domingo, 29 de julho de 2012

O Rio

O rio corre em direção ao mar. Durante o seu percurso, ele ganha velocidade, até o momento em que se defronta com algumas curvas, que o fazem diminuir o ímpeto de encontrar o grande oceano.

Quando passa por esses obstáculos da natureza, encontra pedras grandes em seu leito, que lhe rasgam a superfície e lhe modificam o curso e o ritmo natural.

Assim, entre barreiras e percalços, ele segue a sua trajetória com uma só certeza: a de que encontrará o mar, ganhando a liberdade e alegria almejadas.

A vida de todos nós se assemelha ao curso de um rio.

Estamos constantemente traçando planos, buscando um oceano de sonhos e realizações, seja no âmbito pessoal ou profissional.

Inúmeras vezes deparamo-nos com obstáculos que nos impedem de seguir adiante da forma inicialmente planejada.

É o momento em que a vida nos mostra que precisamos trabalhar, em nós mesmos, inúmeras virtudes, entre elas a fé, a resignação e a paciência.

Manter viva a crença de que somos capazes de alcançar nossos objetivos, apesar de todas as curvas e pedras que encontrarmos no caminho, torna-nos fortes o suficiente para continuar adiante.

Não há fronteiras para quem sabe o que deseja e possua a persistência para buscar.

Se os desvios na trajetória nos trazem dor e tristeza, acreditemos que, mais adiante, a tão almejada felicidade será alcançada.

Não nos apeguemos a essas dores passageiras. Entendamos que elas fazem parte da caminhada, rumo ao objetivo final.

Assim como as pedras modificam o curso e a velocidade dos rios, pode ser que os percalços do caminho nos deixem cicatrizes e nos façam esperar mais tempo para alcançar nossos mais profundos sonhos.

Mas, quando exercitamos a paciência e carregamos a certeza de que as metas finais serão alcançadas, essas cicatrizes deixam de ter importância. Apenas contarão uma história.

A porta da real felicidade exige sacrifícios. São justamente essas lutas que conduzirão a alma à imensa ventura.

Para atravessarmos essa porta, basta que mantenhamos firme a vontade e que não enfraqueçamos diante das lutas, confiando que estamos amparados pelo amor Divino.

Jesus nos propôs coragem e bom ânimo diante de tudo o que sofrêssemos. O desalento e o desânimo perante os momentos críticos indicam inclinação à derrota.

*  *  *

À frente de toda dificuldade que nos apareça, trabalhemos no sentido de superá-la com alegria.

Diante de toda dor que nos alcance, realizemos o nosso esforço de modo a suplantá-la, mantendo a chama da esperança de tempos melhores adiante.

Se tivermos que sofrer e chorar, o façamos confiantes de que        Deus vela e que mais dia menos dia, nossos dramas serão resolvidos, se perseverarmos na ação feliz do bem até o fim.

Sem dúvida, Jesus é aquele que nos veio ensinar a extrair o lado bom e útil de todo sofrimento que nos seja imposto.

Redação do Momento Espírita, com base no cap.29, do livro Quem é o Cristo, pelo Espírito Francisco de Paula Vítor, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Milagre dos bebês

Você já parou para analisar o quanto são interessantes os bebês?

É fascinante perceber como o Criador nos faz voltar ao palco terrestre para uma nova encarnação.

O Espírito velho é revestido por uma embalagem nova, delicada, simpática, que derrete corações e arranca sorrisos em todos os lugaresaonde vai.

Os bebês proporcionam, primeiramente aos pais, uma experiência sem igual.

Esse contato com um serfrágil, que inspira cuidados e atenção constante, desenvolve na alma paterna e materna alguns sentidos, uma espécie de sensibilidade nova, que antes não possuíam.

Tentar entender um ser que não fala, que não gesticula e que se expressa de maneiras nada convencionais, é um grande desafio.

Exige que se desenvolva a habilidade da empatia. Exige que se coloque no lugar do outro, que se esqueça um pouco das suas próprias necessidades, e pense nas do bebê em primeiro lugar.

