O anúncio da chegada
de Martha sempre trazia um sorriso para o rosto do Padre Jim. Tia
Martie, como todas as crianças a chamavam, parecia espalhar fé,
esperança e amor onde quer que fosse.
Mas, dessa vez, havia
algo diferente em sua expressão. Com o rosto sério, ela contou ao
padre que o médico acabara de lhe dar a notícia de que ela estava
com câncer em estágio avançado.
Ele disse
que eu tenho, na melhor das hipóteses, três meses de vida. As
palavras de Martha eram graves, embora estivesse bastante
calma.
Eu lamento
muito..., foi o que Padre Jim começou a dizer mas, antes que
ele terminasse a frase, Martha o interrompeu:
Não lamente. Deus
tem sido bom comigo. Tive uma vida longa e feliz e estou pronta para
ir. O senhor sabe disso.
Mas, o que desejo
mesmo falar com o senhor é sobre meu funeral. Tenho pensado nisso e
há coisas que vou querer.
Os dois conversaram
por um bom tempo. Falaram sobre os cânticos e as passagens bíblicas
preferidas de Martha, e as muitas lembranças que dividiram, nos
cinco anos, em que o Padre Jim esteve na paróquia.
Quando parecia
que tinham visto todos os detalhes, Tia Martha parou, olhou para o
padre com um brilho nos olhos e acrescentou: Há mais uma coisa.
Quando me enterrarem, quero minha velha bíblia em uma das mãos e um
garfo na outra.
O pedido
surpreendeu o Padre Jim: Por que a senhora quer ser enterrada
com um garfo?
E ela explicou:
Estive pensando em todos os jantares e banquetes da comunidade a
que compareci ao longo dos anos.
Uma coisa sempre
me chamava atenção. Em todas aquelas reuniões tão agradáveis, quando
a refeição estava quase no final, alguém vinha recolher o prato
sujo.
Posso até ouvir as
palavras agora. A pessoa se inclinava sobre o meu ombro e dizia
baixinho: “Pode ficar com seu garfo!”
O senhor sabe o
que isso queria dizer? Que a sobremesa estava
vindo!
E não se tratava
de um pote de gelatina, um pudim ou uma taça de sorvete, porque nada
disso se come com garfo. Significava que era algo realmente gostoso:
um bolo de chocolate ou uma torta de cereja!
Quando me diziam
que eu podia ficar com o garfo, eu sabia que o melhor ia chegar. É
exatamente sobre isso que quero que as pessoas falem no meu
funeral.
Elas podem lembrar
todos os bons momentos que tivemos. Isso será ótimo. Mas, quando
passarem pelo meu caixão, quero que se espantem e
perguntem:
“Para que o
garfo?” E quero que o senhor lhes diga que eu fiquei com o garfo
porque o melhor ainda vai chegar.
* * *
Vivei bem e
bem sabereis morrer, diz o ditado oriental.
Nosso comportamento,
nossas atitudes e conquistas, durante a vida, irão determinar o que
encontraremos no mundo espiritual quando partirmos.
Sejamos, assim, homens
e mulheres de bem, e tenhamos a plena certeza de que a felicidade e
a alegria da vitória estarão nos aguardando.
A melhor preparação
para esse acontecimento certo em nossas existências é a vida no bem,
é o desapego dos bens materiais, e o amor que cultivarmos por todos
aqueles que nos cercam.
Dessa forma, poderemos
ter a certeza de que o melhor ainda vai chegar.
Redação do Momento
Espírita, com base no texto O garfo e a morte, de Roger
William Thomas, do livro Histórias para aquecer o
coração, v.2, de Jack Canfield e Mark Victor
Hansen, ed. Sextante.