terça-feira, 9 de julho de 2013

AMOR FRATERNO


O rei Salomão foi um rei judeu considerado dos mais sábios. Durante seu reinado, viveram em Sião dois irmãos que eram agricultores e semeavam trigo.
 
Quando chegou a época da colheita, cada um foi colher o trigo no seu campo.
 
Uma noite, o irmão mais velho juntou vários feixes da sua colheita e os levou para o campo do irmão mais novo, pensando:
 
“Meu irmão tem sete filhos. São muitas bocas para alimentar. É justo que eu lhe dê uma parte do que consegui."
 
Contudo, o irmão mais novo também foi para o campo, juntou vários feixes do seu próprio trigo, carregou até o campo do irmão mais velho, dizendo para si mesmo:
 
"Meu irmão é sozinho, não tem quem o auxilie na colheita. É bom que eu divida uma parte do meu trigo com ele."
 
Quando se ergueram ambos, pela manhã, e foram para o campo, ficaram muito admirados de encontrar exatamente a mesma quantidade de trigo do dia anterior.
 
Chegada a noite seguinte, cada um teve o mesmo gesto de gentileza com o outro.
 
Novamente, ao acordarem, encontraram seus estoques intactos.
 
Foi na terceira noite, no entanto, que eles se encontraram no meio do caminho, cada qual carregando para o campo do outro um feixe de trigo.
 
Abraçaram-se com força, derramaram muitas lágrimas de alegria pela bondade que os unia.
 
A lenda conta que o rei Salomão, ao tomar conhecimento daquele amor fraterno, construiu o Templo de Israel naquele lugar da fraternidade.
 
O amor fraterno é um dos exercícios para se alcançar a excelsitude do verdadeiro amor.
 
Os que nascemos numa mesma família, como irmãos de sangue somos, as mais das vezes, Espíritos que já nos conhecemos anteriormente em outras existências.
 
É isso que explica os laços do afeto que nos une. Embora ocorram casos em que os irmãos se detestem, chegando mesmo ao ponto de se destruírem mutuamente, comove observar como tantos outros se amam e se auxiliam.
 
Percebe-se, pela sua forma de agir, que nasceram para amparar-se mutuamente e alcançar objetivos altruístas.
 
É comovente observar como Deus dispõe os seres de forma a exercitarem o amor.
 
Lembramos de uma família na qual o segundo filho é portador de enfermidade que o impossibilita, desde os verdes anos da infância, a ter uma vida dentro dos parâmetros considerados de normalidade.
 
Necessita de amparo constante, pois até mesmo as refeições não consegue fazer sozinho.
 
E o irmão menor, extremamente dedicado, sempre pronto a atendê-lo. "Eu ajudo", são suas palavras mais frequentes.
 
Amor fraterno. Felizes os que aproveitam a oportunidade do exercício e estabelecem pontes eternas do seu para o outro coração.
 
Você sabia?
 
...que nossas famílias são planejadas antes de renascermos?
 
E que nesse planejamento são levados em conta os nossos contatos anteriores?
 
Isto explica, sem sombra de dúvidas, as simpatias e antipatias que, desde o berço, envolvem os que nos reunimos em uma mesma família.
 
Redação do Momento Espírita com base em lenda judaica.

HEROÍSMO MATERNO

 
Foi em dezembro de 1944 que tudo começou. Caminhões chegaram no campo de concentração de Bergen-Belsen e despejaram 54 crianças. A mais velha tinha 14 anos e havia muitos bebês.
 
No alojamento das mulheres, Luba Gercak dormia. Acordou sua vizinha de beliche e lhe perguntou: Está escutando? É choro de criança.
 
A outra lhe disse que voltasse a dormir. Ela devia estar sonhando. Todos conheciam a história de Luba. Ainda adolescente se casara com um marceneiro e tiveram um filho, Isaac.
 
Quando veio a guerra, os nazistas lhe arrancaram dos braços o filho de três anos e o jogaram em um caminhão, junto com outras crianças e velhos.
 
Todos inúteis para o trabalho e, portanto, com destino certo: a câmara de gás.
 
Logo mais, ela pôde ver um outro caminhão arrastando o corpo, sem vida, do marido.
 
No primeiro momento, desistira de viver. Depois, a fé lhe visitou a alma e ela percebeu que Deus esperava muito mais dela. Então, passou a ser voluntária nas enfermarias.
 
Agora, Luba ouvia choro de crianças. Quem seriam?
 
Abriu a porta do alojamento e viu meninos, meninas, bebês apinhados, em choro, no meio do campo. Separados de seus pais, se encontravam desnorteados e tinham fome e frio.
 
Luba as trouxe para dentro. E porque protestassem as demais ocupantes do infecto alojamento, ela as repreendeu, dizendo:
 
Vocês não são mães? Se fossem seus filhos, diriam para que eu os deixasse morrer de frio? Eles são filhos de alguém.
 
Em verdade, o que suas companheiras temiam era a fúria dos soldados da SS.
 
Luba agradeceu a Deus por lhe ter enviado aquelas crianças. O seu filho morrera, mas faria tudo para que aquelas crianças vivessem.
 
Foi até o oficial da SS no acampamento e lhe contou o que fizera. Pôs sua mão no braço dele e suplicou.
 
Ele se deu conta que ela o tocara, o que era proibido, e lhe aplicou um soco em pleno rosto, fazendo-a cair.
 
Ela se levantou, o lábio sangrando e falou: Sou mãe.  Perdi meu filho em Auschwitz. Você tem idade para ser avô. Por que há de querer maltratar crianças e bebês?
 
Fique com elas, foi a resposta seca do oficial.
 
Mas ficar com elas não era suficiente. Era necessário alimentá-las. Nos dias que se seguiram, todas as manhãs, ela ia ao depósito, à cozinha, à padaria, implorando, barganhando e roubando alimentos.
 
Os meninos ficavam à janela e quando a viam chegar diziam uns aos outros: Lá vem irmã Luba. Ela traz comida para nós!
 
À noite, ela cantava canções de ninar e as abraçava. Era a mãe que lhes faltava. As crianças, que falavam holandês, não entendiam as palavras de Luba, que era polonesa, mas compreendiam seu amor.
 
Em 15 de abril de 1945, os tanques britânicos entraram no campo, vitoriosos, e em seis idiomas passaram a rugir os alto-falantes: Estão livres! Livres!
 
Luba conseguira salvar 52 das 54 crianças que adotara como filhos do coração.
 
* * *
 
Em abril de 1995, 50 anos após a libertação, cerca de 30 homens e mulheres se reuniram na Prefeitura de Amsterdã para homenagear aquela mulher.
 
Recebeu, em nome da Rainha Beatriz, a medalha de prata por serviços humanitários.
 
No entanto, declarou que sua maior recompensa era estar com aqueles seus filhos que, com o apoio de Deus, conseguira salvar da sombra dos campos da morte.
 
Por isso tudo nunca pensemos que somos muito pequenos para lutar pelas grandes causas ou que estamos sós. Quem batalha pela justiça, tem um insuperável aliado que se chama Deus, nosso Pai.
 
Redação do Momento Espírita com base no artigo Uma heroína no inferno, publicada na Revista Seleções do Reader’s Digest de março de 1999.