domingo, 28 de fevereiro de 2010

O ALVO CERTO

 

Um dos principais problemas no relacionamento entre as pessoas é a falta de jeito no falar.

Nem todos conseguimos escolher a melhor forma de dizer algo que gostaríamos de dizer, e por isso surgem os desentendimentos.

Façamos uma comparação bem simples que poderá nos ajudar a resolver esse problema.

Imaginemos que uma pessoa que esteja com um sério problema de saúde, vá consultar um médico. O que ela espera? Certamente, que ele combata sua enfermidade e lhe restitua a saúde, não é mesmo?

Mas, se ao contrário, o médico começasse a atacar o paciente, o doente, o que aconteceria? No mínimo diríamos que esse médico é louco.

Pois bem, na relação entre as pessoas acontece algo semelhante. Quando percebemos algum problema no comportamento de alguém, partimos para a agressão ao problemático e não ao problema.

Se nosso filho, por exemplo, age de forma incorreta, o que fazemos? Chamamos o garoto e o atacamos com agressões verbais, diretamente à sua pessoa.

Ao invés de combater o problema em si agredimos seus sentimentos, suas emoções, sua personalidade.

Quando a criança deixa suas roupas sujas jogadas no banheiro, qual é o problema? A roupa jogada. Então, numa conversa, devemos tentar evitar que isso ocorra novamente, e para tanto não resolverá chamar a criança de relaxada, de descuidada, de irresponsável.

Se nosso filho está usando drogas, devemos envidar todos os esforços para que ele deixe disso, e de nada vale chamá-lo de fraco, de doente, de mau caráter. Ao contrário, essa atitude o fará se sentir ainda mais dependente.

Se alguém sente ciúme, inveja, ódio, e queremos ajudar esse alguém, devemos atacar os maus sentimentos, e não o indivíduo.

Em qualquer situação, quando atacamos o enfermo em vez da enfermidade, estamos incentivando a baixa auto-estima da pessoa, estamos dizendo que ela é o problema, que ela é incapaz, que é um zero à esquerda.

Mas quando a fazemos refletir sobre o problema, sobre o vício, sobre os desregramentos, as chances de resolver a questão são bem maiores.

Dizendo à criatura que ela tem problemas, é diferente de dizer que ela é o problema. Demonstrando que queremos ajudá-la a superar as dificuldades, ela sentirá em nós um aliado, e não um inquisidor.

Quando nossa filha tem uma crise de ira, e depois nos sentamos ao seu lado e buscamos um diálogo sincero e afetuoso sobre o assunto, fazendo-a refletir sobre os inconvenientes da liberação desse sentimento, dos efeitos físicos maléficos que acarretam, temos grande chance de lograr êxito.

Quando oferecemos o antídoto, o remédio contra a ira, que é a calma, a tranqüilidade, a benevolência, estamos no caminho certo.

Mas se, ao contrário, nos iramos também e a agredimos com palavras amargas, só reforçaremos a sua atitude.

Por todas essas razões, vale a pena direcionar nossa mira para o alvo certo, atacando a enfermidade em vez do enfermo.

Estamos na era da razão e não podemos mais continuar errando o alvo. Já não há mais espaço para a negligência quanto à auto-educação e a educação dos seres que estão sob nossa responsabilidade. É preciso dedicar esforços e buscar esclarecimentos para que a nossa ação seja efetiva e traga bons resultados.

                             * * *

A Terra é uma escola. Todos os que aqui estamos precisamos ajudar-nos mutuamente para o progresso geral.

É preciso que voltemos nossos olhares para os verdadeiros males sociais, que são o orgulho e o egoísmo, combatendo-os sem trégua.

Uma vez abatidos esses males, a humanidade estará apta a receber o troféu mais valioso de todos os tempos: a felicidade suprema.

 

Texto da Equipe de Redação

do Momento Espírita.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Uma definição necessária

 

Jesus veio à Terra em um período de grande impiedade e desesperança.

O domínio dos poderosos era cruel e implacável.

Segundo a narrativa evangélica, a palavra e a pessoa de Jesus representaram um lenitivo geral.

De repente havia esperança de cura e conforto.

Deus era anunciado como Pai amoroso e sábio, não como um Senhor terrível e vingativo.

Era possível confiar no futuro.

Mesmo o presente já se apresentava promissor, com a perspectiva de notáveis curas e transformações.

A canção da paz e da ventura soavam arrebatadoras naqueles lábios puros.

O povo ficou ébrio de esperança.

Todos se viam logo adiante saciados, socorridos, alimentados e felizes.

Entretanto, não se davam conta da contribuição pessoal que deveriam dar em favor da nova ordem social.

Mas Jesus em tempo sinalizou que a bem-aventurança tinha um preço.

Perante a incompreensão geral, disse não ter vindo trazer à Terra a paz, mas a espada.

Que poria em dissensão o filho contra seu pai, a filha contra sua mãe.

Que os inimigos do homem seriam os seus familiares.

Que quem não tomasse a sua cruz e O seguisse, Dele não seria digno.

Não se há de imaginar o Senhor da brandura e da bondade convertido em um guerreiro infeliz, um vassalo da loucura.

Essas singulares palavras sinalizaram a necessidade de separar-se a verdade da impostura.

Elas anunciaram que, em incontáveis famílias, alguns dos membros O amariam, enquanto outros O detestariam.

Jesus lançou ao futuro a advertência de ser necessário preferir Deus a Mamom.

Alertou que o dever e a transparência constituem requisitos indispensáveis para quem deseja a Sua paz.

Deixou claro que a condição de cristão é incompatível com a vivência corrupta e acomodada.

O Messias Divino ateou o fogo purificador da verdade, para desespero de muitos.

A linguagem era forte e anunciava um testemunho difícil.

A mensagem cristã implica a necessidade de uma definição de rumos.

Pelo bem ou contra ele, não sendo possível uma postura de hipocrisia e conivência.

A figura de Jesus permanece sedutora e a Sua mensagem segue atual.

Incontáveis se afirmam cristãos e anelam pela paz do Senhor.

Entretanto, hesitam no testemunho necessário.

Malgrado suas crenças, vivem de forma impiedosa, promíscua e desleal.

O Cristianismo representa a Boa Nova, o advento da paz e da ventura como consequência da vida reta e generosa.

Não se trata de um milagre ou de um favor.

Primeiro a criatura se define pelo bem e se esforça para vivê-lo.

A paz e a plenitude surgem como resultado natural.

Pense nisso.

 

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 17 do livro

A mensagem do Amor Imortal, pelo Espírito Amélia Rodrigues,

psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Casa dividida

 

Foi Jesus que lecionou: Todo reino dividido entre si mesmo será assolado, e casa cairá sobre casa.

Todo reino dividido contra si mesmo é devastado.

Toda cidade ou casa divididas contra si mesmas não subsistirá.

Se olharmos a história da Humanidade, vamos encontrar registros de vários exemplos.

Lembramos do reino judaico que, após a morte do rei Salomão, por volta do ano 926 a.C., entrou em colapso e foi dividido em dois.

Enfraquecidos, os judeus foram destruídos e dominados por outros povos.

Se recordarmos do império romano, vamos verificar que chegou a dominar o mundo.

