quarta-feira, 28 de maio de 2014

BOAS OBRAS


         “Brilhe vossa luz” – disse-nos o MESTRE - e muitas vezes julgamo-nos unicamente no dever de buscar as alturas mentais. E suspiramos inquietos pela dominação do cérebro.
         Contudo, o CRISTO foi claro e simples no ensinamento: “brilhe também a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus”.
         Não apenas pela cultura intelectual. Não somente pela frase correta. Nem só pelo verbo flamejante. Não apenas pela interpretação eficiente das Leis Divinas. Não somente pela prece labial, apurada e comovedora. Nem só pelas palavras e pelos votos brilhantes.
         É indiscutível que não podemos menosprezar a educação da inteligência, mesmo porque escola, em todos os planos, é obra sublime com que nos cabe honrar o Senhor, mas JESUS, com a referência, convidava-nos ao exercício constante das boas obras, seja onde for, pois somente o coração tem o poder de tocar o coração e, somente aperfeiçoando os nossos sentimentos, conseguiremos nutrir a chama espiritual em nós, consoante o Divino apelo.
         Com o amor estimularemos o amor...
         Com a humildade geraremos a humildade...
         Com a paz em nos ajudaremos a construir a paz dos outros...
         Com a nossa paciência edificaremos a paciência alheia.
         Com a caridade em nosso passo, semearemos a caridade nos passos do próximo. 
         Com a nossa fé garantiremos a fé ao redor de nós mesmos.
         Atendamos, pois, ao nosso próprio burilamento, porquanto apenas contemplando a luz das boas obras em nós, é que os outros entrarão no caminho das boas obras, glorificando a bondade e a sabedoria de Deus.




Livro: Palavras da Vida Eterna - Emmanuel / Francisco Cândido Xavier

domingo, 25 de maio de 2014

CONVITE À REGENERAÇÃO

     Programas adiados, dificuldades aumentadas.
      Ação oportuna produz resultados abençoados.
       Indispensável pensar a fim de tomar decisões acertadas, mas a ponderação exagerada resulta em prejuízo para a melhor oportunidade.
       A obra da regeneração da Terra deve ter inicio no próprio homem, imediatamente.
       Embora seja possível, não é preciso que se intente de um só golpe a regeneração.
       Trazemos das vidas passadas condicionamentos que se revelam por deficiências marcantes.
       Tendências e desejos resultam do cultivo de tais condicionamentos.
       Reorganiza e clarifica, portanto, a tua paisagem espiritual, sob a ação do Evangelho. Esse é teu dever inadiável, para a regeneração pessoal.
       Toda aquisição se converte em patrimônio inalienável, que não convém ser desprezado.
       Jesus, ensinando sabedoria e vivendo-a conclamou a todos: “Vai em paz e não tornes a pecar para que te não aconteça algo pior”.
       Hoje é tua oportunidade de regeneração. Inicia-a e avança rumo à perfeição que objetivas.




Joanna de Ângelis / Médium Divaldo Franco - Livro: Convites da Vida - Ed. LEAL

sábado, 24 de maio de 2014

UM SÓ PROBLEMA


       Quando a ilusão nos traz desenganos, não nos é lícito lançar sobre os outros a responsabilidade integral do fracasso de nossa expectativa.
       No fundo, somos enganados por nossa superestimação acerca de criaturas e circunstâncias.
       Se a tentação nos pega desprevenidos, levando-nos ao remorso, e à aflição, não atribuamos a outrem a culpa, e sim à nossa pouca vigilância.
       Por trás do sofrimento oriundo do orgulho ferido, está a paixão pelas aparências a que se afeiçoa nosso sentimento de superioridade ilusória.
       Ante nossas queixas em torno da ingratidão, na essência existe apenas a nossa incompreensão a exigir dos companheiros de experiência atitudes para as quais ainda não estão amadurecidos.
       Nossa perturbação nasce de nós pela nossa incapacidade de avaliação do esforço alheio.
       À vista disso, defrontamos um só problema fundamental: nós em nós mesmos. Aprendamos a conhecer-nos e conhecermos os outros.
       Retifiquemos a nossa vida por dentro de nós e a vida por fora se nos revelará sempre por maravilha de Deus.

