sexta-feira, 31 de maio de 2013

AMOR ETERNO


Você gosta do meu vestido? - Perguntou a menina para a estranha que passava.
 
Minha mãe fez para mim! Comentou, com uma lágrima nos olhos.
 
Bem, eu acho que é muito bonito. Mas me conte por que você está chorando? - Disse a senhora.
 
Com um ligeiro tremor na voz, a menina falou:
 
Depois que mamãe me fez este vestido, ela teve que ir embora.
 
Bem, disse a senhora, agora você deve ficar esperando por ela. Estou certa que ela voltará em breve.
 
Não, a senhora não entendeu. Meu pai disse que a mamãe está com meu avô, no céu.
 
Finalmente, a mulher percebeu o que a criança estava dizendo e porque estava choramingando.
 
Comovida, ajoelhou-se e, carinhosamente, embalou a criança nos braços. Acariciando-a, chorou baixinho com ela. Então, de repente, a menina fez algo que a mulher achou muito estranho: começou a cantar.
 
Cantava tão suavemente que era quase um sussurro. Era o mais doce som que a mulher já tinha ouvido. Parecia a canção de um pássaro. Quando a criança parou de cantar, explicou para a senhora:
 
Minha mãe cantou esta canção para mim antes de ir embora. Ela me fez prometer sempre cantar quando começasse a chorar, porque isso me faria parar.
 
Veja, exclamou a criança, cantei e agora os meus olhos estão secos.
 
Quando a mulher se virou para ir embora, a pequena menina se agarrou na sua roupa.
 
Senhora, pode ficar apenas mais um minuto? Quero lhe mostrar uma coisa.
 
Claro que sim, falou a senhora. O que você quer que eu veja?
 
Apontando para uma mancha no seu vestidinho, a menina falou:
 
Aqui está a marca onde minha mãe beijou meu vestido. E aqui, disse, apontando outra mancha, é outro beijo, e aqui, e aqui. A mamãe disse que colocou todos esses beijos em meu vestido para que eu sempre tenha seus beijos se algo me fizesse chorar.
 
Naquele momento, a senhora percebeu que não estava apenas olhando para uma criança, cuja mãe sabia que iria partir e que não estaria presente, fisicamente, para beijar as lesões que a filha viesse a ter.
 
Aquela mãe havia gravado todo seu amor no vestido da sua pequena e encantadora criança. Vestido que agora a menina usava tão orgulhosamente.
 
A mulher já não via apenas uma pequena menina dentro de um simples vestido. Via uma criança embrulhada no amor de sua mãe.
 
* * *
 
A morte a todos alcança. Preparar-se para recebê-la com dignidade, preparando igualmente os que permanecerão na Terra por mais tempo, demonstra altruísmo e grandeza d’alma.
 
Como Jesus nos afirmou que nenhum de nós sabe exatamente a hora em que terá que partir, importante que distribuamos o nosso amor e vivamos as nossas vidas em totalidade.
 
Assim, quando tivermos que partir, as lembranças do que fomos e do que fizemos, aquecerão as almas dos nossos amores, amenizando o vazio da nossa ausência física.
 
Pensemos nisso!
 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Amor eterno, de autoria ignorada.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

O LIVRO MAIS PRECIOSO


O professor, em um curso de mestrado, propôs aos alunos:
 
Se vocês fossem morar numa ilha deserta e pudessem levar apenas um livro, qual deles escolheriam?
 
As respostas foram variadas, segundo os interesses, concepções e predileções de cada um.
 
Os miseráveis, de Victor Hugo. Emílio, de Rousseau. O capital, de Karl Marx. A origem das espécies, de Darwin.
 
Depois de todos terem se manifestado, o professor sorriu e comentou:
 
Não seria mais proveitoso um manual de sobrevivência?
 
O professor foi verdadeiramente prático. Afinal, todos os livros citados eram preciosos. Contudo, eram inúteis em relação ao essencial: como sobreviver numa ilha deserta?
 
* * *
 
Também na Terra, na qualidade de Espíritos reencarnados, em trajetória de progresso, necessitamos de um manual de sobrevivência.
 
Não exatamente para as questões físicas, pois que essas serão bem cuidadas graças ao instinto de conservação.
 
Mas um manual de sobrevivência espiritual, isto é, um manual que nos garanta a integridade dos projetos que fizemos antes de renascer na carne.
 
Projetos que elaboramos com cuidado como a nossa harmonização com desafetos de outras épocas; a consolidação dos laços afetivos; a reforma íntima.
 