Roma era o centro do poder. Os romanos iniciaram sua História sob a monarquia, experienciaram a república e, novamente, o regime monárquico.

Quando o imperador Constantino se converteu ao Cristianismo, graças à visão que teve, antes da batalha da ponte Mílvio, onde alcançou o poder, resolveu mudar a capital de Roma para Bizâncio.

Muitos motivos se somaram para essa tomada de atitude. O mais especial foi a questão religiosa.

Constantino desejava uma nova cidade imperial predominantemente cristã. Bizâncio ou Constantinopla era a nova Roma.

A capital foi embelezada, cresceu, tornando-se uma das mais importantes e ricas cidades da Europa, na Idade Média.

Também o centro econômico e intelectual do mundo romano e bizantino, até sua tomada, pelos turcos, em 1453.

No entanto, ao morrer o imperador Constantino, em 337, o império romano se dividiu.

Inicialmente em três e, depois, em dois. O declínio foi a consequência natural.

Outros exemplos mais de reinos e nações divididas por lutas internas poderiam ser citados.

Mas, desejamos recordar da atenção que se faz devida às lutas que surgem no âmbito da família.

Nessa pequena e complexa nação, vemos irmãos que se antagonizam. Ou pais e filhos que entram em clima de rivalidade.

Também avós, tios, primos que se desentendem, criando rupturas familiares.

Daí em diante, ficam os familiares tomando partido de um lado ou do outro, estabelecendo querelas, desencontros, tendo cada qual a certeza absoluta de que está com a razão.

Às vezes, as questões tomam tal monta que extrapolam o ambiente doméstico, alcançando os tribunais.

A casa dividida rui.

Pensemos nisso. E preservemos o patrimônio dos afetos, estabelecendo pontos de diálogo, entendimento, compreensão.

Vale a tentativa e o esforço.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 11 do Evangelho de Lucas,
versículos 17 e seguintes e no artigo As cidades (III) – a divisão, de
autoria de Frederico Guilherme Kremer, publicado no Boletim
Sei nº 2163, de 12.09.2009.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Oportunidades desprezadas

 

Era a semana da Páscoa. Nunca mais haveria dias de tal significado.

O Pastor estava entre os homens e os homens não O identificaram.

Naquele primeiro dia dos quatro últimos de Sua jornada na Terra, Jesus estava no Templo de Jerusalém. Como muitas vezes anteriores, passara o dia a ensinar às gentes que O desejassem ouvir.

E como das vezes anteriores, sofreu os ataques dos sacerdotes, daqueles mesmos que eram os líderes religiosos de um povo ávido de justiça e consolo.

Então, no entardecer, quando o dia começava a morrer, deixando-se abraçar lentamente pela noite, o Mestre demonstrou Seu cansaço.

Não era o cansaço do povo, das gentes sofridas, das dores multiplicadas que Lhe chegavam, em ondas constantes.

Era o cansaço por verificar o desprezo à religiosidade justamente dos que deveriam ser os mais interessados na preservação do patrimônio religioso.

E eles desprezavam a mensagem de que era portador o Messias.

Num lamento, falou Jesus e o Evangelista Mateus anotou:

Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que são enviados a ti.

Quantas vezes eu quis reunir os teus filhos do mesmo modo que a galinha recolhe debaixo das asas os seus pintinhos!

E tu não o quiseste. Eis que a tua casa ficará deserta.

Jesus se encontrava na capital religiosa do mundo de então, em plena semana da festa religiosa mais importante do ano.

Ele era o Rei, o Enviado, o  Pastor das almas e eles não se davam conta disso.

Todos se preparavam para a comemoração da Páscoa e não aproveitavam a presença celeste entre eles, o Mensageiro mais excelso que a Terra conheceu.

Era um momento especial e os homens o deixaram escorrer por entre os dedos.

                        *   *   *

Hoje, ainda, existem oportunidades desprezadas por muitas criaturas.

Deixamos de atender o convite do Pastor para correr em busca de valores efêmeros. Coisas que hoje são valorizadas e amanhã não mais farão parte do rol de itens importantes.

Somente os valores reais são imperecíveis, inalteráveis no tempo.

A serenidade com que Sócrates recebeu a pena de morte que lhe foi imposta é a mesma serenidade que desfrutam todos os que compreendem que a vida é uma passagem rápida por um mundo de formas e inconsistências.

A paz de espírito que movia Gandhi é a mesma hoje, para todos os que abraçam a proposta da não-violência.

O amor ao próximo que motivou Albert Schweitzer a se embrenhar na África Equatorial Francesa para atender aos seus irmãos é o mesmo que moveu Madre Teresa de Calcutá, nas estradas da Índia e nas ruelas do mundo.

É tempo de pensar!

É tempo de reformular ações.

Tudo para que não venhamos a nos transformar em uma casa vazia, um lugar deserto.

Tudo para que nos voltemos para as coisas do Espírito, atemporais, imperecíveis.

O que equivale a dizer: sem apegos materiais. Conscientes de que os bens da Terra são para serem usados, para nos servirem, não para nos dominarem.

Conscientes de que as chances de crescimento devem ser aproveitadas, porque nunca se reprisarão da mesma forma, na mesma intensidade...

Pensemos nisso!

 

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

AMOR FRATERNAL

 

Os que nascemos em uma mesma família estamos unidos pelos laços de sangue. Esses laços, no entanto, não configuram laços de amor necessariamente.

Não é raro irmãos viverem às turras, ou terem muito ciúme e inveja uns dos outros, criando dificuldades de relacionamento no lar.

Ou chegarem mesmo à agressão, à usurpação dos direitos e bens uns dos outros.

Contudo, quando os laços afetivos existem, é comovedor se observar a dedicação de alguns irmãos.

Carinho, atenção, dedicação, renúncia são algumas das expressões que surgem, de forma espontânea e comovedora.

Recentemente, soubemos da história de uma garotinha de seus 4 para 5 anos de idade.

Seu irmãozinho, de oito anos, enfermou e o diagnóstico foi leucemia.

Pai e mãe passaram a se desvelar pelo garoto. Exames, internamentos, quimioterapia. Tudo o que a medicina hoje oferece aos portadores dessa enfermidade.

Certo dia, a mãe tomou a menina entre seus braços e explicou que o irmão ficaria num hospital, durante algum tempo.

Ele precisava de um tratamento especial para melhorar.

Explicou também que, quando ele voltasse, ela não se assustasse porque, possivelmente, por causa do tratamento, ele teria perdido todo seu cabelo.

Também lhe recomendou que não risse ou fizesse brincadeiras quando visse a “carequinha” do irmão.

A menina ouviu com atenção e ficou calada. A mãe até pensou que ela não havia entendido bem. Entretanto, resolveu esperar.

Alguns dias depois, os pais foram buscar o garoto no hospital. Quando o carro chegou na frente da casa, a garotinha olhou pela janela do primeiro andar e sorriu.

Seu irmão estava de volta. E na cabeça, um boné vermelho.

Correu para o banheiro, tomou a tesoura de sua mãe e concretizou o plano que estava em sua cabecinha, desde sua conversa com a mãe.

