quarta-feira, 2 de março de 2011

Companhia perturbadora

 

Nem sempre estamos bem acompanhados, e uma dessas companhias perturbadoras é a que nos faz infelizes ao perceber a felicidade do outro.

A inveja não está na simples constatação do triunfo alheio. Ela se apresenta quando essa constatação nos faz mal, produz em nós sentimentos negativos de revolta, de indignação.

Essa filha do orgulho instala-se em nossa alma e nos leva aos precipícios morais do ódio sem razão.

Muito mais fácil do que buscar nossa felicidade, nossas próprias conquistas é criticar, questionar, destruir a dos outros.

A inveja é preguiça moral, é acomodação do Espírito que ainda não está desperto e disposto a empreender a necessária luta pelo crescimento.

Ao invés de se empenhar na autovalorização, o paciente da inveja lamenta o triunfo alheio e não luta pelo seu. Apela, muitas vezes, para a intriga e a maledicência, fica no aguardo do insucesso do suposto adversário, perseguindo-o, buscando satisfazer seu prazer mórbido.

Egocêntrico, não saiu da infância psicológica e pretende ser o único centro da atenção, credor de todos os cultos e referências.

Insidiosa, a inveja é resultado da indisciplina mental e moral, que não considera a vida como patrimônio divino para todos.

Trabalha, por inveja, para competir, sobressair, destacar-se. Não tem ideal, nem respeito pelas pessoas e pelas suas árduas conquistas.

Esse sentir doentio descarrega correntes mentais prejudiciais dirigidas às suas vítimas, que somente as alcançam se estiverem em sintonia. Porém, os danos ocorrem em quem gera esse sentir, perturbando-lhe a atividade, o comportamento.

Assim, o invejoso sempre sairá perdendo. Não apenas não resolverá seu problema – se é que ele existe – como sempre aumentará sua frustração, sua infelicidade.

*   *   *

A terapia para a inveja consiste, inicialmente, na cuidadosa reflexão do eu profundo em torno da sua destinação grandiosa, no futuro.

Consiste em avaliar os recursos de que dispõe e considerar que a sua realidade é única, individual, não podendo ser medida nem comparada com outras em razão do processo da evolução de cada um.

O cultivo da alegria, pelo que é e dos recursos para alcançar novos patamares, enseja o despertar do amor a si mesmo, ao próximo e a Deus.

Esse despertar facultará à criatura a perfeita compreensão dos mecanismos da vida e as diferenças entre as pessoas, formando um todo holístico na grande unidade.

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Fazei vossa felicidade e vosso verdadeiro tesouro sobre a Terra em obras de caridade e de submissão, as únicas que devem contribuir para serdes admitidos no seio de Deus.

Essas obras do bem farão vossa alegria e vossa felicidade eternas.

A inveja é uma das mais feias e das mais tristes misérias do vosso globo.

A caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males, à medida que os homens de boa vontade se multiplicarem.

 

Redação do Momento Espírita com base em texto da Revista Espírita,

de Allan Kardec, de julho de 1858  e no cap. 5 da obra O ser consciente,

pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

BOA VONTADE

 

A importância da boa vontade nos feitos humanos é bastante difundida.

É comum ouvir-se de alguém que tem vontade de fazer algo útil.

Por exemplo, que se sente chamado a desempenhar alguma tarefa.

A vontade é um precioso atributo do Espírito imortal.

No princípio do processo evolutivo, o ser é grandemente guiado pelos instintos.

De modo gradual, sua razão se desenvolve e ele passa a agir com liberdade.

Dentre várias opções, elege a que lhe parece melhor.

É então que a vontade se manifesta como um poderoso impulsionador do progresso.

Ela se relaciona com o sentimento, com o querer, com os anseios do próprio coração.

Ocorre que a boa vontade não é um processo mágico que torna tudo imediatamente possível.

Não basta querer para realizar.

Quem realmente tem boa vontade estuda e trabalha para adquirir condições de desempenhar bem a sua tarefa.

Assim, a boa vontade é um fator imprescindível para o sucesso de um empreendimento.

Se não houver uma vontade firme, um querer profundo, as dificuldades crescem de importância.

À míngua de um ideal forte, o homem esmorece.

Caso não se sinta valorizado, desiste.

Se o resultado demora, acha que o esforço não compensa.

Entretanto, quando ele realmente deseja algo, encontra forças para seguir em frente.

Se a vontade é mesmo boa, firme e valiosa, então muito se torna possível.

Não apenas pelo desejo ardente, mas pela disposição de fazer o que for possível e necessário.

Convém ter essa realidade em mente quando se proclama a própria boa vontade.

Se o desejo é se dignificar pela conduta correta, as tentações do mundo nunca são fortes demais.

Quem tem o real propósito de se manter puro, gasta um tempo a estudar a própria realidade íntima.

Não teme admitir suas fraquezas, como uma fase necessária para superá-las.

Só porque cai algumas vezes, não desiste do propósito de elevar-se.

Do mesmo modo, quem de fato deseja algo realizar de bom não mede esforços.

De forma racional, procura tornar-se competente na tarefa eleita.

Aproxima-se de quem já a desempenha bem e o auxilia.

Não quer brilhar de imediato, em altos postos.

Aceita de bom grado desempenhar papéis modestos, nos quais lentamente se habilita e aperfeiçoa.

Não desiste enquanto não consegue seu intento.

Bem se vê como a boa vontade é preciosa como recurso de aprimoramento.

Contudo, ela não prescinde de esforço, de trabalho e de estudo.

Ao contrário, quem realmente tem boa vontade aprende a fazer direito.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.