Um manual que nos estabeleça normas e diretrizes para a nossa colaboração com Deus na obra da Criação.
 
Um abençoado manual de sobrevivência, um roteiro seguro para o cumprimento dos sagrados objetivos que nos trouxeram à vida física e nos garanta existência feliz e produtiva.
 
Pois esse manual a Divindade plantou em nossa intimidade. Podemos abrir um dos capítulos e ler a respeito da fé.
 
Fé que nos alerte da certeza de que estamos na Terra guardados pelo amor de Deus, que jamais desampara os Seus filhos.
 
Fé que nos informe, todos os dias, que tudo tem uma razão de ser, mesmo a dor mais profunda e o problema mais crucial. Mesmo que, agora, não tenhamos condições de perceber tais razões.
 
Podemos passar adiante e ler o capítulo Esperança. Então nos sentiremos fortes para os embates, quaisquer que sejam, pois a esperança nos dirá que fomos criados para a vitória, jamais para a derrota.
 
A esperança nos recordará das tempestades que varrem a Terra, parecendo destruí-la e dos dias seguintes em que o sol beija a pradaria, aquece os jardins e acaricia as flores para que elas espalhem seu inebriante perfume.
 
A esperança nos falará dos invernos que parecem infindáveis, das noites que se fazem intermináveis, acenando-nos com a lembrança das primaveras e dos verões ensolarados, dos dias reluzentes de muita alegria.
 
* * *
 
Bem falou Jesus: O reino dos céus está dentro de vós. O que nos cabe é ler nas páginas da nossa consciência as mensagens do amor que Deus, na qualidade de Pai, colocou em cada um de nós.
 
Assim, logo mais, teremos banido da Terra a dor, a violência e a tristeza porque lendo os capítulos desse bendito manual, descobriremos que tudo é passageiro na Terra e que nossa jornada por ela tem um objetivo maior: o progresso.
 
E progredir é perseguir a perfeição. Ser perfeito é ter encontrado a felicidade plena.
 
Redação do Momento Espírita, com base na mensagem Do céu para a Terra, de Richard Simonetti.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

AMOR A TODA PROVA


Quando os filhos nascem são amados, de forma incondicional, pelas mães. Contudo, à medida que o tempo passa, que os dias se somam e as tribulações, as canseiras vão sendo adicionadas, parece que tudo se transforma em rotina.
 
Até o amor. No entanto, basta qualquer coisa acontecer com o filho e eis o amor, de forma incondicional, se apresentando. É um sentimento intenso, gratificante, capaz de coisas inacreditáveis.
 
Mães que atravessam anos à cabeceira do filho doente, que movem céus e terra para os ver, de novo, sadios. Nada é demasiado para aquele ser amado.
 
Recordamos de uma mãe, ainda jovem, com a filha nos braços. A menina era portadora de síndrome incomum e os meses se arrastavam, penosos, com peregrinação materna na ala especializada do hospital.
 
Naquele dia, com a pequena nos braços, Luciana estava ali, outra vez. E aguardava pacientemente, aconchegando ao peito seu tesouro.
 
Chamou-lhe a atenção um senhor, ao seu lado, que de tudo reclamava. De tudo mesmo. Era um resmungo atrás do outro.
 
Em certo momento, ele desabafou: A única alegria que tenho é minha filha. Ela é minha razão de viver. Se não fosse por ela, eu já teria desistido.
 
Então, a mãe corajosa o olhou profundamente e lhe disse: Pois, então, senhor, quando estiver se sentindo mal e tiver vontade de reclamar, de achar que a vida o está castigando, agradeça a Deus por não ser sua filha a sofrer tudo isso.
 
Digo isso porque eu daria tudo para estar no lugar da minha filha.
 
O senhor se calou, assustado. Lágrimas lhe vieram aos olhos ao ver aquela mãe tão sofrida.
 
* * *
 
E é assim em todo lugar. A coragem materna se manifestando.
 
Por vezes, até, um coração materno ao outro socorre. Foi o que aconteceu em outra ala hospitalar. Na recepção, estava a mulher.
 
Magra, lenço à cabeça. Portadora de leucemia, muito jovem, duas filhas pequenas. Havia um certo desencanto no olhar. Esse olhar de quem sabe que tem o passaporte da vida vistado para o Além.
 
Ela fora submetida a um transplante de medula e não resultara exitoso. A leucemia, implacável, lhe determinava pouco tempo de vida física.
 
Ali, ao seu lado, estava Luciana, com a filha nos braços, pequena, magra, doentinha.
 
Trocaram confidências as duas mães. Luciana buscava dizer à outra que continuasse a lutar, que não desistisse. Era possível que o quadro revertesse.
 
