Ela havia sido uma
mulher vitoriosa.
Aos trinta e um anos
de idade, com uma filha de dez anos, teve paralisia e perdeu os
movimentos das pernas.
Jamais se entregou ao
desânimo, pelo contrário, conseguiu ser mais ativa ainda em sua
vida.
Diplomou-se em
educação especial, e aprendeu tudo que podia sobre as pessoas com
deficiência. Depois, fundou um grupo de amparo chamado Os
incapacitados.
Seu exemplo modificou
a vida daqueles que a rodeavam, principalmente de sua filha que,
anos mais tarde, dedicou-se ao Direito, na área penal.
Apesar da paralisia,
aquela mulher envolveu-se no auxílio aos detentos, levando-lhes
mensagens de inestimável valor.
Dentre essas,
destaca-se uma carta escrita a um deles:
Querido Waymon,
quero que saiba que tenho pensado em você com frequência, desde que
recebi sua carta.
Você mencionou
como é difícil estar preso, atrás das grades, e meu coração se une
ao seu.
Mas, quando você
disse que eu não imagino o que é estar na prisão, senti-me compelida
a dizer-lhe que está errado.
Existem diferentes
tipos de liberdade, Waymon, diferentes tipos de prisão. Às vezes,
nossas prisões são autoimpostas.
Quando, com trinta
e um anos, levantei-me um dia para descobrir que estava
completamente paralisada, senti-me em uma armadilha – dominada pela
sensação de estar presa dentro de um corpo que não me permitia mais
correr pelas campinas, dançar ou carregar minha filha nos
braços.
Fiquei ali deitada
por muito tempo, lutando para chegar a um acordo com minha
enfermidade, e buscando compreender o que a vida tentava me
dizer.
Certo dia, então,
me ocorreu que, na realidade, ainda havia opções abertas para mim e
que eu tinha a liberdade de escolher entre elas.
Será que eu iria
sorrir quando visse meus filhos de novo, ou iria chorar? Iria
zangar—me com Deus, ou iria pedir a ele que fortalecesse minha
fé?
Em outras
palavras, o que eu iria fazer com o livre-arbítrio que ele havia me
dado, e que ainda era meu?
Tomei a decisão de
lutar, enquanto estivesse viva, para viver o mais plenamente
possível, para procurar tornar minhas experiências, aparentemente
negativas, em experiências positivas, procurar formas de transcender
minhas limitações físicas, expandindo minhas fronteiras mentais e
espirituais.
Eu poderia
escolher entre ser um exemplo para meus filhos, ou poderia murchar e
morrer emocional e fisicamente.
Existem muitos
tipos de liberdade, Waymon. Quando perdemos um tipo de liberdade,
temos que simplesmente procurar por outro.
Você e eu somos
abençoados com a liberdade de escolher entre bons livros que iremos
ler, e quais deixaremos de lado.
Você pode olhar
para as suas grades ou pode olhar através delas. Você pode ser um
exemplo para prisioneiros mais jovens, ou pode se misturar com os
encrenqueiros.
Você pode virar as
costas para Deus, ou pode amá-lO e buscar
conhecê-lO.
Até certo ponto,
Waymon, estamos nisso juntos.
* * *
Pensemos nisso: como
estamos utilizando nosso livre-arbítrio?
Redação do Momento
Espírita, com base no cap. O grande dom de minha mãe, de
Marie Raggianti, do livro Histórias para aquecer o
coração, de Mark Victor Hansen, Jack Canfield e
Heather Mcnamara, ed. Sextante.