todos espaços que vamos ultrapassando em cada vivência, começando pelo nascimento, os Pais, a Família, a envolvência com a Sociedade e Humanidade, fará a relação do que conseguimos crescer, e pelo valor das nossas ações poderemos fazer uma analogia a um determinado reflexo do pretérito, a exemplo; tendências, gostos, desejos, repulsas e sensibilidade para determinadas áreas e atuação, isso sim, nos permite ajudar a conhecer-nos, bem como a forma como nos relacionamos com o próximo e afinidades.

È importante compreendermos que cada espírito encarnado tem suas características evolutivas rasto esse que forma a sua personalidade ao longo do tempo.

Não poderemos querer explicar se é coerente e racional que seres nascidos e criados numa mesma massa familiar, portanto, no mesmo lar, com os mesmos ensinamentos e educação dos pais, os mesmos tratos e amor, eles serem o inverso em personalidades. A assimilação dos conceitos oferecidos á criança pelos progenitores ou por qualquer pessoa depende inexoravelmente do seu grau evolutivo. Afinidades, antipatias ou nenhum desses são importantes na aceitação ou na negação naturais das práticas do comportamento humano. Mesmo em casos de adoção o processo será o mesmo. Mesmo em caso de abandonos, não existe causa sem efeito e ele tem sempre o eco da evolução moral , espiritual e intelectual. 

O importante é aproveitar cada segundo desta passagem, de forma a podermos, cumprir objetivos, assumir crescimento e nunca desistir mesmo que em fases mais frágeis da vivência, a idade essa, será a soma da evolução em cada passagem pela terra, dando-te cada vez mais liberdade e conhecimento, responsabilidade e oportunidade de subir sempre mais alto.

Muita paz

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

AVISOS SURPREENDENTES

Ele era médico no Interior e atendia, com zelo, sua clientela. Durante muitos anos, tratou de uma senhora viúva, cuja filha insistia para que fosse morar com ela, na capital.

No entanto, Dona Margarida continuava a morar sozinha, em sua casa. Várias razões relacionava para essa sua preferência.

A mais importante, justamente os cuidados que recebia do dedicado médico, em quem confiava plenamente e por quem nutria grande amizade.

Certa feita, os familiares a levaram para a capital, em visita a parentes e amigos. Então, ela se sentiu mal e, de imediato, a filha telefonou ao Doutor Carlos, o médico da mãe.

Para que fosse devidamente examinada e medicada, ele recomendou um colega, na capital.

Passados alguns dias, quando Doutor Carlos chegou, pela manhã, bem cedo, ele viu à porta do consultório a sua cliente, sozinha.

Cumprimentou-a, sorrindo e disse: Bom dia, Dona Margarida, vejo que está muito bem!

E ela respondeu: É o que você pensa!

Ele achou graça na sua expressão. Entrou no consultório, que estava repleto, como sempre. Contudo, dada a idade avançada de Dona Margarida, instruiu a atendente para que a introduzisse, em primeiro lugar, para a consulta.

Mas, a senhora não estava na sala de espera, nem do lado de fora, em lugar nenhum.

Estranhou o fato o médico, mas envolveu-se na atenção aos tantos clientes que o aguardavam.

Logo mais, chegou-lhe uma ligação telefônica. Era a filha de Dona Margarida informando-o que sua idosa cliente desencarnara, há dois dias.

*   *   *

Os que transpõem a aduana da morte, não apagam da memória as pessoas que lhe constituem afetos. Muito menos, olvidam de ser gratos.

Por isso, fatos como o narrado ocorrem muito mais amiúde do que se possa pensar.

Muitas criaturas, no momento mesmo da morte, lembram-se de alguém a quem devotam especial afeto e, não raro, aparecem à visão psíquica daquele.

Popularmente, se fala: Ele veio avisar que morrera. Em verdade, trata-se de um gesto de carinho, uma doce lembrança de quem parte e se encontra distante.

Por vezes, um pedido de socorro daquele que se percebe em nova realidade da vida, fora do corpo físico.

Quando anotados dia e hora do acontecido, se poderá constatar, posteriormente, que coincidem com a hora da morte desse que assim se mostrou à visão psíquica.

Essa é mais uma prova da Imortalidade. Uma prova de que o corpo sucumbe, mas a alma, liberada, livre, vai aonde se encontre o seu interesse.

Já nos ensinara o Mestre, há muito tempo: Onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração.Ou seja, onde estiver o nosso amor, aí estaremos.

Não nos esqueçamos disso e permaneçamos atentos.

Em tais ocasiões, envolvamos em prece o Espírito do amigo, parente, colega, que assim se manifestou.

Oração é luz, aconchego, proteção. É nossa forma de, igualmente, agradecer o aviso ou de auxiliar a quem, por vezes, é convidado a se transferir para o mundo espiritual, em pleno vigor e atividade física.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Um choque de realidade, de Richard Simonetti, da Revista Reformador, de junho 2012, ed. Feb.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

PREOCUPAÇÃO COM A MORTE

 

A morte é um tema evitado e, de certa forma, ainda ignorado por nossa sociedade.

É como se fosse uma enfermidade que deve ser combatida. O fato, porém, é que a morte é inevitável.

Todos nós morreremos um dia. É apenas uma questão de tempo. Ela faz parte da existência do homem, do seu crescimento e do seu desenvolvimento tanto quanto o nascimento.

É uma das poucas coisas a respeito da qual temos certeza. Crianças, jovens, adultos e velhos - todos vamos morrer.

Por isso mesmo, é importante que comecemos a olhar para a morte de forma diferente. Ela não é um inimigo a ser vencido, nem a prisão de onde devemos escapar.

O fato de morrer jovem ou velho é menos importante do que o de ter vivido intensamente os anos que se teve.

Uma pessoa pode viver mais em dezoito anos do que outra em oitenta. Porque viver não significa simplesmente acumular experiências e aprendizados.

O essencial é viver cada dia como se fosse único. Encontrar um sentido de paz e força que combata as decepções e dores da vida.

Ao mesmo tempo, é se esforçar por descobrir coisas que aumentem e alimentem as delícias da vida.

Uma sugestão: aprender a se concentrar em algumas coisas que normalmente ignoramos. Por exemplo, observar e se alegrar com o desabrochar das flores; admirar a beleza do sol ao nascer cada manhã e ao se pôr todas as tardes.

Consolar-se com um sorriso ou um gesto de outra pessoa. Observar, com surpresa, o crescimento de uma criança. Perceber sua maneira entusiasmada, descomplicada e, ao mesmo tempo, confiante, em relação à vida. Numa palavra, viver.

Alegrar-se com a oportunidade de experimentar cada novo dia é preparar-se para a aceitação da morte.

Aqueles que não viveram realmente, os que deixaram projetos inacabados, sonhos irrealizados, esperanças desfeitas, aqueles que deixaram as coisas verdadeiras da vida passar por eles, são os que não desejam morrer.

Mas nunca é tarde demais para começar a viver e a crescer.

Conan Doyle, o conhecido criador do personagem Sherlock Holmes, aos setenta anos escreveu uma carta, mais ou menos assim:

Meu amigo! Espero que o meu modo de falar não seja demasiado íntimo.

Talvez o que eu tenho a te dizer te pareça sem valor, e o ponhas de lado. Neste caso, nenhum mal haverá.

