sábado, 20 de dezembro de 2014

APELO DA MIGALHA


      Eu sou a migalha!... Neste mundo de paradoxos e desperdícios, vivo desprezada.
       Abandonam-me sem cogitar do quanto me poderiam utilizar a bem dos que nada têm.
       Há, no mundo, vidas humanas que se alimentam de insignificantes quotas de pão.
       Com as migalhas atiradas ao lixo poderia ser modificada a tormentosa situação de inumeráveis criaturas.
       Moedas de pouco valor, retalhos de tecido, roupas e calçados já não usados - migalhas da abundância - bastariam para socorrer milhões.
       O oceano imenso resulta da gota d’água.
       O jardim formoso surge do pólen invisível.
       Não creio ser possível, de momento, modificar a vida terrena. Desejo, apenas, contribuir de alguma forma.
       Não te escuses do amor ao próximo. Vem comigo! Dá-me tua quota - tua migalha desconsiderada.
       Eu sou a migalha!
       Ajuda-me a ser utilidade e realização.

   


Scheilla / Médium Divaldo Franco - Livro: Terapêutica de Emergência - Ed. LEAL

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

CORAGEM


       Ao meio das lutas ásperas, a coragem desempenha papel preponderante.
       Uns fogem atemorizados, outros entregam-se ao desânimo e vários refugiam-se na insensatez.
       Constituem a caravana dos frustrados, desarmados de coragem, porque se negam o esforço em prol da renovação íntima e do vigor sadio.
       Essa energia que sustenta, essa força moral que induz ao êxito – a coragem!
       A coragem é consequência natural da fé.
       Não significa irreflexão, desatino, temeridade, mas denodo, intrepidez...
       É calma, segura, fonte geratriz de equilíbrio que fomenta a vida e glorifica o labor.
       Ei-la anônima e valorosa em muitas formas:
       A coragem da paternidade responsável;
       A coragem de perseverar na verdade;
       A coragem de amar desinteressadamente;
       A coragem de ceder, quando poderia deter;
       A coragem de cultivar a humildade;
       A coragem de vencer-se primeiro.
       Por isso, o Bem exalta a beleza, em nome da coragem e da fé, certo do inefável amor de Deus.



        Joanna de Ângelis / Médium Divaldo Franco - Livro: Celeiro de Bênçãos - Ed. LEAL

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

DECISÃO FIRME


O agastamento moral torna-se distúrbio de emoção, que finda instalando processo neurótico.
Sempre depararás com quem não te apoia.
Os trêfegos vêm, prometem auxílio e vão.
Os tímidos planejam ajuda e não se encorajam.
Os descorteses apontam erros e seguem adiante: os agressivos surgem, impetuosos, procuram louros para si mesmo, e fogem.
Os devotados sempre estão sobrecarregados, mas ajudam, e os humildes laboram com discrição, simplicidade e constança.
Cada homem é o seu próprio programa e cada coração é a aspiração peculiar à faixa emocional em que transita.
Não te agastes, assim, com eles, os aturdidos.
Não percas o otimismo.
Alguns te exaltam as qualidades negativas para lisonjear-te, arrojando-te em decepções.
Não os acates nem os animes. Reage ao mal.
Discorda, nega, conduz, ajuda, administra, serve – com bonomia. És construtor do bem.
O erro dos outros é problema deles, enquanto que o teu é o problema de bem ajudar.

       


Joanna de Ângelis / Médium Divaldo Franco - Livro: Rumos Libertadores - Ed. LEAL

sábado, 13 de dezembro de 2014

ESTÍMULO FRATERNAL


          Não te julgues sozinho na luta purificadora, porque o Senhor suprirá todas as nossas necessidades.

          Ergue teus olhos para o Alto e, de quando em quando, contempla a retaguarda.

          Se te encontras em posição de servir, ajuda e segue.

          Recorda o irmão que se demora sem recursos, no leito da indigência.

          Pensa no companheiro que ouve o soluço dos filhinhos, sem possibilidades de enxugar-lhes o pranto.

          Detém-te para ver o enfermo que as circunstâncias enxotaram do lar.

          Para um momento, endereçando um olhar de simpatia à criancinha sem teto.

          Medita na angústia dos desequilibrados mentais, confundidos no eclipse da razão.

          Reflete nos aleijados que se algemam na imobilidade dolorosa.

          Pensa nos corações maternos, torturados pela escassez de pão e harmonia no santuário doméstico.

          Interrompe, de vez em quando, o passo apressado, a fim de auxiliares o cego que tateia nas sombras.

          É possível, então, que a tua própria dor desapareça aos teus olhos.

          Se tens braços para ajudar e cabeça habilitada a refletir no bem dos semelhantes, és realmente superior a um rei que possuísse um mundo de moedas preciosas, sem coragem de amparar a ninguém.

          Quando conseguires superar as tuas aflições para criares a alegria dos outros, a felicidade alheia te buscará, onde estiveres, a fim de improvisar a tua ventura.

