segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

QUE BUSCAIS?

 

JESUS – (João, 1:38)

(Luan Jessan)

Ao aproximar-se o Santo Natal com os seus encantos, com as suas luzes e peculiar magia, ocorreu-me o pensamento de que Jesus, que nos ama desde sempre, realmente prossegue sendo o grande desconhecido da humanidade, conforme grave expressão algures utilizada pelo Espírito Joanna de Angelis.

Ao dizê-lo referia-se a mentora ao fato de que os ensinamentos do Mestre, salvadas as exceções, ainda não ganharam a intimidade das criaturas refletindo-se-lhes na conduta.

Ato contínuo, dando largas ao pensamento lembrei-me de Judas Iscariotes, o apóstolo equivocado em si mesmo que durante três anos consecutivos – seguramente os mais belos que a Terra já viveu –  observara maravilhas intraduzíveis em palavras, ocasião em que corpos carnais recobraram a saúde ganhando vida nova, ao tempo em que se renovavam espiritualmente indivíduos dantes emocional, espiritualmente mortos.

Através do relato da mais eloquente história da humanidade sabemos do trágico desfecho da vida do apóstolo de Kerioth. Tal fato deu-se porque hipnotizado, possuído pelos transitórios bens da Terra, sonhando com a coroação de Jesus pelos poderes temporais e imaginando ser dele o futuro tesoureiro, veio a empanar de tal maneira a sua visão espiritual da vida que não conseguiu perceber, sentir, mensurar em toda a sua magnitude a importância do que Jesus dizia e fazia, fatos esses traduzidos pelo harmonioso conjunto de suas líricas expressões e felizes realizações. Faltaram-lhe ouvidos de ouvir e olhos de ver  - de ver e ouvir além das mesquinharias terrenas.

Reflitamos. Não é o que, em termos, vem ainda ocorrendo em larga escala? Quantos cristãos visitam diariamente os diversos templos da cristandade em busca de favores imediatos, sonhando com fortunas de ocasião, plenamente esquecidos da cura da própria alma que sequer identificam como carente, como enferma?

Vive-se desassossegadamente um tempo que passa pleno de correrias e de quimeras, olvidando-se as horas futuras que clamarão pelas iniludíveis necessidades do Espírito ora grandemente desconsiderado em seus valores essenciais.

Incompreensivelmente parece haver uma hipnótica desatenção para com as Palavras do Cordeiro de Deus por expressiva parcela dos indivíduos que fornece a impressão de não querer entendê-las devidamente, ocupados que andam a sonhar com os regalos materiais que imaginam auferir ao buscar a Sua companhia, semelhantemente ao que outrora ocorreu ao Seu inditoso companheiro, hoje redimido.

- Que buscais? – disse o Amigo da humanidade voltando-se para os que pareciam segui-Lo de perto, num daqueles heróicos dias do cristianismo nascente... Ali estavam - Ele bem o sabia - as criaturas sinceras, desejosas de Deus, igualmente lá se encontrando os inebriados pelo poder político; os sôfregos pelo ouro perecível da Terra; os ébrios pelos gozos prolongados, além dos curiosos e indiferentes, e outros mais...

Que os brandos, mágicos sinos do Natal, cujo badalar têm o condão de acordar criaturas para a Vida, possam ainda despertar-nos da demorada letargia do espírito, sensibilizando-o para os elevados propósitos da existência, os únicos capazes de verdadeiramente nos plenificar fazendo-nos felizes.

- Que buscais? - Ei-Lo, confiante, vinte séculos empós novamente a perguntar-nos com a Sua voz maviosa traduzida pela ternura das canções natalinas, cujo tom melancólico reacende-nos a esperança, nestes decisivos dias do espírito. Dias estes em que, lamentavelmente, pela cristalizada indiferença dos homens, de modo análogo volta a história a repetir-se.