Então, a jovem desenganada, com o mais doce dos sorrisos, olhando emocionada para Luciana, disse:
 
Apesar de tudo que sofri e tenho passado, apesar de talvez eu não poder ver minhas filhas crescerem, digo que, de forma alguma, desejaria estar em seu lugar.
 
* * *
 
Ouvindo esses depoimentos, pais e mães, agradeçamos a Deus os filhos sadios que nos exigem tanto; os filhos enfermos que dilaceram nossos corações com suas dores.
 
E quando o dia for de cansaço e rotina, superemos. E fiquemos ao lado dos nossos filhos, intensamente, por quinze, vinte ou trinta minutos.
 
Isso porque é maravilhoso ter um filho para amar!
 
Redação do Momento Espírita, com base em fatos da vida de Luciana Costa Macedo.

terça-feira, 28 de maio de 2013

TEMPO E OPORTUNIDADE


Troca-se um relógio com tempo rápido, por um relógio de horas longas. Para olhar a natureza, e apreciar os pássaros.
 
Troca-se um dia apavorado, preso, rápido, por um dia solto, leve e comprido. Para brincar e aproveitar a vida.
 
* * *
 
O poema singelo é de uma jovem estudante, de alguém que, mesmo em tenra idade, descobriu que o tempo é um dos bens mais preciosos que temos.
 
Nenhum dia é igual ao outro na natureza. Eles não se repetem, são únicos.
 
O homem é que os torna iguais, repetitivos, cansativos, quando simplesmente se esquece de dirigir a sua vida e permite que a vida o carregue.
 
É certo que o mundo moderno nos exige muito para acompanhá-lo, para estar em sintonia com tudo de novo que surge, mas poderíamos questionar: precisamos realmente de tudo isso?
 
Precisamos deixar que o trabalho nos escravize, que ocupe grande parte de nosso tempo, de nossas forças?
 
Precisamos estar sempre pensando na competição, em ser melhores do que os outros, em estar na frente das outras ideias, em estar sempre na vanguarda de tudo?
 
Será preciso acompanhar os modismos, as novidades das mídias, para nos sentirmos bem?
 
Se fizermos uma análise profunda, veremos que não, que não precisamos de muito do que temos, de muito do que dizem que devemos ter para construir uma vida agradável e feliz.
 
Para quem raciocina que tempo é dinheiro, talvez olhar a natureza seja perda de tempo, mas para quem já aprendeu a ver que tempo é oportunidade, descobrirá que apreciar os pássaros, passar mais tempo com a família, ouvir uma boa música, ler um bom livro, são oportunidades da vida bem aproveitadas.
 
Um pai, ou uma mãe que tomem a resolução de abrir mão de um sucesso maior na profissão, por acreditarem que necessitam estar mais próximos dos filhos, com certeza se sentirão mais realizados do que aqueles que lutam incansavelmente para dar tudo à família, e esquecem que a sua presença, a sua atenção, o seu tempo, é o que de mais valioso podem dar a eles.
 
Esta existência é uma oportunidade única, e é chegado o momento de despertar para os verdadeiros objetivos que devemos ter aqui.
 
É chegado o instante de redescobrir o tempo e a sua utilidade.
 
* * *
 
Que tal pensarmos: quando foi a última vez que dedicamos o dia para estar com os nossos afetos?
 
Quando foi a última vez que conseguimos nos desligar dos problemas profissionais, para nos ocuparmos com atividades filantrópicas?
 
Quando foi a última vez que paramos para ouvir, de corpo e alma uma música, deixando-nos penetrar pela harmonia?
 
Quando foi a última vez que lemos um livro nobre, uma página edificante?
 
Quando foi a última vez que lembramos que somos um Espírito imortal, e que nada levaremos deste mundo além das nossas conquistas morais?
 
Pensemos nisso.
 
Redação do Momento Espírita, com base em poema de Aline Bescrovaine Pereira, da coletânea Palavra viva, do Colégio Positivo, ano 1998.

AMBIENTE MENTAL


Mãe e filha caminhavam pelas encostas floridas de um vale, e pelo caminho iam guardando as impressões tão belas da natureza exuberante daquelas paisagens alpinas que tanto lhes enterneciam a alma.
 
A vida tinha sido dura para com elas até então, pois, após a guerra, tudo havia se tornado difícil: tanto a alimentação, quanto reorganizar a vida, sozinhas, sem o apoio fraternal daqueles que tanto amavam na comunidade.
 