          Que a enfermidade e a tristeza nunca te impeçam a jornada.

          É preferível que a  morte nos surpreenda em serviço, a esperarmos por ela numa poltrona de luxo.

          Acende, meu irmão, nova chama de estímulo, no centro da tua alma, e segue além...Sê o anjo da fraternidade para os que te seguem dominados de aflição, ignorância e padecimento.

          Quando plantares a alegria de viver nos corações que te cercam, em breve as flores e os frutos de tua sementeira te enriquecerão o caminho.




(Do livro “Fonte Viva”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel).

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Semeadores de esperança


       Possivelmente não terás pensado ainda no verbo formoso e grave a que todos somos chamados: criar para o progresso.
       O Criador, ao dotar-nos de razão, a nós, criaturas, conferiu-nos o poder de imaginar, promover, originar, produzir.
       Referimo-nos, frequentemente, à lei de causa e efeito. Sabemos que ela funciona em termos de exatidão. Utilizamo-la, quase sempre, tão-só para justificar sofrimentos, esquecendo-lhe a possibilidade de estabelecer alegrias.
       Causamos isso ou aquilo, geramos acontecimentos determinados. Experimentemos essa força que nos é peculiar, na formação de circunstâncias favoráveis aos homens.
       Antes do comboio a vapor, a eletricidade já existia. Os transportes arrastavam-se pela tração, mas foi preciso que alguém desejasse criar na Terra a locomotiva, que se converteu a pouco e pouco no trem elétrico, a fim de que a Civilização aprimorasse os sistemas de condução que prosseguem para mais altas expressões evolutivas.
       O firmamento era vasculhado pelos olhos humanos há milênios, mas foi necessário que um astrônomo levantasse lentes, para que os povos recolhessem as preciosas informações do Universo, que já havia antes deles.
       O princípio é idêntico para a vida moral.
       Precisamos hoje e em toda parte dos criadores de harmonia doméstica e social, dos desenhistas de pensamentos certos, dos escultores de boas obras.
       O tempo nos ensinará a entender a necessidade básica de se criarem condições para o entendimento mútuo, como já se estabeleceram normas para o trânsito fácil do automóvel.
       Inventa em tua existência soluções de conforto, suscita motivos de paz, traça diretrizes de melhoria, faze o que ainda não foi aproveitado na realização da riqueza íntima de todos.
       Provavelmente, estamos na atualidade em estágio obscuro de lições, sob a situação imperiosa de ações passadas. Mas não nos será correto esquecer que somos Inteligências com raciocínio claro e que, se antigamente nos foi possível colocar em ação as causas que neste momento e neste local nos infelicitam, retemos conosco a sublime faculdade de idear, planejar e construir.
       Ajamos na construtividade de Jesus, sejamos semeadores de esperança.




André Luiz  (Waldo  Vieira) - De “Estude e Viva”, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

APLIQUEMOS


        Não nos conformemos à pura condição de ouvintes diante das verdades eternas.
        Que dizer de quem rejeita sem experimentar?
       Recordemos que tudo na vida é causa e efeito, ação e retribuição.
       Quem descobre algo importante para o bem, realmente, não foge a demonstrações.
       Quem examina com atenção adquire conhecimento e quem analisa com imparcialidade alcança a luz da justiça.
       Quem estima indicações valiosas busca segui-las e quem ama auxilia sempre o ser amado.
       Se pretendemos a sublimação, não nos cabe olvidar a disciplina.
       Se desejamos o equilíbrio ou a reestruturação, é necessário fugir à desarmonia.
       Se sonhamos com o Mundo Maior, na largueza de projetos e ideais, é essencial voar do campo restrito do “eu” ao fulgor da vida universal.
       As comparações simples lembram-nos as obrigações complexas, ante as leis que nos regem.
       Sejamos dedicados ouvintes, buscando a posição de bons executores das lições recolhidas.



        Emmanuel / Médium Chico Xavier - Livro: Instrumentos do Tempo (extrato) - Ed. GEEM

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

EM TODOS OS CAMINHOS


        Seja qual seja a experiência, convence-te de que Deus está conosco em todos os caminhos.
        Isso não significa omisso de responsabilidade ou exoneração da incumbência de que o Senhor nos revestiu. Não há consciência sem compromisso, como não existe dignidade sem lei.
        O peixe mora gratuitamente na água, mas deve nadar por si mesmo. A árvore, embora não pague imposto pelo solo a que se vincula, é chamada a produzir conforme a espécie.
        Ninguém recebe talentos da vida para escondê-los em poeira ou ferrugem.
        Nasceste para realizar o melhor. Para isso, é possível te defrontes com embaraços naturais ao próprio burilamento, qual a criança que se esfalfa compreensivelmente nos exercícios da escola. A criança atravessa as provas do aprendizado sob a cobertura da educação que transparece do professor. Desempenhamos as nossas funções com o apoio de Deus.
        Se o conhecimento exato da Onipresença Divina ainda não te acode à mente necessitada de fé, pensa no infinito das bênçãos que te envolvem, sem que despendas mínimo esforço. Não contrataste engenheiros para a garantia do Sol que te sustenta e nem assalariaste empregados para a escavação de minas de oxigênio na atmosfera, a fim de que se renove o ar que respiras.
        Reflete, por um momento só, nas riquezas ilimitadas ao teu dispor nos reservatórios da natureza e compreenderás que ninguém vive só.
        Confia, segue, trabalha e constrói para o bem. E guarda a certeza de que, para alcançar a felicidade, se fazes teu dever, Deus faz o resto.