Por outro lado, poderá ser uma bússola que te guie por uma nova senda que em todas as idades é importante.

Vamos encarar as coisas frente a frente. Nós estamos para morrer - tu e eu.

Apesar de tudo, não temos razão de encarar a morte como objeto de pavor, mas antes como um ponto vitorioso que é a culminância dos nossos esforços e o começo do nosso bem-estar.

* * *

A morte não é uma porta que se fecha para a vida, mas uma porta que se abre para a eternidade, e a eternidade é o próprio Espírito.

A morte é apenas uma transição entre uma existência e outra, da vida que prossegue, vasta, exuberante, pulsante.

Alguns dizem que não se sabe o que se encontrará para além da fronteira da morte. Em verdade, exatamente aquilo que semeamos na vida terrena: os amores, as afeições, a grandeza moral.

Redação do Momento Espírita, com base no Prólogo do livro Morte, estágio final da evolução, de Elisabeth Kübler-Ross, ed. Nova Era e no artigo Sir Conan Doyle e Os idosos, do jornal Correio fraterno do ABC, de outubro de 1996.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

MUNDO DIGITAL

 

A cena é comum nos dias de hoje: reuniões sociais e profissionais, nas quais as pessoas ficam grande parte do tempo conectadas aos seus telefones móveis.

Quando chegam aos lugares, vão logo depositando à mesa o acessório e a partir daí, fica dividida a atenção. É um olho no ambiente e outro na tela do aparelho.

Parece até que tem um poder magnético, pois as pessoas são capazes de olhar mais para ele do que umas para as outras.

Estando sozinhos, a impressão que se tem é que o referido instrumento é capaz de fazer companhia ao indivíduo, substituindo a presença física de um amigo.

Quando funcionavam simplesmente como telefones não eram tão invasivos, mas hoje o seu uso está muito ampliado. Na ânsia de nos mantermos conectados com o mundo, por vezes, nos esquecemos de quem está ao nosso lado.

Priorizamos a necessidade de receber uma notícia importante, de enviar ou receber alguma mensagem ou fazer consulta para esclarecer dúvidas.

São os novos hábitos sociais.

Infelizmente, eles partem as pessoas ao meio. Metade do indivíduo fica presente e a outra metade fica ligada ao aparelho e a tudo que ele proporciona.

Temos consciência de que todo progresso tecnológico, quando empregado para o bem, traz alegria e conforto à humanidade.

São muitas as facilidades que essa nova tecnologia nos possibilita e abrir mão delas está fora de questão.

A reflexão é no sentido de utilizá-la da forma mais conveniente, com moderação e respeito aos que nos cercam.

É certo que esses aparelhos, que estão facilmente ao nosso alcance, nos trazem informações necessárias. Mas, devemos ter cuidado para que eles não interfiram em momentos fundamentais aos relacionamentos.

Estejamos atentos à forma como temos utilizado esses recursos.

Não deixemos jamais de valorizar a companhia de quem está ao nosso lado, de olhar nos olhos durante um diálogo, de escutar o outro com atenção, de se fazer presente e curtir o momento em que estamos vivendo essa ou aquela situação.

Procuremos não dar maior importância a esses aparelhos, em detrimento da atenção que possamos oferecer a quem está próximo de nós.

Os momentos passam e não voltam. Todos eles são importantes para fortalecer os vínculos afetivos que existem nos relacionamentos.

As mensagens, pesquisas, informações e tudo mais, muitas vezes, podem esperar.

* * *

Qualquer processo de reeducação é sempre mais trabalhoso do que a educação pura e simples, pois implica em deixarmos hábitos enraizados e substituí-los por outros.

Se já nos deixamos levar por esses costumes inadequados, busquemos modificá-los.

Nessa época de tecnologia avançada e de cibernética, trabalhemos em nós mesmos a capacidade de vivenciar integralmente os relacionamentos pessoais.

Busquemos desligarmo-nos do que está distante para valorizarmos e nos ligarmos verdadeiramente em quem está conosco aqui, agora.

Aproveitemos cada minuto com os amores, os afetos. Isso é insubstituível e poderá não se repetir.

Pensemos nisso: o momento é agora, enquanto estão conosco.

Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

INSPIRAÇÃO DO POETA

 

Conta-se que, num dia qualquer, o compositor Almir Sater estava em São Paulo para uma temporada. Em certo momento, desceu do seu apartamento para tomar um cafezinho num mercado ali perto.

Encontrou um amigo, que o convidou para experimentar uma viola que acabara de comprar. Enquanto tomavam café, Almir dedilhou a viola e soltou a voz:

Ando devagar... ao que o amigo emendou... porque já tive pressa.

Dizem que essa maravilha chamada Tocando em frente, ficou pronta em dez minutos. Um dia, alguém perguntou ao Almir como essa música fora feita e ele respondeu: Ela estava pronta. Deus apenas esperou que eu e o Renato nos encontrássemos para mostrá-la para nós.

Será verdade ou será mais uma dessas lendas que se inventam, a respeito de pessoas célebres e suas produções?

Lenda ou verdade, não importa. O que sabemos é que a inspiração existe e disso entendem muito bem os gênios de todos os matizes.

E a letra e música de Tocando em frente são uma joia rara.

Convidam-nos a parar em meio à correria, a viver com mais vagar, como a saborear cada momento.

Também nos recordam que, na vida, lágrimas e sorrisos se sucedem.

Assim dizem os versos:

Ando devagar porque já tive pressa.

E levo esse sorriso, porque já chorei demais.                       

Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe...

Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei, eu nada sei...

Há tanto para aprender. E quantos cremos ser superiores, por entendermos disso ou daquilo. E, contudo, quem verdadeiramente se dedica a aprender, descobre que quanto mais aprende, mais há a ser pesquisado, descoberto.

Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs.

O planeta Terra é o grande laboratório Divino em que provamos a dor, a alegria. Em que nos extasiamos ante a manhã que se espreguiça e nos encantamos com a riqueza das pessoas.

Cada uma com seu talento especial, sua forma de ser, de agir em nossas vidas.

E, neste planeta de provas e expiações, com quantas delícias nos agracia Deus. Sabores de frutas, consistências inúmeras.

É preciso tudo provar. Aprender a degustar, reconhecendo o sabor de cada fruta, do trigo transformado em pão, do grão triturado, moído, servido com aroma de café.

Mas é preciso o amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir, continua cantando o inspirado poeta.

Sim, o amor nos é imprescindível porque fomos criados e somos mantidos pelo amor de Deus, trazendo essa essência Divina em nossa intimidade.

E somente sorri, num mundo de tanta perversidade ainda, quem já descobriu o segredo da vida na Terra, que se chama oportunidade e progresso.

Por isso, cada um de nós compõe a sua história. E cada ser em si, carrega o dom de ser capaz, de ser feliz.

E, como todo mundo ama, todo mundo chora, não esqueçamos que um dia a gente chega, no outro vai embora.

A vida é transitória. Aproveitemo-la, ao máximo, vivendo com a família, os amigos. Produzindo na sociedade, deixando nossas marcas de luz para, como alguém já falou, quem venha atrás, possa dizer: Por aqui passou um ser iluminado. Uma estrela...

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

AMOR E DIÁLOGO

 

O casal acordou naquela manhã, sentindo uma emoção diferente. Estavam completando cinquenta anos de matrimônio.

