terça-feira, 29 de junho de 2010

A paz no mundo virá dos lares

A natureza respirava perfumes suaves, carreados nos braços dos ventos brandos.
Pairavam nas mentes e nos corações ansiedades feitas de alegrias e expectativas.
João, o discípulo amado, acercou-se de Jesus e, com serenidade, interrogou:
Quando dizemos que Deus é nosso Pai Amantíssimo, porque é o Criador de todas as coisas, devemos entender que todos somos irmãos, mesmo em relação àqueles que se afastam de nós e nos detestam?
Sem dúvida, João. – confirmou o Amigo – Os maus e indiferentes, os perversos e odiosos também são nossos irmãos, pois que, se fora ao contrário, concordaríamos que existiria outro Genitor Divino.
Pertencemos todos à família universal, ligados, uns aos outros, pela mesma energia que a tudo deu origem.
A fim de que o amor se estabeleça entre as criaturas de conduta e de sentimentos tão difíceis, o Excelso Pai fez o ser humano também co-criador.
Assim contribui com ele para o crescimento de cada um, através da união conjugal, da qual surge a família consanguínea, que é a precursora da universal.
Graças à união dos indivíduos pelo sangue, surgem as oportunidades da convivência saudável, mediante o exercício da tolerância e da fraternidade.
Tal exercício é treinamento para a compreensão dos comportamentos tão diversos que serão enfrentados nos relacionamentos fora do lar.


*   *   *


Jesus deixa muito clara a importância da instituição familiar no mundo.
Mostrando apenas uma de suas mil nuances abençoadas, o Mestre reforça a dedicação que devemos aplicar no lar.
Somos co-criadores e tal deferência nos deve fazer sentir honrados e felizes.
Não criamos almas, mas contribuímos para a criação dos novos corpos que recebem, diariamente, Espíritos que ainda precisam voltar à carne.
Assim, dos laços de sangue, pela íntima relação que proporcionam, nascem novos amores ou se fortalecem antigos.
Dos laços de sangue nasce a oportunidade do reajuste, do perdão, da aceitação.
Dos laços de sangue surge uma nova história, o renascer da água e do Espírito, a chance de refazer os caminhos.
Desta forma, precisamos estar atentos à família que nos abraça.
Estão ali, muito claros para nós, os maiores objetivos que nos trazem a mais uma encarnação na Terra.
Estão ali, nas diferenças e afinidades que nos unem, as provas benditas que nos farão melhores hoje do que fomos ontem.
Estão ali, no coração do pai, da mãe, dos irmãos e dos filhos, as sementes da nova era de paz que se estabelece gradualmente no globo terrestre.
A paz no mundo virá dos lares. A paz no mundo virá do amor dos pais aos filhos.
Virá da tolerância e do respeito dos filhos em relação a seus pais. Virá da amizade entre os irmãos.
A paz no mundo reinará quando houver amor completo nas famílias.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 14

do livro A mensagem do Amor Imortal, pelo Espírito

Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

Onde está o inimigo?

Lemos, dia desses, interessante artigo de um antropólogo. Intitulava-se: O inimigo está lá fora!
A abordagem girava em torno da competitividade nas empresas. E alertava a respeito da inexistência da união entre os funcionários.
Em vez de se unirem a fim de planejarem estratégias de mercado, conquista de novos segmentos, crescimento conjunto, um departamento envidava esforços para mostrar as falhas do outro setor.
Em vez de estarem a planejar estratégias para melhorar a performance da empresa, os funcionários concentravam toda sua energia em coletar dados, elaborar planilhas, gráficos e estatísticas para derrotar o colega de trabalho.
Ninguém estava se preocupando senão consigo próprio, em aparecer, em mostrar a sua eficiência e as falhas alheias.
O tempo, que deveria ser empregado para o melhor atendimento ao cliente, à melhoria da qualidade, era desperdiçado com a fofoca, preparar armadilhas e dificultar o trabalho do colega.
Em vez da preocupação em criar um ambiente sadio e produtivo, uma convivência amistosa, existia o preparo de planos para destruir o companheiro.
Naturalmente, uma empresa com tais funcionários vai mal. Tem problemas sérios em relação a seus clientes, à qualidade, à logística, à distribuição em todas as áreas.
Enquanto a empresa vai apresentando desempenho negativo, comprometendo empregos, cargos, funções, salários, os colaboradores se ocupam em combater seus pares.
Procuram erros nos outros em vez de corrigir os próprios equívocos.
O artigo finalizava aconselhando ser imprescindível acabar com as brigas internas, pois elas são contagiosas e atingem a todos.
Lembrava, por fim, que o pretenso inimigo não está dentro da empresa. O adversário é o concorrente. E há que se ter união para vencer em qualidade e crescer.