Emmanuel




(De “Caminho Espírita”, de Francisco Cândido Xavier – Autores diversos)

domingo, 16 de novembro de 2014

QUANDO


Quando compreendermos que vingança, ódio, desespero, inveja ou ciúme são doenças claramente ajustáveis á patologia da mente, requisitando amor e não o revide...
Quando interpretarmos nossos irmãos delinquentes por enfermos da alma, solicitando segregação para tratamento e reeducação e não censura ou castigo...
Quando observarmos na caridade simples dever...
Quando nos aceitarmos na condição de espíritos em evolução, ainda portadores de múltiplas deficiências e que, por isso mesmo, o erro do próximo poderia ser debitado a  conta de nossas próprias fraquezas...
Quando percebermos que os nossos problemas e as nossas dores não são maiores que os de nossos vizinhos...
Quando nos certificarmos de que a fogueira do mal deve ser extinta na fonte permanente do bem...
Quando nos capacitarmos de que a prática incessante do serviço aos outros é o dissolvente infalível de todas as nossas mágoas...
Quando nos submetermos à lei do trabalho, dando de nós sem pensar em nós, no que tange a facilidades imediatas...
Quando abraçarmos a tarefa da paz, buscando apagar o incêndio da irritação ou da cólera com a bênção do socorro fraternal e abstendo-nos de usar o querosene da discórdia...
Quando, enfim, nos enlaçarmos, na experiência comum, na posição de filhos de Deus e irmãos autênticos uns dos outros, esquecendo as nossas faltas recíprocas e cooperando na oficina do auxílio mútuo, sem reclamações e sem queixas, a reconhecer que o mais forte é o apoio do mais fraco e que o mais culto é o amparo do companheiro menos culto, então, o egoísmo terá desaparecido da Terra, para que o Reino do Amor se estabeleça definitivo, em nossos corações.
 

(Obra: Paz e Renovação - Chico Xavier/André Luiz)

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

INSEGURANÇA


       Há momentos em que se imiscuem, no sentimento do combatente, emoções desconcertantes.
       Ressaibo do atavismo ancestral, que remanesce em contínuas investidas, logra vencer quantos lhe dão guarida, estimulados pela auto piedade e pela presunção.
       Porque se espalha a agressividade, tens a impressão de que lhe serás a próxima vítima.
       Diante das incertezas que decorrem da beligerância generalizada, absorves o vapor deletério que se expressa em forma de insegurança.
       Tem cuidado com esse tipo de fobia em relação ao presente, ao futuro, e aos que te cercam.
-o-
       Há os que se armam, pensando em reagir, quando agredidos.
       Outros se condicionam para a agressão em primeiro passo, como mecanismo de defesa.
       Diversos revestem-se de falsa condição de superioridade, evitando os contatos humanos que lhes parecem desagradar.
-o-
       Desarma-te desses vãos atavios.
       Ergue-te em pensamento a Deus e n’Ele confia.
       Somente acontece o que é necessário para o progresso do homem, exceto quando ele, irresponsavelmente, provoca situações e acontecimentos prejudiciais, por imprevidência e precipitação.
       Cultivando o otimismo e a paz, avançarás no teu dia-a-dia, vencendo o tempo e poupando-te aos estados de insegurança íntima, porque estás sob o comando de Deus.


(De “Episódios diários”, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis)