Será que um simples sobrenome poderia tê-las feito sofrer tanto assim? Essa era a pergunta que se faziam, diversas vezes, enquanto caminhavam em busca de sua antiga residência.
 
Nada poderia ser assim tão inexplicável para aquelas descendentes de judeus que habitavam os arredores de Zugspitze, Alemanha, por volta de 1948.
 
Entretanto, eram dotadas de uma força extraordinária que, mesmo sem saber para onde iam, tinham a certeza de que facilmente a vida voltaria a ser normal de novo.
 
Desejavam poder trabalhar, mesmo que fosse intensamente, na reconstrução da própria felicidade.
 
O tempo passou. Já se aproximava o pôr-do-sol quando as duas se assustaram com o quadro que aparecia à sua frente.
 
Entre tão bela paisagem, dois homens, aos gritos um para com o outro, transformavam aquele paraíso num lugar desarmônico, pela vibração de rancor que deles emanava.
 
Subitamente, ao sentirem a presença de tão doces criaturas, os ânimos foram se acalmando, foram se refazendo das atitudes de agressividade, serenando os batimentos cardíacos e os dois perceberam que o silêncio delas os atingia de modo incômodo.
 
Boa tarde, senhores! Será que poderíamos lhes ser úteis?
 
Boa tarde, responderam com desdém. Como podem vocês afirmar ser boa uma tarde em que só podemos sentir raiva e desejo de vingança?
 
Estão, por acaso, fora de seus juízos normais ou são portadoras de alguma virtude que para nós ainda é desconhecida?
 
Entre uma frase e outra, elas explicaram que, apesar de tanto sofrimento, agradeciam ao Criador pelas próprias vidas que, ao serem poupadas graças a Ele, tiveram oportunidade de reconstrução e recomeço.
 
Chance desejada por muitos que haviam sofrido os martírios da guerra, ficado sem condições físicas para recomeçar sozinhos.
 
Então, o mais velho dos homens, envergonhado, chamou o outro ao seu lado, desculpando-se pelo mau uso das palavras, da violência, enfim, de toda aquela situação de indescritível mal estar que ele, como pai, houvera criado para seu filho tão amado.
 
Explicou que a dor imensa que lhe deturpava os sentidos, pela perda da esposa e outros filhos, o impedia de raciocinar claramente. Com humildade, pediu ao filho que lhe desse a mão e o ajudasse a superar tão difícil etapa da vida.
 
Por sua vez, o filho, muito emocionado, concordou em perdoar e recomeçaram a tentativa de acerto, juntos outra vez.
 
Agradeceram e partiram, assim como elas também tomaram seu rumo, estrada afora.
 
* * *
 
Muitas vezes somos capazes de efetuar grandes mudanças em nosso ambiente, mesmo que possa nos parecer difícil tal atitude.
 
Se nos mantivermos firmes em nossas ações nobres, desejosos de mudança interna e, principalmente, contarmos com o auxílio da oração que nos fortalece, podemos modificar para melhor o ambiente que nos rodeia.
 
Agindo assim, a nossa vida servirá de exemplo a todos aqueles que, por falta de um modelo, permanecem impossibilitados de tomar atitudes salutares.
 
E a fonte para todo esse aprendizado se encontra na mensagem do Cristo, portadora de ensinamento que nos fará pessoas melhores, capazes de auxiliar a todos indistintamente.
 
Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

DESCONTROLE


Naquele dia de sol, Mário chegou feliz e estacionou o reluzente caminhão em frente à porta de sua casa. Após vinte anos de muita economia e intenso trabalho, sacrificando dias de repouso e lazer, ele conseguira.
 
Comprara um caminhão.  Orgulhoso, entrou em casa e chamou a esposa para ver a sua aquisição. A partir de agora, seria seu próprio patrão.
 
Ao chegar próximo do veículo, uma cena o deixou descontrolado. Seu filho, de apenas seis anos, estava martelando alegremente a lataria do caminhão.
 
Irritado, aos berros, ele investiu contra o filho. Tomou o martelo das mãos dele e, totalmente fora de controle, martelou as mãozinhas do garoto.
 
Sem entender o que estava acontecendo, o menino se pôs a chorar de dor, enquanto a mãe interferiu e retirou o pequeno da cena.
 
Na sequência, ela trouxe o marido de volta à realidade e juntos levaram o filho ao hospital, para fazer um curativo nos machucados.
 
O que imaginavam, no entanto, fosse simples, descobriram ser muito grave. As marteladas nas frágeis mãozinhas tinham feito tal estrago que o garoto foi encaminhado para imediata cirurgia.
 