Isso por si só já opera milagres em muitas famílias, pois é uma mudança de vida significativa.

E os pais que não se deixam levar por essas mudanças saudáveis, que não se entregam de corpo e alma a essa experiência, acabam perdendo uma das mais maravilhosas oportunidades da existência.

O milagre dos bebês é o convite de enxergar a vida de outra forma.

Percebem-se mudanças até no convívio social, nas comunidades onde vemos muitos bebês.

Os adultos se relacionam melhor, conversando entre si sobre suas experiências. Passam dicas, dividem preocupações, mas sempre entre sorrisos simpáticos e elogios aos pequenospetizes.

A família tem motivos a mais para se reunir, por vezes esquecendo pequenas querelas, implicâncias e atritos mais sérios, pois o assunto principal passa a ser o nenezinho.

Resumidamente: é uma fase muito importante para a vida de todos. Tanto para os progenitores, familiares, como para o Espírito que volta à Terra.

*   *   *

Se você é pai ou mãe, aproveite bem cada instante. Curta a fase, mergulhe nesse mundo novode cabeça e sem medo.

Evitemos ter que dizer, algum dia, a triste e preocupante sentença: Meus filhos cresceram e nem percebi!

As crianças são os seres que Deus manda a novas existências. Para que não lhe possam imputar excessiva severidade, dá-lhes Ele todos os aspectos da inocência.

Não foi, todavia, por elas somente que Deus lhes deu esse aspecto de inocência; foi também e sobretudo por seus pais, de cujo amor necessita a fraqueza que as caracteriza.

Esse amor se enfraqueceria grandemente à vista de um caráter áspero e intratável, ao passo que, julgando seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a afeição e os cercam dos mais minuciosos cuidados.

Esta é mais uma faceta da sabedoria Divina, que nos mostra que os mecanismos da natureza são inteligentes e bons.

Tudo existe para que possamos crescer. Tudo funciona, no Universo, buscando a harmonia.

Redação do Momento Espírita, com reprodução de parágrafos do item 385, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

domingo, 22 de julho de 2012

Perfume de gratidão

Jovem e idealista, ela partiu de sua terra natal, a Suíça, para ajudar a reconstruir a Polônia, depois da Segunda Guerra Mundial.

Ela assentou tijolos, colocou telhados, levantou paredes. Até o dia em que um homem cortou a perna e lhe descobriram os dotes para a medicina. Aí, junto a duas outras voluntárias, que tinham conhecimentos de medicina básica, foi servir num improvisado posto médico.

Certa noite, em que suas colegas tinham se deslocado para atender pessoas em outra localidade, ela ficou sozinha. Tomou o seu cobertor, enrolou-se e deitou sob a luz das estrelas.

Nada haverá de me acordar, hoje. Estou morta de cansaço.

No entanto, um pouco depois da meia-noite, um choro de criança a despertou. Ela pensou estar sonhando e não abriu os olhos. O choro voltou a lhe chegar aos ouvidos.

Meio dormindo, ainda, ouviu uma voz de mulher:

Desculpe acordá-la, mas meu filho está doente. Você precisa salvá-lo.

Bastou Elisabeth olhar, de forma rápida, para o garoto de três anos para descobrir que ele era portador de tifo.

Explicou para a mulher que não tinha remédio algum no posto. A única coisa que podia lhe oferecer era uma xícara de chá.

A mulher cravou nela os olhos, com aquele olhar que somente as mães em desespero possuem:

A senhora tem de salvar meu filho. Durante a guerra, nos campos de concentração, morreram doze dos meus filhos e este nasceu lá. Ele não pode morrer. Não agora que o pior já passou.

Elisabeth tomou uma decisão. Se aquela mulher andara tantos quilômetros para chegar até ali, se ela vira serem mortos uma dúzia de filhos na guerra e ainda tinha ânimo para rogar pela vida do único afeto que lhe restava, ela merecia todos os sacrifícios.

Tomou da criança e, com a mãe, caminhou trinta quilômetros, até encontrar um hospital. Depois de muita insistência, conseguiu que a criança fosse internada.

