sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Salvação


A idéia de salvação há muito ocupa o pensamento da Humanidade.
Contudo, o conceito permanece indefinido.
Afinal, em que consiste exatamente a salvação?
Será um processo mágico que transmuda de repente um ser egoísta e falho em um anjo de amor e misericórdia?
Os homens sempre têm buscado gurus e salvadores.
Não no sentido de um mestre cujos exemplos devam ser imitados e os ensinamentos, seguidos.
Mas sim como alguém que faça o trabalho duro.
Há um certo gosto pelo maravilhoso, por soluções fáceis e rápidas.
Conforme algumas concepções, basta crer em um Ser Superior para ser salvo ou redimido.
Pela obra e graça de um terceiro, os problemas da criatura somem e ela se transporta a um mundo ideal.
Aí, então, tudo é descanso e ócio.
As fissuras morais desaparecem e não há mais dúvidas ou desafios.
A rigor, nem se tem mais o mesmo ser, mas outro totalmente diferente, sem qualquer vínculo com o primeiro.
Há quem confira a alguns ritos o poder de provocar essa surpreendente transformação.
Entretanto, no âmbito cristão, não é possível olvidar o princípio evangélico que diz:
A cada um segundo suas obras.
No livro O Consolador, o Espírito Emmanuel, mediante a psicografia do médium Francisco Cândido Xavier, trata do tema.
Segundo ele, a salvação da alma deve ser entendida como auto-iluminação, a caminho das mais elevadas realizações.
Ou seja, o próprio ser se ilumina.
Não se trata de mero aproveitamento do esforço de terceiro.
Emmanuel afirma que o Evangelho é o roteiro para a ascensão de todos os Espíritos.
Da vivência do Evangelho decorre a luz espiritual.
Conclui-se que a salvação é o resultado de um trabalhoso processo de auto-iluminação.
O candidato deve esforçar-se em seguir os exemplos e os ensinamentos do Cristo.
Necessita abandonar tendências inferiores e vícios.
Romper com velhos hábitos e assumir o compromisso de ser melhor a cada dia.
Cessar com maledicência, pornografia, preguiça, desonestidade e tudo o mais que seja incompatível com o título de cristão.
A salvação é um compromisso que o homem assume com sua consciência.
É uma questão de maturidade, de assumir a responsabilidade pela própria existência imortal.
Não há milagres e nem solução fácil.
Um não faz o trabalho árduo pelo outro.
A redenção é o resultado de muito esforço e disciplina.
O ser surge redimido quando está pronto para a vivência da mais pura fraternidade.
Quando realmente internalizou a idéia de que deve tratar o próximo como gostaria de ser tratado.
Quando não mais se permite baixezas e deslealdades.
Quando a dor do próximo toca fundo em seu coração.
Ao redimir-se, o Espírito se liberta do mal.
Por entender as dificuldades alheias, perdoa com facilidade e não permite que o mal do mundo o contamine.
Por saber o quão difícil e trabalhoso é purificar-se, torna-se indulgente com as imperfeições alheias.
E faz todo o bem possível, pois sente intensa compaixão pelos semelhantes.
Tal estado d'alma liberta o Espírito dos círculos do sofrimento e o habilita a vivências sublimes em mundos depurados.
Esse é o significado da salvação.
Pense nisso.
 
                           Redação do Momento Espírita, com base na questão 225, do livro O consolador.