*   *   *

Embora a temática objetive o lucro, o crescimento material, no caso em tela, de imediato nos recordamos das palavras do Celeste Amigo: a casa dividida não subsistirá.
Jesus, o Mestre dos mestres, estabeleceu linhas de ação para a felicidade do ser humano.
Elas são válidas para a vida, em todas as suas nuances. Também para as questões do progresso e bem-estar do indivíduo e da coletividade.
Excelentes em todos os tempos, quem siga as regras do Nazareno alcançará paz íntima, serenidade nas dificuldades e felicidade.
Será um promotor da tranquilidade onde se encontre. Como profissional, um colaborador eficiente, com preocupação em realizar o melhor sempre.
Aquele que prioriza o bom atendimento, a gentileza, o coleguismo. Pronto a auxiliar a chefia, subalternos ou iguais, sem preocupação em sobrepujar a ninguém.
No lar é o que serve, se preocupa com o outro, na tentativa ideal do exercício do amor ágape.
Na sociedade, é o que age a bem de todos, consciente de que ninguém pode viver sozinho.
E que todos compomos, neste lar chamado Terra, uma única família que deve se unir sob os laços do amor.

Redação do Momento Espírita, com base em artigo intitulado O inimigo está lá fora, de Luiz Marins, publicada na revista Voe trip,  ano 22, de abril de 2010 e no site www.marins.com.br e com citação do versículo 25, do cap. 12 do Evangelho de Mateus.

domingo, 27 de junho de 2010

Doe palavras

A tecnologia dos tempos atuais presenteia-nos, por vezes, com oportunidades inigualáveis.
Você já pensou em doar palavras de consolo, de amizade, de incentivo?
Pois é, hoje isso já é possível – doar palavras.
Um hospital brasileiro, especializado no tratamento a pacientes com câncer, lançou uma campanha inspiradora. Chama-se: Doe palavras.
Qualquer um de nós acessa o site da instituição e lá encontra o convite: enviar palavras de fraternidade aos pacientes atendidos pelo hospital.
Digita-se uma mensagem curta e, dentro de algum tempo, essas palavras chegam ao ambiente de tratamento, através de televisores espalhados por todo hospital.
As mensagens aparecem sempre com assinatura, assim, os pacientes podem saber quem as endereçou e quando o fez.
As frases são belíssimas, inspiradas, amorosas, mostrando uma face de nosso povo que, por vezes, permanece desconhecida – a face da fraternidade.
Eis alguns exemplos:
Muita fé, esperança e coragem. Amanhã será melhor do que hoje. Um beijo para cada um de vocês! Enviada por Victoria.
Esteja em paz com você mesmo. Esse é o único caminho da vida. Acredite, ame e fique em paz, tudo vai melhorar. Enviada por Alexandre.
A maior fortaleza do homem é resistir aos impactos da vida. Levantar a cabeça e seguir em frente sem ressentimentos. Enviada por Felipe.
Recebam uma vibração calorosa em seu coração. Tenham uma boa noite! Enviada por José.
Uma após outra vão surgindo nas telas de projeção do centro médico, mostrando que as pessoas ainda se importam umas com as outras.
Milhares de quilômetros de distância desaparecem.
Alguém do outro lado do mundo poderá acessar, escrever, e dizer: Eu me importo com você. Ou ainda: Eu sei o que você está passando, pois já passei por isso. Força, amigo!
Os pessimistas de plantão poderão dizer que a tecnologia está nos afastando uns dos outros, mas esta é uma das muitas provas do contrário.
Se a vontade e o coração desejarem, a tecnologia opera milagres no bem.
É exatamente isso que o projeto: doepalavras.com.br busca alcançar.
Segundo eles mesmos explicam, esse é o objetivo do projeto: usar a inteligência coletiva para gerar um grande fluxo de mensagens do bem, e levar toda essa força para dentro do hospital.
Vale a pena participar. Vale a pena criar movimentos que aproximem as pessoas.
É tempo do bem mostrar a sua força.

 

*   *   *

O Espírito Emmanuel, através da psicografia do inesquecível Chico amor Xavier, afirma:
Nem todos conseguimos subordinar as palavras aos princípios gramaticais, a fim de articular uma alocução irrepreensível do ponto de vista idiomático, ao redor de assunto determinado.
Todavia, a possibilidade de pronunciar essa ou aquela frase de consolo e esperança, a benefício dos companheiros que estão suportando sofrimentos e provações maiores do que as nossas, não exclui ninguém.

Redação do Momento Espírita com trecho da obra Caminho iluminado, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Céu e informações colhidas no site www.doepalavras.com.br.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

«O MUNDO ESTÁ PERDIDO»