Mas havia uma condição: somente depois de três semanas, elas poderiam retornar para saber notícias. Afinal, o hospital estava cheio e os médicos atolados de tarefas.

Elisabeth voltou para as atividades do seu posto médico e tanto trabalho teve nas semanas seguintes, que até esqueceu o garoto.

Certa manhã, ao despertar, encontrou ao lado do seu cobertor, um lenço cheio de terra. Abrindo-o, viu, junto com a terra, um bilhete: Para a pani doutora.  Da senhora W.  Cujo último dos treze filhos você salvou, um pouco de terra abençoada da Polônia.

O menino estava vivo.

Um grande sorriso se abriu no rosto cansado de Elisabeth.

E ela compreendeu o que acontecera. A mulher andara mais de trinta quilômetros até o hospital e apanhara ali o seu filho vivo.

De Lublin, levara-o de volta até o povoado onde vivia. Pegara um punhado de terra do seu chão e tornara a andar muito para deixar, quieta, sem perturbar, na calada da noite, o seu presente de gratidão.

Elisabeth Kübler-Ross guardou o embrulhinho de terra que se tornou para ela o presente mais valioso que jamais recebera.

*   *   *

A gratidão é perfume acondicionado no frasco d’alma. As criaturas o deixam evolar-se, de forma sutil, envolvendo aqueles a quem são gratos, numa aura de bem-estar.

Naturalmente, ninguém realiza o bem esperando agradecimento mas, quando a gratidão se manifesta, é como a brisa que abençoa a tarde morna com sua presença.

Refaz corações e aumenta a disposição para novas realizações, em prol do próximo.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 9, do livro A roda da vida, de Elisabeth Kübler-Ross, ed. Sextante.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Estranho versículo

Era uma noite fria na cidade de Chicago. O garotinho vendia jornais na esquina. Mas o frio era tanto que as pessoas passavam quase correndo, buscando as suas casas e nem paravam para comprar o jornal.

Por isso, o menino se aproximou de um policial e perguntou se ele lhe poderia arrumar um lugar quente para dormir, naquela noite. Estava muito frio para dormir na caixa de papelão no beco, como sempre.

O policial olhou para ele e falou:

Desça a rua até encontrar uma casa branca. Bata na porta e quando alguém vier abrir, diga: João 3:16.

O menino obedeceu e, quando uma senhora simpática atendeu, ele falou: João 3:16.

Ela o recolheu e o levou para se sentar em uma poltrona, próximo da lareira.

Ele pensou: Não sei o que quer dizer João 3:16, mas com certeza é uma coisa boa porque aquece um menino numa noite fria.

Mais tarde, a senhora o levou para a cozinha e lhe ofereceu farta comida. Enquanto se alimentava, o pequeno pensou:

Não estou entendendo, mas o que é certo é que João 3:16 sacia a fome de um menino.

Depois, ela o levou até o banheiro e ele mergulhou em uma banheira cheia de água quente.

Ainda molhado, ele pensou: João 3:16. Com certeza eu não entendi. Mas isso faz um menino sujo ficar limpo. Que me lembre, o único banho de verdade que tomei foi quando fiquei em frente a um hidrante de incêndio, que esguichava água fria.

A senhora o levou até o quarto e o colocou em uma grande cama e o cobriu com um cobertor macio. Deu-lhe um beijo de boa noite e apagou as luzes.

No escuro do quarto, ele olhou pela janela e observou a neve caindo lá fora.

Na manhã seguinte, a senhora o despertou e lhe ofereceu um delicioso café. Depois o levou para a mesma poltrona em frente à lareira, apanhou o Evangelho e perguntou:

Você entendeu João 3:16?

Não, senhora. Quem me disse para lhe falar isso foi um policial, ontem à noite.

Ela abriu o Evangelho de João e leu o versículo dezesseis do capítulo três:Porque Deus amou tanto o mundo, que deu seu único filho. E aquele que acredita nele não morrerá, mas terá vida eterna.