Pouco depois, desceu as escadas aos pulos. Abriu a porta no exato momento em que o irmão chegava.

Então, ela o olhou por um segundo, como a querer se certificar de que ele estava mesmo sem cabelo.

No momento seguinte, estendeu as mãozinhas cheias de seus próprios cabelos para ele.

Ele olhou para a irmãzinha e verificou que ela trazia os cabelos desalinhados, mostrando que os havia cortado, do jeito que pudera, com suas pequenas mãos.

Um lado mais curto do que o outro, as franjas tortas como se fossem degraus de uma escada mal construída.

Ela não disse nada. Nem ele. Os pais, um passo atrás do menino, observavam, atônitos.

Então o garoto tomou nas suas mãos os cabelos que a irmã lhe oferecia e, com um sorriso largo, tirou o próprio boné e colocou na cabecinha dela.

Depois se ajoelhou e ambos se abraçaram longa e demoradamente.

                           * * *

Amor fraternal é a mais fundamental espécie de amor. É a que alicerça todos os tipos de amor.

Entende-se por amor fraternal o sentimento de responsabilidade, de cuidado, de respeito pelo outro, o seu conhecimento, o desejo de lhe aprimorar a vida.

Do lar, o amor fraternal transcende para os demais seres humanos.

Se desenvolvemos a capacidade de amar a um irmão consangüíneo, não podemos deixar de amar, na seqüência, a todos os demais irmãos.

O amor fraternal é o amor entre iguais. Iguais por sermos todos Espíritos, filhos do mesmo Pai.

Iguais, hoje, na Terra, por estarmos na condição humana.

Se pensarmos nas diferenças de talento, inteligência, conhecimento, veremos que são pequenas se compararmos com a identidade essencial, comum a todos nós.

Pensamento

O amor é uma força ativa no homem. Uma força que irrompe pelas paredes que o separam de seus semelhantes.

Que o une aos outros. Que o estimula a dar-se, numa extraordinária experiência de vitalidade e de alegria.

 

Texto da Redação do Momento Espírita, a partir de cenas de um vídeo intitulado Gesto de amor, de autoria desconhecida e do cap. 2 do livro A arte de amar, de Erich Fromm, ed. Itatiaia.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

A riqueza maior

 

Havia um senhor muito rico que era dono de terras de valor incalculável. Vivia num palácio, rodeado de servos e amigos.

Era um homem bom e utilizava sua riqueza para atender a fome alheia, providenciar abrigo a quem precisasse, agasalho a quem pedisse.

Costumava orar todos os dias e, em suas preces, agradecia sempre pelos bens que possuía, em especial aqueles que nem o tempo, nem a ferrugem e nem a traça destroem.

Do lado oposto da aldeia vivia um camponês. Habitava uma gruta e para sobreviver plantava legumes e hortaliças que regularmente levava ao senhor do palácio a fim de vendê-las.

Toda vez que se dirigia para as terras do homem rico, ia resmungando consigo mesmo sobre o que considerava uma grande injustiça, pois aquele homem tinha tanto, enquanto ele era tão pobre.

Certo dia, chegou a notícia aos portões do palácio avisando que malfeitores estavam a caminho, provocando mortes e violência.

Temendo que algo pudesse acontecer aos seus familiares, amigos e servidores, o senhor do palácio logo providenciou para que todos buscassem lugares seguros.

Quando o último grupo se retirou, os desordeiros estavam muito perto das portas do palácio e o seu dono verificou que não havia sobrado nenhum cavalo para que pudesse fugir.

Recordou-se do vendedor de hortaliças, das tantas vezes que o auxiliara e apressado, buscou a gruta.

Lá chegando, contou-lhe tudo e pediu abrigo.

O agricultor viu ali a sua oportunidade dourada e ofereceu-se para repartir a sua gruta com o rico senhor, desde que aquele lhe doasse todos os seus bens.

Sem pensar duas vezes, o rico lhe disse que tudo lhe pertencia desde então: terras, palácio, tesouros.

O nobre senhor foi repousar e o camponês, impaciente por tomar posse do que era seu por direito, correu ao palácio, enquanto orava a Deus dizendo:

Nunca mais vou reclamar. Obrigado, meu Deus. Agora tenho tudo que sempre quis.

Os malfeitores chegaram, destruíram algumas peças, levaram outras e surraram, maltrataram e abandonaram o novo proprietário.

Passados alguns dias, o nobre, que não parava de agradecer a Deus por ter salvo sua vida, dos seus amigos, parentes e familiares, com os quais logo iria se juntar, foi levar um cesto de verduras ao palácio.

Que bom, pensou ao chegar, os malfeitores quase não estragaram nada. O homem que me salvou a vida, recolhendo-me em seu teto, deve estar feliz com os tesouros que restaram.

Percorrendo as galerias do palácio, começou a se mostrar preocupado. Poças de sangue marcavam um caminho. Acompanhando as marcas, ele chegou até o enorme salão de piso de mármore e colunas douradas.

Lá estava o camponês caído, semimorto, sozinho. Estava cego e inválido. Apesar de toda a riqueza, não tivera ninguém que o levasse ao leito, que o tratasse e lhe aliviasse as dores do corpo e da alma.

O homem nobre abraçou o corpo machucado, transformado em farrapo humano e intimamente orou: Obrigado, Senhor! Ainda sou o mais rico por tudo que me destes.

                           *   *   *

De todos os bens que a Divindade nos proporciona, no caminho terreno, sem dúvida, a maior fortuna é a da vida que possibilita o nosso aperfeiçoamento.

 

Redação do Momento Espírita com base no artigo Era uma vez... do jornal Correio Fraterno do ABC, de novembro/1998 e do verbete Vida, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

NASCER, MORRER, RENASCER AINDA E PROGREDIR SEM CESSAR, TAL É A LEI. (*)

 

Quando o corpo morre, a alma retorna ao mundo dos Espíritos, que ela havia deixado temporariamente. A vida do Espírito é eterna; a do corpo é transitória e passageira.

Deixando o corpo, e dependendo da sua elevação, a alma fica mais ou menos perturbada por algum tempo ao retornar no mundo dos espíritos. A princípio tudo lhe é confuso, pois a alma necessita algum tempo para se reconhecer. A lucidez das idéias e a memória do passado lhe voltam à medida que vai se estinguindo a influência da matéria. Essa situação se mantém até o completo despreendimento do Espírito, e somente então que reconhece o seu estado e compreende que não faz mais parte do mundo material.

Não se turbe o vosso coração. - Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai. (Jesus) Se a alma não atingiu o progresso objetivado durante a sua vida corpórea, retornará para se submeter à provas em novas existências, tantas vezes quanto forem necessárias. Na Natureza tudo serve, tudo se encadeia e se harmoniza mediante leis gerais. Tudo é solidário na Natureza. Cada ser (alma), para atingir o progresso desejado, seja como espírito ou seja como encarnado num corpo físico, estará sempre colocado entre um superior que o guia e o aperfeiçoa, e um inferior no qual tem que cumprir os mesmos deveres. Tudo tende para a unidade, ou seja, tudo caminha na direção de Deus.

(E. Mollo, com base in O Livro dos Espíritos, obra codificada por Allan Kardec.)