sábado, 1 de novembro de 2014

Semeadores de esperança


       Possivelmente não terás pensado ainda no verbo formoso e grave a que todos somos chamados: criar para o progresso.
       O Criador, ao dotar-nos de razão, a nós, criaturas, conferiu-nos o poder de imaginar, promover, originar, produzir.
       Referimo-nos, frequentemente, à lei de causa e efeito. Sabemos que ela funciona em termos de exatidão. Utilizamo-la, quase sempre, tão-só para justificar sofrimentos, esquecendo-lhe a possibilidade de estabelecer alegrias.
       Causamos isso ou aquilo, geramos acontecimentos determinados. Experimentemos essa força que nos é peculiar, na formação de circunstâncias favoráveis aos homens.
       Antes do comboio a vapor, a eletricidade já existia. Os transportes arrastavam-se pela tração, mas foi preciso que alguém desejasse criar na Terra a locomotiva, que se converteu a pouco e pouco no trem elétrico, a fim de que a Civilização aprimorasse os sistemas de condução que prosseguem para mais altas expressões evolutivas.
       O firmamento era vasculhado pelos olhos humanos há milênios, mas foi necessário que um astrônomo levantasse lentes, para que os povos recolhessem as preciosas informações do Universo, que já havia antes deles.
       O princípio é idêntico para a vida moral.
       Precisamos hoje e em toda parte dos criadores de harmonia doméstica e social, dos desenhistas de pensamentos certos, dos escultores de boas obras.
       O tempo nos ensinará a entender a necessidade básica de se criarem condições para o entendimento mútuo, como já se estabeleceram normas para o trânsito fácil do automóvel.
       Inventa em tua existência soluções de conforto, suscita motivos de paz, traça diretrizes de melhoria, faze o que ainda não foi aproveitado na realização da riqueza íntima de todos.
       Provavelmente, estamos na atualidade em estágio obscuro de lições, sob a situação imperiosa de ações passadas. Mas não nos será correto esquecer que somos Inteligências com raciocínio claro e que, se antigamente nos foi possível colocar em ação as causas que neste momento e neste local nos infelicitam, retemos conosco a sublime faculdade de idear, planejar e construir.
       Ajamos na construtividade de Jesus, sejamos semeadores de esperança.


André  Luiz/Médium Waldo  Vieira - (De “Estude e Viva”, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz)

terça-feira, 21 de outubro de 2014

NO APRIMORAMENTO


No aperfeiçoamento do corpo espiritual, além do primitivismo de certas almas que jazem, longo tempo, entorpecidas após a morte física, observamos, ainda, o quadro das mentes evolvidas intelectualmente, mas submersas nas densas vibrações decorrentes de compromissos escuros.
Não permanecem no regime da inércia, em sono larval; entretanto, agitam-se nos desvarios da loucura.
Criam imagens que vivem e se movimentam na intimidade delas próprias, por tempo indeterminado, cuja duração varia com a força do impulso de suas paixões.
Carregam consigo os dramas intensos de que se fizeram autoras.
Encarnada na Terra, a inteligência vive entre as provocações da esfera carnal e as sugestões silenciosas da mente. Quanto mais intelectualizada a criatura, mais profundamente respira no plano das ideias, influenciando e sendo influenciada.
Geralmente, porém, o homem desequilibra os próprios sentimentos, inclinando-se, em maior ou menor percentagem, para o afastamento das leis com as quais se deve nortear. Atravessa os caminhos humanos, ganhando pouco e quase sempre perdendo muito, dentro de si mesmo, obscurecendo-se nas pesadas sombras dos pensamentos inquietantes que produz para o consumo de suas necessidades mentais.
Assim é que a desencarnação não lhes modifica o campo íntimo.
Encasulada no círculo vibratório das criações que lhe dizem respeito, a alma sofre naturais inibições, ante a paisagem da vida gloriosa. Não possui ainda órgão de percepção para sintonizar-se com os espetáculos deslumbrantes da imensidade, encarcerada, qual se encontra, entre as paredes estranhas das concepções obscuras e estreitas em que se agita.
Como a lâmpada vive no seio das próprias irradiações, imitindo luz que é também matéria sutil, a alma permanece no seio das criações que lhe são peculiares, prendendo-se à paisagem em que prevaleçam as forças e desejos que lhe são afins, porque o pensamento é também substância rarefeita, matéria dentro de expressões inabordáveis até agora pelas investigações terrestres.
Podendo alimentar-se, por tempo indefinível, das emanações dos próprios desejos, entidades existem que estacionam, durante muitos anos, dentro dos quadros emocionais em que se comprazem, atrasando a marcha evolutiva, até que reencarnam na recapitulação das experiências em que faliram, retomando o serviço de purificação interior para a sublimação de si mesmas.
Desse modo, somos defrontados por dolorosos fenômenos congeniais.
Suicidas recomeçam a luta física, no círculo de moléstias ingratas, e criminosos reaparecem no berço, com deploráveis mutilações e defeitos; alcoólatras regressam à existência, em companhia de pais que se sintonizam com eles e grandes delinquentes reencetam a viagem do aprimoramento moral, na esfera de provas temíveis, quais sejam as de enfermidades indefiníveis e de aflições dificilmente remediáveis.
No extenso e abençoado viveiro de almas que é o mundo, pouco a pouco, de século a século e de milênio a milênio, usando variados corpos e diversas posições no campo das formas, nosso espírito constrói lentamente, para o próprio uso, o veículo acrisolado e divino, com que o Senhor nos reserva em plena imortalidade vitoriosa.


Pelo Espírito Emmanuel, Do Livro: Roteiro, Médium: Francisco Cândido Xavier.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Aprendamos com o Cristo.