Haviam envelhecido juntos. Inúmeras lembranças se somavam em suas mentes.

Os primeiros momentos do namoro, os primeiros anos de vida a dois, os filhos, as dificuldades, os acertos e desacertos, os netos.

Os pensamentos surgiam-lhes na mente como uma avalanche e, dessa forma, tudo parecia ter começado ontem.

Os dois se sentaram à mesa para o café. Ela tomou a fatia de pão e passou a manteiga. Ia colocar no seu prato, quando resolveu diferente.

Durante cinquenta anos, todas as manhãs, dei a ele o miolo do pão, a parte macia, mais gostosa. - Ela pensou.

Eu sempre quis comer a melhor parte. Mas porque amo meu marido, sempre dei a ele o miolo do pão. Hoje vou satisfazer o meu desejo. Vou me dar um presente.

Então, estendeu para o marido a casca do pão. Para sua surpresa, ele a apanhou, sorriu e falou com entusiasmo:

Obrigado por este presente. Durante todos esses anos, sempre quis comer a casca do pão. No entanto, como você gostava tanto, eu nunca tive coragem de pedir a você.

* * *

Num primeiro momento, o que sobressai do episódio narrado é o grande amor que unia aquele casal. Um amor que sempre soube abrir mão de algo que gostava muito, em favor do outro.

Contudo, se examinarmos bem o fato, vamos descobrir que, embora o amor recíproco que sentiam, o diálogo andava bem distante.

Imagine. Viver cinquenta anos ao lado de uma criatura, sofrer, penar, alegrar-se, fazer tantas escolhas e, no entanto, não conversar das coisas simples do cotidiano?

Dialogar significa conversar, trocar ideias. Falar e ouvir. Ouvir e falar.

Se você está vivendo a experiência matrimonial, pense quando foi a última vez que vocês estabeleceram um diálogo franco e amigo.

Analise se, ao chegarem em casa, cada um tem se isolado em seu mutismo. Se, eventualmente, não tem cada um assistido o seu programa de televisão preferido, a sós.

Ou então se, enquanto um se distrai com a programação da televisão, o outro mergulha na leitura interminável dos jornais.

A ausência de diálogo caracteriza desinteresse pelos problemas do outro e gera a falta de intercâmbio de opiniões.

Antes que as dificuldades abram distâncias e os espinhos do cansaço e do tédio produzam feridas, tomemos providências.

Abramos mutuamente o coração e reorganizemos a vida matrimonial.

Descubramos, mais uma vez, o gosto pelo diálogo. Interessemo-nos pelos problemas e participemos das conquistas individuais.

Restabeleçamos a ponte do diálogo, a fim de que um possa penetrar em profundidade no coração do outro, numa doce descoberta de dons, virtudes, anseios e ideais.

* * *

O matrimônio é uma experiência de reequilíbrio das almas no orçamento familiar.

O diálogo aberto e sincero fortifica os laços do afeto, permitindo o amadurecimento das emoções e a correção das sensações.

Enfim, oportuniza que ambos somem esforços, não simplesmente olhando um para o outro, mas olhando ambos para a mesma direção.

Redação do Momento Espírita, com base no texto Amor em silêncio, de autoria ignorada, e no cap. Responsabilidade no matrimônio, do livro S. O. S. Família, por Espíritos diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. USE.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

UNIÃO FRATERNAL

 

Deus fez o homem para viver em sociedade.

Todos devemos concorrer para o progresso ajudando-nos mutuamente.

Nenhum de nós possui todos os conhecimentos. Pelas relações sociais é que nos completamos, nesse objetivo de assegurar nosso bem-estar e progredir.

É por isso que, tendo necessidade uns dos outros, somos feitos para viver em sociedade e não isolados.

A vida social nos apresenta, então, diversos desafios.

Somos muito diferentes uns dos outros. Nossas bagagens culturais, intelectuais e morais nos diferenciam intensamente.

Não é fácil conviver. Porém, a união fraternal é o único caminho para a felicidade verdadeira.

O Espírito Emmanuel nos deixa uma mensagem muito esclarecedora sobre o tema:

À frente de teus olhos, mil caminhos se descerram, cada vez que te lembras de fixar a vanguarda distante.

São milhões de sendas que marginam a tua.

Não olvides a estrada que te é própria e avança, destemeroso.

Estimarias, talvez, que todas as rotas se subordinassem à tua e reportas-te à união, como se os demais viajores da vida devessem gravitar ao redor de teus passos.

Une-te aos outros, sem exigir que os outros se unam a ti.

Procura o que seja útil e belo, santo e sublime e segue adiante...

A nascente busca o regato, o regato procura o rio e o rio liga-se ao mar.

Não nos esqueçamos de que a unidade espiritual é serviço básico da paz.

Observas o irmão que se devota às crianças?

Reparas o companheiro que se dispôs a ajudar aos doentes?

Identificas o cuidado daquele que se fez o amigo dos velhos e dos jovens?

Assinalas o esforço de quem se consagrou ao aprimoramento do solo ou à educação dos animais?

Aprecias o serviço daquele que se converteu em doutrinador na extensão do bem?

Honra a cada um deles, com o teu gesto de compreensão e serenidade, convencido de que só pelas raízes do entendimento pode sustentar-se a árvore da união fraterna, que todos ambicionamos robusta e farta.

Não admitas que os outros estejam enxergando a vida através de teus olhos.

A evolução é escada infinita. Cada qual abrange a paisagem de acordo com o degrau em que se coloca.

Aproxima-te de cada servidor do bem, oferecendo-lhe o melhor que puderes, e ele te responderá com a sua melhor parte.

A guerra é sempre o fruto venenoso da violência.

A contenda estéril é resultado da imposição.

A união fraternal é o sonho sublime da alma humana, entretanto, não se realizará sem que nos respeitemos uns aos outros, cultivando a harmonia, à face do ambiente que fomos chamados a servir.

Somente alcançaremos semelhante realização "procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz".

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 49, do livro Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

domingo, 18 de novembro de 2012

DESTINO

O destino se constrói a cada momento de nossa existência. Se é verdade que hoje navegamos pelo rio da vida com a canoa que construímos com os golpes do machado de nossos próprios atos, também é verdade que nos cabe remar no sentido que desejamos e sujeitando-nos a avançar lenta ou velozmente no rumo a ser alcançado.

A cada instante reforçamos os mantimentos de nossa bagagem pelo apoio de corações amigos que promovem amparo fraternal. Nosso livre arbítrio nos permite, a todo momento, jogar para fora do barco o lastro excessivo das pedras da culpa que imaturamente juntamos no decorrer de nossa jornada. O esforço próprio para vencer a correnteza das adversidades da existência, leva-nos a escolher os afluentes de águas menos caudalosas, embora de percurso mais longo, Sem as surpresas dos rochedos ocultos que desafiam nossa visão limitada.

O equipamento de bordo é fruto das nossas possibilidades, entretanto, a direção do barco da vida depende de nós.

Não há carma estático.

A idéia de que o destino já está indelevelmente traçado existe nas estreitas mentes que se espremem no desfiladeiro limitado pelas muralhas pétreas da rigidez de percepção. O carma é dinâmico e sofre modificação a cada pensamento nosso. Quando pensamos, ocorre movimentação de energias, emissão de ondas e criação de situações atenuantes ou agravantes aos problemas. É verdade que somos peixes livres no aquário da vida. No entanto, estamos limitados as quatro paredes envidraçadas que correspondem aos pontos cardeais de nossa dimensão física; livres apenas no espaço dimensional que conhecemos, porém mergulhados em outros espaços que não percebemos.