(*) Frase gravada no dolmen de granito, monumento druídico, de Allan Kardec no cemitério de Père-Lachaise, em Paris. Desenhado por M. Ernest Sébille e construído por M. Pègard.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

ADVERSIDADES

 

Ela era uma garota que vivia a se queixar da vida. Tudo lhe parecia difícil e se dizia cansada de lutar e combater.

Seu pai, que era um excelente cozinheiro, a convidou, certo dia, para uma experiência na cozinha.

Tomou três panelas, encheu-as com água e colocou cenouras em uma, ovos em outra e pó de café na terceira.

Deixou que tudo fervesse, sem nada dizer. A moça suspirou longamente, imaginando o que é que seu pai estava fazendo com toda aquela encenação.

Depois de tudo fervido, o pai colocou as cenouras e os ovos em uma tigela e o café em outra.

O que você está vendo?, perguntou.

Cenouras, ovos e café, respondeu ela.

Ele a trouxe mais perto e pediu-lhe para experimentar as cenouras. Ela notou como as cenouras estavam macias.

Tomando um dos ovos, quebrou a casca e percebeu que estava duro. Provando um gole de café, a garota sentiu o sabor delicioso. Voltou-se para o pai, sorriu e indagou: O que significa tudo isto, papai?

É simples, minha filha. As cenouras, os ovos e o café ao enfrentarem a mesma adversidade, a água fervendo, reagiram de formas diferentes.

A cenoura entrou na água firme e inflexível. Ao ser submetida à fervura, amoleceu e se tornou frágil. O ovo era frágil. A casca fina protegia o líquido interior. Com a água fervendo, se tornou duro. O pó de café, por sua vez, é incomparável. Colocado na água fervente, ele mudou a água.

Voltando-se para a filha, perguntou o homem experiente:

Como é você, minha filha? Quando a adversidade bate à sua porta, você reage como a cenoura, o ovo ou o café?

Você é uma pessoa forte e decidida que, com a dor e as dificuldades se torna frágil, vulnerável, sem forças? Ou você é como o ovo? Delicada, maleável, casca fina, que, com facilidade se rompe. Ao receber as notícias do desemprego, de uma falência, da morte de um ser querido, do divórcio, se torna dura, inflexível?

Quanto mais sofre, mais obstinada fica, mais amarga se torna, encerrada em si mesma? Ou você é como o café, que muda a água fervente, motivo da dor, para conseguir o máximo de seu sabor, a cem graus centígrados?

Quanto mais quente a água mais gostoso se torna o café, deliciando as pessoas com o seu aroma e sabor.

Se você é como o pó de café, quando as coisas vão ficando piores, você se torna melhor e faz com que as coisas em torno de você também se tornem melhores.

A dor, em você, tem o condão de a tornar mais doce, gentil, com mais capacidade de entender a dor alheia.

Afinal de contas, minha filha, como é que você enfrenta a adversidade? 

                            * * *

A dor pode ser comparada ao instrumental de um hábil escultor.

Com destreza e precisão técnica, ele toma de uma pedra dura como o mármore, por exemplo, e pacientemente a transforma em uma obra de arte, para encanto das criaturas.

A beleza da pedra só aparecerá aos golpes duros do cinzel, na monotonia das horas intermináveis de esforço e trabalho.

Assim como a pedra se submete à lapidação das formas para se tornar digna de admiração, somente os corações que permitem à dor esculpir sua intimidade, adquirem o fulgor das estrelas e o brilho sereno da lua.  

Equipe de Redação do Momento Espírita, a partir de texto que circula pela Internet, sem menção a autor.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

OS PESSIMISTAS

 

Certa vez, um poderoso rei, para comemorar o aniversário de seu amado filho, resolveu fazer uma grande festa para todos os seus súditos.

Entre as muitas atrações do evento, havia um desafio que a todos interessou: era “a escalada ao poste”.

No alto de um gigantesco mastro havia uma cesta repleta de ouro e de comida.

Aquele que conseguisse alcançar o topo daquele poste poderia se deliciar com a comida e pegar para si todo o ouro.

Muitos dos que estavam presentes, pretendiam participar daquele desafio.

Quando o rei autorizou, foi dado início à prova.

O primeiro a participar foi um rapaz alto e forte.

Ele tomou uma distância curtíssima e começou a subir no poste.

Não chegara nem à metade, quando, cansado e irritado, desistiu.

Enquanto descia, dizia que o poste era alto demais e que não havia nenhuma possibilidade de que alguém alcançasse o prêmio.

Blasfemava baixinho para que seus queixumes não fossem ouvidos pelo rei, mas sugeriu àqueles que se aproximavam dele que não tentassem, a fim de que o rei se visse obrigado a diminuir o tamanho do mastro.

Alguns súditos, influenciados pelas palavras do jovem, sentiram-se decepcionados com o rei e foram embora cabisbaixos e choramingando.

Outros proferiram contra o rei palavras de desapontamento.

De repente, porém, do meio da multidão surgiu um garotinho muito magro e de aparência franzina.

Tomou distância, aproveitando o tumulto criado pelo jovem rapaz que o antecedera, e, correndo como o vento, iniciou sua subida no mastro.

Na primeira tentativa não teve êxito.

Quando se preparava para tentar novamente, as pessoas ao redor gritavam: “desista!  Desista!” Mesmo assim ele persistiu.  Parecia mais convicto do que da primeira vez.  Afastou-se e, com energia, agarrava-se ao mastro, ganhando altura com muito empenho.

Minutos depois, após ter realizado indescritível esforço, o garoto, diante do olhar admirado de todos, atingiu o topo e a cesta repleta de ouro e comida.

Alguns o aplaudiram; outros, incrédulos, comentavam a proeza.

O rei, admirado pela determinação do vencedor, imediatamente foi procurar o pai do garoto para buscar uma explicação sobre o ocorrido.

“Meu senhor, como pôde esse menino, tão pequeno e fraco, alcançar um objetivo tão difícil, enquanto todos o instigavam a desistir?” – questionou curioso o soberano.

Sorrindo, com o filho nos braços, o pai esclareceu: “duas coisas motivaram o meu filho a agir da forma como agiu: a primeira é a fome, porque há dias o pobre não come nada.  E a segunda é porque ele é surdo, e não ouviu nenhuma das palavras desencorajadoras que lhe foram dirigidas.”

                            * * *

Muitas são as razões que podem nos motivar a buscar nossos objetivos.

Algumas delas são nobres e dignas, outras emergenciais e até mesmo casuais.

Em verdade, o mais importante é que tenhamos metas definidas e firme disposição para persistir sempre.

Distinguir as palavras de orientação das palavras de desestímulo nem sempre é tarefa fácil.

Usemos, portanto, o bom senso e o discernimento para saber insistir no que realmente vale a pena, sem nos deixar acovardar pelos discursos pessimistas.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro As mais belas parábolas de todos os tempos, vol.  I, organizado por Alexandre Rangel, Ed.  Leitura, pp.  94/95.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Uma prece

 

Ao despertar, enquanto você abre os olhos e se espreguiça na cama, seja para o Senhor da vida o seu primeiro pensamento.