       O homem identifica no corpo a lei da cooperação, sem a qual não permaneceria na Terra. Se o estômago não suportasse as extravagâncias da boca, se as mãos não obedecessem aos impulsos da mente, a harmonia física resultaria de todo impraticável.
       Indispensável cultivar a renúncia aos pequenos desejos, para conquistarmos a capacidade de sacrifício, que nos habilitará a sublimação em mais altos níveis.
       Recordemos que o supremo orientador das equipes de serviço cristão é Jesus. Dentro delas, a nossa oportunidade de algo fazer constitui só por si valioso prêmio.
       Esqueçamo-nos de todo o mal, para construirmos todo o bem ao nosso alcance.
       E, para que possamos assim agir, é imperioso suportar-nos como irmãos aprendendo com o Senhor, que nos tem tolerado infinitamente.



Emmanuel / Médium Chico Xavier\Livro: Fonte Viva - Ed. FEB

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

LAÇO DE LUZ


As provas na Terra apresentam sempre o lado de luz de que são mensageiras.
Entretanto, para observá-lo, urge reconhecer os sinônimos espirituais de que essas mesmas provas se revestem, como sejam:


encargo difícil - privilégio;
dever cumprido - senda libertadora;
rotina - conquista de competência;
solidão - tempo de pensar;
contratempo - aviso benéfico;
contrariedades no cotidiano - treino de paciência;
tribulação de improviso - socorro específico;
moléstia súbita - apoio de emergência;
lesão congênita - corrigenda no espírito;
adversários - fiscais proveitosos;
crítica - apelo a burilamento;
censura - convite a reajuste;
ofensa - invocação à tolerância;
menosprezo - teste de amor;
tentação - curso de resistência;
fracasso - necessidade de revisão;
lar em discórdia - área de resgate;
parente complexo - dívida em cobrança;
obstáculo social - ensino de humildade;
deserção de afetos - renovação compulsória;
golpes - aulas para discernimento;
desilusão - visita da verdade;
prejuízo - identificação de pessoas;
decepções - informes claros;
renúncia - rumo certo
crise - aferição de valor;
sacrifício - crescimento espiritual;


Meditemos na significação oculta dos problemas com que somos defrontados no mundo e saibamos aproveitar, enquanto no Plano Físico, a nossa abençoada escola de elevação.



Obra: Buscas e Acharás - Chico Xavier/Emmanuel - APRENDAMOS COM JESUS

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

INDIFERENTES


       A indiferença é morte da ação que induz a criatura ao progresso. É ausência de ideal vitalizador.
       O indiferente padece de doença que o domina a pouco e pouco, ameaça-lhe o equilíbrio e anula as movimentações que o capacitam para a luta.
       São pessoas que não ouvem nem querem ver. Não alcançaram metas e sentem-se burladas.
       Refugiam-se na indiferença antes de tentarem mais uma vez. E, porque perderam a fé, negam-se a confiar em alguém.
       Nas atividades espirituais, são em número surpreendente. Não reagem a favor nem contra.
       Não te aflijas pela atitude delas. Reencontrarão, mais tarde, o caminho que devem percorrer.
       Não deixes de produzir e com entusiasmo, no teu campo de ação, quando as defrontares.
       Não foram apenas os que odiavam e temiam a soberana força do amor de Jesus que O levaram à morte. Foram também os indiferentes.
       Apesar deles, o Senhor escreveu, com sacrifício pessoal, a página mais comovedora e estoica de todos os tempos e que até hoje atrai mentes e corações para Sua doutrina.

      


Joanna de Ângelis / Médium Divaldo Franco - Livro: Oferenda - Ed. LEAL

domingo, 21 de setembro de 2014

BAGATELAS

       O século é fruto dos dias.

       O rio nasce da fonte oculta.

       A árvore procede do embrião.

       A linha é uma cessão de pontos minúsculos.

       A jornada de cem léguas origina-se de um passo.

       O discurso mais nobre principia numa palavra.

       O livro inicia-se com uma letra.

       A mais bela sinfonia começa numa nota.

       A seda mais delicada é uma congregação de fios.

       De bagatelas é constituída a hora do homem.

       Todavia, sem que venhamos a executar os pequeninos deveres, quais se fossem grandes, jamais alcançaremos as grandes realizações com a simplicidade que nos deve assinalar o caminho.