Nos dias atuais, devido aos acontecimentos infelizes que assolam o planeta, é muito comum ouvir as pessoas dizerem:
“O mundo está perdido!”
Um olhar superficial pode, de fato, causar essa impressão.
Mas o mundo não está perdido. O mundo está na mais perfeita harmonia. O sol cumpre sistematicamente o seu papel, sem alarde.
A Terra oferece todos os recursos da sua intimidade que possibilitam a vida das criaturas, em constante harmonia.
As sementes germinam, a floração acontece, os rios seguem seus cursos e os animais atendem os objetivos que o Criador estabeleceu, com equilíbrio harmônico.
Portanto, o mundo não está perdido. O homem é que está perdido.
O homem é que se esquece da sua condição de filho de Deus e se debate na busca de ilusões que mais o distanciam da felicidade almejada.
Esquecido da sua condição de filho da luz, o ser humano se atormenta nas trevas, e acaba se precipitando nos despenhadeiros dos mais variados vícios.
O mundo não está perdido...
Nós é que perdemos o rumo...
A Terra faz seus movimentos de rotação e translação, obedecendo as leis do Criador.
Os astros giram no espaço infinito, dentro da mais perfeita sintonia com o pensamento Criador.
O Sol dardeja ouro sobre a terra, tornando possível a vida.
A chuva generosa cumpre seu papel...
O mundo não está perdido, nós é que estamos com a visão nublada e distorcida.
A nossa miopia moral nos faz perder a fé no Criador...
E as manhãs que se renovam sempre e sempre, como dádivas de Deus para o nosso crescimento, escorrem ligeiras pelas nossas mãos...
Os minutos preciosos que se repetem, incansáveis, são desvalorizados a ponto de servir apenas para a construção da nossa própria desdita...
Olhamos o mundo através das nossas lentes embaçadas pelo pessimismo e dizemos, alarmados:
“O mundo está perdido”.
Se encontramos uma rosa no caminho, logo perguntamos:
“E o estrume, onde está o estrume?”
Mas aqueles que têm os olhos lubrificados pela fé racional, dilatam o seu campo de visão e contemplam o equilíbrio do mundo.
Seus passos são ligeiros e decididos, pois a confiança em Deus os sustenta com o otimismo.
Se na caminhada encontram estrume, logo perguntam:
“E a rosa, onde está a rosa?”
São pessoas assim que mudam o ambiente terrestre. Que fazem luz onde as sombras teimam em sobressair.
Sua confiança no Criador do universo é, de tal forma, grandiosa, que jamais se deixam cair nas malhas do amolentamento ou do desânimo.
São pessoas que não reclamam do mundo, mas fazem do mundo, a cada dia, um mundo melhor.
Por isso, o mundo não está perdido...
O ser humano é que se perdeu por se distanciar do seu Criador...
Por se sentir o senhor do mundo...
Por relegar a segundo plano os valores morais...
Por se obstinar em construir sua felicidade pisando sobre as costas do próximo...
Quando o homem abrir os olhos, sair da casca do egoísmo e retirar a capa do orgulho, verá que o mundo tem um colorido diferente...
Enxergará as belezas naturais com que o Criador enfeitou a terra e se deslumbrará diante do perfeito equilíbrio que impera em todo o Universo.


Pense nisso!
No reino da natureza, o ser humano é o único dotado de razão.
É o único ser capaz de questionar e entender o seu Criador.
E você, como ser humano, é o único capaz de enxergar algo além das aparências.
Não se deixe levar pelo pessimismo. Corrija o ângulo da sua visão, lubrifique-a com o óleo da fé em Deus e faça a sua parte para que o seu mundo íntimo possa ser a cada dia melhor.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, inspirado em palestra proferida por Raul Teixeira, na fábrica Ypê, no dia 20/02/2004.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

AS MÃOS


Naquela manhã o jovem professor chegou à escola um tanto cabisbaixo.

Problemas se somavam e pesavam sobre sua sensibilidade de jovem idealista.

Estava difícil suportar. Foi então que, durante uma reunião de trabalho ele não pode controlar as lágrimas que lhe escorreram pelo rosto, em abundância.

Uma amiga, que o observava, em silêncio, estendeu as mãos e segurou as dele, num gesto de ternura.

Foi uma atitude simples, mas significou muito para aquele jovem, pois ele sabia que a amiga tinha uma vida super atarefada; muitas atividades e preocupações, filhos, marido, empresa, mas, mesmo assim, tinha tempo para dedicar ao amigo, para estender-lhe as mãos.

Aquele gesto simples levou o jovem a escrever sobre a importância das mãos. O texto diz mais ou menos assim:

As mãos podem muitas coisas: oferecer apoio no momento certo, estender-se para consolar, segurar firme para amparar.

Mas o que mais podem as mãos?

As mãos saúdam, as mãos sinalizam. As mãos envolvem, dão carinho.

As mãos estabelecem limites. Escrevem. Abençoam.

As mãos desenham no ar o “adeus”, o “até logo”.

As mãos agasalham. Curam feridas.

Para o mudo a mão é o verbo. Para o idoso é a segurança.

Para o irascível a mão erguida é ameaça. Para o pedinte a mão estendida é súplica.

Para quem ama, a mão silenciosa, que acolhe a do ser amado, é felicidade.

Para quem chora, a mão alheia é conforto.

Há mãos que agarram, perturbadas. Há mãos que tocam, suaves. Há mãos que ferem. Há mãos que acariciam. Há mãos que amaldiçoam.

Há mãos que abençoam. Há mãos que destroem. Há mãos que edificam, trabalham, realizam. Jacó estendeu as mãos para abençoar Efraim e Manassés.

Moisés estendeu as mãos para transmitir a Josué a autoridade para conduzir o povo de Israel, em seu lugar.

Jesus impôs as mãos sobre as crianças para abençoá-las. Também  impôs  as  mãos  para  curar  a  filha  de Jairo, o surdo-mudo, o cego de Betsaida, e tantos outros.

Há pessoas que transmitem energias, através da imposição de mãos, entregando-se a essa tarefa tão bela de amor.

As mãos de Chico Xavier, amparavam o pobre, o sofredor, o desesperançado.

Mãos luminosas das psicografias que traziam dos altiplanos mensagens edificantes da mais sublime beleza, que confortam, enlevam, esclarecem.

Mãos benditas desse arauto da boa nova, que não se cansavam de consolar a todos aqueles que as procurassem.