      

Emmanuel / Médium Chico Xavier - Livro: Rumo Certo - Ed. FEB

sexta-feira, 23 de maio de 2014

ANTE O MUNDO E JESUS


O mundo pede socorro a Jesus.
Ele atende, porém, espera por nós.
O mundo roga paz.
Jesus transmite tranquilidade, todavia, a todos estimula para que auxiliemos na fraternidade.
O mundo suplica apoio para livrar-se do ódio.
Jesus é recurso libertador que propõe a paciência e o trabalho solidário entre as criaturas.
O mundo promove desespero e algaravia.
Jesus doa silêncio e fé.
Compara as incertezas no mundo e a segurança com Jesus.
Considera os impositivos de fora, no mundo, e as forças interiores que se haurem em Jesus.
Vive no mundo; mas não te apartes de Jesus.
Tua vida física em dado momento cessará, enquanto a tua realidade espiritual com Jesus jamais terminará.
As vitórias externas esmaecem e passam, as íntimas se fortalecem e ficam.
Ninguém jamais fugirá da sua nascente divina.
No duelo – mundo e Jesus, a tua será a opção da permanente angústia ou da promissora ventura.



Joanna de Ângelis / Médium Divaldo Franco - Do livro “Alerta”  – Ed. LEAL

quinta-feira, 22 de maio de 2014

DATAS IMPORTANTES


É comum, entre pessoas excessivamente ocupadas, esquecer datas importantes de suas vidas.
 
Quem elege como prioridade máxima o seu trabalho profissional, o voluntariado ou qualquer atividade a que se dedique, tende a esquecer o dia do aniversário do cônjuge, dos filhos, o aniversário de casamento etc.
 
Para quem convive com tais criaturas, e aguarda, com ansiedade, cumprimentos, uma surpresa, quiçá um mimo, uma flor, é decepcionante.
 
Por vezes, o dia, que deveria se revestir de alegrias e felicidade, se transforma em uma tragédia íntima, nem sempre exteriorizada.
 
Com o tempo, isso vai corroendo a relação matrimonial, filial, de amizade porque parece descaso ou indiferença a datas importantes.
 
Em se tratando de crianças, que esperam algo especial no seu dia de aniversário, dependendo de sua estrutura emocional, é difícil de se aquilatar os efeitos danosos.
 
Alguns indagam: É tão importante assim comemorar?
 
Se considerarmos que o fato de nos encontrarmos reencarnados neste planeta tem a ver com nosso crescimento espiritual, com nosso progresso, é extremamente importante se comemorar o dia em que abrimos os olhos na carne.
 
Tão importante, em verdade, que os benfeitores espirituais nos informam que, em tais datas, eles próprios, os responsáveis pela nossa guarda, por determinação Divina, comemoram conosco.
 
Foi, com emoção, que lemos a experiência de Viktor Frankl, em sua segunda noite no campo de concentração de Auschwitz.
 
Ele foi despertado do seu profundo sono de esgotamento, por música. O chefe do bloco comemorava alguma coisa, em seu compartimento, ao lado da entrada do barracão em que se encontrava detido Doutor Frankl.
 
Vozes embriagadas berravam canções populares. Era um alvoroço quase incômodo, ainda mais para quem era um prisioneiro, transferido para um dos piores campos de concentração ativos na Segunda Guerra Mundial.
 
Repentinamente, no entanto, se fez silêncio. Então, um violino começou a chorar uma canção de tristeza infinita. Uma música raramente tocada e ainda não gasta de tanto ouvir...
 
Chorava o violino e, dentro de si, chorava o psiquiatra prisioneiro. É que, naquele dia, alguém fazia vinte e quatro anos.
 