Passadas várias horas, o cirurgião veio ao encontro dos pais e lhes informou que as dilacerações tinham sido de grande extensão e os dedinhos tiveram que ser amputados. De resto, falou ainda o médico, a criança era forte e tinha resistido bem ao ato cirúrgico. Os pais poderiam aguardá-lo no quarto para onde logo mais seria conduzido.
 
Com a morte no coração, os pais esperaram que a criança despertasse. Quando, finalmente, abriu os olhos e viu o pai, o menino sorriu e falou:
 
Papai, me desculpe, eu só queria consertar o seu caminhão, como você me ensinou outro dia. Não fique bravo comigo.
 
O pai, com lágrimas a escorrer pela face, em desconsolo, se aproximou mais e lhe disse que não tinha importância o que ele havia feito. Mesmo porque, a lataria do caminhão nem tinha sido estragada.
 
O menino insistiu: Quer dizer que não está mais bravo comigo?
 
Não mesmo, falou o pai.
 
Então, perguntou a criança, se estou perdoado, quando é que meus dedinhos vão nascer de novo?
 
* * *
 
Toda vez que perdemos a calma, perdemos também a lucidez e o bom senso. Nesses momentos, podemos cometer muitas tolices.
 
E quando investimos contra as criaturas que amamos, podemos machucá-las muito. Podemos feri-las com palavras e com atos.
 
E, em se tratando de crianças, que são frágeis e ficam indefesas frente ao descontrole dos adultos, tudo assume maior gravidade.
 
Jamais nos permitamos a ira, que é sempre má companhia. Domemos as nossas tendências e impulsos agressivos, recordando que nada na vida é mais precioso do que as pessoas.
 
As coisas que possamos adquirir nos servirão por algum tempo, mas, somente os nossos amores estarão conosco sempre, não importando o local, as condições que venhamos a nos encontrar.
 
Preservemos a calma e ofertemos para aqueles que são os sóis das nossas vidas somente o carinho, a ternura e as doces manifestações do amor.
 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Não vale chorar, de autoria de Maurício Dias.

domingo, 26 de maio de 2013

PRIMAVERA EM NOSSA ALMA


Desde pequenos, muitos de nós elaboramos planos para a vida adulta.
 
Enquanto alguns crescem alimentando os sonhos infantis e os concretizam na maturidade, outros os deixam para trás.
 
Buscam se realizar pessoal e profissionalmente de uma forma diversa daquela planejada no início.
 
Enfim, todos nós temos objetivos a cumprir e metas a alcançar.
 
Importante analisarmos de que forma estamos agindo na concretização desses sonhos.
 
Na profissão ou ocupação que desenvolvemos, estamos agindo apenas em troca de uma remuneração financeira ou nos preocupamos em fazer algo mais, que vá além de nossa obrigação?
 
No caso de termos subalternos, de que maneira os estamos tratando? Importamo-nos com suas questões pessoais?
 
Temos sido amáveis e atenciosos com nossos familiares e amigos?
 
O bem está tendo espaço em nossa vida?
 
* * *
 
Não nos esqueçamos de que é possível ser caridoso a todo tempo e em todos os lugares. Oportunidade não nos falta.
 
É muito bom quando conseguimos reservar algum período do nosso tempo para o serviço sem remuneração, para a ação em favor da comunidade, para a caridade fraternal.
 
Esse tempo específico para agir no bem tem grande valor para Deus. Mas tenhamos a convicção de que não precisamos de um momento exclusivo para colocar o amor em ação.
 
Podemos agir caridosamente dentro do nosso ambiente familiar e em todas as relações sociais.
 
O modo como tratamos o próximo é que determina a nossa grandeza.
 
Tiremos o foco de nós mesmos e nos preocupemos com aqueles que estão a nossa volta, observando o quanto nossas boas ações, por mais simples que sejam, têm influência sobre eles.
 
Cuidemos para que a nossa vontade não prevaleça sempre sobre a dos outros. O exercício de fazer concessões nos leva, aos poucos, a deixar de lado o orgulho que ainda carregamos.
 
Chegará o momento de partirmos desta morada e o que ficará serão nossas obras. O que realizamos é sempre mais importante do que nós mesmos.
 
Façamos, então, a diferença e participemos de um momento de mudança em nossa sociedade, oferecendo bons exemplos, amparando e protegendo aqueles que necessitam, edificando construções de amor.
 
Preocupemos-nos em deixar algo de bom pelo caminho que percorremos. Belas obrasque possam ser levadas adiante por outras pessoas, independentemente de nossa presença.
 