Nossas mãos podem exteriorizar o amor, construindo templos, hospitais e escolas; fabricando vacinas e equipamentos médicos; alimentando famintos, medicando enfermos...

Podem concretizar a paz social assinando tratados de armistício, escrevendo livros, guiando carros, pilotando aviões, varrendo ruas, tocando instrumentos musicais, pintando telas, esculpindo, construindo móveis, prestando serviços...

Podem manifestar fraternidade, ao lembrarmos da essencialidade do humano, da sensibilidade, da empatia,  estendendo-as a um irmão que, num dia difícil, põe-se a chorar.  

Pense nisso!

Suas mãos são abençoadas ferramentas para construção de um mundo melhor.

Use-as sempre para edificar, elevar, dignificar, apoiar, acenar com a esperança de melhores dias...

 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap. 9 do livro: Cartas à mocidade espírita, de Cristian Macedo

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domingo, 13 de junho de 2010

A LIÇÃO DA NATUREZA

 

Toda vez que nossos olhos contemplam o espetáculo do nascer e do pôr-do-sol, não podemos deixar de reconhecer a grandiosidade do Criador.

Cada vez que mergulhamos a mente no estudo da biologia, descobrindo a perfeição da maquinaria humana, seu intrincado de artérias, veias, vasos, neurônios, tudo tão harmonicamente a trabalhar, rendemo-nos ao extraordinário ser que se esmerou na sua elaboração.

Sempre que ouvimos a balada dos ventos nas tardes frias, o ulular cantante na pradaria, o farfalhar das folhas de outono, recordamo-nos que o grande idealizador se chama Deus.

E quando as águas descem dos morros cantando segredos que recolhem por onde passam e se arrojam das alturas ao solo, alimentando lagos, engrossando rios, formando cascatas, lembramo-nos de que o maestro excelso paira acima dos homens.

Quando a tempestade ruge, a tormenta grita, e a natureza parece enlouquecida, pensamos que Deus está um pouco desatento, em leve cochilo.

Deus não se repete, não se cansa de criar, e a cada momento que o homem aprofunda suas lentes para o interior da terra, o seio dos mares, vai se dando conta de que o pai desceu a detalhes muito pequenos para que nós, seus filhos, nos sentíssemos felizes neste planeta.

Mas como todo pai, ele também providenciou para que aprendêssemos uns com os outros, a fim de crescer com maior rapidez.

E a natureza é uma mestra exemplar. Sua lição de serviço desinteressado, paciência, perseverança, se faz presente todos os dias.

As flores oferecem perfume e colorido, as árvores ofertam sombra, calor e vida. Serviço desinteressado.

A semente adormece no seio da terra e ao se espreguiçar, na época devida, estende brotos, que se tornarão alimento. Paciência e perseverança.

Para quem tem olhos de ver, até os pássaros ensinam. Conta John Leax que nos dias de inverno ele colocava no comedouro, em seu jardim, sementes, no intuito de que os pássaros ali se alimentassem.

Um dia, ele observou que um cardeal de penas desbotadas pelo gelo e pelo frio, pousou e se curvou sobre o comedouro. Mas não bicou nenhuma semente.

Através de seu binóculo, John pode observar que o pássaro tinha seu bico machucado, quebrado bem na raiz.

Logo mais, dois outros cardeais pousaram ao seu lado. Um de cor viva e outro cinza.

Sem pressa alguma, como se possuíssem a paciência infindável de Deus, eles trituraram sementes de girassol e, encostando bico no bico, alimentaram a ave faminta.

Nos dias seguintes, e durante o inverno inteiro, todas as manhãs e todas as tardes, o trio chegou no comedouro, repetindo o processo.

Era como um encontro marcado e um compromisso assumido. Uma lição de disciplina e de desprendimento.

* * *

Exercita-te no amor à natureza, que esplende em sol, ar água, árvore, frutos, animais e homens.

Deixa-te enternecer pelos convites silenciosos que o pai Criador te faz e dulcifica-te interiormente.

O amor dilui a sombra dos sentimentos negativos, imprimindo o selo da mansidão em todos os atos.

Ama, portanto, tudo e todos.

Aprende com a natureza.

 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap. O comedouro, de John Leax, do livro Histórias para o coração 2, de Alice Gray, ed. United Press (somente a história dos cardeais) e cap. 181 do livro Vida feliz, de Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco, ed. Leal (somente os pensamentos).