E esse alguém estava deitado em algum barracão do campo de Auschwitz, distante apenas algumas centenas ou milhares de metros dali.
 
De verdade, não importava a distância. Estava mesmo fora de alcance.
 
Esse alguém era sua esposa. E ele não a podia abraçar, nem beijar, nem tê-la junto ao coração que a amava, ao menos por alguns segundos e lhe sussurrar ao ouvido: Feliz Aniversário!
 
Ele nunca voltou a vê-la. Ela morreu no campo de concentração.
 
* * *
 
Se, um dia, a vida estabelecer distâncias entre nós e nossos amados, é possível que recordemos, entre amargas dores, os momentos que não foram usufruídos.
 
Aqueles em que poderíamos ter abraçado mais, beijado mais, manifestado nosso amor...
 
Por isso, aproveitemos as horas que nos são dadas junto aos afetos. São insubstituíveis.
 
E lembremos de comemorar todos os dias a ventura de gozar das suas presenças.
 
Pensemos nisso: comemoração de amor, em verdade, não tem dia.
 
Redação do Momento Espírita, com fato extraído do cap. Humor no campo de concentração, do livro Em busca de sentido, de Viktor E. Frankl, ed. Vozes.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

COMUNICAÇÃO CONSTANTE


No seu livro O profeta, Gibran Khalil Gibran fala da prece com grande propriedade:
 
Vós rezais nas vossas aflições e necessidades; se pudésseis rezar também na plenitude de vossa alegria e nos dias de abundância...
 
Pois que é a oração senão a expansão de vosso ser no éter vivente?
 
E se vos dá conforto exalar vossas trevas no espaço, maior conforto sentireis quando exalardes a aurora de vosso coração.
 
E se não podeis reter as lágrimas quando vossa alma vos chama para orar, ela vos deveria esporear repetidamente, embora chorando, até que aprendêsseis a orar com alegria.
 
São considerações bastante oportunas.
 
Estamos acostumados a utilizar a prece apenas como um último e desesperado recurso.
 
Quando não se sabe mais o que fazer, a quem mais pedir socorro, suplica-se ao Pai por auxílio.
 
Mas será essa a única função da prece?
 
Ligar o homem a Deus em momentos de desesperança e de sofrimento?
 
É claro que não.
 
Por meio da prece entramos em sintonia com Deus e com os Espíritos Superiores que nos tutelam e acompanham na jornada terrestre.
 
Esse contato é uma forma eficiente de comunicação em qualquer circunstância.
 
Pedir, apenas, é uma maneira muito infantil de manter-se em contato com a Espiritualidade Superior.
 
Agindo assim, comportamo-nos como aquela criança que apenas se lembra dos pais quando se fere e se encontra em dificuldades.
 
Daí sai correndo, choramingando e pula, entre soluços, no colo dos pais em busca de consolo e de solução fácil e rápida para suas dores.
 
Ainda somos crianças para Deus.
 
Crianças que choram diante das contrariedades e que tentam barganhar vantagens por meio da prece.
 
Pedimos ao Pai coisas absurdas e que em nada contribuiriam efetivamente para nossa felicidade.
 
Queremos que nossas vidas sejam para sempre um mar de rosas, repletas de dias ensolarados e de prazeres constantes e renovados.
 
Muitos pensam em Deus e lembram-se de orar apenas em momentos de sofrimento.
 
Quando o vento frio do sofrimento, aliado à chuva da desdita nos toca o rosto de forma inclemente, aí então buscamos o colo do Pai, orando humildemente.
 
Até então, corríamos felizes e despreocupados pelos vales floridos da vida, acreditando sermos capazes de realizar tudo e qualquer coisa sozinhos.
 
Quando tudo está bem, imaginamos que a dor não nos tocará jamais.
 
Por isso, displicentes, não estabelecemos contato com o Pai, pela prece.
 
Esquecemos de agradecer pelo bem que usufruímos e pelas dádivas numerosas que nos são ofertadas diária e constantemente.
 