Meditando em tantas coisas que logo mais lhe tomarão todas as horas do dia, sem lhe deixar tempo para telefonar para o amigo que há muito não vê, ou almoçar com a família, eleve a Deus o seu pensamento e lhe diga:

Senhor, acalma meu passo. Desacelera as batidas do meu coração, acalmando minha mente.

Diminui meu ritmo apressado com a visão da eternidade do tempo. Em meio às confusões do dia-a-dia, dá-me a tranquilidade das montanhas.

Retira a tensão dos meus músculos e nervos com a música suave dos rios de águas constantes que vivem em minhas lembranças.

Ajuda-me a conhecer o poder mágico e reparador do sono. Ajuda-me a me preparar bem para o repouso de todas as noites, lembrando-me sempre que enquanto dorme meu corpo, eu, Espírito, adentrarei o verdadeiro mundo e irei aos lugares que a minha mente elegeu como meu tesouro.

Ensina-me a arte de tirar pequenas férias: reduzir o meu ritmo para contemplar uma flor, papear com um amigo, afagar uma criança, ler um poema, ouvir uma música preferida.

Ensina-me a ter olhos de ver a beleza do céu azul, um raio de sol, a chuva da tarde, o cair da noite, com seu manto aveludado bordado de estrelas.

Acalma meu passo, Senhor, para que eu possa perceber no meio do incessante labor cotidiano dos ruídos, lutas, alegrias, cansaços ou desalentos, a Tua presença constante no meu coração.

Acalma meu passo, Senhor, para que eu possa entoar o cântico da esperança, sorrir para o meu próximo e calar–me para escutar a Tua voz.

Acalma meu passo, Senhor, e inspira-me a enterrar minhas raízes no solo dos valores duradouros da vida, para que eu possa crescer até às estrelas do meu destino maior.

Obrigado, Senhor, pelo dia de hoje, pela família que me deste, pelo meu trabalho e, sobretudo, pela Tua presença em minha vida.

Tudo isto Te peço, Senhor, pois se estás comigo, em nenhum lugar me sentirei triste, porque, apesar da tragédia diária, Tu enches de alegria o Universo.

Se estás comigo, não tenho medo de nada, nem de ninguém, porque nada posso perder e todas as forças do Cosmos são impotentes para tirar-me o que me pertence, na qualidade de filho de Deus: o Teu amor.

Se estás comigo, tudo executarei em Teu nome. Enfim, em nenhum lugar me sentirei estranho, deslocado, porque estás em todas as regiões, na mais suave de todas as paisagens, no limite indeciso de todos os horizontes.

                             *   *   *

A brisa refrescante que arrefece o calor dos dias de verão somente nos beneficiará se a respirarmos compassadamente.

Somente poderemos sentir a chuva benfazeja que se derrama sobre larga faixa terrestre, trazendo a fertilidade ao chão e alimentando as fontes, se alongarmos as mãos para recolher o líquido precioso.

Também as bênçãos de Deus se espelham sobre todas as criaturas, porém, para que as possamos sentir, dulcificando-nos as vidas, é preciso que nos unamos, em sintonia feliz, a essas faixas de luz.

E esta sintonia se chama oração.

 

 

Redação do Momento Espírita com base no cap.3  do livro

Rosângela, pelo Espírito Rosângela, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter e do texto Se amas a Deus, de Amado Nervo, do livro  Um presente especial, de Roger Patrón Luján, ed. Aquariana.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

PLENITUDE DA VIDA

 

O ser querido, que a morte arrebatou, não se extinguiu, prosseguindo, em outra dimensão, conforme as suas conquistas morais e espirituais.

A morte, em realidade, é a porta que se abre e conduz à vida plena, onde vibram, indestrutíveis, os tesouros incomparáveis da eternidade.

Logo após a morte do corpo físico, não ocorre o enfrentamento com os demônios representativos do inferno mitológico, nem com os querubins em júbilo para a condução do espírito aos céus.

Tem lugar, sim, o encontro com a consciência que desperta para a análise do comportamento vivido em relação àquele que deveria ter sido vivenciado.

Nos primeiros dias após a desencarnação o espírito geralmente permanece adormecido, de modo que, ao despertar, defronta a realidade na qual prosseguirá a partir daquele momento.

Não existem, porém, duas mortes e reconquistas da consciência iguais. Cada ser é um cosmo pessoal, diferindo dos demais, vivenciando emoções e aspirações compatíveis com o seu nível de evolução.

Assim, cada qual acorda no além-túmulo conforme adormeceu sob o anestésico da morte.

                              * * *

É natural que sofras a saudade daquele a quem amas e partiu da terra no rumo da imortalidade.

Não te desesperes, porém, pensando que não mais compartilharás da sua convivência, da sua afetividade, do relacionamento abençoado.

Ao invés de te permitires o arrastamento pelo desespero, acalma-te e envolve o ser querido em lembranças felizes, direcionando-lhe pensamentos edificantes e orações consoladoras.

Ele receberá as tuas vibrações de paz e de amor que o reconfortará, diminuindo-lhe também as angústias pela viagem realizada, as dores que talvez experimente.

Logo que lhe seja possível, volverá a visitar-te, envolvendo-te em ternura e gratidão.

Nunca penses na morte em termos de destruição e de aniquilamento.

Tudo, em a natureza, morre para ressurgir, para transformar-se. Por que o ser humano deveria desaparecer?

Se não o vês, isto não lhe significa a desintegração, considerando que a maioria de tudo aquilo em que crês é invisível aos olhos, mas captado por instrumentos especiais torna-se realidade palpável.

O mesmo ocorre com os chamados mortos, que podem ser vistos, ouvidos, sentidos e manifestos através do instrumento mediúnico.

Se não és dotado de faculdade ostensiva, és possuidor de sentimentos que te facultam a captação dos pensamentos e dos sentimentos dele.

Se desejas comunicar-te com o afeto que faleceu, faze silêncio interior e o perceberás, assim aliviando as dores da aflição de ambos com o medicamento da alegria e da esperança do reencontro.

                              * * *

Após a morte dilaceradora e cruel sofrida por Jesus, veio a madrugada da imortalidade, quando Ele ressuscitou, iluminado e triunfante ao túmulo, confirmando as Suas palavras e promessas, desse modo iniciando a era nova da felicidade sem interrupção pela morte.

Nunca te olvides, pois, da ressurreição que sempre somente se dará, havendo antes a desencarnação.

 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em mensagem psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 31 de maio de 2004, em Zurique, Suíça, ditada pelo Espírito Joanna de Ângelis.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Em nome dos direitos humanos

 

Ela era uma mulher pobre e analfabeta, num país onde as mulheres não têm direitos.

Tratadas como moeda de troca ou compensação de qualquer prejuízo, elas são negociadas pelos pais.

Podem ser entregues ainda crianças para casamentos arranjados, que objetivam acalmar ânimos exaltados, em desacertos tribais.

Não podem escolher o homem com quem se desejam casar e, se afrontarem tal regra, pagam com a vida a desonra que atraem para a própria família.

Mukhtar vivia em sua aldeia e era respeitada porque, embora analfabeta, decorara o Corão e o ensinava às crianças, de forma gratuita.