Não importa se escolhemos seguir os sonhos da infância ou se optamos por buscar outras formas de nos realizarmos.
 
O importante é a maneira como estamos trilhando o caminho que escolhemos e a história que estamos deixando registrada.
 
Lembremo-nos da primavera, época encantadora e de vida abundante, na qual as flores e o canto dos pássaros embelezam nossos dias.
 
Assim como o aroma e as cores dessa estação nos trazem alegria, sejamos nós capazes de embelezar a vida do nosso semelhante com o perfume do bem.
 
Façamos então primavera em nossa alma.
 
Redação do Momento Espírita.

sábado, 25 de maio de 2013

A LIÇÃO DA TRAÇA


O escritor Wallace Leal Rodrigues apresenta em sua obra E, para o resto da vida, grandes tesouros para crianças e adultos.
 
Num dos capítulos, ele recorda de uma das lições de seu pai:
 
Meu pai era um homem frugal e bom. Ensinou-me, desde muito cedo, a entreter-me com as coisas aparentemente mais simples.
 
Um dos meus passatempos em criança era colecionar os casulos das traças e assistir, na primavera, à emersão das borboletas, espetáculo - para mim – de arrebatadora beleza.
 
A luta delas para escapar do cárcere despertava, sempre, minha compaixão.
 
E um dia, com uma tesoura muito fina, papai veio e cortou a parede sedosa do casulo, ajudando o bichinho a se soltar.
 
A borboleta, daí a um instante, estava morta.
 
Era como se o trabalho fosse necessário à garantia de sua vida.
 
“Filho” – disse papai -, “o esforço com que essa traça procura libertar-se do casulo ajuda-a a segregar os venenos do corpo.
 
Se o veneno não for expulso, o bichinho morrerá.
 
O mesmo ocorre com a gente: quando uma pessoa luta por aquilo que deseja torna-se melhor e mais forte.
 
Mas, quando as coisas se realizam sem esforço, nos tornamos fracos, pusilânimes, sem personalidade. E parece que alguma coisa morre dentro de nós.”
 
Sei, hoje, que fui mais capaz de sustentar-me na adversidade, graças à lição tão profunda e tão viva que meu pai soube dar-me naquele dia.
 
E tudo se deveu a uma pequenina traça morta...
 
* * *
 
Num mundo onde ainda se busca a vitória fácil, os ganhos materiais sem esforço e o sucesso instantâneo, a lição da traça é deveras importante.
 
É o esforço em conseguir algo que nos faz grandes.
 
O valor maior das verdadeiras conquistas não está apenas na conquista em si, mas em todo trabalho, em todo caminho que se percorreu para se chegar lá.
 
Assim também é a felicidade – uma construção.
 
Mesmo o sofrimento, tão temido por nós, é uma bênção, pois ele nos amadurece, colore a alma de tons de extrema beleza e nos proporciona crescimento estruturado, sem ameaça ou fragilidade que possibilite pensar na volta.
 
O trabalho é recurso abençoado que temos para expulsar de nós os venenos do orgulho e do egoísmo, e nos oferecer voo seguro após termos rompido – com nossa própria luta – o casulo de nossa ignorância.
 
Todo trabalho é sagrado, quando nos coloca como peça útil no meio social onde estamos inseridos, assim, todo trabalho digno é valioso e faz parte desse nosso processo de burilamento espiritual.
 
A lição da traça é a do trabalho e da resistência.
 
Quando achamos que as dores da vida, as provas difíceis e as vicissitudes diárias estão exaurindo nossas forças, tenhamos em mente que, em verdade, estão diluindo nossos tóxicos interiores e nos purificando a alma aprendiz.
 
Cada luta, cada dia resistido com bravura, é uma pequena fenda que se abre no casulo de nossa inferioridade moral, mostrando-nos a luz de dias melhores.
 
Trabalhemos com dedicação e amor. Resistamos às adversidades, tendo a certeza de que estão nos fazendo mais fortes. Enxerguemos no sofrer um recurso das leis Divinas para o nosso amadurecimento como Espírito imortal que somos.
 
Pensemos nisso.
 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A traça, do livro E, para o resto da vida, de Wallace Leal V. Rodrigues, ed. O Clarim.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

DESISTIR


Já pensamos em desistir de algo em nossa existência? Em abandonar definitivamente, em não mais tentar, em dar as costas e deixar de lado?
 
Pois há coisas na vida que verdadeiramente merecem isso. Coisas que deveríamos todos pensar em desistir.
 