Crianças que se creem autossuficientes.
 
Seres que ainda precisarão da dor a tocar-lhes as fibras mais sutis da alma para se darem conta de sua pequenez e de quanto, ainda e sempre, necessitarão do amor e da bondade do Pai.
 
* * *
 
Faça da prece um meio de comunicação constante com o Criador.
 
Não são necessários versos decorados, nem fórmulas especiais para estabelecer esse contato.
 
É preciso apenas a vontade sincera e a concentração do pensamento no bem, para que a sintonia se realize.
 
O Pai está sempre em contato conosco. Compete-nos perceber Sua presença e permitir-nos dividir com Ele todos os nossos momentos.
 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A prece, do  livro O profeta de Gibran Kalil Gibran, ed..Acigi.

terça-feira, 20 de maio de 2014

O PODER DA LITERATURA


Esmé Raji Codell preparou-se para ser professora. Em seu estágio, durante centenas de horas, ela ficou diante de uma turma de quinta série lendo, perguntando, contando, rindo, e fazendo mágicas, enquanto a mestra a observava, com olhos críticos.
 
A mestra era extremamente exigente. Contudo, graças aos conselhos generosos daquela educadora, ela conseguiu seu ingresso na profissão, com entusiasmo e confiança, numa escola pública de ensino fundamental, num bairro pobre.
 
Antes de iniciar as aulas, ela foi à escola conhecer a sua sala e, empolgada, a arrumou. Debaixo da janela, ajeitou as prateleiras, onde idealizou organizar exposições.
 
Afinal, chegou o grande dia e ela se viu à frente de trinta e um alunos de quinta série. Embora não quisesse admitir, a princípio, eles lhe constituíam um grande desafio.
 
Logo descobriu que alguns não sabiam ler direito. Mas, como ensinar a ler a crianças, nessa idade, sem que elas se sentissem acanhadas? Algo assim como retornar à primeira série?
 
Então, ela os convidou a organizar um museu do alfabeto, que seria destinado para os alunos do jardim de infância.
 
Cada dia, ela designava uma letra para cada criança e, no dia seguinte, elas traziam objetos interessantes, cujos nomes começavam com aquela letra.
 
Estudou os diferentes sons de letras como se fossem um ensaio para os alunos menores.
 
Com o próprio dinheiro, organizou uma biblioteca na sala de aula. Colocou todos os livros em um mostruário de madeira, que seu tio confeccionara.
 
Depois, com a carcaça de uma geladeira velha, sem porta, papel alumínio, botões e teclados colados nela, montou uma máquina do tempo.
 
Dentro dela, uma seleção de bons livros de história, uma almofada confortável para sentar e uma lanterna elétrica, presa a um fio telefônico espiralado. A ideia era viajar no tempo, por intermédio dos livros.
 
Em dias predeterminados, uma a uma, por meia hora, as crianças entravam na máquina do tempo, e liam. Quando retornavam da viagem, contavam às demais onde tinham estado: num castelo medieval, com combates de cavaleiros de armaduras; ou num barco, navegando pelo rio Nilo, no tempo dos faraós.
 
Meses depois, a orientadora da escola comparou as notas daquela turma com as outras e constatou que os alunos de Esmé tinham as melhores notas de toda a escola, em leitura e matemática.
 
A avaliação dizia que quase todos tinham desempenho de séries mais adiantadas.
 
Esmé se recordou das palavras da sua mestra: A diferença entre uma professora novata e a experiente é que a novata pergunta:”Como estou me saindo?” E a experiente indaga: ”Como estão se saindo os alunos?”
 
No último dia de aula, quando as crianças deixaram a sala, Esmé as observou. Eram trinta e um futuros, para os quais ela abrira portas mais avançadas do conhecimento, permitindo que descobrissem o mundo maravilhoso dos livros.
 
* * *
 
O alfabeto é o primeiro degrau da ascensão à cultura, merecendo-nos solidariedade todos os empreendimentos que visem a alfabetização de crianças, jovens e adultos.
 
