sábado, 23 de outubro de 2010

O PRAZER DE SER BOM

 

O desejo da felicidade é inerente ao homem.

A busca do bem-estar constitui um dos fatores do progresso.

Foi labutando para eliminar sensações desagradáveis que a humanidade desenvolveu seu intelecto e habilidades.

Caso o ser humano não procurasse fugir da dor e do desconforto, ainda estaria nas cavernas.

Contudo, por mais que se procure incessantemente descobrir remédios e soluções para as dores, é impossível ignorar a fragilidade da vida material.

Tudo o que envolve a matéria encontra-se em contínuo processo de metamorfose.

Todos os homens adoecem, envelhecem e morrem.

As pessoas esforçam-se para conquistar bons empregos, mas nada lhes assegura que os manterá para sempre.

A maior parte de nossos amores, sejam familiares ou amigos, não ficará conosco até o final da vida.

A estabilidade financeira constitui objeto de preocupação de quase todos nós, mas a fortuna é transitória e incerta.

Ao longo do tempo, famílias ricas caem na miséria.

Ao mesmo tempo, muitos pobres enriquecem.

Esse contínuo alterar das condições materiais não evidencia crueldade da vida.

A divindade não se compraz em brincar com os homens, para os desnortear.

O persistente modificar e despedaçar que envolve a vida na terra destina-se a chamar a atenção dos homens para o que realmente importa.

Ao final de tudo, o que restará?

A beleza física fenece com o tempo.

As elevadas posições sociais gradualmente perdem sua importância ou são ocupadas por outros.

A riqueza material não é levada para o além-túmulo.

A única bagagem que o espírito leva para a vida imortal são as suas conquistas morais.

Quem consegue, por entre as ilusões do mundo, desenvolver bondade, compaixão, pureza e retidão de caráter, permanece para sempre assim.

Na Terra, no plano espiritual ou nas encarnações futuras, as virtudes acompanham o espírito.

E a verdade é que ser bom dá muito prazer.

Trata-se do inverso do que ocorre com a maldade e os vícios de toda ordem, que somente ensejam dor e sofrimento.

Jamais se viu uma alma genuinamente bondosa mudar seu rumo ou arrepender-se de sua bondade.

Contudo, inúmeras criaturas levianas ou maldosas, com freqüência, alteram o seu comportamento.

É um evidente sinal de que as virtudes causam prazer, ao passo que as imperfeições apenas infelicitam. Afinal, ninguém desiste do que é realmente bom.

As pessoas que conseguem enfrentar situações complicadas com serenidade causam admiração.

Sabe-se como é difícil se manter tranqüilo em meio às crises do mundo.

A harmonia e a paz são conquistas preciosas, que não surgem de um momento para o outro.

Quem hoje se mostra tranqüilo, certamente gastou muito tempo disciplinando o próprio caráter.

Entretanto, viver em harmonia é extremamente prazeroso.

O ódio, o rancor e a ira desgastam profundamente o ser humano.

Quem consegue livrar-se desses vícios torna-se muito mais feliz.

Então, o equilíbrio felicita a criatura, o mesmo ocorrendo com todas as outras virtudes.

O homem que vence a posse e ama pelo prazer de ver feliz o ser amado desenvolve imenso bem-estar.

Ele não mais se angustia tentando controlar a vida de seu amor.

Convém refletirmos sobre essa realidade, fazendo uma análise criteriosa de nosso caráter.

Como desejamos a felicidade, é importante desenvolver em nós a única causa de permanente alegria:

O amor ao bem e às virtudes em geral.

Pensemos nisso!

 

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

A cruz e a dignidade

 

Em uma passagem evangélica, Jesus disse que quem quisesse ir após Ele, deveria tomar sua cruz, renunciar a si mesmo e segui-Lo.

Esse convite sinaliza que o processo de sublimação do próprio ser é trabalhoso.

A conquista da dignidade espiritual pressupõe o abandono de antigos vícios e a conquista de variadas virtudes.

Também implica a quitação de velhas contas, oriundas de crimes cometidos contra as Leis cósmicas.

O Espírito em evolução precisa aprender a renunciar a seus hábitos tristes e a suas concepções equivocadas de vida, para se tornar puro e fraterno.

A vida lhe propicia todas as condições para que se erga rumo ao seu destino glorioso.

As penosas injunções da existência material são uma bênção.

No lento processo de vivenciar e se desiludir das coisas do mundo, a alma passa a prestar atenção no que realmente importa.

Compreende que a aparência física é muito transitória.

Que o dinheiro muda rapidamente de mãos.

Que a saúde oscila e se fragiliza com o passar dos anos.

Que os amores mais caros vão para longe ou desencarnam.

Lentamente, ela compreende a transitoriedade de tudo o que a rodeia.

E entende que o primordial reside em seu íntimo.

Que a paz da consciência, fruto de um viver digno, é o que de bom a acompanhará para sempre.

Esse processo é lento e doloroso.

Ele representa a cruz a ser levada.

Ocorre que, em um mundo amplamente materializado como a Terra, todos sofrem.

Não há ninguém que deixe de adoecer ou de morrer.

Todos passam pela experiência da desencarnação de seres amados.

Certamente não está a seguir o Cristo quem se revolta por tudo e por nada.

Conclui-se que não basta levar a própria cruz.

É preciso levá-la com dignidade, talvez até com alguma elegância.

Há quem espalhe pelo mundo o rancor por suas dores.

Com suas reclamações, inferniza a vida dos outros.

Acha que todos têm o dever de ajudá-lo e exige que o façam.

Porque enfrenta dificuldades, trata mal o semelhante.

Justifica seu comportamento infeliz com as dores que vivencia.

Entretanto, todos sofrem, em maior ou menor grau.

Apenas alguns o fazem com mais elegância.

Têm o cuidado de não infelicitar o próximo e praticam a caridade da paz.

Entendem que a cruz é deles, não da coletividade.

Quando necessário e possível, buscam e aceitam auxílio.

Mas sem imposições, reclamações ou rebeldia.

Assim, reflita que as injunções penosas de sua vida têm um propósito superior.

Elas se destinam a promover sua pacificação interior e efetivamente o fazem, se bem suportadas.

Mas de pouco adiantarão se você se desequilibrar e se tornar causa de angústia na vida do semelhante.

Para que a experiência seja válida, é preciso vivê-la com dignidade.

 

Redação do Momento Espírita.