            


André Luiz / Médium Chico Xavier - Livro: Doutrina e Aplicação - Ed. CEU

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A FACE OCULTA

Tema – Necessidade da compaixão em qualquer julgamento



      Viste o malfeitor que a opinião pública apedrejava e anotaste os comentários ferinos de muita gente... Ele terá sido mostrado nas colunas da imprensa por celerado invulgar de que o mundo abomina a presença;  entretanto, alguém lhe estudou a face esquecida de sofredor e observou que ninguém, até hoje, lhe ofertou na existência o mínimo ensejo de ser amado, a fim de acordar para o serviço do bem.          
         Soubeste que certa mulher caiu em desequilíbrio, diante de círculos sociais que fizeram pesar sobre ela a própria condenação... Alguém, todavia, lhe enxergou a face oculta e leu nela, inscrita a fogo de aflição, a história das lutas terríveis que a acusada sustentou com a necessidade, sem que ninguém lhe estendesse mãos amigas, nas longas noites de tentação.          
         Percebeste a diferença do companheiro que se afastou do trabalho de burilamento moral em que persistes, censurado por muitos irmãos inadvertidamente aliados a todos os críticos que o situam entre os tipos mais baixos de covardia... Alguém, contudo, analisou-lhe a face ignorada, mil vezes batida pelas pancadas da ingratidão, e verificou que ninguém apareceu nos dias de angústia para lenir-lhe o coração, ilhado no desespero.          
      Tiveste notícia do viciado, socorrido pela polícia, e escutastes os conceitos irônicos daqueles que o abandonaram à própria sorte... No entanto, alguém lhe examinou a face desconhecida de criatura a quem se negou a bênção do trabalho ou do afeto e reconheceu que ninguém o ajudou a libertar-se da revolta e da obsessão.

        Quando estiveres identificando as chagas do próximo, recorda que alguém está marcando as causas que as produziram.       

         Esse alguém é o Senhor que vê o que não vemos.       

         Onde o mal se destaque, faze o bem que puderes.       

         Onde o ódio se agite, menciona o amor.       

    Em toda parte, e acima de tudo, pensemos sempre na infinita misericórdia de Deus, que reserva apenas um Sol para garantir a face clara da Terra, durante as horas de luz, em louvor do dia, mas acende milhares de sóis, em forma de estrelas, para guardar a face obscura do Planeta, durante as horas de sombra, em auxílio da noite, para que ela jamais se renda, ao poder das trevas. 




Livro: Encontro Marcado / Emmanuel / Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

NÃO BASTA COMPREENDER A DOUTRINA; É PRECISO, SOBRETUDO, ASSIMILÁ-LA



Não basta aceitar os princípios renovadores da Doutrina dos Espíritos. É preciso vivê-los. Todas as doutrinas são sistemas lógicos, acessíveis à compreensão intelectual. Desse ponto de vista, o Espiritismo pode ser compreendido por qualquer pessoa curiosa e de capacidade mental comum. Trata-se de uma doutrina clara, baseada em princípios de fácil assimilação, embora por baixo dessa simplicidade existam problemas complexos, de ordem científica e filosófica. É tão fácil compreendê-lo, desde que se estude criteriosamente as suas obras básicas.
A simples compreensão de uma doutrina, porém, não implica a sua vivência. Além de compreendê-la, temos de senti-la. Somente quando compreendemos e sentimos o Espiritismo, quando o incorporamos à nossa personalidade, quando o assimilamos profundamente em nosso ser, é que podemos vivê-lo. Daí a razão de Allan Kardec ter afirmado a existência de vários tipos de espíritas, concluindo que “o verdadeiro espírita se conhece pela sua transformação moral”. Espiritismo compreendido e vivido transforma moralmente o homem.
Viver o Espiritismo, entretanto, não é viver no meio espírita, fazendo ou freqüentando sessões, lendo obras doutrinárias ou ouvindo conferências. Pode fazer-se tudo isso, e ainda mais, - pode-se até mesmo gastar muito dinheiro e tempo em obras de assistência social, - atendendo apenas à compreensão intelectual da doutrina, sem vivê-la. Porque viver o Espiritismo é pautar todas as ações pelos princípios doutrinários. É moldar a conduta pela doutrina. É agir, em todas as ocasiões, como o verdadeiro espírita de que fala Allan Kardec.
Ainda neste ponto, porém, é necessário lembrar que não basta a conduta externa. Não basta a aparência. Nada mais avesso, aliás, às aparências, do que o Espiritismo. Anti-formal por excelência, contrário aos convencionalismos sociais e religiosos, o Espiritismo, como dizia Kardec: “é uma questão de fundo e não de forma”. Por isso mesmo, não podemos vivê-lo de maneira externa. Antes da conduta exterior, temos de reformar a nossa conduta interna, modificar nossos hábitos mentais e verbais. Pensar, falar e agir de acordo com os princípios renovadores da moral espírita, que é a própria moral evangélica, racionalmente esclarecida pela Doutrina do Consolador.
Surge ainda uma dificuldade, que devemos tentar esclarecer. Chegados a este ponto, muita gente nos perguntará, como sempre acontece, quando falamos a respeito: “O espírita deve então sujeitar-se rigidamente a um molde doutrinário?” Não, pois se assim fizesse estaria impedindo o seu livre desenvolvimento moral. Quando falamos em “moldar a conduta”, fazêmo-lo num sentido de orientação, nunca de esquematização. O espírita deve ser livre, pois, como acentuava o apóstolo Paulo “onde não há liberdade não está o Espírito do Senhor”. Só a liberdade dá responsabilidade, e só a responsabilidade produz a verdadeira moral.
Ao procurar viver o Espiritismo, devemos portanto evitar as atitudes formais que conduzem ao artificialismo, e conseqüentemente à mentira e à hipocrisia. Como se vê, esse é o caminho contrário ao da Doutrina dos Espíritos, é o caminho tortuoso da Doutrina dos Homens, no plano mundano. Devemos ser naturais. E como modificar a nossa natureza inferior, sendo naturais? Primeiro, compreendendo que temos essa natureza inferior e precisamos modificá-la, o que fazemos pela compreensão da doutrina; depois, sentindo a necessidade de modificá-la, o que fazemos pela assimilação emocional da doutrina. Nossa transformação moral deve começar de dentro, e não de fora. Dos pensamentos e sentimentos, e não das atitudes exteriores. Deve ser uma transformação para Deus ver, não para os homens verem.
A falta de compreensão desse problema leva muitos espíritas a posições incômodas dentro da doutrina, e o que é pior, a posições comprometedoras para o movimento doutrinário. E leva também a lamentáveis confusões, principalmente no tocante ao problema religioso. Quando compreendemos, porém, que o Espiritismo não é somente um sistema doutrinário para assimilação intelectual, mas que é sobretudo, vida, norma de vida, e principalmente, seiva renovadora da vida humana na terra, então compreendemos que não é possível separar-se, dos seus aspectos científicos e filosóficos, o seu poderoso aspecto religioso. Lembremos ainda o que dizia Kardec, ou seja, que o Espiritismo é forte justamente por afirmar e esclarecer as mesmas verdades fundamentais da religião.
Autor: J. Herculano Pires