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A PAZ NASCE NO LAR


Você já se deu conta de que as guerras, tanto quando a violência, nas suas múltiplas faces, nascem dentro dos lares?
Em tese, é no lar que aprendemos a ser violentos ou pacíficos, viciosos ou virtuosos.
Sim, porque quando o filho chega contando que um colega lhe bateu, os pais logo mandam que ele também bata no agressor.
Muitos pais ainda fazem mais, dizendo: “filho meu não traz desaforo para casa”; “se apanhar na rua, apanha em casa outra vez”!
Se o filho se queixa que alguém lhe xingou com palavrões, logo recebe a receita do revide: “faça o mesmo com ele”. “vingue-se”, “não deixe por menos”.
Quando o amiguinho pega o brinquedo do filho, os pais intercedem dizendo: “tire dele, você é mais forte”, “não seja bobo”!
Essas atitudes são muito comuns, e os filhos que crescem ouvindo essas máximas, só não aprendem a lição se tiverem alguma deficiência mental, ou se forem espíritos superiores, o que é raro na terra.
O que geralmente acontece é que aprendem a lição e se tornam cidadãos agressivos, orgulhosos, vingativos e violentos. Ingredientes perfeitos para fomentar guerras e outros tipos de violências.
Se, ao contrário, os pais orientassem o filho com conselhos sábios, como: perdoe, tolere, compartilhe, ajude, colabore, esqueça a ofensa, não passe recibo para a agressividade, os filhos certamente cresceriam alimentando outra disposição íntima.
Seriam cidadãos capazes de lidar com as próprias emoções e dariam outro colorido à sociedade da qual fazem parte.
Formariam uma sociedade pacífica, pois quando uma pessoa age diante de uma agressão, ao invés de reagir, a violência não se espalha.
A paz só será uma realidade, quando os homens forem pacíficos, e isso só acontecerá investindo-se na educação da infância.
Os pais talvez não tenham se dado conta disso, mas a maioria dos vícios também são adquiridos portas à dentro dos lares.
É o pai incentivando o filho a beber, a fumar, a se prostituir, das mais variadas formas.
É a mãe vestindo a filha com roupas que despertam a sensualidade, a vaidade, a leviandade.
Meninas, desde os três anos, já estão vestidas como se fossem moças, com roupas e maquiagens que as mães fazem questão de lhes dar.
Isso tudo fará diferença mais tarde, quando esses meninos e meninas estiverem ocupando suas posições de cidadãos na sociedade.
Então veremos o político agredindo o colega em frente às câmeras, medindo forças e perdendo a compostura.
Veremos a mulher vulgarizada, desvalorizada, exibindo o corpo para ser popular.
Lamentavelmente muitos pais ainda não acordaram para essa realidade e continuam semeando sementes de violência e vícios no reduto do lar, que deveria ser um santuário de bênçãos.
Já é hora de pensar com mais seriedade a esse respeito e tomar atitudes para mudar essa triste realidade.
É hora de compreender que se quisermos construir um mundo melhor, os alicerces dessa construção devem ter suas bases firmes no lar.

Pense nisso!

Jesus, nosso irmão maior, trouxe-nos a receita da paz. Com o seu ensino moral poderemos erguer-nos, da treva à luz.
Da ignorância à sabedoria.
Do instinto à razão.
Da força ao direito.
Do egoísmo à fraternidade.
Da tirania à compaixão.
Da violência ao entendimento.
Do ódio ao amor.
Da extorsão à justiça.
Da dureza à piedade.
Do desequilíbrio à harmonia.
Do pântano ao monte.
Do lodo à glória.


Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em seminário proferido por Raul Teixeira, no VI SIMPÓSIO PARANAENSE DE ESPIRITISMO, no dia 27/05/03, e no cap. 61 do livro Pão Nosso, ed. FEB.

Amor conjugal

 

O grande rei dos persas, Ciro, durante uma de suas campanhas guerreiras, dominou o exército da Líbia e aprisionou um príncipe.

Levado à presença do conquistador ajoelhou-se perante ele o príncipe, e assim também os seus filhos e sua esposa. Os soldados vencedores, os generais da batalha, ministros e toda uma corte se juntou para tomar conhecimento da sentença real.

O rei persa coçou o queixo, olhou longamente para aquela família à sua frente, à espera de sua decisão e perguntou ao nobre pai de família:

Se eu te disser que te concederei a liberdade, o que poderias me oferecer em troca?

Rapidamente respondeu o prisioneiro:

Metade do meu reino.

Ciro continuou, paciente, a interrogar:

E se eu te oferecer a liberdade dos teus filhos, que me darás?

Ainda rápido, tornou a responder: A outra metade do meu reino.

Calmo, o conquistador lhe lançou a terceira pergunta:

E o que me darás, então, em troca da vida de tua esposa?

O príncipe sentiu o coração pulsar rapidamente no peito, parecendo arrebentar a musculatura. O sangue lhe subiu ao rosto, as pernas fraquejaram.

Reconhecia que, no anseio da liberdade dos seus, tinha oferecido tudo, sem se recordar da companheira de tantos anos, sua esposa e mãe dos seus filhos.

Foi só um momento mas, para todos, pareceu uma eternidade. Um sussurro crescente tomou conta do ambiente, pois cada qual ficou a imaginar o que faria agora o vencido.

Após aquele momento fugaz, ele tornou a erguer a cabeça e com voz firme, clara, que ressoou em todo o salão, disse:

Alteza, entrego a mim mesmo pela liberdade de minha esposa.

O grande rei ficou surpreso com a resposta e decidiu conceder a liberdade para toda a família.

De retorno para casa, o príncipe tomou da mão da esposa, beijou-a com carinho e lhe perguntou se ela havia observado como era serena e altiva a fisionomia do monarca persa.

Não, disse ela. Não observei. Durante todo o tempo os meus olhos ficaram fixos naquele que estava disposto a dar a sua própria vida pela minha liberdade.

*   *   *

Para quem ama, não há limites na doação. Quando dois seres se amam verdadeiramente dão origem a outras vidas e as alimentam, enquanto eles mesmos um ao outro sustentam, na jornada dos dissabores e das lutas.

O amor conjugal é, dentre as formas de amor, um dos exercícios do amor que requer respeito, paciência e dedicação. Solidifica-se através dos anos. E tanto mais se aprofunda quanto mais intensas se fazem as lutas e as conquistas de vitórias.