Quantas vezes tentamos modificar as pessoas que estão ao nosso lado, dando conselhos, brigando, insistindo e discutindo para que elas mudem o jeito de agir, de falar ou de pensar?
 
Talvez melhor fosse abandonarmos essa postura e tentarmos modificar a nós mesmos.
 
Analisarmos o próprio comportamento e verificarmos o que poderia ser diferente, como melhorar, como nos liberarmos de atitudes desagradáveis ou nocivas.
 
Já pensamos em abandonar a necessidade que temos de analisar a vida alheia, julgando e ponderando o que os outros fazem?
 
Pesamos o comportamento de nosso próximo, emitimos juízo de valor, sentenciamos e damos o veredicto para cada ação executada pelo nosso vizinho, parente ou amigo.
 
Talvez melhor fosse desistirmos dessa atitude e iniciarmos o julgamento de nós mesmos.
 
Quanto de nosso tempo utilizamos para verificar o que fazemos, como agimos, de que maneira nos comportamos?
 
É verdade que, como nos lembra Jesus, é muito mais fácil ver um cisco no olho do próximo do que uma trave em nosso olho.
 
Mas talvez seja o momento de abandonar e deixar para trás a preocupação com a atitude do outro e analisar melhor a nossa própria.
 
Já pensamos na possibilidade de abandonar nossa postura crítica, sempre vendo o erro, o deslize, a falha de nosso próximo?
 
Esquecemos multiplicadas vezes de valorizar a dedicação das pessoas, porque nos concentramos na procura das falhas.
 
Assim, não temos tempo ou não conseguimos aquilatar o quanto elas se esforçaram, fizeram o seu melhor, dentro da limitação própria que possuem.
 
Quem sabe, ao olharmos sob esse novo ângulo, consigamos eliminar a crítica destrutiva, o olhar de reprovação, o comentário pesado.
 
Esses, muitas vezes, levam ao desestímulo, à desistência de muitos de tal ou qual atividade, sem proveito algum.
 
Quantos de nós temos perante a vida um olhar de pessimismo, desânimo, analisando tudo e todos sob uma ótica negativa.
 
Com certeza, melhor seria renunciar a tal posição, enchendo nosso horizonte de bom ânimo, alegria e gratidão à vida, que tanto nos oferece e oportuniza.
 
Assim, quando tantos desistem de coisas importantes, relevantes, quando tantos abrem mão de compromissos e responsabilidades, sejamos nós os que desistamos de outra maneira.
 
Desistamos daquilo que apenas nos pesa ao coração, que nos dificulta o progresso, que entrava a marcha para o Alto para, finalmente, optarmos pelo bem e pelo bom, tendo Jesus como referência em nossas atitudes e comportamento.
 
Jesus, Modelo e Guia para toda a Humanidade.
 
Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

SENTIR NA PRÓPRIA PELE



Uma determinada ONG alemã apresentou, de forma inusitada, um excelente exemplo de marketing social.
 
Em alguns cinemas da Alemanha, o público entrava para assistir aos filmes e se deparava com diversos cobertores dobrados, colocados um em cada poltrona.
 
Nada foi dito ou explicado e, conforme os primeiros anúncios e trailers iam passando, a sala começava a esfriar, chegando a temperaturas baixíssimas, similares às das madrugadas de inverno naquela região.
 
Então, subitamente, uma mensagem começava a aparecer, mostrando moradores de rua em muita dificuldade, assim como seus próprios relatos narrando os problemas causados pelo frio intenso.
 
Ao final da mensagem, um deles, inclusive, em tom de bom humor, dizia para que não incomodassem mais as pessoas no cinema e as deixassem assistir a seus filmes.
 
A campanha finalizava avisando às pessoas que, em cada cobertor que receberam, havia um código, que poderiam ler com seus celulares, e efetuar uma doação espontânea para ajudar os moradores de rua, os sem teto.
 
O resultado foi surpreendente. Após realizarem a experiência em diversas salas de cinema de todo o país, computaram um retorno de noventa e cinco por cento, isto é, noventa e cinco por cento das pessoas que estiveram nessas salas de cinema se comoveram e fizeram doações.
 
* * *
 
A interessante experiência revela que ainda precisamos sentir na própria pele para que desenvolvamos a verdadeira empatia para com o outro.
 
Colocar-se no lugar do outro é fundamental para que possamos entender a situação do nosso próximo e ajudá-lo sem ressalvas e sem medo.
 
Deus e Sua providência, nos processos das vidas sucessivas, nos coloca em tais situações, para que aprendamos a enxergar a vida, as pessoas, estando do outro lado.
 