Na trajetória da vida, os atos construtivos e amorosos além de conquistar a simpatia e o amparo ao nosso redor, geram vórtices energéticos superiores em nossa estrutura espiritual. A presença destas energias sutis suavizam acentuadamente nossas desarmonias energéticas, bem como reduzem nossas tendências a determinadas situações de desequilíbrio e sofrimento.

No trânsito pelo campo da vida podemos, a cada momento, espargir as sementes do amor que celeremente desabrocham nas flores perfumadas do companheirismo , em criaturas que amadurecem como frutos saborosos da solidariedade humana.

O carma, ou o destino, devem ser compreendidos sempre como uma tendência a determinadas situações decorrentes de nossa natureza psíquica, a qual foi elaborada nas múltiplas existências.

Nada impede que lutemos contra elas, ao contrário, mentores espirituais nos amparam constantemente infundindo força para vencermos, evitando, muitas vezes, sofrimentos desnecessários.

Dr. Ricardo Di BernardiFonte: - Portal do Espírito

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O ANIMAL SATISFEITO DORME

 

O pensamento que intitula esta reflexão é de Guimarães Rosa, e encerra, por trás de aparente obviedade, um profundo alerta existencial.

O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital, toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão.

Rende-se assim à sedução do repouso e imobiliza-se na perigosa acomodação.

A advertência é preciosa pois, segundo o pensador Mario Sérgio Cortella, que aborda o tema, a satisfação conclui, encerra, termina.

A satisfação não deixa margem para a continuidade, para prosseguimento, para a persistência, para desdobramento.

A satisfação acalma, limita, amortece.

Diz ainda, que, quando alguém nos fala: Fiquei muito satisfeito com você ou Estou muito satisfeito com seu trabalho, é algo assustador.

Explica ele que tal expressão pode ser entendida como uma barreira ao crescimento, dizendo que nada mais de nós desejam, ou que aquele é nosso limite, nossa possibilidade.

O está bom como está pode ser um grande cerceador da evolução, pois pode nos acomodar à situação atual.

Segundo ele, seria muito melhor ouvir a seguinte expressão: Seu trabalho é bom mas fiquei insatisfeito, e portanto, quero conhecer outras coisas.

Percebamos que ele se utiliza da expressão insatisfeito, não para criticar ou depreciar o trabalho, mas para incentivar seu autor à continuidade.

Um bom filme, por exemplo, não é aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados, olhando quietos para a tela, enquanto passam os créditos, desejando que não acabe?

Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos no colo, absortos e distantes, pensando que poderia não terminar?

Uma boa festa, um bom passeio, uma boa viagem, não é aquela que desejamos se prolongue, que nunca acabe?

É desta forma que, segundo Cortella, a vida de cada um também deve ser, afinal de contas,não nascemos prontos e acabados.

Ainda bem, pois estar plenamente satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível da condição do momento.

Termina ele dizendo que somos seres de insatisfação, e precisamos alguma dose de ambição em nossas existências.

O animal satisfeito dorme, pois não tem objetivos de vida, não tem razão para sair do lugar.

O ser insatisfeito, sedento por melhorar-se, pára por pouco tempo, avalia-se, celebra e valoriza o que já conseguiu. Depois, segue em frente, rumo ao inexplorado.

* * *

A reencarnação e suas leis são um grande incentivo ao progresso.

Como se acomodar perante um horizonte sem limites?

Como parar de caminhar sabendo que muito nos aguarda à frente?

Como deixar de buscar o aprimoramento constante, se percebemos que quanto mais conseguimos, mais felicidade conquistamos?

Despertemos, aqueles de nós que ainda dormimos o sono da acomodação!

Redação do Momento Espírita com base no texto Não nascemos prontos, do livro Não nascemos prontos - provocações filosóficas, de Mário Sérgio Cortella, ed. Vozes.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

LEIS IMUTÁVEIS

 

A palavra lei expressa uma regra ou um conjunto de regras, criadas com o objetivo de definir e regulamentar diversas situações entre os homens.

A lei civil, por exemplo, regula a relação entre os cidadãos. A lei criminal define os delitos e determina a maneira como serão as punições referentes a cada falta.

Verificamos, nas leis da química, física e astronomia, a definição de algumas relações constantes, que existem entre os fenômenos naturais.

A lei moral ou Divina indica ao homem o que ele deve fazer ou deixar de fazer.

É um conjunto de normas ou regras, emanadas da Providência Divina, que orientam os atos humanos segundo a justiça natural.

É a ética religiosa de todos os povos e de todas as nações.

A desobediência aos seus códigos causa sofrimento e desequilíbrio ao infrator que, de forma alguma, fugirá ao reajuste.

O homem traz a lei de Deus gravada em sua consciência e mesmo o mais bruto sente-a em forma de impulsos. Somos todos capazes de distinguir o bem do mal.

Deus é a Inteligência Cósmica que rege o mundo com perfeição.    

Não é como um hábil relojoeiro que formou o mundo, deu-lhe corda e a deixa esgotar-se, lentamente, até o fim. Pelo contrário, Ele é o Pai amoroso que cuida daquilo que criou.

Colocou junto a nós seres superiores, nossos guias espirituais e protetores, que estão sempre prontos a nos aconselhar e amparar. Permanecem ao nosso lado desempenhando uma missão de amor.

Através da inspiração que recebemos desses Espíritos, Deus nos alerta, a cada instante, se fazemos o bem ou o mal.

­Achamo-nos então, constantemente, em presença da Divindade.

Segundo a palavra do Cristo, estamos em Deus assim como Ele está em nós.

Ele nos criou, deu-nos um objetivo e nos fornece os meios de alcançarmos essa meta. Colocou-nos sob Sua regência.

O Supremo Pai utilizou-Se, através dos tempos, de profetas e sábios para nos indicar essa rota segura.

Mas foi Jesus quem nos apresentou o modelo perfeito a ser seguido, ensinando, pelo exemplo e sacrifício, toda a vivência do estatuto das leis morais.

Elas têm o seu fundamento no amor e encerram todos os deveres dos homens uns para com os outros.

As leis naturais de justiça, amor, igualdade e caridade resumem todas as outras e possibilitam ao homem adiantar-se na vida espiritual.

Estabelecidas pelo Pai Criador, as invioláveis leis morais são de todos os tempos e constituem roteiro de felicidade no caminho evolutivo. 

Pensemos em como tem sido o nosso proceder na relação com Deus, no uso do nosso tempo, no cuidado com o corpo físico, na vida em sociedade e em família, no uso dos bens da Terra e perante as desigualdades sociais.

Em benefício da nossa própria evolução moral e espiritual, mantenhamos viva a chama da fé e a sintonia com a Espiritualidade maior, para que consigamos seguir com fidelidade as leis morais da vida.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

MUNDO DIGITAL

 

A cena é comum nos dias de hoje: reuniões sociais e profissionais, nas quais as pessoas ficam grande parte do tempo conectadas aos seus telefones móveis.