Quem semeia a boa leitura nas mentes em desenvolvimento garante um futuro de bênçãos, pois o livro edificante vacina a mente infantil contra o mal.
 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Diário de uma jovem professora, de Esmé Raji Codell, da revista Seleções Reader’s Digest, de julho/2000 e nos caps. 21 e 42, do livro Conduta Espírita, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Waldo Vieira, ed.FEB.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O CAJUEIRO AMIGO


Em momentos como os que vivemos, em que se presencia a destruição indiscriminada de árvores antigas, para extração ilegal de madeiras nobres; em que muitos ainda pensam mais em seus cofres e contas bancárias do que na agressão ao meio ambiente, nada mais oportuno do que se falar do amor à natureza.
 
Humberto de Campos, em seu livro Memórias conta que, aos dez anos de idade, a família se mudou para o Piauí, na cidade de Parnaíba.
 
No dia seguinte ao da mudança para a pequena casa, toda cheirando ainda a cal, a tinta e a barro fresco, encontrou um amigo.
 
Humberto estava no banheiro tosco, próximo ao poço, quando seus olhos descobriram no chão, entre as pedras grosseiras, uma castanha de caju.
 
Ela acabara de rebentar, inchada, no desejo vegetal de ser árvore. Dobrado sobre si mesmo, o caule parecia mais um verme, um caramujo a carregar a sua casca, do que uma planta em eclosão.
 
A castanha ainda guardava as duas primeiras folhas úmidas e avermelhadas, como duas joias flexíveis que tentassem fugir do seu cofre.
 
Com a autorização de sua mãe, o pequeno Humberto plantou a castanha, a uns trinta ou quarenta metros da casa.
 
Fez uma pequena cova, enterrou aí o projeto de árvore e o cercou com pedaços de tijolo e telha.
 
Regou-o e o protegeu contra a fome dos pintos e a irreverência das galinhas.
 
Todas as manhãs, ao lavar o rosto, deixava cair a água desse momento alegre sobre a plantinha. Com afeto, acompanhou a multiplicação das suas folhas tenras.
 
Três anos mais tarde, Humberto se separou de seu amigo cajueiro pela primeira vez, para residir no Maranhão. Anos depois, foi morar no Rio de Janeiro.
 
Vez ou outra voltou à Parnaíba para visitar o amigo.
 
Próximo de seu regresso ao mundo espiritual, retornou para uma última visita ao seu cajueiro e escreveu:
 
Ele não me conhece mais. Eu estou homem; ele está velho. A enfermidade cava-me o rosto, altera-me a fisionomia, modifica-me o tom de voz.
 
Ele está imenso e escuro. Quero abraçá-lo e já não posso...
 
Então me volto e parto. E me sinto a viver como ele, com os pés na lama, dando, às vezes, sombra aos porcos.
 
Mas, também, às vezes, dourado de sol lá em cima, oferecendo frutos aos pássaros e pólen ao vento.
 
No milagre divino do meu sonho, sangrando resina cheirosa, com o Espírito enfeitado de flores que o vento leva e o coração, aqui dentro, cheio de mel e todo ressoante de abelhas.
 
Humberto de Campos desencarnou. O amigo fiel continuou a oferecer os mesmo frutos doces de outrora.
 
Nos galhos retorcidos pelo tempo, com a exuberância do seu verde vivo, a árvore centenária ainda está lá, demonstrando que o amor se estende e prospera em todos os reinos da natureza.
 
Ainda há muito amor a exercitarmos no mundo para com nossa mãe natureza.
 
Redação do Momento Espírita, a partir do artigo Meu cajueiro, publicado na revista O espírita, de janeiro/abril 2009

domingo, 18 de maio de 2014

TEMPO E OPORTUNIDADE


Troca-se um relógio com tempo rápido, por um relógio de horas longas. Para olhar a natureza, e apreciar os pássaros.
 