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

NÃO VIOLENTES


A violência é sempre o mal em ação, ainda mesmo quando pareça construir um atalho para o bem.
A propósito de auxiliar não violentes a ninguém. Usa a energia bondosa.
Não pedirás ao botão entreaberto o prodígio da rosa que só amanhã desabrochará plena de cor e perfume.
O tempo é condição inalienável para todas as realizações.
Aprende a respeitar o próximo na insipiência de cultura ou de aperfeiçoamento, nos defeitos ou nas falhas com que ainda se te apresente aos olhos, se desejas realmente cooperar na extensão do bem.
Se contas com mais amplas oportunidades de fazer, estudar, compreender e prosperar, não olvides que a superioridade significa dever de servir.
Recorda que Jesus jamais nos violentou.
Esquece o fel da reprovação, usa a paciência e a bondade, as duas chaves do amor que nos descerrarão nova luz na Vida Maior.
     


Emmanuel / Médium Chico Xavier - Livro: Assim Vencerás - Ed. IDEAL

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

MEU AMIGO CLETO

Meu Amigo Cleto Cardozo, amigo, filho, marido, pai, terminou nesta vida como um Herói… Hoje com carinho, oro por ti…
Deus Todo-Poderoso, que a vossa misericórdia se estenda sobre a alma de Cleto Cardozo, meu amigo, que vindes de chamar para vós. Possam as provas que ele suportou na Terra lhe serem contadas, e as nossas preces abrandar e abreviar as penas que pode ainda experimentar como Espírito!
Bons Espíritos, que viestes recebê-lo, e vós sobretudo seu anjo guardião, assisti-o para ajudá-lo a se despojar da matéria; dai-lhe a luz e a consciência de si mesmo, a fim de tirá-lo da perturbação que acompanha a passagem da vida corporal para a vida espiritual. Inspirai-lhe o arrependimento das faltas que pôde cometer, e o desejo que lhe seja permitido repará-las para apressar o seu adiantamento para a vida eterna feliz.
Cleto Cardozo, vindes de reentrar no mundo dos Espíritos, e entretanto estais aqui presente entre nós; vede-nos e nos ouvis, porque não há de menos entre nós e vós senão o corpo perecível que vindes de deixar e que logo será reduzido a pó.
Deixastes o grosseiro envoltório sujeito às vicissitudes e à morte, e não conservastes senão o envoltório etéreo, imperecível e inacessível aos sofrimentos. Se não viveis mais pelo corpo, viveis da vida dos Espíritos, e essa vida é isenta das misérias que afligem a Humanidade.
Não tendes mais o véu que oculta aos nossos olhos os esplendores da vida futura; podeis, de hoje em diante, contemplar novas maravilhas, ao passo que nós estamos ainda mergulhados nas trevas.
Ides percorrer o espaço e visitar os mundos em inteira liberdade, ao passo que nós rastejamos penosamente sobre a Terra, onde nos retém nosso corpo material, semelhante para nós a um pesado fardo.
O horizonte do infinito vai se desenrolar diante de vós, e, em presença de tanta grandeza, compreendereis a vaidade dos nossos desejos terrestres, das nossas ambições mundanas e das alegrias fúteis das quais os homens fazem as suas delícias.
A morte não é, entre os homens, senão uma separação material de alguns instantes. Do lugar de exílio, onde nos retém ainda a vontade de Deus, assim como os deveres que temos a cumprir neste mundo, nós vos seguiremos pelo pensamento até o momento em que nos será permitido nos reunirmos a vós, como estais reunido com aqueles que vos precederam.
Se não podemos ir perto de vós, podeis vir perto de nós. Vinde, pois, entre aqueles que vos amam e que amastes; sustentai-os nas provas da vida; velai sobre aqueles que vos são caros; protegei-os segundo o vosso poder, e abrandai seus pesares pelo pensamento de que estais mais feliz agora, e a consoladora certeza de estarem um dia reunidos a vós num mundo melhor.
No mundo em que estais, todos os ressentimentos terrestres devem se extinguir. Para vossa felicidade futura, de hoje em diante, que possais a eles ser inacessível.
Perdoai, pois, àqueles que procederam mal para convosco, como vos perdoam os que podeis ter procedido mal para com eles.