Quando chegam aos lugares, vão logo depositando à mesa o acessório e a partir daí, fica dividida a atenção. É um olho no ambiente e outro na tela do aparelho.

Parece até que tem um poder magnético, pois as pessoas são capazes de olhar mais para ele do que umas para as outras.

Estando sozinhos, a impressão que se tem é que o referido instrumento é capaz de fazer companhia ao indivíduo, substituindo a presença física de um amigo.

Quando funcionavam simplesmente como telefones não eram tão invasivos, mas hoje o seu uso está muito ampliado. Na ânsia de nos mantermos conectados com o mundo, por vezes, nos esquecemos de quem está ao nosso lado.

Priorizamos a necessidade de receber uma notícia importante, de enviar ou receber alguma mensagem ou fazer consulta para esclarecer dúvidas.

São os novos hábitos sociais.

Infelizmente, eles partem as pessoas ao meio. Metade do indivíduo fica presente e a outra metade fica ligada ao aparelho e a tudo que ele proporciona.

Temos consciência de que todo progresso tecnológico, quando empregado para o bem, traz alegria e conforto à humanidade.

São muitas as facilidades que essa nova tecnologia nos possibilita e abrir mão delas está fora de questão.

A reflexão é no sentido de utilizá-la da forma mais conveniente, com moderação e respeito aos que nos cercam.

É certo que esses aparelhos, que estão facilmente ao nosso alcance, nos trazem informações necessárias. Mas, devemos ter cuidado para que eles não interfiram em momentos fundamentais aos relacionamentos.

Estejamos atentos à forma como temos utilizado esses recursos.

Não deixemos jamais de valorizar a companhia de quem está ao nosso lado, de olhar nos olhos durante um diálogo, de escutar o outro com atenção, de se fazer presente e curtir o momento em que estamos vivendo essa ou aquela situação.

Procuremos não dar maior importância a esses aparelhos, em detrimento da atenção que possamos oferecer a quem está próximo de nós.

Os momentos passam e não voltam. Todos eles são importantes para fortalecer os vínculos afetivos que existem nos relacionamentos.

As mensagens, pesquisas, informações e tudo mais, muitas vezes, podem esperar.

* * *

Qualquer processo de reeducação é sempre mais trabalhoso do que a educação pura e simples, pois implica em deixarmos hábitos enraizados e substituí-los por outros.

Se já nos deixamos levar por esses costumes inadequados, busquemos modificá-los.

Nessa época de tecnologia avançada e de cibernética, trabalhemos em nós mesmos a capacidade de vivenciar integralmente os relacionamentos pessoais.

Busquemos desligarmo-nos do que está distante para valorizarmos e nos ligarmos verdadeiramente em quem está conosco aqui, agora.

Aproveitemos cada minuto com os amores, os afetos. Isso é insubstituível e poderá não se repetir.

Pensemos nisso: o momento é agora, enquanto estão conosco.

Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

OCEANO DE SABEDORIA

 

Dalai Lama é o título dado a uma linhagem de líderes religiosos do budismo tibetano.

Dalai significa oceano, na língua mongol e lama é a palavra tibetana para mestre, podendo se referir à pessoa que recebe esse título, como sendo um oceano de sabedoria.

Certa vez, perguntaram ao monge budista tibetano, o Dalai Lama, o que mais o surpreendia na Humanidade e ele respondeu:

"Os homens.

Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.

E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.

E vivem como se nunca fossem morrer.

E morrem como se nunca tivessem vivido."

* * *

Estas poucas palavras são realmente de grande sabedoria.

Muitos adultos da atualidade vivem o presente com o pensamento voltado somente para o futuro.

Buscam construir uma carreira profissional sólida e certa estabilidade financeira que lhes ofereçam segurança, porém, fazem tudo isso em detrimento das pessoas que têm grande valor em suas vidas.

Quando se dão conta, os filhos estão crescidos e eles constatam que perderam preciosas oportunidades de desfrutar momentos únicos da infância deles.

Por terem se dedicado a horas intermináveis de trabalho, a reuniões e a viagens de negócios, se ausentaram em importantes momentos de convívio familiar. Sem perceber, se afastaram gradativamente.

Entre as pessoas com as quais escolheram partilhar a vida, formou-se uma grande distância provocada por todos os momentos em que não se permitiram parar e desfrutar intensamente da companhia do outro.

Veem seus próprios pais já idosos e sentem que o tempo ao lado deles já não será mais tão longo.

E por todas as preocupações excessivas, pelas horas de sono perdidas, pela falta do tempo dedicado ao lazer e ao descanso merecido, constatam que comprometeram a saúde.

O corpo físico dá o sinal. Começam a aparecer alterações orgânicas ou doenças relacionadas com a maneira como conduziram sua vida.

Chega a hora de consultar médicos, procurar tratamentos, refletir e buscar possíveis mudanças de hábitos e atitudes na tentativa de reconquistar e preservar a saúde.

* * *

Não nos deixemos ser levados pelo turbilhão de preocupações da vida moderna.

É possível dedicarmo-nos com qualidade à atividade profissional sem deixarmos de cuidar da saúde. O tempo do descanso, desde que seja sem excessos e com qualidade, é muito benéfico.

Trabalhemos com responsabilidade, mas não nos esqueçamos jamais que as almas queridas que dividem conosco a caminhada terrena - filhos, pais, cônjuges e amigos - não estarão eternamente ao nosso lado.

Saibamos valorizar o tempo presente e equilibrar as horas gastas entre o trabalho, o lazer, os cuidados com a saúde e a dedicação aos nossos amores.

Não nos permitamos levar a vida como se nunca fôssemos deixá-la. Preparemo-nos para que, quando essa hora chegar, tenhamos a sensação de termos vivido em plenitude.

Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O ESPÍRITA E O MUNDO ATUAL

A Terra está passando por um período crítico de crescimento. Nosso pequenino mundo, fechado em concepções mesquinhas e acanhados limites, amadurece para o infinito. Suas fronteiras se abrem em todas as direções. Estamos às vésperas de uma Nova Terra e um Novo Céu, segundo as expressões do Apocalipse. O Espiritismo veio para ajudar a Terra nessa transição.

Procuremos, pois, compreender a nossa responsabilidade de espíritas, em todos os setores da vida contemporânea. Não somos espíritas por acaso, nem porque precisamos do auxílio dos Espíritos para a solução dos nossos problemas terrenos. Somos espíritas porque assumimos na vida espiritual graves responsabilidades para esta hora do mundo. Ajudemo-nos a nós mesmos, ampliando a nossa compreensão do sentido e da natureza do Espiritismo, de sua importante missão na Terra. E ajudemos o Espiritismo a cumpri-la.

O mundo atual está cheio de problemas e conflitos. O crescimento da população, o desenvolvimento econômico, o progresso cientifico, o aprimoramento técnico, e a profunda modificação das concepções da vida e do homem, colocam-nos diante de uma situação de assustadora instabilidade. As velhas religiões sentem-se abaladas até o mais fundo dos seus alicerces. Ameaçam ruir, ao impacto do avanço cientifico e da propagação do ceticismo. Descrentes dos velhos dogmas, os homens se voltam para a febre dos instintos, numa inútil tentativa de regressar à irresponsabilidade animal.