Troca-se um dia apavorado, preso, rápido, por um dia solto, leve e comprido. Para brincar e aproveitar a vida.
 
* * *
 
O poema singelo é de uma jovem estudante, de alguém que, mesmo em tenra idade, descobriu que o tempo é um dos bens mais preciosos que temos.
 
Nenhum dia é igual ao outro na natureza. Eles não se repetem, são únicos.
 
O homem é que os torna iguais, repetitivos, cansativos, quando simplesmente se esquece de dirigir a sua vida e permite que a vida o carregue.
 
É certo que o mundo moderno nos exige muito para acompanhá-lo, para estar em sintonia com tudo de novo que surge, mas poderíamos questionar: precisamos realmente de tudo isso?
 
Precisamos deixar que o trabalho nos escravize, que ocupe grande parte de nosso tempo, de nossas forças?
 
Precisamos estar sempre pensando na competição, em ser melhores do que os outros, em estar na frente das outras ideias, em estar sempre na vanguarda de tudo?
 
Será preciso acompanhar os modismos, as novidades das mídias, para nos sentirmos bem?
 
Se fizermos uma análise profunda, veremos que não, que não precisamos de muito do que temos, de muito do que dizem que devemos ter para construir uma vida agradável e feliz.
 
Para quem raciocina que tempo é dinheiro, talvez olhar a natureza seja perda de tempo, mas para quem já aprendeu a ver que tempo é oportunidade, descobrirá que apreciar os pássaros, passar mais tempo com a família, ouvir uma boa música, ler um bom livro, são oportunidades da vida bem aproveitadas.
 
Um pai, ou uma mãe que tomem a resolução de abrir mão de um sucesso maior na profissão, por acreditarem que necessitam estar mais próximos dos filhos, com certeza se sentirão mais realizados do que aqueles que lutam incansavelmente para dar tudo à família, e esquecem que a sua presença, a sua atenção, o seu tempo, é o que de mais valioso podem dar a eles.
 
Esta existência é uma oportunidade única, e é chegado o momento de despertar para os verdadeiros objetivos que devemos ter aqui.
 
É chegado o instante de redescobrir o tempo e a sua utilidade.
 
* * *
 
Que tal pensarmos: quando foi a última vez que dedicamos o dia para estar com os nossos afetos?
 
Quando foi a última vez que conseguimos nos desligar dos problemas profissionais, para nos ocuparmos com atividades filantrópicas?
 
Quando foi a última vez que paramos para ouvir, de corpo e alma uma música, deixando-nos penetrar pela harmonia?
 
Quando foi a última vez que lemos um livro nobre, uma página edificante?
 
Quando foi a última vez que lembramos que somos um Espírito imortal, e que nada levaremos deste mundo além das nossas conquistas morais?
 
Pensemos nisso.
 
Redação do Momento Espírita, com base em poema de Aline Bescrovaine Pereira, da coletânea Palavra viva, do Colégio Positivo, ano 1998.

sábado, 17 de maio de 2014

O AMOR SOBREVIVE À MORTE?


Para aqueles que se amam verdadeiramente, e que conseguem superar o tempo vivendo um amor completo, mantendo um relacionamento com base sólida, cimentada em muito amor e carinho, sempre preocupa a possibilidade de uma separação causada pela partida de um deles.
 
Como o remanescente sobreviverá ao trauma dessa separação inevitável, é algo que somente o fato em si poderá determinar.
 
É preciso muita força de vontade para não se entregar ao desespero. É preciso muita vontade de viver para superar esse trauma. Nem todos têm essa força. Nem todos conseguem superar  essa dor.
 
Para quem está de fora, é muito simples falar na vontade de Deus, e que o destino quis assim.
 
Mas sua cabeça dá um nó. Seu coração parece querer pular fora do peito. Sua alma chora noites seguidas.
 