E a boa senhora lhe falou a respeito de Jesus e do Seu grande amor para com todos os homens.

O garoto continuou sentado, ouvindo e ouvindo. Finalmente, falou: Senhora, tenho que lhe dizer: ainda não consigo entender como Jesus concordou em vir à Terra e sofrer tudo o que sofreu, para nos ensinar o amor.

Mas uma coisa eu entendi muito bem. Tudo isso faz a vida valer a pena.

*   *   *

Jesus é o nosso norte, nosso roteiro.

Os que O seguem, são identificados na Terra pela sua postura perante a vida. Onde quer que se encontrem, semeiam.

E as suas sementes são luz nas estradas das vidas cheias de dores.

Na esteira dos seus passos, brilham estrelas que se acendem na noite dos tempos. Anonimamente, servem ao próximo, doando pão a bocas famintas, agasalho aos que padecem frio, esperança àqueles que perderam a fé na vida.

Como uma Via Láctea iluminada, apontam o caminho de estrelas na direção do Cristo que, hoje e sempre, é o Amor Incondicional que a todos ama.

Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria ignorada e no cap. 1, do livro O semeador de estrelas, de Suely Caldas Schubert, ed. Leal.

sábado, 14 de julho de 2012

Terapia contra o medo

O medo, até certo ponto, é uma reação natural perante aquilo que desconhecemos e se expressa por variadas formas no dia a dia.

Causam-nos medo a expectativa de um acontecimento desagradável, a surpresa perante uma situação difícil que não sabemos como enfrentar, ao menos no primeiro momento.

Também a expectativa por uma resposta que talvez seja negativa pode nos provocar certo receio, que pode se transformar em ansiedade controlada.

Também existem os medos de fantasmas, de tormentas, do escuro, da água ou do fogo que, quase sempre, são resultado do período infantil e que ainda não conseguimos vencer.

Mas existe um outro tipo de medo. É esse receio que se agiganta e nos leva a um estado de grande ansiedade, por acontecimentos pequenos ou até de simples expectativas.

Tal estado gera taquicardias, calafrios ou suores abundantes. Tudo demonstrando um desequilíbrio psicológico.

O medo desfigura a realidade. Coisas insignificantes se agigantam e se avolumam, fazendo-nos ver muitas situações distorcidas.

No Rio de Janeiro, uma senhora muito rica precisou, certo dia, ir ao costureiro provar um vestido novo para uma festa. Seu carro estava na oficina. Ela telefonou ao marido e lhe disse:

Bem, estou saindo agora. São três horas da tarde. Vou chamar um táxi porque acho mais seguro. Deverei estar de volta em torno das seis horas. Se eu não estiver de volta até esse horário, por favor, me procure.

Ela vivia atemorizada pela violência. Temia ser assaltada, sequestrada, maltratada. Por isso, tinha todos esses cuidados.

Chamou o táxi, foi até o ateliê de alta costura, provou a roupa, conversou com amigas e retornou para casa em outro táxi.

Quando saltou do carro em frente à sua casa e deu alguns passos na direção do portão, percebeu que um homem a observava de forma estranha.

Seu coração começou a bater violentamente. Ela olhou para trás. O táxi já desaparecera na esquina. Deu mais uns passos e o indivíduo a seguiu.

Ela começou a sentir pavor. Deu meia volta, apressou o passo na direção da rua. Alguém, com certeza, haveria de vê-la e socorrê-la, salvá-la daquele homem que deveria ser um assaltante, um ladrão.

Percebeu que ele continuava atrás dela. Começou a correr. O homem também correu e gritou:

Ei, sua boba, onde é que você vai? Sou eu, seu marido!

* *  *

A mais excelente terapia contra o medo e a ansiedade é a confiança em Deus, que criou a vida com objetivos elevados.

Reflexionemos com calma a respeito do medo e busquemos as suas causas, passando-as pelo crivo da razão.

Sejam, porém, de que ordem forem as causas do medo, exercitemo-nos mentalmente, nos processos para a sua eliminação.