O espírita não escapa a essa explosão do instinto. Mas o Espiritismo não é uma velha religião nem uma concepção superada. É uma doutrina nova, que apareceu precisamente para alicerçar o futuro. Suas bases não são dogmáticas, mas cientificas, experimentais. Sua estrutura não é teológica, mas filosófica, apoiada na lógica mais rigorosa. Sua finalidade religiosa não se define pelas promessas e as ameaças da Teologia, mas pela consciência da liberdade humana e da responsabilidade espiritual de cada indivíduo, sujeita ao controle natural da lei de causa e efeito. O espírita não tem o direito de tremer e apavorar-se, nem de fugir aos seus deveres e entregar-se aos instintos. Seu dever é um só: lutar pela implantação do Reino de Deus na Terra.

Mas como lutar? Este livrinho (Tesouro dos Espíritas (1)) procurou indicar, aos espíritas, várias maneiras de proceder nas circunstâncias da vida e em face dos múltiplos problemas da hora presente. Não se trata de oferecer um manual, com regras uniformes e rígidas, mas de apresentar o esboço de um roteiro, com base na experiência pessoal dos autores e na inspiração dos Espíritos que os auxiliaram a escrever estas páginas. A luta do espírita é incessante. As suas frentes de batalha começam no seu próprio íntimo e vão até os extremos limites do mundo exterior. Mas o espírita não está só, pois conta com o auxílio constante dos Espíritos do Senhor, que presidem à propagação e ao desenvolvimento do Espiritismo na Terra.

A maioria dos espíritas chegaram ao Espiritismo tangidos pela dor, pelo sofrimento físico ou moral, pela angústia de problemas e situações insolúveis. Mas, uma vez integrados na Doutrina, não podem e não devem continuar com as preocupações pessoais que motivaram a sua transformação conceptual. O Espiritismo lhes abriu a mente para uma compreensão inteiramente nova da realidade. É necessário que todos os espíritas procurem alimentar cada vez mais essa nova compreensão da vida e do mundo, através do estudo e da meditação. É necessário também que aprendam a usar a poderosa arma da prece, tão desmoralizada pelo automatismo habitual a que as religiões formalistas a relegaram.

A prece é a mais poderosa arma de que o espírita dispõe, como ensinou Kardec, como o proclamou Léon Denis e como o acentuou Miguel Vives. A prece verdadeira, brotada do íntimo, como a fonte límpida brota das entranhas da terra, é de um poder não calculado pelo homem. O espírita deve utilizar-se constantemente da prece. Ela lhe acalmará o coração inquieto e aclarará os caminhos do mundo. A própria ciência materialista está hoje provando o poder do pensamento e a sua capacidade de transmissão ao infinito. O pensamento empregado na prece leva ainda a carga emotiva dos mais puros e profundos sentimentos. O espírita já não pode duvidar do poder da prece, pregado pelo Espiritismo. Quando alguns "mestres" ocultistas ou espíritas desavisados chamarem a prece de muleta, o espírita convicto deve lembrar que o Cristo também a usava e também a ensinou. Abençoada muleta é essa, que o próprio Mestre dos Mestres não jogou à margem do caminho, em sua luminosa passagem pela Terra!

O espírita sabe que a morte não existe, que a dor não é uma vingança dos deuses ou um castigo de Deus, mas uma força de equilíbrio e uma lei de educação, como explicou Léon Denis. Sabe que a vida terrena é apenas um período de provas e expiações, em que o espírito imortal se aprimora, com vistas à vida verdadeira, que é a espiritual. Os problemas angustiantes do mundo atual não podem perturbá-lo. Ele está amparado, não numa fortaleza perecível, mas na segurança dinâmica da compreensão, do apercebimento constante da realidade viva que o rodeia e de que ele mesmo é parte integrante. As mudanças incessantes das coisas, que nos revelam a instabilidade do mundo, já não podem assustar o espírita, que conhece a lei de evolução. Como pode ele inquietar-se ou angustiar-se, diante do mundo atual?

O Espiritismo lhe ensina e demonstra que este mundo em que agora nos encontramos, longe de nos ameaçar com morte e destruição, acena-nos com ressurreição e vida nova. O espírita tem de enfrentar o mundo atual com a confiança que o Espiritismo lhe dá, essa confiança racional em Deus e nas suas leis admiráveis, que regem as constelações atômicas no seio da matéria e as constelações astrais no seio do infinito. O espírita não teme, porque conhece o processo da vida, em seus múltiplos aspectos, e sabe que o mal é um fenômeno relativo, que caracteriza os mundos inferiores. Sobre a sua cabeça rodam diariamente os mundos superiores, que o esperam na distância e que os próprios materialistas hoje procuram atingir com os seus foguetes e as suas sondas espaciais. Não são, portanto, mundos utópicos, ilusórios, mas realidades concretas do Universo visível.

Confiante em Deus, inteligência suprema do Universo e causa primária de todas as coisas, - poder supremo e indefinível, a que as religiões dogmáticas deram a aparência errônea da própria criatura humana, - o espírita não tem o que temer, desde que procure seguir os princípios sublimes da sua Doutrina. Deus é amor, escreveu o apóstolo João. Deus é a fonte do Bem e da Beleza, como afirmava Platão. Deus é aquela necessidade lógica a que se referia Descartes, que não podemos tirar do Universo sem que o Universo se desfaça. O espírita sabe que não tem apenas crenças, pois possui conhecimentos. E quem conhece não teme, pois só o desconhecido nos apavora.

O mundo atual é o campo de batalha do espírita. Mas é também a sua oficina, aquela oficina em que ele forja um mundo novo. Dia a dia ele deve bater a bigorna do futuro. A cada dia que passa, um pouco do trabalho estará feito. O espírita é o construtor do seu próprio futuro do mundo. Se o espírita recuar, se temer, se vacilar, pode comprometer a grande obra. Nada lhe deve perturbar o trabalho, na turbulenta mas promissora oficina do mundo atual.

Em resumo:

O espírita é o consciente construtor de uma nova forma de vida humana na Terra e de vida espiritual no Espaço; sua responsabilidade é proporcional ao seu conhecimento da realidade, que a Nova Revelação lhe deu; seu dever de enfrentar as dificuldades atuais, e transformá-las em novas oportunidades de progresso, não pode ser esquecido um momento sequer; espíritas, cumpramos o nosso dever!

Autor: José Herculano Pires Inspirado por: Miguel Vives Livro Tesouro dos Espíritas

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

RELAÇÃO CAUSA E EFEITO

 

Nas ocorrências da vida, nos afazeres da nossa existência, não raro nos imaginamos surpreendidos pelo acaso, por fatos aleatórios à nossa vontade ou ação.

Analisando superficialmente os cometimentos da vida, sempre julgamos que aquilo que nos ocorre foi fortuito ou apenas fruto do azar ou, algumas vezes, da sorte.

Imaginamos dessa forma que o desenrolar de nossa vida seja aleatório e imprevisível, sem relação com nossas ações.

Se um fumante de longos anos desenvolve um enfisema pulmonar, jamais diremos que ele teve azar na vida. Foi apenas consequência do vício a lhe destruir lentamente o aparelho respiratório.

Se um glutão desenvolve problemas no aparelho digestivo, ou ainda, se é acometido por problemas de colesterol ou pressão alta, logo veremos que é resultado dos seus maus hábitos alimentares.

Se essas são relações de causa e efeito, fáceis de se perceber, há outras, que nascem da mesma matriz, porém, que nos convidam a mais detidas reflexões.