Também auxiliava a renda familiar ensinando bordados a outras mulheres.

Cedo aprendera que no Punjab a mulher não tem o direito de escolhas ou de sonhos.

Um dia, ela foi levada até à tribo vizinha, considerada de casta superior, por seu pai e seu tio, a fim de pedir perdão, em nome da família.

É que seu irmão, de apenas 12 anos, fora acusado de ter falado com uma jovem daquela tribo, desonrando-a.

O que se seguiu foi que o Conselho da tribo decidiu que Mukhtar deveria, a titulo de reparação, ser entregue aos homens do clã ofendido.

Ela foi agredida sexualmente por vários deles. Se nos primeiros dias após o ocorrido, ela desejou a morte, na sequência, resolveu lutar pelos seus direitos.

A atitude corajosa daquela jovem ferida e humilhada ocasionou um início de revolução quanto à situação da mulher em seu país.

Seu caso ganhou o noticiário internacional e ela foi convidada a se fazer presente em conferências, em vários lugares do Mundo.

Com risco de sua própria vida e da de seus familiares, Mukhtar lutou por justiça.

Mas não somente para si. Para todas as mulheres que todos os dias têm seus direitos usurpados, feridos.

E, como reconheceu que houve muitos entraves no desenrolar do seu processo judicial, por ela não saber ler, nem escrever, tomou uma séria decisão.

Fundou uma escola para meninas. Com recursos do Estado e de outros países, ela conseguiu.

Se para construir a escola, ela teve o apoio internacional, para conseguir convencer os pais das meninas a deixá-las estudar, foi luta mais árdua.

Foi de porta em porta e, com o tempo, mais de duas centenas de meninas passaram a frequentar a escola.

Para assegurar a frequência, ela estabeleceu um prêmio por assiduidade.

Um prêmio que interessava às famílias: uma cabra para as meninas, uma bicicleta para os meninos.

Assegurar um futuro diferente para aquelas garotas, permitindo-lhes ter acesso ao conhecimento das leis, de seus direitos é o objetivo pelo qual trabalha.

Passou a ser conhecida, em seu país, como a grande irmã que deve ser respeitada, Mukhtar Mai.

Ela ainda sangra em sua alma ao recordar os anos de luta que teve que enfrentar, as calúnias que foram levantadas contra si.

Mas olha confiante o futuro, na certeza de que, se puder evitar que aconteça o que lhe aconteceu a outras meninas, adolescentes e mulheres adultas, terá valido a pena.

Mukhtar Mai, uma mulher de coragem lutando por direitos humanos.

Uma bandeira de estoicismo e bravura, que transformou a própria dor em luta pelos direitos das mulheres.

 

Redação do Momento Espírita com base no livro Desonrada, de Mukhtar Mai, ed. BestSeller.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A mão de Deus

 

Conta-se que o conquistador mongol Genghis-Khan tinha como animal de estimação um falcão. Com ele saía a caçar. Era seu amigo inseparável.

Certo dia, em uma das suas jornadas, com o falcão como companhia, sentiu muita sede. Aproximou-se de um rochedo de onde um filete de água límpida brotava.

Tomou da sua taça, encheu até a borda e levou aos lábios. No mesmo instante, o falcão se jogou contra a taça e o líquido precioso caiu ao chão.

Genghis-Khan ficou muito irritado. Levou a taça novamente até o filete de água e tornou a encher. De novo, antes que ele pudesse beber uma gota sequer, o falcão investiu contra sua mão, fazendo com que caísse ao chão a taça e se perdesse a água.

Desta vez o impiedoso conquistador olhou para a ave e falou:

Vou tornar a encher a taça. Se você a derrubar outra vez, impedindo que eu beba, você perderá a vida.

Na mão direita segurando a espada mongol, com a esquerda ele tornou a colocar a taça debaixo do filete de água e a encheu.

No exato momento que a levava aos lábios, o falcão voou rápido e a derrubou.

Ágil como ele só, Genghis-Khan utilizou a espada e, em pleno ar, decepou a cabeça do falcão, que lhe caiu morto aos pés.

Ainda com raiva, ele chutou longe o corpo do animal.

E porque a taça se tivesse quebrado na terceira queda, ele subiu pelas pedras para beber do ponto mais alto do rochedo, no que imaginou fosse a nascente da fonte.

Para sua surpresa, descobriu presa entre as pedras, bem no meio da nascente, uma enorme cobra venenosa. O animal estava morto há tempo, com certeza, porque mostrava sinais de decomposição. O cheiro era insuportável.

Nesse instante, e somente então, o grande conquistador se deu conta de que o que o falcão fizera, por três vezes, fora lhe salvar a vida, pois se bebesse daquela água contaminada, poderia adoecer e morrer.

Tardiamente, lamentou o gesto impensado que o levara a matar o animal, seu amigo.

                             *   *   *

Assim muitas vezes somos nós. A Providência Divina estabelece formas de auxílio para nós e não as entendemos. Pelo contrário, nos rebelamos.

Por vezes, a presença de Deus em nossas vidas se faz através dos sábios conselhos de amigos. Contudo, quando eles vêm nos falar de como seria mais prudente agirmos nessa ou naquela circunstância, nos irritamos. E podemos chegar a romper velhas amizades.

De outras vezes, Deus estabelece que algo que desejamos intensamente, não se concretize. Algo que almejamos: um concurso, uma viagem, um prêmio, uma festa, um determinado emprego. É o suficiente para que gritemos contra o Pai, nos dizendo abandonados, esquecidos do Seu apoio.

Raras vezes paramos para pensar e analisar sobre o que nos está acontecendo. Quase nunca paramos para nos perguntar: Não será a mão de Deus agindo, para me dizer que este não é o melhor caminho para mim?

Nada ocorre ao acaso. Tudo tem uma razão de ser. Você nunca se deu conta que um engarrafamento que o detém no trânsito por alguns preciosos minutos, pode lhe impedir de ser participante de um acidente mais adiante?

Um contratempo à saída de casa, que lhe retarde a tomada do ônibus no momento que você planejava, pode ser a mão de Deus interferindo para que você não se sirva daquela condução, para não estar presente no acidente que logo acontece.

Providência Divina. Esteja atento. Busque entender as pequenas mensagens que Deus lhe envia todas as horas.

E não se irrite. Não se altere. Agradeça. A mão de Deus está agindo em seu favor, em todos os momentos, todos os dias.

Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A metamorfose

Você já observou a borboleta pousada sobre uma folha nova, especialmente escolhida por ela, uma que não caia antes da saída das lagartinhas do ovo, dobrar o abdome até sentir a face inferior da folha e ali colocar o ovo?

Por essas maravilhas da natureza, que somente a Providência Divina explica, cada espécie de borboleta sabe exatamente qual o tipo de planta que deve escolher para colocar o ovo que, graças a uma substância viscosa de secagem rápida, fixa-se imediatamente.

As borboletas são muito admiradas pela leveza dos seus voos e a beleza do colorido de suas asas.

Elas procuram, nas flores, na areia úmida ou em frutos fermentados, o seu alimento, sendo que as flores são muito frequentadas pelas borboletas fêmeas, enquanto os machos preferem as areias úmidas.