Oremos a Deus, entregando-nos a Ele, em atitude dinâmica e nos disponhamos a enfrentar qualquer situação com pensamento otimista.

Guardemos a certeza de que Deus vela e guarda as nossas vidas.

Redação do Momento Espírita, com base em relato de Divaldo Pereira Franco, em palestra pública no cenáculo da Federação Espírita Brasileira, em Brasília, no dia 11 de novembro de 2000; no cap. 11 do livro Momentos de felicidade e no cap. 14 do livro Momentos de iluminação, pelo Espírito

Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed Leal.

Metas

 

É comum os homens estabelecerem metas a serem alcançadas. Nas empresas, todos perseguem metas.

Na vida particular, quando o ano está para findar ou quando se aproxima a data do aniversário, quase sempre traçamos diretrizes para os meses próximos.

As metas variam conforme as pessoas. Cada qual as coloca no papel ou arquiva na memória, sempre de acordo com os propósitos que tem na vida.

Há os que estabelecem como diretriz a mudança de emprego. Uma nova atividade profissional, um salário mais compensador, novos desafios a serem enfrentados.

Outros falam em mudar de cidade, de casa. Afinal, ambiente novo enseja renovado vigor à vida.

Outros arquitetam matricular-se em um curso, procurar uma escola, ler um livro, a fim de melhorar a condição intelectual.

Outros ainda, que se descobrem distanciados da religião, decidem por retornar a frequentar determinado templo religioso, para se aproximar de Deus.

São sempre metas que visam ao bem-estar, à felicidade da criatura. Aqueles que se sentem com alguns quilos a mais, pensam em começar a fazer regimes e dietas para emagrecer.

Os que se sentem muito magros entabulam questões, buscando fórmulas para adquirir maior peso.

No entanto, o mais importante de tudo e que, às vezes, esquecemos é que a meta que devemos colocar como prioritária é a de iniciarmos a conquista da perfeição, o que equivale a dizer, a melhoria do próprio caráter.

Benjamin Franklin (*), famoso inventor e estadista norteamericano, acreditava que isso poderia ser conseguido se a criatura se impusesse uma disciplina firme.

Dizia que melhorar o caráter era uma arte que devia ser estudada, exatamente como a pintura e a música.

Quando jovem, fez uma lista das qualidades dignas de se admirar e se propôs a conquistá-las: ia ser moderado no comer, evitaria a tagarelice, seria sistemático nos negócios, terminaria qualquer tarefa que começasse, seria sincero.

Trataria os outros com justiça. Suportaria as injustiças com paciência. Evitaria as extravagâncias. Não deixaria que as pequenas coisas o afetassem.

Organizou um pequeno livro para si, separando uma página para cada virtude, a fim de dedicar uma semana de atenção a cada uma delas, de forma sequencial.

Assim, quando estivermos pensando em metas, pensemos em estabelecer a meta de sermos mais gentis, mais fraternos, mais amigos.

De cobrarmos menos dos nossos amores e doarmos mais. De oferecermos mais carinho, atenção e cuidados e exigirmos menos.

Estabeleçamos como meta contribuir para a felicidade de alguém, para descobrir a própria felicidade.

* * *

Se desejamos realmente melhorar, tracemos um programa simples. Tentemos ser pacientes. Organizemos todos os momentos sem agitação e ansiedade.

Sejamos caridosos. Um coração caridoso é uma ilha onde a felicidade reside.

Sejamos amorosos. Num mundo carente, todo gesto de amor é como um raio de luz apontando rumos de felicidade.

Permitamos que o amor nos conduza, fluindo de nós para os demais. Cooperemos e confiemos no bem.

Redação do Momento Espírita com base no cap. Benjamin Franklin, do livro Expoentes da Codificação Espírita, organizado por Maria Helena Marcon, ed. Fep e no cap. 14 do livro Filho de Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Servidor de Jesus

Quando jovens, normalmente somos idealistas e com facilidade nos vinculamos a determinadas causas.

Não foi diferente com aquele rapaz que conheceu a Doutrina Espírita, passando a estudá-la com ardor. Mergulhando nas páginas do Evangelho, apaixonou-se por Jesus.