Nos dias em que vivemos, a própria medicina já correlaciona hábitos emocionais com doenças que desenvolvemos.

Cada vez mais frequentemente, médicos e pesquisadores correlacionam o câncer, as disfunções psíquicas e outros males, com nossa postura emocional.

Outros estudiosos do comportamento humano apresentam claras relações entre nossa personalidade ou os valores que elegemos com os males que nos afligem, entendendo que as dificuldades do corpo são apenas o reflexo das doenças da alma.

Podemos perceber ainda, extrapolando o campo das ciências médicas, que outros males que nos acometem também são fruto de como nos comportamos.

Se o egoísmo é nossa pauta de conduta, não raro a solidão será nossa única companhia. Afinal, todo aquele que esquece do seu próximo, acaba não sendo lembrado por ninguém.

Se a inveja é a lente pela qual enxergamos as conquistas dos outros, o fracasso será o nosso destino. Afinal, quem perde tempo em olhar o terreno alheio, esquece de semear na própria gleba.

Se a mentira e a falsidade são valores que nos conduzem, a perturbação e o desequilíbrio serão companheiros inevitáveis a se instalarem em nossa casa mental. Isso porque aquele que envereda nos labirintos do engano, perde-se inevitavelmente a si mesmo.

Dessa forma, para que a saúde e a plenitude da vida se instalem em nós, analisemos mais detidamente por quais valores, emoções e comportamento estamos conduzindo nossa existência.

Ninguém na vida poderá se queixar de ser vítima de outrem, a não ser de si mesmo. Ainda que não nos apercebamos das armadilhas em que porventura caiamos, todas foram, direta ou indiretamente, armadas por nós mesmos.

* * *

Todo e qualquer tipo de sofrimento sempre constitui informação da vida a respeito de algo, no indivíduo, que está necessitando de revisão, de análise, de correção.

Vige, no Universo, a ordem, que se deriva de Deus, e toda vez que há uma agressão ao seu equilíbrio, aquela que a desencadeia sofre-lhe o inevitável efeito, que impõe reparação.

Quando nos disponhamos à renovação, alterando nossa conduta emocional, muitos sofrimentos podem ser amainados ou afastados.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com pensamentos do cap. 18, do livro Iluminação Interior, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

RAZÃO E COMPREENSÃO

 

O relacionamento com aqueles com quem convivemos e nos encontramos é sempre um desafio de alto significado.

O universo que cada um traz consigo, seu mundo particular, suas conquistas e dificuldades são expostas,  gerando, não poucas vezes, conflitos nas relações humanas.

Naturalmente que, quanto mais próximas e frequentes forem essas relações, mais elas exigem de nós.

Assim é que na vida em família, onde o verniz social e as aparências superficiais não se sustentam, os conflitos se mostram às vezes intensos.

Porém, não por acaso, a Providência Divina escolhe, define e, algumas vezes mesmo nos consulta, para estabelecer com quem e entre quem estaremos iniciando uma nova jornada.

Será no meio familiar que enfrentaremos os maiores desafios de relacionamento, e será ali, inúmeras vezes, que teremos as mais significativas lições para a vida.

Além do próprio lar, encontraremos outras oportunidades de aprendizado. Será o vizinho um tanto excêntrico, o chefe pouco tolerante, o colega de trabalho mal-humorado.

Porém, não podemos nos esquecer que será a vida de relação que nos possibilitará o exercício da compreensão, da tolerância, do amor o próximo.

Ao entendermos cada ser humano como uma alma em evolução, que renasceu, como nós, mais uma vez, com bons desafios para enfrentar, veremos que somos todos mais parecidos do que podemos imaginar.

É claro que cada um traz suas peculiaridades, suas manias, suas falhas. Mas, em essência, somos todos almas buscando a perfeição.

Assim, quando alguma dificuldade acontece, no relacionamento com alguém, talvez seja melhor não buscar o enfrentamento.

Muitas vezes enfrentamos ao outro, discutimos, brigamos, gerando tensão e nervosismo, para deixar claro que estamos com a razão, que merecemos um pedido de desculpas.

E para isso, pagamos o preço de perdas de amizade, dificuldades no emprego, tensões familiares complexas.

Talvez, em nossas dificuldades de relacionamento, devêssemos nos perguntar quem está com a caridade, quem está com a compreensão, quem está com a humildade, e não quem está com a razão.

Afinal, a vida em sociedade, inevitável para nosso progresso, é a oportunidade de desenvolver valores morais de que ainda não

dispomos.

Assim, o intolerante será nosso professor de paciência, o arrogante nos ensinará a humildade e o extravagante nos oportunizará o desenvolvimento da compreensão.

Todos aqueles que cruzam nossos caminhos nos trazem lições, de uma ou de outra maneira. Alguns pelo exemplo que oferecem, outros por aquilo que nos exigem para a convivência.

Nesse sentido, Jesus, o pedagogo por excelência, nos convida a, se alguém nos chamar para caminharmos mil passos, oferecermo-nos para andar dois mil. E, se alguém nos pedir a capa, oferecermos a túnica também.

Nessas aparentes perdas que imaginamos ter, aos olhos do mundo, estaremos ganhando, nas questões da alma, os verdadeiros e mais importantes valores que podemos amealhar para nós mesmos.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Grandeza da renúncia

 

Alberto Dürer, o excelente pintor alemão, antes de notabilizar-se, necessitando estudar, combinou com um jovem amigo, igualmente artista, sobre a necessidade deprocurarem um núcleo de maior cultura.

Mudariam de cidade para que ambos pudessem aprimorar seu estilo.

Porque não dispusessem de um mecenas, ou seja, um financiador ou padrinho que os ajudasse, estabeleceram um plano: um trabalharia como lavador de pratos, enquanto o outro iria estudar pintura.

Assim, com a venda dos primeiros quadros, o que trabalhava passaria também a estudar.

Chegando ao local pretendido, Alberto afirmou: Eu me dedicarei ao trabalho de lavar pratos. Contudo, o companheiro respondeu: Não. Eu sou mais velho e já tenho emprego no restaurante.

Dessa forma, graças à disposiçãodo amigo, Dürer começou a estudar e a pintar.

Depois de um tempo, Alberto reunira uma soma que permitiria que o companheiro estudasse. Eledeixou o trabalho no restaurante e se dirigiu à escola.

Percebeu, porém, que a atividade rude lhe destruíra a sensibilidade táctil, desequilibrara o ritmo motor.Deu-se conta de que nunca atingiria a genialidade, ainda mais, descobrindo a qualidade superior de Dürer.

Dotado de sentimentos nobres, renunciou à carreira e retornou ao trabalho de lavador de pratos.

Numa noite em que Dürer voltou ao estúdio, ao abrir silenciosamente a porta, estacou na sombra, vendo pela claraboia do teto o reflexo do luar que adentrava pelo cômodo.

A luz alumiava duas mãos postas em atitude de prece.

Era o amigo, ajoelhado, que rogava bênçãos para o companheiro triunfar na pintura.

O artista, comovido ante a cena, imortalizou-a numa pequena tela, que passou à posteridade como Estudo para as mãos de um Apóstolo, para o altar de Heller, hoje na galeria Albertina, em Viena.

*   *  *

Será que somos capazes de viver tal grau de renúncia?