Para os que se amam profundamente não há lutas impossíveis, não existem batalhas que não possam ser vencidas.

*   *   *

Em todos os departamentos do Universo existe a mensagem do amor, que é o estágio mais elevado do sentimento.

O homem somente atinge a plenitude quando ama. Enquanto procura ser amado, sofre infância emocional.

Por isso, o importante é amar, mesmo que não se receba a recíproca do ser amado. O que é essencial é amar, sem solicitação.

 

 

Redação do Momento Espírita com base no conto  Olhando só para ele, do livro Lendas do Céu e da Terra,  de Malba Tahan, ed. Record e  pensamentos finais do

cap. 2 do livro Convites da vida, pelo Espírito

Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A AUSENTE

Há várias espécies de dores capazes de atingir os corações humanos.

Qual a mais intensa?

Parece-nos ser aquela que estamos sentindo no momento.

Temos o costume de esquecer o passado e valorizar o sentimento presente como se nada de pior já tivesse acontecido, ou pudesse vir a acontecer.

Isso é uma tendência muito natural do ser humano.

Mesmo assim, existem sofrimentos que se distinguem dos outros, e assumem perante a maioria das criaturas uma condição de maior gravidade.

A morte de um ser querido, por exemplo.

Não há quem não se comova, sofra, sinta verdadeiramente quando um ser amado abandona o envoltório corporal e parte para outro plano da vida.

Pouco importa se a desencarnação foi repentina, ou não; se foi violenta, ou serena.

Não interessa se aquele que partiu já contava com avançada idade, ou se ainda era jovem.

Não há como mensurar essa espécie de dor.

E cada um a sente, e reage a ela, de forma diversa.

Há aqueles que se entregam, blasfemam e se revoltam.

Há outros que choram, mas que aceitam, envolvendo suas dores no bálsamo da prece e da fé.

Há, ainda, os que buscam modos nobres e belos para render novas homenagens àqueles que já se foram.

Assim parece-nos ter agido o poeta Augusto Frederico Schmidt, que toca nossos corações com os seguintes versos:


“Os que se vão, vão depressa,

Ontem, ainda,

sorria na espreguiçadeira.

Ontem dizia adeus,

ainda da janela.

Ontem vestia, ainda,

o vestido tão leve cor-de-rosa.

Os que se vão,

vão depressa.

Seus olhos grandes e pretos,

há pouco, brilhavam.

Sua voz doce e firme

faz pouco ainda falava.

Suas mãos morenas

tinham gestos de bênçãos.

No entanto hoje, na festa,

ela não estava.

Nem um vestígio dela, sequer.

Decerto sua lembrança nem chegou,

como os convidados,

Alguns, quase todos,

indiferentes e desconhecidos.

Os que se vão,

vão depressa

Mais depressa que os pássaros

que passam no céu,

Mais depressa

que o próprio tempo,

Mais depressa

que a bondade dos homens,

Mais depressa

que os trens correndo,

nas noites escuras,

Mais depressa

que a estrela fugitiva

que mal faz traço no céu.

Os que se vão,

vão depressa.

Só no coração do poeta,

que é diferente dos outros corações,

só no coração sempre ferido do poeta

é que não vão depressa os que se vão.

Ontem ainda sorria na espreguiçadeira,

E seu coração era grande e infeliz.

Hoje, na festa ela não estava,

nem sua lembrança.

Vão depressa,

tão depressa os que se vão ...”

* * *


Não permita que sua dor, seja ela causada pelo motivo que for, o impeça de perceber a beleza de cada momento.

Não deixe que suas lágrimas, por mais sentidas e justas que sejam, turvem sua visão, impossibilitando que seus olhos vejam a vida com clareza e serenidade.

Dedique aos amores que partiram pensamentos otimistas e repletos de confiança no reencontro futuro, sem desespero nem revolta.

Se hoje, na sua rotina, pareceu-lhe que ninguém notou a dor que lhe invadia intensamente o peito, saiba que nada, nem mesmo nossas angústias, passam despercebidas ao Pai.

Confie, persista e prossiga, sempre.