Na sua ardência juvenil, desejou servir ao Cristo com todas as forças do seu coração. Mais do que isso, ele queria morrer pela causa do cristianismo.

Ser cristão como os primitivos cristãos. Desejava ser perseguido como foram os apóstolos e os discípulos de Jesus. Quem sabe poderia ir para um país onde houvesse perseguição religiosa e pena de morte.

Poderia ser preso, torturado e, por fim, morto.

Era o que ele desejava: morrer por amor a Jesus, pela causa da verdade.

Recordava o heroísmo do Apóstolo Pedro sendo crucificado de cabeça para baixo. De Paulo de Tarso sendo açoitado, apedrejado e decapitado, por amor ao Mestre.

Lembrava, enfim, dos testemunhos de todos aqueles cristãos que se deixaram matar, não se permitindo abandonar o ideal.

Certo dia, durante suas orações, ouviu um mensageiro dos céus que lhe falava:

Filho, você deseja mesmo morrer por Jesus?

Sim, é claro. Falou ele.

Pois então eu vou levar a Jesus o seu pedido e depois lhe trarei a resposta.

Nos dias seguintes, o jovem não cabia em si de tanta ansiedade. Quando viria a resposta?

Foi durante a oração de uma das noites, que a voz se fez ouvir outra vez:

Filho, levei o seu pedido a Jesus e venho lhe dizer que Ele aceitou.

Quer dizer, foi dizendo afoito o jovem, que eu vou morrer por amor a Jesus?

Sim, filho, mas não de repente. Você irá morrer devagarinho, um pouco a cada dia. Jesus pede que você atenda seu próximo, sirva aos seus irmãos, se torne um apóstolo do amor na Terra.

E, por amor a Ele, por amor à verdade que Ele veio ensinar, morra um pouquinho todas as vezes que a calúnia alcançar o seu caminho, que as pedras da incompreensão o atingirem.

Então, o jovem passou a dedicar sua vida a servir ao próximo, esquecendo-se de si mesmo, dos seus próprios anseios.

Aos setenta anos de idade, ele pedia a Jesus que lhe permitisse viver no corpo um pouco mais, pois reconhecia o muito por fazer pelos filhos do Calvário, que andam sobre a Terra.

*   *   *

O verdadeiro seguidor de Jesus faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma. Retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre os seus interesses à justiça.

Quem segue a Jesus encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer os outros felizes, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que dá aos aflitos.

Seu primeiro impulso é pensar nos outros, antes de si. É cuidar dos interesses alheios antes de atender aos seus próprios.

Redação do Momento Espírita, com base em fato da vida de Divaldo Pereira Franco e no item 3 do cap. XVII, do livro O evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Brasa ardente

O ressentimento já foi comparado a uma brasa ardente que seguramos com a intenção de jogá-la em outra pessoa, enquanto queima a nossa mão.

Ou então, um veneno que tomamos esperando que o outro morra.

Na verdade, a palavra ressentimento é a forma substantivada de ressentir - sentir intensamente e sentir de novo.

Quando estamos ressentidos, sentimos intensamente a dor do passado de novo e de novo.

Isso não só desgasta o nosso bem-estar emocional, como também ataca, de uma maneira poderosa e negativa, nosso bem-estar físico.

De certa forma, quando guardamos ressentimento, rancor, estamos nos aprisionando voluntariamente à dor.

Alguns poderiam então questionar: Isto quer dizer que escolhemos guardar mágoa? Há, então, uma escolha? Pois parece que não. Parece que é mais forte que nós.

É difícil de perceber, principalmente para aqueles que ainda não nos conhecemos bem. Mas, sim, é uma escolha que fazemos.

Sentir raiva é natural, uma reação, de certa forma, animal. Sentir-se magoado, também.

Joanna de Ângelis, Espírito, nos esclarece:

É compreensível o surgimento de uma certa frustração e mesmo de desagrado diante de confrontos e de agressões promovidas por outrem, dando lugar a mágoas, que são uma certa aflição de caráter transitório.