Em dias em que a competição nos desespera e afoga, exigindo que sejamos sempre melhores do que os outros, senão não somos ninguém – será quejá descobrimos o caminho seguro da renúncia?

A renúncia é a emoção dos Espíritos superiores transformada em bênçãos pelo caminho dos homens.

Quem renuncia estabelece, para o próximo, a diretriz do futuro em clima de paz.

A renúncia é melhor para quem a oferta.

Poder ceder, quando é fácil disputar; reconhecer o valor de outrem, quando se lhe está ao lado, ensejando-lhe oportunidade de crescimento; ajudar sem competir, são expressões elevadas da renúncia que dá à vida um sentido de significativa grandeza.

Felizes aqueles que hoje cedem para amanhã receber; os que agora doam para mais tarde enriquecer-se; os que compreendem que a verdadeira felicidade consiste em ajudar e passar, sem impor nem tomar.

Quem renuncia, enfloresce a alma de paz, granjeando a gratidão da vida pelo que recebe.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 8, do livro Receitas de paz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Bosque

 

Tempos atrás, eu era vizinho de um médico, cujo "hobby" era plantar

árvores no  enorme quintal de sua casa.

Às vezes, observava da minha janela o seu esforço para plantar árvores e

mais árvores, todos os dias.

O que mais chamava a atenção, entretanto, era o fato de  que ele jamais

regava as mudas que plantava.

Passei a notar, depois de algum tempo, que suas árvores estavam demorando

muito para crescer.

Certo dia, resolvi então aproximar-me do médico e perguntei se ele não

tinha receio de que as árvores não crescessem, pois percebia que ele nunca

as regava.

Foi quando, com um ar orgulhoso, ele me descreveu sua fantástica teoria.

Disse-me que, se regasse suas plantas, as raízes se acomodariam na

superfície e ficariam sempre esperando pela água mais fácil, vinda de

cima.

Como ele não as regava, as árvores demorariam mais para crescer, mas suas

raízes tenderiam a migrar para o fundo, em busca da água e das várias

fontes nutrientes encontradas nas camadas mais inferiores do solo.

Assim, segundo ele, as árvores teriam raízes profundas e seriam mais

resistentes às intempéries.

Disse-me ainda, que freqüentemente dava uma palmadinha nas suas árvores,

com um jornal enrolado, e que fazia isso para que se mantivessem sempre

acordadas e atentas.

Essa foi a única conversa que tive com aquele meu vizinho.

Logo depois, fui morar em outro país, e nunca mais o encontrei.

Varios anos depois, ao retornar do exterior fui dar uma olhada na minha

antiga residência.

Ao aproximar-me, notei um bosque que não havia antes.

Meu antigo vizinho, havia realizado seu sonho!

O curioso é que aquele era um dia de um vento muito forte e gelado, em que

as árvores da rua estavam arqueadas, como se não estivessem resistindo ao

rigor do inverno.

Entretanto, ao aproximar-me do quintal do médico, notei como estavam

sólidas as  suas árvores: praticamente não se moviam, resistindo

implacavelmente àquela  ventania toda.

Que efeito curioso, pensei eu...

As adversidades pela qual aquelas árvores tinham passado, levando

palmadelas e tendo sido privadas de água, pareciam tê-las beneficiado de

um modo que o conforto o tratamento mais fácil jamais conseguiriam.

Todas as noites, antes de ir me deitar, dou sempre uma olhada em meus

filhos.

Debruço-me sobre suas camas e observo como têm crescido.

Freqüentemente, oro por eles.

Na maioria das vezes, peço para que suas vidas sejam fáceis:

"Meu Deus, livre meus filhos de todas as dificuldades

e agressões desse mundo"...

Tenho pensado, entretanto, que é hora de alterar minhas orações.

Essa mudança tem a ver com o fato de que é inevitável que os ventos

gelados e fortes nos atinjam e aos nossos filhos.

Sei que eles encontrarão inúmeros problemas e que, portanto, minhas

orações para que as dificuldades não ocorram, têm sido ingênuas demais.

Sempre haverá uma tempestade, ocorrendo em algum lugar.

Portanto, pretendo mudar minhas orações.

Farei isso porque, quer nós queiramos ou não, a vida é não é muito fácil.

Ao contrário do que tenho feito, passarei a orar para que meus filhos

cresçam com raízes profundas, de tal forma que possam  retirar energia das

melhores fontes, das mais divinas, que se encontram nos locais mais

remotos.

Oramos demais para termos facilidades, mas na verdade o que precisamos

fazer é pedir para desenvolver raízes fortes e profundas, de tal modo que

quando as tempestades chegarem e os ventos gelados soprarem, resistiremos

bravamente, ao invés de sermos subjugados e varridos para longe.

Autor desconhecido

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

FILHOS ADOTIVOS

 

Filhos existem no mundo que reclamam compreensão mais profunda para que a existência se lhes torne psicologicamente menos difícil.Reportamo-nos aos filhos adotivos que abordam o lar pelas vias da provação, sem deixarem de ser criaturas que amamos enternecidamente.

Coloquemo-nos na situação deles para mais claro entendimento do assunto.

Muitos de nós, nas estâncias do pretérito, teremos pisoteado os corações afetuosos que nos acolheram em casa, seja escravizando-os aos nossos caprichos ou apunhalando-lhes a alma a golpes de ingratidão. Desacreditando-lhes os esforços e dilapidando-lhes as energias, quase sempre lhes impusemos aflição por reconforto, a exigir-lhes sacrifícios incessantes até que lhes ofertamos a morte em sofrimento pelo berço que nos deram em flores de esperança.

Um dia, no entanto, desembarcados no Mais Além, percebemos a extensão de nossos erros e, de consciência desperta, lastimamos as próprias faltas.

Corre o tempo e, quando aqueles mesmos Espíritos queridos que nos serviram de pais retornam à Terra em alegre comunhão afetiva, ansiamos retomar-lhes o calor da ternura, mas, nesse passo da experiência, os princípios da reencarnação, em muitas circunstâncias, tão somente nos permitem desfrutar-lhes a convivência na posição de filhos alheios, a fim de aprendermos a entesourar o amor verdadeiro nos alicerces da humildade.

Reflitamos nisso. E se tens na Terra filhos por adoção, habitue-te a dialogar com eles, tão cedo quanto possível, para que se desenvolvam no plano físico sob o conhecimento da verdade. Auxilia-os a reconhecer, desde cedo, que são agora teus filhos do coração, buscando reajustamento afetivo no lar, a fim de que não sejam traumatizados na idade adulta por revelações à base de violência, em que frequentemente se lhes acordam no ser as labaredas da afeição possessiva de outras épocas, em forma de ciúme e revolta, inveja e desesperação.

Efetivamente, amas aos filhos adotivos com a mesma abnegação com que te empenhas a construir a felicidade dos rebentos do próprio sangue. Entretanto, não lhes ocultes a realidade da própria situação para que não te oponhas à Lei de Causa e Efeito que os trouxe de novo ao teu convívio, a fim de olvidarem os desequilíbrios passionais que lhes marcavam a conduta em outro tempo.

Para isso, recorda que, em última instância, seja qual seja a nossa posição nas equipes familiares da Terra, somos, acima de tudo, filhos de Deus.(Obra:

Astronautas do Além - Chico Xavier/Emmanuel)