Equipe de Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Dias de solidão

Tem dias em que a gente se sente como quem partiu ou morreu. Quando o poeta da música popular escreveu esses versos, explicitava na canção o sentimento que muitas vezes se apodera de nossa alma.
São aqueles dias onde a alma se perde na própria solidão, encontrando o eco do vazio que ressoa intenso em sua intimidade.
São esses dias em que a alma parece querer fazer um recesso das coisas da vida, das preocupações, responsabilidades e compromissos, para simplesmente ficar vazia.
Não há quem não tenha esses dias de escuridão dentro de si. Fruto algumas vezes de experiências emocionais frustrantes, onde a amargura e o dissabor nos relacionamentos substituem as alegrias de bem-aventuranças anteriores.
Outras vezes são os problemas econômicos ou as circunstâncias sociais que nos provocam dissabores e colocam sombras na alma.
A incompreensão no seio familiar, a inveja no círculo de amizades, a competição e rivalidade desmedida entre companheiros de trabalho provocam distonias de grande porte em algumas pessoas.
Nada mais natural esses dissabores. Jesus, sabiamente, nos advertiu dizendo que no mundo só encontraríamos aflições.
Tendo em vista a condição moral de nosso planeta, as aflições e dificuldades são questões naturais e, ainda necessárias para a experiência evolutiva de cada um de nós.
Dessa forma, é ilusório imaginarmos que estaríamos isentos desses embates ou acreditarmo-nos inatacáveis pela perversidade, despeito ou inferioridade alheia.
Assim, nesses momentos faz-se necessário enfrentar a realidade, sem deixar-se levar pelo desânimo ou infelicidade.
Se são dias difíceis os que estejamos passando, que sejam retos nosso proceder e nossas ações. Permanecer fiel aos compromissos e aos valores nobres é nosso dever perante a vida.
Os embates que surjam não devem ser justificativas para o desânimo, a queixa e o abandono da correta conduta ou ainda, o atalho para dias de depressão e infelicidade.
Aquele que não consegue vencer a noite escura da alma, dificilmente conseguirá saudar a madrugada de luz que chega após a sombra, que parece momentaneamente vencedora.
Somente ao insistirmos, ao enfrentarmos, ao nos propormos a bem agir frente a esses momentos, teremos as recompensas conferidas àquele que se propõe enfrentar-se para crescer.

 

*   *   *

Se os dias que lhe surgem são desafiadores, lembre-se de que mesmo Jesus enfrentou a noite escura da alma, em alguns momentos, porém, sempre em perfeita identificação com Deus, a fim de espalhar a claridade sublime do Seu amor entre aqueles que não O entendiam.


Redação do Momento Espírita, com base no cap. 7,

do livro Atitudes renovadas, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A PALAVRA DA INOCÊNCIA

 

Quase sempre acreditamos que as crianças não entendem o que acontece ao seu redor. Tomamos decisões, inclusive a respeito de suas próprias vidas, sem nos importar com seus sentimentos.

Assim acontece nas separações conjugais, em que se decide com quem ficarão os filhos. Assim é quando se decide mudar de residência e até mesmo quando se opta por transferi-los de uma para outra escola.

No entanto, as crianças estão atentas e percebem os acontecimentos muito mais do que possamos imaginar.

A jornalista Xiran que, apesar do regime de opressão e abandono que viveu na China, manteve um programa de rádio, em Nanquim, conta uma história singular, em seu livro: As boas mulheres da China.

Havia uma jovem que se casou com um rapaz muito culto e de projeção política na China. Durante três anos, pelo seu status, ele foi estudar em Moscou.

Ela viveu anos de felicidade ao seu lado. Um casamento que foi abençoado com dois filhos. “era uma mulher de sorte”, comentava-se.

Então, exatamente no momento em que o casal se alegrava com o nascimento do segundo filho, o marido teve um ataque cardíaco e morreu, repentinamente.

No final do ano seguinte, o filho mais novo morreu de escarlatina.

Com o sofrimento causado pela morte do marido e do filho, ela perdeu a coragem de viver.

Um dia, pegou o filho que restava e seguiu para a margem do rio Yangtsé. Seu intuito era se unir ao marido e ao bebê na outra vida.

Parada à beira do rio, ela se preparava para se despedir da vida, quando o filho perguntou, inocentemente:

“Nós vamos ver o papai?”

Ela levou um choque. Como é que uma criança de 5 anos podia saber o que ela pretendia fazer?

E perguntou:

“O que é que você acha?”

Ele respondeu:

“É claro que vamos ver o papai! Mas eu não trouxe o meu carrinho de brinquedo para mostrar para ele!”

Ela começou a chorar. Nada mais perguntou. Deu-se conta de que ele sabia muito bem o que ela pretendia.

Compreendia que o pai não estava no mesmo mundo que eles, embora não fizesse uma distinção muito clara entre a vida e a morte.

As lágrimas reavivaram nela o instinto materno e o senso de dever.

Tomou o filho no colo e, deixando a correnteza do rio levar a sua fraqueza, retornou para sua casa.

A mensagem de suicida que tinha escrito foi destruída.

Enquanto fazia o caminho de volta ao lar, o menino tornou a perguntar:

“E então, não vamos ver o papai?”

Procurando engolir o pranto, ela respondeu:

“O papai está muito longe. Você é pequeno demais para ir até lá. A mamãe vai ajudá-lo a crescer, para que você possa levar para ele mais coisas. E coisas muito melhores.”

Depois disso, ela fez tudo o que uma mãe sozinha pode fazer para dar ao filho o melhor. 

* * *

As crianças não são tolas. E muito mais do que possamos imaginar permanecem atentas, em especial a tudo que lhes diga respeito.

Percebem os desentendimentos conjugais, as dificuldades domésticas, a ponto de ficar enfermas.

Por tudo isso, preste mais atenção ao seu filho. E, sobretudo, fale com ele sobre dificuldades e sobre as soluções possíveis.

Não o deixe crescer ansioso e triste. Ajude-o a viver no mundo, seguro e firme. 

 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap. A catadora de lixo, do livro As boas mulheres da China, de autoria de Xinran, ed. Companhia das letras.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

VIDA ABUNDANTE

 

 

Dentre as afirmativas de Jesus, algumas há que, para entender, é preciso meditarmos em profundidade a seu respeito.

Uma delas é a seguinte:

"Eu vim para que tenhais vida, e vida abundante."