Mas a vida continua, e é preciso começar a imaginar que quem partiu não gostaria de ver seu parceiro entregar-se à dor. É preciso pensar que o amor não morreu, e que em algum lugar poderá estar observando, e se entristecendo com sua incapacidade de reagir.
 
Há que ir até o fundo da alma, a retirar aquele restinho de vida que lá está, e faze-la aflorar.
 
E assim, continuar vivendo, e mesmo tentar refazer a vida ao lado de outro amor, sem tentar considerar o novo amor como substituto do que partiu, mas sim, como um novo amor, para começar uma nova vida.
 
É essa a Lei da Vida, a Lei de Deus.
Marcial Salaverry

sexta-feira, 16 de maio de 2014

MODERNO E EFICIENTE


A renomada cientista chegou na escola do município. Sua chegada atraiu repórteres, políticos e os curiosos pais. Dra. Brown, com mestrados e doutorados, dominando vários idiomas, ministrou uma aula para a quinta série.
 
Seu objetivo era demonstrar o que havia de mais moderno e eficiente em termos de tecnologia, no mundo. Para atender a curiosidade, a aula foi transmitida por vídeo-conferência para a praça da cidade. Ela falou sobre as mais avançadas invenções tecnológicas e fascinou as crianças com aparelhos que trouxera em uma grande mala.
 
Finalizou dizendo que cada aluno deveria trazer, no dia seguinte, um texto descrevendo o que de mais moderno e eficiente havia em sua própria casa. O melhor relato ganharia relevante amparo financeiro.
 
No outro dia, havia ainda mais pessoas na praça desejando saber quem seria o premiado. Dra. Brown leu todos os textos e depois de algum tempo, emocionada, anunciou o vencedor.
 
Era um menino de dez anos que escrevera: A senhora pediu para escrever sobre o que houvesse de mais moderno e eficiente em minha casa.
 
Bom, eu moro longe da escola. Levanto bem cedo porque venho a pé. Minha mãe me oferece um copo de café com leite quentinho. Ela é muito rápida para acender o fogão a lenha.
 
Dos aparelhos que a senhora citou na aula não tem nenhum lá em casa. Não temos energia elétrica. Minha mãe ilumina toda a casa com uma lamparina, movida a querosene. Acho que ela também é cientista, como a senhora.
 
A pouca roupa que temos é lavada no rio, com sabão de cinza.
 
Quando volto da escola, o almoço está pronto. Mamãe e eu cuidamos da plantação em volta da casa: uma rocinha de arroz, feijão, algumas verduras.
 
A refeição é sempre deliciosa, até com alguns ovos, porque temos galinhas. E um pomar, que visito todo dia.
 
Gostei da máquina que filtra água, que a senhora mostrou. Lá em casa, também mamãe nos dá água boa. Ela ferve bastante a água do rio, deixa esfriar e coloca em vidros esterilizados.
 
A senhora devia conhecer a minha mãe. Ela é linda. Seu maior sonho é aprender a ler. Mas contas ela faz muito bem. Até me ajuda na tarefa.
 
De noite, ela narra histórias de um homem chamado Jesus e fazemos oração, antes de dormir.
 
Às vezes, escuto meus colegas conversando sobre o que passou na televisão. Nesses dias, tenho vontade de ter uma em minha casa, mas depois a vontade passa.
 
Porque sou muito feliz ajudando minha mãe, conversando com ela, sendo amado por ela. Aí, chego a ter certeza que lá em casa não falta nada.
 
Lembrei do espremedor de frutas ultrapotente que a senhora mostrou. Achei interessante. Mas, lá em casa, comemos a fruta no pé, todo dia.
 
Bom, acho que o meu texto não servirá para o que a senhora pediu. Escrevi porque minha mãe me ensinou a cumprir em dia tudo que for solicitado.
 
Agradeço a sua visita à minha escola e a oportunidade de conhecer a segunda mulher mais importante do mundo. A primeira, sem dúvida, é a minha mãe.
 
Termino minha redação seguro e certo: o que há de mais moderno e eficiente em minha casa atende pelo nome de mamãe.
 