Algumas espécies existem que têm a capacidade de permanecer imóveis por tempo considerável, enquanto outras fazem voos curtos, por vezes muito rápidos, indo de uma flor a outra.

Elas buscam a pradaria, as ramadas das árvores, beijam as folhas farfalhantes e driblam o vento apressado.

Bailam em meio às gotículas que se desprendem das quedas d'água ou como pétalas voejam, balançando no espaço.

Seu matiz é mensagem de alegria. A sua liberdade é um convite à paz.

No entanto, dias antes de se mostrarem tão belas não passavam de larvas rastejantes no solo úmido ou na casca apodrecida de algum tronco relegado.

Lagartas, jamais sonhariam com os beijos do sol ou com o néctar das flores. Mas, passam as semanas e após a fase de crisálida, ei-las que surgem maravilhosas, coloridas, exuberantes, plenas de vida.

                           *   *   *

À semelhança da lagarta, vivemos no terreno das experiências humanas.

Afinal, chega um dia em que somos convidados a adormecer na carne para despertar na Espiritualidade, planando acima das dificuldades que nos afligiam.

É a morte que nos alcança e nos ensina que a vida não se resume num punhado de matéria que entrará em decomposição.

Também não é simplesmente um amontoado de episódios marcantes ou insignificantes, promotores de esparsos sorrisos e rios de pranto.

A vida é a do Espírito, que vive para além da aduana da morte, tendo como destino a vida na amplidão.

Por isso, quando formos constrangidos a acompanhar, com lágrimas, aquele afeto que se despede das lutas do mundo, rumando para a Espiritualidade, não lastimemos, nem nos desesperemos.

Mesmo com dores n'alma, despeçamo-nos do coração querido com um suave até logo porque exatamente como as borboletas, ele alcançou a liberdade, enfim.

                            *   *   *

Ao morrer o corpo, o Espírito que dele se utilizava como de um veículo, se liberta.

Ninguém se aniquila na morte. Muda-se, simplesmente, de estado vibratório, sem que se opere uma mudança nos sentimentos, paixões e anseios naquele que é considerado morto.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 10 do livro Rosângela, pelo Espírito homônimo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter; no verbete Morte, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal e no verbete Borboleta, da Enciclopédia Mirador, v. 4, ed. Encyclopaedia britannica do Brasil.

CLARO ESCURO

 

“Conta-me...

Como é o sol, lua sincera?

Encanta-me...

Teu lume azul, tua esfera.

Daríamos valor ao dia

Se a noite não nos fosse companhia?

Teria eu tua presença, sol, astro amigo

Se o claro fosse do escuro inimigo?

E as cores, na ausência da intensidade

Pintariam retratos com tanta propriedade?

E a luz própria, que procuramos descobrir

Teria algum sentido em surgir?

Se tudo nascesse claridade

E da penumbra não surgisse...

Onde estaria a felicidade

No fim de uma jornada que não existisse?

Conta-me...

Como é o sol, lua sincera?

Encanta-me...

Teu lume azul, tua esfera.”

 

O poema nos fala da evolução humana, e dos caminhos que trilhamos para alcançar o objetivo maior, a sublimidade, a perfeição.

O processo evolutivo não dá saltos. Tudo no Universo segue desenvolvimentos graduais, desde as transformações das galáxias, dos globos, até o crescimento moral dos Espíritos.

Não há criatura no Universo criada perfeita. A perfeição é finalidade de todos, e não há privilégios na Criação Divina.

Os anjos, por exemplo, são apenas Espíritos Superiores, que alcançaram este estágio de beleza moral e intelectual por seus próprios esforços.

Partimos todos, sem exceção, da ignorância e da simplicidade, destinados à felicidade, à perfeição.

Seguimos nossos caminhos fazendo escolhas, regidos pela Lei maior de Causa e Efeito, voltando à carne tantas e tantas vezes para desenvolver nossas virtudes, semeadas nos jardins íntimos da potencialidade.

Criaturas de Deus - desta Inteligência Suprema e Causa Primeira de todas as coisas - levamos as Leis maiores do Universo nas vastas naves da consciência.

Criaturas de Deus, trazemos a possibilidade do contato constante com o Pai, através da oração sincera e da confiança raciocinada nos mecanismos educacionais da vida.

Criaturas de Deus, partimos da penumbra, da ausência das virtudes no coração, com o objetivo de conquistar a luminescência própria, assim como os astros do Cosmos que aprendemos a chamar de sóis.

                              * * *

Todos trazemos o sol potencial em nossas almas...

Todos trazemos a perfeição potencial em nossas almas...

Resta-nos seguir, e seguir em frente, conquistando a felicidade em cada alvorada, em cada nova oportunidade que o Criador nos concede de darmos mais um passo, de brilhar um pouco mais nossa luz.

Resta-nos seguir, seguir e amar, pois não há senda mais segura e agradável do que aquela apontada pelo amor...

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no poema Claro escuro, de Andrey Cechelero.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O PRESSENTIMENTO EM NOSSAS VIDAS

 

Você já teve, alguma vez, um pensamento repentino que o impele a tomar uma determinada atitude?

Algo que você faz, porque sentiu uma quase irresistível vontade de fazer, sem saber bem o porquê?

Mas que, depois de um tempo, acaba por se dar conta que aquele ato lhe salvou a vida? Ou o impediu de cometer uma tolice?

Assim é com viagem programada que, à última hora, se decide cancelar; um negócio pensado longamente e que é abortado na hora de sua concretização.

Um imóvel que iria ser vendido a fulano e se opta por declinar da venda; a criança que seria deixada, por algumas horas, em casa de alguém, etc, etc.

São situações aparentemente simples, comuns. Coisas do cotidiano. No entanto, o fato de fazer algo oposto ao que estava programado ou mudar alguma coisa que vinha sendo feita há muito tempo, decide por sua vida.

Ou pela melhoria dela.

Detalhes que você somente perceberá mais tarde.

Assim é o caso daquela jovem de 17 anos. Morava em uma rua sem saída.

De manhã, estava no quarto, preparando-se para sair. Um impulso a fez olhar para sua cama que ficava debaixo da janela e a empurrar para junto da parede oposta.

Parecia um comando mental. E ela não pensou duas vezes.

Ao chegar à porta para sair, olhou novamente o quarto e não pôde entender muito bem o que fizera.

Ela não era uma pessoa com criatividade para decoração. Normalmente, decidia sobre a posição de um móvel e não mudava mais.

Por um breve momento, ela tentou entender por que fizera aquilo. Mas, em seguida, resolveu sair e tocar a sua vida.

A escola, as amigas, o estudo. Havia muita coisa para fazer, para dizer, para viver.

À noite, ela foi a uma festa e voltou tarde para casa. Uma hora da manhã.

Estava tão cansada que literalmente se jogou na cama e dormiu.

No meio da madrugada, foi arrancada do sono por um enorme estrondo.

Faróis ofuscantes, blocos de cimento despedaçado e a parte dianteira de um caminhão estavam no seu quarto.

Pedaços de cimento caíram em sua cama. O quarto foi invadido por uma nuvem de poeira.

Pulou da cama, assustada. Dentro do caminhão, estava uma mulher.