Será que Jesus trazia vida para quem já estava na vida e vivo?

Certamente que não.

Ele era portador de uma mensagem de vida espiritual para quem se encontrava num contexto de vida mortificada.

A vida espiritualizada, a que Jesus se referia, corresponde a toda atividade da alma que exprime fidelidade ao bem, à alegria, ao trabalho digno, à esperança.

Essa vida interior também se nutre da convivência fraterna na sociedade, do cultivo das virtudes, da eliminação de tudo o que represente viciação, corrupção, morbidez.

Em contrapartida, a morte será indicada por tudo o que insufle ou alimente a traição, a ignorância, a prostituição dos costumes, o desrespeito às bases da família, a exploração do homem pelo homem.

Essa morte moral é fermentada pelo descaso para com os movimentos de progresso de si mesmo, quando se prefere o nivelamento do ser pelas faixas inferiores da alma humana que, em muitas situações, se assemelha aos níveis da selvageria, quando não os ultrapassa.

A vida que Jesus veio trazer não é aquela que faz vicejar corpos esbeltos, mas aquela que faz brilhar almas formosas.

Por isso é que ele se dirigia a quem se movia em corpos carnais, mas que padeciam de indescritíveis torturas da alma.

Daí ele ter falado em vida abundante a quem se habituara a uma vivência mesquinha, empobrecida, apequenada.

Sua lição é, assim, para todos os tempos e povos, pois, quando encontramos sociedades ricas e homens pobres, medicinas desenvolvidas e homens enfermos, estados poderosos e homens escravos, uma grande variedade de religiões, e homens egoístas e materializados à busca de prazeres efêmeros, sentimos a razão da mensagem do mestre nazareno:

"Eu vim para que tenhais vida."

Permitamo-nos buscá-la, permitamo-nos vivê-la para que experimentemos a ventura dentro d’alma, desde aqui, das lidas terrenas, aclimatando-nos, pouco a pouco, à vivência ditosa junto aos emissários da Vida Maior, que refletem, junto a nós, o pensamento do ensino moral  legado a humanidade terrena por Jesus.

Esse ensino moral posto em pratica é aquele que nos traz a vida verdadeira, vibrante, feliz, abundante, propondo-nos fazer nobre uso dela, a fim de que possamos viver bem e justamente para sempre.

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A vida são as contínuas e sucessivas etapas reencarnatórias, em cujo curso cada um é o arquiteto do próprio destino, construtor da desgraça ou da felicidade que todos buscamos.

(Do livro "Quem é o Cristo?", Cap. 22, Editora Fráter Livros Espíritas.) www.momento.com.br

 

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Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos contêm toda a lei e os profetas. (Mt. 22:37-40)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O servidor medroso

 

A parábola dos talentos é uma das mais conhecidas dentre as contadas por Jesus.

Segundo ela, um senhor que se ausentaria em viagem chamou seus servidores e lhes confiou seus bens.

A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro deu um.

Ao retornar de sua viagem, chamou os servidores para uma prestação de contas.

Os dois primeiros tinham multiplicado os talentos recebidos.

O senhor ficou satisfeito com sua fidelidade e prometeu lhes confiar mais coisas.

Entretanto, o terceiro limitou-se a enterrar o tesouro recebido.

Ao falar com o senhor, disse estar ciente da severidade dele e de que ele colhia onde nada semeara.

Por medo, não agira para multiplicar o talento que lhe fora confiado.

O senhor determinou que lhe tirassem o recurso que restara inútil em suas mãos.

É interessante observar a postura desse último servidor.

Por medo, ficou inerte.

Entendeu melhor enterrar seu talento do que se arriscar a cometer algum erro.

Terminou por perdê-lo de qualquer modo, tanto que foi entregue ao que já tinha dez talentos.

São inúmeras as leituras que se podem fazer dessa parábola.

Uma delas é que esses talentos representam os variados dons e recursos de que os homens são dotados.

A Providência Divina lhes faculta acesso a tesouros de inefável valor.

Pode ser a riqueza material, o dom da palavra, a vocação para as artes, para a maternidade, a medicina, o magistério.

Antes de retomar nova existência, renascendo, cada Espírito elabora, em linhas gerais, uma programação de vida.

Na existência terrena, lentamente os meios para cumprir o acordado e fazer o bem lhe chegam às mãos.

Nem sempre a criatura é feliz em suas opções.

São frequentes os êxitos parciais e mesmo os fracassos.

Como são imperfeitos e vivem para aprender, não é raro que homens se equivoquem.

Apenas é necessário tentar de verdade.

Dos equívocos surge a experiência, que facilitará o acerto mais tarde.

Nesse contexto, torna-se evidente o grave equívoco do servidor medroso.

Ele não se permitiu errar no empenho de acertar e ser útil.

Terminou por perder tudo sem ter auferido sequer a experiência oriunda da tentativa.

Convém refletir sobre isso sempre que surgir o desejo de desistir antes mesmo de tentar.

A prudência é uma virtude que mensura a eficiência dos meios de que se dispõe para a realização dos objetivos.

Se ela aponta alguma deficiência, esta deve ser trabalhada.

Entretanto, o medo é um péssimo conselheiro de vida.

Ele pode colocar a perder oportunidades valiosas de aprendizado e progresso.

Pense nisso.

 

Redação do Momento Espírita