Não, porém, à instalação do ressentimento.

O que ela ensina é que é perfeitamente natural termos a alma ferida com este ou aquele acontecimento, porém, carregar essa dor por tempo indeterminado no coração, é uma escolha perigosa.

É uma brasa ardente, realmente, que vai queimando por dentro, dia após dia, ano após ano, sem trazer benefício algum à alma que sofre.

Dessa forma, precisamos realizar um trabalho interior para nos livrarmos desse ressentimento o quanto antes, evitando prejuízos maiores para nós mesmos.

Esse movimento passa pela desvalorização do que consideramos ofensivo, daquilo que nos feriu profundamente.

Isso significa deixar de dar tanto valor a um fato, a um acontecimento para que nosso coração se acalme, olhe para frente e deixe de se apegar tanto a questões que já estão no passado.

* * *

O prazer de ser livre é incomparável...

Poder deitar a cabeça no travesseiro todas as noites e dizer que não guarda mágoa de ninguém é vitória da alma sobre o ressentimento avassalador.

Não nos preocupemos com a impunidade do agressor, do ofensor. Num Universo regido por leis perfeitas, criado por um Deus soberanamente justo e bom, nada fica impune, tudo tem sua consequência.

Perdoar, esquecer é também uma escolha pela saúde do Espírito e do corpo, uma vez que, livres do rancor, igualmente ficamos livres das doenças associadas diretamente ao ressentimento.

Relevemos. Perdoemos. Vivamos a alegria e a liberdade de não carregar ressentimento em nosso coração.

Redação do Momento Espírita com base no cap. Ressentimento, do livro Conflitos existenciais, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Que significa morrer

 

O ataúde parecia guardar impassível aquilo que era o significado de boa parte de sua vida.

Ao mirar o corpo inerte, não conseguia conceber como poderia jazer ali a razão de suas alegrias, a fonte de suas mais nobres inspirações, o reduto dos seus sentimentos mais profundos.

A morte roubara-lhe de maneira infame quem lhe fora tesouro dos mais valiosos, ao longo de boa parte de sua vida. O amor de sua vida jazia ali.

Percebendo-lhe os tormentos que lhe vinham na alma, refletidos no olhar aprofundado pela dor, velho amigo acercou-se-lhe, indagando:

Admirando a estupidez da morte, meu amigo? A pergunta foi de tal forma inesperada, inusitada mesmo, que ele teve que refletir um tanto.

De fato, se fosse resumir seus sentimentos, era isso mesmo que ele pensava... A morte não é nada mais do que o momento mais estúpido da vida.

Mas, antes que pudesse concatenar algo para responder ao amigo, esse de imediato retomou a fala.

A morte pode nos parecer estúpida ou pode nos parecer lógica e racional, meu amigo. Depende de como você entende a vida.

Se vendo esse corpo inerte à sua frente, você conclui que aqui também está toda a fonte de seu afeto, o motivo de suas alegrias, a inteligência que você admira, ou o coração afetuoso que você aprendeu a amar, a vida é realmente uma tolice.

Se pensar assim, pode concluir que na vida aprendeu a amar células, a admirar secreções glandulares, a se apaixonar por sinapses cerebrais.

E como tudo que é feito de matéria, um dia perece e se transforma. É o que está acontecendo com o corpo que ora você enxerga.

Porém, se você consegue ver além do que seus olhos podem, e conseguir chegar onde sua razão melhor entende, verá que tudo aquilo que você aprendeu a amar teve morada neste corpo, mas não lhe pertencia, nem era fruto de suas atividades corporais.

Como o verdadeiro amor não se atém na forma, mas mergulha além daquilo que conseguimos ver, é essa a verdadeira fonte de nosso amor.

E a fonte desse amor continua vivendo, somente que agora apartado de um corpo que o acompanhou ao longo dessa existência. Chama-se Espírito imortal.

Quer dizer que voltaremos a nos encontrar? Redarguiu titubeante, entre a esperança e a incerteza.