Hoje e sempre meu amigo, estejas onde estiveres que estejas Bem!

domingo, 10 de agosto de 2014

CONHECENDO O VELHO PAI


Filho, acorda! São oito horas! Você vai se atrasar!
 
De um salto, o rapaz se levantou. Contudo, logo se deu conta que era seu primeiro dia de férias.
 
Atrasar para quê, mãe?
 
Para pescar com seu pai.
 
O jovem perdeu todo o entusiasmo. Sim, ele prometera, quando estivesse em férias, pescar com seu pai. Mas, tinha que ser logo no primeiro dia de férias?
 
Enfim, ele foi, mesmo a contragosto.
 
Sentado ao lado do pai, que dirigia, cantando, ele pensava em como seu pai estava ficando velho e meio lelé.
 
Ficava cantando músicas antigas, ria, conversava e conversava.
 
Finalmente, chegaram. Quer dizer, o carro estacionou, mas o pai disse que ali não era local apropriado para pesca. Só dava peixe pequeno.
 
Andaram durante duas horas, no meio de mata densa, até chegar ao pesqueiro secreto do pai.
 
Claro que é secreto, falou o rapaz, incomodado. Ninguém, a não ser você vem aqui. Nem os peixes.
 
Isso é o que você pensa! - Falou o pai. Aqui é que se reúnem as maiores tilápias da represa.
 
E, disposto, colocou botas altas, calças impermeáveis e entrou na água para cortar o mato que tomava conta quase total do lago.
 
Tudo aquilo estava parecendo muito doido ao filho. Que graça podia ter tudo aquilo?
 
Quando o pai preparou a vara e jogou o anzol, ele não aguentou e falou:
 
Pai, estou preocupado com você. Essa maluquice de vir até este fim de mundo para pescar tilápias. E a mamãe falou que você nunca volta com peixe. Já pensou em procurar um psicólogo?
 
Estou ótimo, falou o pai. O Freitas, que vem sempre aqui comigo, é psicólogo. O Tavares é psiquiatra.
 
Nesse momento, ele sentiu a fisgada no anzol, puxou a linha e lá estava ela: uma grande tilápia.
 
O rapaz estava surpreso.
 
Pai, você já pescou peixe grande assim, antes?
 
Sempre, meu filho.
 
Mas eu nunca vi você levar para casa nenhum.
 
Eu vou mostrar por que, falou o pai.
 
E fotografou o filho segurando o peixe. Depois, pegou a tilápia e a devolveu à água.
 
Eu pesco por prazer, não para encher a barriga.
 
Aquilo sim era legal, pensou o filho. O resto do dia passou pescando com o pai. E devolvendo às águas o que pescava, depois de fotografar.
 
Vá procurar o seu irmão, dizia, soltando o peixe.
 
Ao final do dia, no retorno ao lar, confessou que fazia tempo que não se divertia tanto. Aquilo sim, era radical.
 
À noite, enquanto se preparava para dormir, pensou que seu pai não tinha nada de louco ou de desequilibrado.
 
Seu pai sabia viver. Seu pai era um gênio. E ele descobrira naquele dia.
 
* * *
 
Você já se dispôs a passar um dia inteiro ao lado de seu velho pai, bebendo da sua sabedoria?
 
Já tentou puxar conversa dos tempos em que ele passava brilhantina no cabelo para ir namorar sua mãe?
 
Você já pensou que seu pai também foi moleque, adolescente, rapaz? Que teve sonhos?
 
Olhe seu velho com esses olhos de quem valoriza a experiência, os anos da madureza, as lutas que lhe nevaram os cabelos.
 
E, sem receio, abrace seu velho, agradeça por todos os dias de alegria que ele lhe proporcionou.
 
Faça isso. Mesmo que seja pela primeira vez. Hoje, enquanto é tempo e ele está ao seu lado.
 
Redação do Momento Espírita com base na história Meu pai... o rei do peixe, de Maurício de Sousa, da Revista Cebolinha, nº. 224.