Assim, renascemos, muitas vezes, em condições opostas às que antes tínhamos no planeta, como por exemplo, tendo que lidar com a miséria material, muitos de nós que, em existência anterior, tivemos tudo e nem sequer olhamos para os lados para encontrar o próximo necessitado.
 
Em países, onde ainda se vive a realidade de castas, de segregações de raças etc, aqueles que detinham o poder, que viviam privilégios, renascem por vezes entre os subjugados; tanto quanto os que antes ocupavam posições de inferioridade, retornam como ricos, como poderosos – quando necessário.
 
Essas variações, essas mudanças de lado se fazem necessárias para que alarguemos nossos horizontes e enxerguemos a vida de forma diferente, com menos egoísmo, com menos orgulho.
 
Costumamos dizer que só quem passou por esta ou aquela situação sabe como é estar lá.
 
Porém, podemos desenvolver em nós esse costume, essa prática saudável de nos colocarmos no lugar do outro, buscando estar em seu sentimento e, assim, compreendê-lo melhor em todas as situações.
 
Seremos mais indulgentes e, por consequência natural, mais caridosos com nosso próximo.
 
A empatia nos tira da indiferença, da estagnação, desse como que sono profundo onde ainda estamos todos nós que insistimos em enxergar apenas nosso próprio umbigo.
 
Pensemos no outro. Vamos-nos sentir como o outro. Ajudemos.
 
Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

CRIATIVIDADE DO AMOR



Qual será a exata dimensão do amor? Já ouvimos falar sobre a grandiosidade do amor de Deus e de como as criaturas humanas alcançam patamares inimagináveis, quando acionadas pelo amor.
 
Mas esse sentimento sublime é capaz de engendrar ações extraordinárias nas suas manifestações.
 
Ações como a de um senhor britânico, de noventa e um anos, casado há setenta anos com Phyllis.
 
A esposa começou a ter problemas mentais, há cerca de vinte anos. Evoluindo de forma a necessitar de atendimento especializado, Jack precisou interná-la em um lar, em Kent, na Inglaterra.
 
Mas ele a visita todos os dias e, apesar das dificuldades de que é portadora, ao vê-lo, ela estende os braços para abraçá-lo.
 
Para Jack, essa é a demonstração de que o amor continua. E, correspondendo ao amor dela, ele tenta ajudá-la a manter a memória saudável e lutar contra a demência lendo, todos os dias, histórias do diário que escreveu, durante os anos de mútua convivência.
 
Eles se casaram no período da Segunda Guerra Mundial, em 1943.
 
O diário registra o dia em que se conheceram. Cheguei em casa e escrevi que a tinha conhecido. Penso que fiz isso porque senti que era um momento que iria mudar a minha vida.– Informou ele em entrevista a um jornal londrino.
 
Além de ler o diário do seu casamento, Jack mostra para a esposa as fotografias da época em que viajavam de caravana. Também as mais recentes com os cães de ambos.
 
Tudo para que ela se mantenha consciente da própria vida. Para que não se apague a pequena chama das lembranças nem a chama tremeluzente da paixão.
 
Sobre o segredo da sua relação matrimonial de tantos anos, diz o britânico que é não criar expectativas, aceitando o que a vida tenha a oferecer.
 
* * *
 
Um amor que vara as décadas e permanece, mesmo quando um dos parceiros apresenta sérias dificuldades mentais, é amor sólido.
 
É um sentimento que está acima da aparência física e do que possa receber em troca.
 
Um sentimento que está preocupado em doar-se e auxiliar a dificuldade do parceiro de jornada, nada aguardando em troca.
 
Um exemplo para tantos que pensamos que o verdadeiro amor é feito de alegrias e juventude, beleza e reciprocidade.
 
Com certeza, é maravilhoso tudo compartilhar nos verdes anos, quando a beleza impera e as energias se apresentam vigorosas.
 
Quando se pode entrelaçar as mãos e sair a passeio; quando as frases de ternura são recíprocas e o carinho é partilhado.
 
Contudo, quando o amor vence a invernia das dores e dos cabelos brancos, do depauperar das forças; quando o amor permanece, apesar das limitações físicas e do crepúsculo mental; quando o amor a tudo supera e continua forte, rijo, em manifestações seguras e permanentes... então, atingiu a excelência.
 
Um amor assim é Deus manifestando-se através das Suas criaturas. É verdadeiro e inigualável amor.
 
Um amor feito de criatividade, de arte, de engenhosidade íntima.
 
Redação do Momento Espírita, com base em notícia colhida no site sonoticiaboa.com.br, de 18.3.2013.