Mas é claro, respondeu o amigo. Afinal, o amor desconhece o tempo e a distância.

Se alguns são chamados antes para o retorno ao lar, os que nos amam, justamente por nos amarem, estarão a aguardar o dia do reencontro, quando nós mesmos iremos aportar do lado de lá da vida.

E as dificuldades, doenças ou limitações daqui, lá já não mais se farão presentes, permitindo que as relações de afeto e carinho se façam mais amplas e plenas.

Assim meu caro, concluiu o amigo solícito, derrame suas lágrimas apenas pelas saudades naturais que irá sentir. Mas não dê a elas o peso da revolta ou da incompreensão para com os desígnios da vida, que são sempre sábios e acertados.

Aguarde, na paciência do coração daqueles que verdadeiramente amam, o dia em que novamente poderá estar estreitando o carinho e o amor com os que compartilhou tais expressões, ao longo de toda esta existência.

Lembre que além do corpo está o Espírito imortal.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Eu, melhor

Qual foi a experiência de vida que transformou você em alguém melhor?

Esta foi a pergunta feita pela redação de uma revista de circulação nacional, aos seus leitores.

A questão gerou uma matéria muito inspirada, intitulada Eu, melhor, apresentando diversos relatos de pessoas e acontecimentos que as transformaram.

Encontros, desencontros, doenças, surpresas. Diversos tipos de experiências foram narradas e, ao finalde cada relato havia uma pessoa agradecida e melhor.

Uma delas, ainda muito jovem, lembra o dia em que o pai recebeu o diagnóstico de câncer e veio contar à família.

Pediu que não ficassem tristes pois, caso não conseguisse a cura, aproveitaria mesmo assim a oportunidade para se transformar em alguém melhor.

O homem buscou perdão e reconciliação com familiares. Um dia, ao ouvir de alguém a expressão doença maldita, rebateu dizendo: Para mim, ela é bendita!

Dois meses depois ele morreu. A filha, emocionada, afirma que não só ele se transformou em alguém melhor, mas mudou para melhor a vida de todos ao seu redor.

Seu exemplo é lembrado até hoje e sua conduta sempre será referência para aquele núcleo familiar.

*   *   *

A vida tem costume de surpreender. De repente, aparece alguém que, com um gesto, abre nossos olhos. Ou um acidente no percurso, apontando para novas direções.

Às vezes, é uma viagem ou um encontro programado que segue rumos inesperados e nos transforma.

É a soma de eventos assim, belos e gratuitos, que nos faz melhores, mais fortes, mais maduros.

Pode ser uma soneca no ônibus, um encontro com um desconhecido, um raio que clareia tudo ou a proximidade da morte.

O que importa é olhar para essas experiências e reconhecer que elas nos ensinaram e, do seu jeito, nos fizeram mais felizes.

Sem pedir nada em troca, são pequenas graças plantadas no cotidiano. Como se fossem sinais, apontando para lugares onde podemos ser mais leves e alegres.

Então, quando olhamos para trás e enxergamos o caminho percorrido, só nos resta agradecer, do fundo do coração, à vida, que nos faz uma versão melhor de nós mesmos.

*   *   *

Todas as forças da natureza nos impulsionam para frente, rumo ao progresso inevitável. Progresso da alma, que vai se tornando mais sensível, mais amorosa, mais madura.

Progresso também da mente, mais esclarecida, com capacidade de tomar decisões com mais segurança.

Aproveite esses momentos de reflexão, onde você estiver, para lembrar que experiências fizeram de você alguém melhor, e se você soube ou está sabendo aprender com os acontecimentos da vida.

Todos eles, julgados como bons ou maus por nós, trazem dentro de si o objetivode depurar o Espírito aprendiz.

Qual foi a experiência de vida que transformou você em alguém melhor?

Redação do Momento Espírita com base em matéria da revista Sorria nº 23, de dezembro/janeiro 2012, de autoria de Jaqueline Li, Jéssica Martineli, Karina Sérgio Gomes, Rafaela Dias, Rita Loiola, Tissiane Vicentin e Valéria Mendonça.