Ter status é comprar
coisas que você não quer, com o dinheiro que você não tem, a fim de mostrar prá
gente que você não gosta, tentando ser uma pessoa que você não é.
Por que temos a
necessidade de ostentar? De mostrar aos outros nossas supostas conquistas?
E o mais perturbador
em tudo isso, é que após a realização do sonho desejado, elegemos um novo
desafio, mais uma compra, a sonhada felicidade.
Inicia-se mais uma
vez a busca, a luta. O tempo passa e, ufa!!! Conseguimos de novo, mas logo nos
cansamos e deixamos de lado; o vazio.
Comportamo-nos como
crianças crescidas. Na verdade, não sabemos o que é verdadeiramente a vida. Até
que um dia chega a noticia, “morreu fulano, morreu cicrano”, ou a morte se
apresenta no seio de nossa família. Desespero. Temos uma fugaz tomada de
consciência e dizemos interiormente: “Não somos nada na vida”.
Como é que Deus pode
ser tão ruim? Levou meu amigo, meu
familiar. Não obstante o sofrimento causado pela morte, volta à velha vida
alicerçada nas bagagens materiais. Nosso desejo é acumular cada vez mais.
Esquecemo-nos da
nossa condição de turistas no mundo, não viemos aqui para ficar. A passagem de
volta já está comprada, só não sabemos o dia a hora e como será a nossa
partida.
Mergulhados na beleza
da vida na Terra, cometemos excessos de toda ordem e acabamos nos
desarmonizando emocionalmente. São várias situações de dor e desventura.
A consciência de que
somos mortais fisicamente nos torna pessoas mais humildes perante a vida. Se
fossemos mergulhar no fundo do mar, necessitaríamos de roupa adequada para o
mergulho, pois não temos a capacidade
orgânica para ficar em baixo da água, carecemos de equipamentos.
Assim é a vida na
Terra; para mergulhar transitoriamente na vida física, Deus nos empresta o
corpo de carne para a manifestação do espírito. Um dia nós estragamos a roupa
de mergulho ou ela estraga com o tempo e temos de jogá-la fora. Precisamos
emergir da vida na Terra.
Pode parecer
paradoxal, mas a consciência de que a morte faz parte desta vida nos leva a
valorizar as coisas mais importantes deste mundo. Nos faz abandonar o “status”
e as máscaras que utilizamos para agradar aos outros.
Jamais poderemos
negligenciar a vida material, o progresso, o trabalho, as conquistas, todavia
não podemos nos esquecer, somos turistas mergulhados na carne.
O turista deve aproveitar a paisagem do lugar,
não maltratá-la, deve manter o lugar visitado limpo, não poluindo O turista
deve respeitar os outros turistas, não odiar.
Não nos esqueçamos de
que somos turistas de passagem por aqui e que a morte é apenas o final de mais
uma viagem neste mundo.
Algemas
Invisíveis – Adeilson Salles – Editora CEA