Terminada a leitura, concluiu a Dra. Brown: Descobri hoje, nesta cidade do interior, uma lição que nenhuma universidade do mundo conseguiu me ensinar.
 
Eu me preocupei muito em ter, em inventar, em chamar a atenção. Deixei de enxergar o que realmente vale a pena nesta vida: a extraordinária tarefa de ser mãe. O grande tesouro do amor.
 
Redação do Momento Espírita, com base na crônica O que há de mais moderno e eficiente em sua casa?, de Ângela Aparecida Gonçalves Reis Ferreira, do jornal A voz da cidade, Paraguaçu, de 4 de maio de 2013.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

SOBRAS DA ALMA


Davi é uma das esculturas mais famosas do autor renascentista Michelangelo.
 
O trabalho, uma estátua de mármore que mede cinco metros e dezessete centímetros de altura, retrata o herói bíblico com realismo anatômico impressionante, sendo considerada uma das mais importantes obras desse período da História das artes.
 
A escultura imponente se encontra em Florença, Itália, cidade que, originalmente, encomendou a obra.
 
Michelangelo levou três anos para concluí-la, em 1504.
 
É fascinante perceber a habilidade dos grandes artistas, conseguindo enxergar numa grande pedra uma bela escultura.
 
Um deles, certa feita, relatou que ficou a fitar um grande bloco de mármore por horas e horas, até visualizar a estátua ali dentro. Depois, segundo contou, bastou tirar as sobras, desbastando a pedra, para que surgisse a escultura perfeita.
 
* * *
 
Inspirados na sabedoria dos grandes mestres, podemos levar esse entendimento para nossas vidas.
 
Imaginando que nossa alma é nossa grande obra, a grande escultura que precisamos aformosear, entenderemos que a técnica desses artistas é genial.
 
Primeiro, a análise demorada. Olhar para dentro da alma, conhecê-la. Penetrar em sua intimidade buscando encontrar-se.
 
É o conhecimento de si mesmo, a chave de todo progresso moral. A grande viagem para dentro do Espírito, procurando lá o que precisa de reforma, de melhoria.
 
Quais as nossas maiores imperfeições, nossas dificuldades? E quais também nossas habilidades, nossos potenciais?
 
Estabelecendo o que precisa ser retirado, encontrando as sobras da rocha do Espírito, começamos então o trabalho de esculpir a alma.
 
Retirar tudo que não é essencial, que não é nosso, que não faz parte da construção da nossa felicidade.
 
Remover os vícios, as mágoas, os grandes e pequenos ódios que fomos guardando ao longo das eras.
 
Retirarmos a poluição mental, os pensamentos de inveja, ciúme e revolta.
 
Removermos a tristeza e a depressão que já nos fizeram tão mal, que já nos fizeram desistir tantas vezes, soltando o cinzel das mãos por alguns momentos.
 
Alguns blocos podem ficar sem o trabalho do escultor por um longo período... Mas acabam por não resistir à ação do tempo, e voltam a pedir que o escultor continue... continue.
 
O processo pode ser doloroso, incômodo, assim como as investidas do artista, com suas ferramentas, contra o mármore.
 
As primeiras ações são as mais doloridas, pois o bloco ainda está intocado em várias partes. Retirar a alma da inércia espiritual não é nada fácil.
 
Porém, quanto mais vamos retirando, mais da nossa verdadeira essência vamos enxergando, e isso concede ânimo, energia, para não retardar o trabalho de escultura.
 
Após algum tempo, após algumas reencarnações, começaremos a vislumbrar a beleza de Davi no meio de tantos pedaços de pedra que foram vertendo da pedra bruta.
 
É assim que esculpimos a alma, nossa grande obra-prima, que inicia sua jornada na simplicidade e na ignorância, e que a devemos concluir na perfeição, na felicidade.
 
Nossa alma, nosso Davi, nossa grande obra!
 
Redação do Momento Espírita.