Seu rosto sangrava e, mesmo assim, ela tentava engatar uma marcha à ré.

Soube-se, mais tarde, que a mulher, totalmente drogada, tinha atravessado três pistas, derrubado a cerca do quintal e invadido o quarto, daquela forma.

Passado o susto, a jovem se tomou de indignação pelo risco que correra.

Depois, agradeceu por estar viva.

Foi, no entanto, quando se deu conta de que, se não tivesse mudado a cama de lugar horas antes do desastre, o impacto do caminhão a teria matado, que ela deu graças a Deus por estar viva.

E pela intuição que teve e atendeu de pronto.

Na nova arrumação, o lado direito do caminhão ficou a trinta centímetros de sua cabeça.

                               * * *

O pressentimento, por vezes, é o conselho íntimo e oculto de um Espírito que nos quer bem.

Na incerteza de atender ou não ao pressentimento, ore a Deus, Soberano Senhor de tudo e todos.

Ele lhe enviará um de Seus mensageiros em seu socorro.

Pense nisso!

Texto da Redação do Momento Espírita, com base no cap. 6 do livro Não é preciso dizer adeus, de Allison Dubois, ed. Sextante e itens 522 e 523, de O livro dos espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

www.momento.com.br

                                

                         * * *

O pressentimento é sempre uma advertência do Espírito protetor?

-- O pressentimento é o conselho íntimo e oculto de um Espírito que vos deseja o bem. É também a intuição da escolha anterior: é a voz do instinto. O Espírito, antes de se encarnar, tem conhecimento das fases principais da sua existência, ou seja, do gênero de provas a que irá ligar- se. Quando estas têm um caráter marcante, ele conserva uma espécie de impressão em seu foro íntimo, e essa impressão, que é a voz do instinto, desperta quando chega o momento, tornando-se pressentimento.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A pequena moeda

 

Dentro de um antigo baú empoeirado se encontrava, entre algumas bugigangas, uma pequena moeda.

Estava escurecida e desgastada pelo tempo e tudo indicava que havia sido muito manuseada.

Contudo, nada era sabido sobre o seu valor e há muito já fora esquecida.

     Um dia, porém, o baú foi aberto e, após ser vasculhado, ela foi encontrada.

O homem que a descobriu levou-a primeiramente a um economista para que fosse examinada.

Este, ao ver a moeda, negligenciou-a. Afirmou a sua antigüidade, mas desprezou o seu valor..

     Não conformado com a avaliação feita, o dono da moeda se dirigiu a um conhecido especialista em raridades..

Ao apresentá-la, pôde perceber de imediato, nas feições do homem, um certo ar de interesse e curiosidade.

Da moeda foi retirada toda a escória e o seu brilho ressurgiu.

Após uma detida análise, o especialista voltou-se para ele e declarou ser ele possuidor de uma peça de imenso valor,

uma rara moeda de ouro, na verdade, um exemplar único.

     Em muitas ocasiões, as pessoas são negligenciadas e desprezadas pelo juízo dos outros.

Ouvem palavras severas que as reduzem à insignificância.

Porém, o grande problema em tudo isso é que baseiam as suas vidas nestas avaliações e vivem desconsiderando a sua real importância.

     Para que se possa tomar consciência do próprio valor é preciso que o indivíduo recorra a um especialista em raridades.

Deus é este especialista em raridades.

Ele pode retirar toda a escória, resgatar e declarar a real significância do ser humano.

Ele faz ressurgir o brilho esquecido pelas estações do tempo que foram vividas no pecado.

     Coloque-se diante do Senhor, deixe que Ele dissipe todo o resíduo que o impede de brilhar.

Permita que Ele resgate o seu valor através de Jesus Cristo.

 

Roberto Montechiari Werneck

RELIGIÕES

 

"Para mim, as diferentes religiões são lindas flores, provenientes do mesmo jardim. Ou são ramos da mesma árvore majestosa. Portanto, são todas verdadeiras".

A frase que você acabou de ler foi dita por uma das mais importantes personalidades do século vinte: o Mahatma Gandhi.

Veja quanta sabedoria nas palavras do homem que liderou a independência da Índia sem jamais recorrer à violência!

Nos tempos atuais, são raros os que realmente têm uma posição como a de Gandhi, que manifestava um profundo respeito pela opção religiosa dos outros.

Muitas pessoas acreditam que sua religião é superior às demais. Acreditam firmemente que somente elas estão salvas, enquanto todos os demais estão condenados.

Pouquíssimas pensam na essência da mensagem que abraçam, já que estão muito preocupadas em converter almas que consideram perdidas.

E, no entanto, Deus é Pai da Humanidade inteira. Todos nós temos a felicidade de trazer, em nossa consciência, o sol da Lei Divina. Ninguém está desamparado.

De onde vem, então, essa atitude preconceituosa, exclusivista, que nos afasta de nossos irmãos?

Vem de nosso pensamento limitado e ainda egoísta. Quase sempre o homem acredita que tem razão.

Imagina que suas opiniões, crenças e opções são as melhores. Você já notou que a maior parte das pessoas acha que tem muito a ensinar aos outros?

É que, em geral, as pessoas quase não se dispõem a ouvir o outro: falam sem parar, dão opiniões sobre tudo, impõem sua opinião.

São almas por vezes muito alegres, expansivas, que adoram brincar. Chamam a atenção pela vivacidade, pelos modos espalhafatosos, pelas risadas contagiantes e pelas conversas em voz alta.

Mas são raras as vezes em que param para escutar o que o outro tem a dizer.

São como crianças um tanto egoístas, para quem o Mundo está centrado em si ou na satisfação de seus interesses.

É uma atitude muito semelhante a que temos quando acreditamos que o outro está errado, simplesmente por ser de uma religião diferente. É que não conseguimos parar de pensar em nossas próprias escolhas.

Não estudamos a religião alheia, não nos informamos sobre o que aquela religião ensina, que benefícios traz, quanta consolação espalha.

Se estivéssemos envolvidos pelo sentimento de amor incondicional pelo próximo, seríamos mais complacentes e mais atentos às necessidades do outro.

E então veríamos que, na maioria dos casos, as pessoas estão muito felizes com sua opção religiosa. A nossa religião é a melhor? Sim, é a melhor. Mas é a melhor para nós.

É óbvio que gostamos de compartilhar o que nos faz bem. Ofertar aos outros a nossa experiência positiva é uma atitude louvável e natural.

Mas esse gesto de generosidade pode se tornar inconveniente quando exageramos.

Uma coisa é ofertar algo com espírito fraternal, visando o bem. Mas diferente quando desejamos impor aos demais a nossa convicção particular.

Se o outro pensa diferente, respeite-o! Ele tem todo o direito de fazer escolhas. Quem de nós lhe conhece a alma? Ou a bagagem espiritual, moral e intelectual que carrega?

Deus nos deu nosso livre arbítrio e o respeita. Por que não imitá-Lo?

Enquanto não soubermos amar profundamente o próximo, respeitando-lhe as escolhas, não teremos a atitude de amor ensinada por todas as religiões e pelos grandes Mestres da Humanidade.

Texto da Redação do Momento Espírita.